DETERMINAÇÃO DE COEFICIENTES DE CULTIVO DE CULTURAS AGRÍCOLAS EM URUÇUÍ PI COM ÍNDICE ESPECTRAL DE VEGETAÇÃO

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Transcrição:

DETERMINAÇÃO DE COEFICIENTES DE CULTIVO DE CULTURAS AGRÍCOLAS EM URUÇUÍ PI COM ÍNDICE ESPECTRAL DE VEGETAÇÃO José Normand Vieira Fernandes (1); Douglas Vieira Marques (1); Robson de Sousa Nascimento (2); Valéria Peixoto Borges (3) 1 Universidade Federal da Paraíba- Centro de Ciências Agrárias- CCA/UFPB, normand.agronomia@yahoo.com.br; 2 Universidade Federal da Paraíba- Centro de Ciências Agrárias- CCA/UFPB, douglasagroce@hotmail.com; 3 Universidade Federal da Paraíba- Centro de Ciências Agrárias- CCA/UFPB, nascimento.professor@gmail.com; 4 Universidade Federal da Paraíba- Centro de Ciências Agrárias- CCA/UFPB, valpborges@gmail.com Resumo: O Cerrado piauiense sofre com falta de chuvas em determinadas épocas do ano. Dessa forma, as produções nesse período diminuem consideravelmente ou mesmo param devido à falta de água. Essa demanda pode ser combatida com uso da irrigação utilizando a água proveniente de reservatórios, riachos ou rios existentes próximos à área, permitindo o cultivo e a produção agrícola durante todo o ano. Porém, com o aumento contínuo das áreas irrigadas e o momento crítico dos recursos hídricos no Nordeste brasileiro e no mundo, torna-se essencial a utilização de tecnologias que venham a otimizar o uso desse bem cada vez mais escasso. Conhecer a quantidade ideal de água necessária para o desenvolvimento da cultura é uma boa forma de economia, uma vez que poderá ser aplicado apenas o volume essencial, evitando desperdício. Diante da hipótese que o NDVI reflete o desenvolvimento e, portanto, o uso de água por uma cultura agrícola, o objetivo desse trabalho é estimar o coeficiente basal de cultivos (Kcb) agrícolas em plantio direto e em sistema convencional, na região de Uruçuí PI, a partir do NDVI, utilizando imagens orbitais OLI Landsat 8. Por se tratarem de cultivos em sistema de sequeiro, a presença das chuvas determina o ciclo das culturas e portanto, os maiores valores de Kcb foram encontrados no fim do período chuvoso, com uma queda desses padrões com a chegada do período de estiagem. Os valores de Kcb encontrados foram maiores do que aqueles reportados para as respectivas culturas no Manual FAO 56. Palavras chaves: Kcb, necessidades hídricas, NDVI. INTRODUÇÃO É fato que a água é um elemento crucial para a agricultura, uma vez que essa é o principal fator determinante do desenvolvimento das culturas agrícolas em geral. O Cerrado piauiense sofre bastante com falta de pluviosidade em determinadas épocas do ano. Dessa forma, as produções nesse período diminuem consideravelmente ou mesmo param devido à falta de água. Essa demanda pode ser combatida com o uso da irrigação utilizando a água

proveniente de reservatórios, riachos ou rios existentes próximos à área. Permitindo o cultivo e a produção agrícola durante todo o ano. Porém, com o aumento contínuo das áreas irrigadas e o momento crítico dos recursos hídricos no Nordeste brasileiro e no mundo, torna-se essencial a utilização de tecnologias que venham a otimizar o uso desse bem tão valioso e cada vez mais escasso. Conhecer a quantidade ideal de água necessária para o desenvolvimento da cultura é uma boa forma de economia, uma vez que poderá ser aplicado apenas o volume essencial, evitando o desperdício. É sabido que no campo há perca de água para o meio tanto pela evaporação no solo, como pela transpiração na parte aérea das plantas. A junção desses dois fenômenos é denominada evapotranspiração (ET), e é um dos principais componentes envolvidos em cálculos de estimativa de demanda hídrica das culturas e, portanto, sua estimativa deve ser precisa (COSTA, 1999). O coeficiente de cultura (Kc) é a razão entre a evapotranspiração da cultura (ETc) e a evapotranspiração de referência (ETo) e é variável de acordo com o estádio fenológico da cultura (Kcb), podendo atingir, por exemplo, valor superior à unidade na fase reprodutiva de muitas culturas (ALLEN et al., 2006); (MEDEIROS et al., 2004). O cálculo do Kcb se faz necessário para os estágios fenológicos médio e final, e para condições climáticas especificadas no boletim FAO-56 (ALLEN et al., 1998). Tem sido verificado que a refletância espectral das culturas consegue conceder uma estimativa indireta do Kcb. Essas estimativas são possíveis porque tanto o Kcb, como a refletância espectral são sensíveis ao índice de área foliar e à fração de cobertura do solo (CHOUDHURY et al., 1994, MORAN et al., 1995). Dentre os índices de vegetação comumente citados na literatura, o Índice de Vegetação de Diferença Normalizada (NDVI) é o mais frequentemente utilizado, inclusive para atividades de monitoramento global (SELLERS et al, 1994). Diante da hipótese que o NDVI reflete o desenvolvimento e, portanto, o uso de água por uma cultura agrícola, o objetivo desse trabalho foi estimar o coeficiente basal de cultivos (Kcb) agrícolas em plantio direto e em sistema convencional, na região de Uruçuí PI, a partir do NDVI, utilizando imagens orbitais OLI Landsat 8.

METODOLOGIA A área escolhida para pesquisa foi a região do distrito de Nova Santa Rosa, município de Uruçuí, Piauí (8 16 41 S, 44 34 18 W, 547 m). A bacia do rio Uruçuí-Preto é formada por 25 municípios. Nessa região a temperatura máxima anual é de 32,1 ºC, sua mínima anual é de 20,0 ºC e a temperatura média anual de 26,1 ºC. Utilizou-se da classificação climática de acordo com os sistemas de Köppen, onde se distinguem dois tipos climáticos na bacia do rio Uruçuí-Preto-PI, o Aw, tropical quente e úmido, com chuvas no verão e seca no inverno; BSh, semiárido quente, com chuvas de verão e inverno seco (DE MEDEIROS et al., 2013). O estudo foi realizado com dados da safra 2013, em áreas de plantio de milho e soja cultivados em sistema de plantio direto e sistema convencional, áreas de pastagem e parcelas produtoras de eucalipto, conforme descrição apresentada na Tabela 1. Tabela 1. Descrição do sistema de plantio e localização dos cultivos. Fonte: Lustosa Filho, 2014. Cobertura vegetal Sistema de plantio Coordenadas Milho Convencional 08 15'52" S. 44 32'26" W; altitude 572 m Soja Direto 08 18 16 S; 44 35 17 W; altitude 572 m Pastagem (Brachiaria Convencional 08 17 27 S; 44 35 03 W, altitude 553 m brizantha) Eucalipto Convencional 08 17 28 S; 44 39 55 W, altitude 578 m Eucalipto Convencional 08 15 50 S; 44 39 16 W, altitude 580 m Soja Convencional 08 12 25 S; 44 34 35 W, altitude 500 m Continuação tabela 1. Foram utilizadas imagens geradas pelo satélite Landsat 8, as quais foram adquiridas, gratuitamente, junto ao United States Geological Survey (USGS), já ortorretificadas. O sensor OLI (Operational Land Imager) e o sensor TIRS (Thermal Infrared Sensor) medem a radiância espectral dos alvos e armazena-os na forma de níveis de cinza, com resolução espectral de 12 bits. A resolução espacial do sensor é de 30 m nas bandas 1 a 7 e 9, 15 m na banda 8 (pancromática) e de 100 m nas bandas 10 e 11 (canais termais). A resolução temporal (tempo de revisita) deste satélite é de 16 dias. Para abranger toda área do município, foram utilizadas imagens da órbita 220/66. Para os fins deste estudo, apenas imagens obtidas em condição de céu claro no ano de 2013, ou

seja, livres de nuvens sobre a área de interesse, foram aproveitadas. Portanto, para o ano de 2013 foram utilizadas a imagens das seguintes datas: 19/05, 20/06, 06/07, 22/07, 07/08, 08/09, 24/09 e 26/10. As imagens ntre novembro de 2013 e maio de 2014, as quais fechariam o ciclo de um ano, estavam com nuvens sobre a área de interesse e, portanto, não puderam ser aplicadas. Os dados meteorológicos foram obtidos da estação automática do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) no município de Uruçuí (7 26 24 S, 44 21 W, 399 m), presente na cena Landsat em questão, foram aplicados na caracterização das condições meteorológicas do período estudado e para obtenção da evapotranspiração de referência. Após isso foram realizados os procedimentos. Todas as etapas representadas pelas equações 1 a 4 foram realizadas com programa computacional de processamento de imagens de satélite. Primeiramente foi realizada a conversão do arquivo da imagem de números digitais para reflectância no topo da atmosfera, a partir da equação 1. (1) Em que ρ λ é a radiância espectral; M ρ é o fator multiplicativo de cada banda; ND é o número digital ; e A ρ é o fator aditivo de cada banda; ê é o ângulo de elevação do sol. M ρ, A ρ e ê são obtidos nos metadados das imagens. O NDVI foi determinado a partir das imagens dos canais refletivos do vermelho e do infravermelho das imagens Landsat. Para tanto, aplicou-se a seguinte equação (Rouse et al., 1974): (2) Em que ρ 5 é a reflectância da vegetação no infravermelho próximo e ρ 4 é a reflectância da vegetação na banda do vermelho. A relação entre Kc b e NDVI é dada por (Simonneaux et al., 2008, Bezerra et al., 2010): (3) Em que NDVI min é o valor do NDVI para o solo exposto, comumente utilizado o valor de 0,15.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Fig. 1 são apresentadas a precipitação e a evapotranspiração mensal total na cidade de Uruçui-PI, observadas durante o período de 01 de maio até 31 de outubro do ano 2013. É possível observar uma grande diferença entre o volume de água proveniente de chuvas e o volume de água perdido pelo sistema. Acarretando em um saldo negativo de 1.250,49 mm nestes seis meses. Figura 1. Valores acumulados mensais de Precipitação (P) e evapotranspiração de referencia (ET 0 ), no período compreendido entre maio e outubro de 2013 do município de Uruçui- PI.

Figura 2. Mapas do Kcb do município de Uruçui-PI, no período compreendido entre maio e outubro de 2013. Na figura 2, são exibidos os mapas de Kcb que foram obtidos em função do NDVI. Os valores do Kcb variam de acordo com a densidade de vegetação, com valores altos no período chuvoso e baixos no período de estiagem, como é possível verificar através da escala de cores. Porém, nas áreas de mata preservada, vemos uma variação bem menos significativa se compararmos com as parcelas cultivadas. Lembrando que as parcelas cultivadas, em determinados meses do ano, por resultado da retirada das culturas do campo, ficam com o solo exposto, chegando a valores de Kcb próximos de zero.

As áreas cultivadas com milho, soja e eucalipto se mantiveram com valores de Kcb expressivos até o mês de junho e caíram de forma expressiva nos meses posteriores devido à colheita das culturas anuais e aos efeitos da estiagem na parcela com eucalipto. Enquanto que a pastagem seguiu com valores significativos por todo o intervalo estudado, com picos nos meses de maio, junho e voltando a subir em outubro, ocasião em que ocorreram chuvas. Tabela 2. Valores máximo, médio e mínimo de KCB para milho, eucalipto e soja. DATA MILHO DIRETO EUCALIPTO CONVENCIONAL Ano: 2013 MÁXIMO MÉDIO MÍNIMO MÁXIMO MÉDIO MÍNIMO 19 DE MAIO 0,834 0,702 0,393 0,956 0,878 0,633 20 DE JUNHO 0,780 0,610 0,501 0,659 0,469 0,323 06 DE JULHO 0,476 0,357 0,291 0,361 0,268 0,216 22 DE JULHO 0,310 0,259 0,228 0,296 0,194 0,121 07 DE AGOSTO 0,249 0,163 0,122 0,176 0,080 0,034 08 DE SETEMBRO 0,155 0,094 0,071 0,095 0,045 0,029 24 DE SETEMBRO 0,155 0,103 0,084 0,109 0,088 0,041 26 DE OUTUBRO 0,731 0,579 0,221 0,713 0,489 0,223 DATA SOJA CONVENCIONAL SOJA DIRETO Ano: 2013 MÁXIMO MÉDIO MÍNIMO MÁXIMO MÉDIO MÍNIMO 19 DE MAIO 0,807 0,830 0,618 0,905 0,645 0,131 20 DE JUNHO 0,664 0,329 0,258 0,675 0,460 0,129 06 DE JULHO 0,570 0,284 0,228 0,484 0,319 0,107 22 DE JULHO 0,548 0,255 0,188 0,350 0,240 0,097 07 DE AGOSTO 0,495 0,212 0,155 0,292 0,193 0,100 08 DE SETEMBRO 0,389 0,156 0,103 0,211 0,138 0,062 24 DE SETEMBRO 0,422 0,159 0,120 0,213 0,151 0,085 26 DE OUTUBRO 0,693 0,161 0,091 0,339 0,172 0,097 Continuação tabela 2. Os maiores valores médios de Kcb encontrados para a soja foram, em ambos os cultivos, no mês de maio, 0,830 no plantio convencional e 0,645 no plantio direto. Esses valores foram reduzindo até atingirem a média mínima no mês de setembro, 0,156 no plantio convencional e 0,138 no plantio direto, apresentando um pequeno aumento no mês de outubro com o acontecimento das primeiras precipitações. O fato de os valores médios da soja no plantio convencional serem maiores que os no plantio direto em certos meses do ano se deve ao fato de que no sistema direto os restos culturais ficam no campo assemelhando, pela cor, ao solo exposto. Enquanto que no sistema convencional esse material é retirado dando espaço ao crescimento de outras plantas que venham a cobrir o solo.

Tabela 3. Valores encontrados de KCB para a pastagem e valores indicados pela FAO para as culturas do milho, eucalipto, soja e pastagem. DATA PASTAGEM CONVENCIONAL VALORES DE KCB Ano: 2013 INDICADOS PELA FAO MÁXIMO MÉDIO MÍNIMO CULTURA FASE FINAL 19 DE MAIO 0,992 0,936 0,840 20 DE JUNHO 0,919 0,867 0,752 SOJA 0,30 06 DE JULHO 0,879 0,816 0,715 0,50-0,15 22 DE JULHO 0,816 0,742 0,636 MILHO 07 DE AGOSTO 0,756 0,683 0,612 08 DE SETEMBRO 0,602 0,538 0,482 24 DE SETEMBRO 0,532 0,480 0,425 26 DE OUTUBRO 0,759 0,684 0,626 Continuação tabela 3. PASTAGEM 0,80 EUCALIPTO Não disponível Os valores de Kcb encontrados, em todos os casos foram superiores aos indicados pela FAO, mostrando uma boa aproximação para o milho e para a pastagem, mas com uma diferença significativa nos valores da soja, que foram bem superiores. CONCLUSÃO Por se tratarem de cultivos em sistema de sequeiro, a presença das chuvas determina rigorosamente os períodos em que as áreas apresentam maiores valores de Kcb, provocando uma queda desses padrões com a chegada do período de estiagem. A pastagem se mostrou tolerante a estiagem durante o período estudado, apresentando sempre os maiores índices em comparação com as outras culturas. Os valores de Kcb encontrados foram maiores do que aqueles reportados para as respectivas culturas no Manual FAO 56. REFERÊNCIAS ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration: guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO, 300p., 1998. (FAO: Irrigation and Drainage Paper, 56).

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