Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2

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Transcrição:

Abelhas em área de Cerrado em fase de recuperação, no Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil Bees in Cerrado area in recovery phase, in the Mato Grosso do Sul State, Brazil HENRIQUE, Jessica Amaral 1,2 ; TORRES, Adrielly Maia 1,2 ; FLIVER-RAMOS, Dhemes 1,2 ; CUCOLO, Flavio Gato 1,2 ; ALVES-JÚNIOR, Valter Vieira 1. 1 Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, valteralves@ufgd.edu.br; 2 Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade; jessica.ufgd@gmail.com; adriellymaiatorres@gmail.com; fliver.bio@gmail.com; flaviocucolo@ufgd.edu.br Resumo: As abelhas são os mais importantes polinizadores para diversas espécies vegetais. O objetivo do trabalho foi inventariar as espécies de abelhas em uma área de Cerrado aberto em início de fase de recuperação, pois anteriormente havia sido derrubado para formação de pastagem. Dessa forma alguns trabalhos de recuperação da vegetação vêm sendo realizados na área. Os espécimes foram amostrados com a utilização de coletas ativas (uso de rede entomológica) e coletas passivas (uso de iscas-atrativas). A família que apresentou mais espécies foi Apidae, com 14 das 18 espécies amostradas na área de estudo, estando entre elas algumas espécies de interesse econômico. Palavras-chave: Biodiversidade, Polinizadores, Apidae. Abstract: Bees are the most important pollinators for various plant species. Here, we report the composition of bees in an open Cerrado area in recovery phase, as had previously been tipped to pasture formation. Some vegetation recovery works are being carried out in the area. The specimens were sampled with the use of active capture (use insect net) and passive capture (use - attractive bait). The family that had more species was Apidae, with 14 of the 18 species sampled in the study area, being among them some species of economic interest. Keywords: Biodiversity, Pollinators, Apidae. Introdução O Cerrado, considerado um dos hotspots de biodiversidade mundial (MYERS et al., 2000), ocupa área de 2 milhões de km 2, representando uma grande porção do território nacional (cerca de 23%), composto por um mosaico de diferentes formações vegetacionais, variando desde campos abertos a florestas secas (RATTER et al.,1997). O Cerrado vem sofrendo gradativamente com a ocupação, principalmente, com as extensas áreas cultivadas de monoculturas (PIVELLO; KORMAN, 2005), o que contribui para a diminuição da cobertura vegetacional, ameaçando desta forma sua biodiversidade.

Umas das interações mais importantes, no que se refere à manutenção da diversidade, são entre plantas e polinizadores. Dentre os grupos de visitantes florais, as abelhas são sem dúvida o mais importante dentre os polinizadores das angiospermas (DANFORTH et al., 2012). A polinização por abelhas é uma importante atividade em termos de benefícios para os seres humanos, pois apoiam e sustentam diversos ecossistemas globais (GRIMALDI; ENGEL, 2005). Devido a sua grande importância e significado, torna-se imprescindível o desenvolvimento de estudos que promovam conhecimentos acerca destes organismos, que tanto contribuem para a manutenção da biodiversidade nos mais diversos ambientes, e também pelos serviços ambientais do qual o ser humano se utiliza. Objetivou-se neste estudo inventariar a comunidade de abelhas, presentes em uma área de Cerrado aberto em fase de recuperação. Metodologia O estudo foi realizado em uma área de Cerrado aberto (que se encontra agora em estado inicial de recuperação, pois havia sido derrubado para formação de pastagem), localizados na fazenda experimental da Universidade Federal da Grande Dourados, situada próximo a BR 163 Dourados - Ponta Porã, km 20, com área de cerca de 290 ha entre as coordenadas 22º14 47.867 S e 54º59 34.639 O. Alguns outros estudos vêm sendo realizados para recuperação da vegetação da área, que está em um local de transição Cerrado/Mata Atlântica, apresentando um clima Subtropical Úmido, com duas estações bem definidas: quente/úmido e frio/seco (Zavatini, 1992). As coletas (ativa e passiva) foram feitas mensalmente durante um ano. Para a coleta passiva (específico para o grupo Euglossina), foram utilizadas armadilhas modificadas do modelo de Campos et al. (1989). Dois conjuntos de quatro armadilhas contendo quatro diferentes essências (cineol, eugenol, vanilina e salicilato de metila), foram colocadas na área de estudo a 1,5 m do solo. O monitoramento foi feito mensalmente, quando o material coletado era retirado e feita a manutenção das armadilhas. Para a coleta ativa, foi seguida a técnica proposta por Sakagami & Matsumura (1967). A cada 30 dias a área foi visitada pelo coletor, realizadas as coletas no período das 8h às 16h, em um transecto de 1500 X 4 metros. O transecto foi percorrido duas vezes, uma pela manhã e outra pela tarde, e as plantas que se encontravam em processo de floração, foram monitoradas durante 15 minutos e, as abelhas visitantes, foram capturadas com o auxílio de rede entomológica, e posteriormente sacrificadas em câmera mortífera, contendo acetato de etila, e armazenadas em recipientes providos de etiquetas, com a data e período de coleta.

As abelhas capturadas foram identificadas com a utilização de chaves taxonômicas para o grupo e, algumas levadas a especialistas para confirmação de espécies. Os exemplares encontram-se depositados na Coleção Científica do Laboratório de Apicultura LAP, da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais FCBA/UFGD. Resultados e discussões Durante todo o período de estudo foram coletados exemplares de 18 espécies de abelha pertencentes a quatro famílias: Apidae, Megachilidae, Halictidae e Andrenidae (Tabela 1). Várias dessas espécies amostradas são consideradas de extrema importância, no processo de polinização de plantas nativas e também de áreas agriculturáveis, como por exemplo, as abelhas dos gêneros Xylocopa e Bombus, também conhecidas popularmente como mamangavas. Essas abelhas são os principais polinizadores do maracujá-amarelo, uma cultura economicamente importante para o Brasil (GARÓFALO et al., 2012). De acordo com Silva et al. (2014) para uma produção viável de maracujá, é necessário um ambiente minimamente conservado e a presença desse grupo de abelhas. A Apis mellifera, outra espécie amostrada no estudo, apesar de não ser uma abelha nativa aqui do Brasil, também apresenta grande importância para a polinização de diversas plantas. É considerada um dos polinizadores mais utilizados no mundo e que apresenta um grande valor para a agricultura, por ser uma espécie mais generalista (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2012). Tabela 1. Espécies de abelhas encontradas na área de estudo (Cerrado aberto). Espécies Tipo de coleta APIDAE Apis mellifera (Linnaeus, 1758) Bombus sp. (Latreille, 1802) Epicharis sp. (Klug, 1807) Euglossa fimbriata (Rebêlo & Moure, 1996) Euglossa cordata (Linnaeus, 1758) Euglossa pleosticta (Dressler, 1982) Eulaema nigrita (Lepeletier, 1841) Eufriesea aff. auriceps (Friese, 1899) Eufriesea surinamensis (Linnaeus, 1758) Exaerete smaragdina (Guérin-Méneville, 1844) Thalestria spinosa (Fabricius, 1804) Tetrapedia sp. (Klug, 1810)

Trigona spinipes (Fabricius, 1793)) Xylocopa frontalis (Olivier,1789) MEGACHILIDAE Megachile sp. (Latreille, 1802) HALICTIDAE Augochlora sp. (Smith, 1853) Pseudaugochlora sp. (Michener, 1854) ANDRENIDAE Oxaea flavescens (Klug, 1807) Já Eulaema nigrita, uma das espécies mais comuns de abelhas das orquídeas na Região Neotropical (NEMÉSIO, 2009), é considerada como bioindicadora de qualidade ambiental, ocorrendo geralmente em ambientes mais abertos e com certo grau de perturbação antrópica (MORATO et al., 1992), refletindo a condição da área de estudo. As outras espécies do grupo (gêneros Euglossa, Eufriesea e Exaerete) também apresentam grande importância, pois são consideradas espécies-chave, pois tanto machos como fêmeas polinizam diversas famílias de plantas nativas, mantendo estreitas relações com as mesmas, chegando algumas plantas a depender exclusivamente da polinização por abelhas desse grupo (RAMIREZ et al., 2002; WHITTEN et al., 1986; DRESSLER,1982). De forma geral, trabalhos que contribuem para o conhecimento da fauna de abelhas, bem como as espécies registradas no estudo, refletem uma boa parte da diversidade encontrada no estado de Mato Grosso do Sul, visto que informações sobre os grupos de abelhas ocorrentes para essa região são escassas. Conclusões A riqueza de abelhas na área de estudo mostrou-se significativa, pois foram amostradas 18 espécies, visto que a área havia sido derrubada anteriormente para formação de pastagem e agora se encontra em estágio de regeneração. Dessa forma mais trabalhos devem ser desenvolvidos na região, para reforçar a importância da conservação do Bioma Cerrado. Referências bibliográficas CAMPOS, L. A. O.; SILVEIRA, F. A.; OLIVEIRA, M. L.; ABRANTES, C. V. M.; MORATO, E. F; MELO, G. A. R. Utilização de armadilhas para a captura de machos de Euglossini (Hymenoptera, Apoidea). Revista Brasileira de Zoologia, v. 6, p. 621 626, 1989.

DANFORTH, B. N; CARDINAL, S; PRAZ, C; ALMEIDA, E. A.B; MICHEZ, D. The impact of molecular data on our understanding of bee phylogeny and evolution. Annual Review of Entomology, v. 58, p. 57 78, 2012. DRESSLER, R. L. Biology of the orchid bees (Euglossini). Annual Review of Ecology and Systematics, v. 13, p. 373 94, 1982. GARÓFALO, C. A.; MARTINS, C. F.; AGUIAR, C.M. L.; DEL LAMA, M. A.; ALVES-DOS-SANTOS, I. As abelhas Solitárias e Perspectivas para seu uso na Polinização no Brasil. In: IMPERATRIZ- FONSECA, V. L.; CANHOS, D. A. L.; ALVES, D. A.; SARAIVA, A. M. (org). Polinizadores do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. P. 183 202. GRIMALDI, D.; ENGEL, M. S. Evolution of the Insects. Cambridge University Press, 2005. 770 p. IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; CANHOS, D. A. L.; ALVES, D. A.; SARAIVA, A. M. Polinizadores e Polinização um Tema Global. In: IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; CANHOS, D. A. L.; ALVES, D. A.; SARAIVA, A. M. (org). Polinizadores do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. P. 24 45. MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; FONSECA, G. A. B.; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, p. 853 858, 2000. MORATO, E. F.; CAMPOS, L. A.; MOURE, J. S. Abelhas Euglossini (Hymenoptera, Apidae) coletadas na Amazônia Central. Revista Brasileira de Entomologia, v. 36, p. 767 771, 1992. NEMÉSIO, A. Orchid bees (Hymenoptera: Apidae) of the Brazilian Atlantic Forest. Zootaxa, v. 2041, p. 1 242, 2009. PIVELLO, V. R.; KORMAN, V. Conservação e manejo da biodiversidade. O Cerrado Pé-de-Gigante: ecologia e conservação-parque Estadual de Vassununga. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, São Paulo, p. 297-310, 2005. RAMIREZ, S.; DRESSLER, R. L.; OSPINA, M. Abejas Euglosinas (Hymenoptera: Apidae) de La Región Neotropical: listado de espécies con notas sobre su biologia. Biota colombiana, v. 3, p. 7 118, 2002. RATTER, J. A.; RIBEIRO, J. F.; BRIDGEWATER, S. The Brazilian Cerrado vegetation and threats to its biodiversity. Annals of Botany, v. 80, p. 223 230, 1997. SAKAGAMI, S. F.; MATSUMURA, T. Relative abundance, phenology and flowers preference of Andrenid Bees in Sapporo, north Japan (Hym, Apoidea). Japanese Journal of Ecology, Sapporo, v.17, p. 237-250, 1967. SILVA, C. I.; MARCHI, P.; ALEIXO, K. P.; NUNES-SILVA, B.; FREITAS, B. M.; GARÓFALO, C. A.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; OLIVEIRA, P. E. A. M.; ALVES-DOS-SANTOS, I. Manejo dos polinizadores e polinização de flores de maracujazeiro. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados da USP/Ministério do Meio Ambiente, 2014. 59 p. WHITTEN, W. M.; WILLIAMS, N. H.; ARMBRUSTER, W. S.; BATTISTE, M. A. Carvone oxide: an example of convergent evolution in Euglossini pollinated plants. Systematic Botany, v. 11, p. 222 228, 1986. ZAVATINI, J. A. Dinâmica climática no Mato Grosso do Sul. Geografia, v. 17, p. 65-91, 1992.