ENTREVISTA COM EGLÊ MALHEIROS

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Entrevista e traduções 175 ENTREVISTA COM EGLÊ MALHEIROS Eglê Malheiros é uma intelectual que se distingue pela discrição. Apesar de ter participado ativamente do Grupo Sul (que trouxe o modernismo à vida cultural de Santa Catarina) e da revista Ficção (que no final dos anos 70 promoveu amplamente a arte do conto no país), a atuação de Eglê prima pela reserva, mesmo quando, como agora, mantém uma coluna semanal no Diário Catarinense. Bacharel em Direito pela UFSC e mestra em Comunicação pela UFRJ, sua obra abarca desde roteiro de filme até peça de teatro, passando por contos e poemas, além de criação e crítica de literatura infantil, de que é especialista. Mas Eglê também exerceu a tradução ao longo de toda sua carreira. Como alguns de nossos melhores tradutores, Eglê é multilíngüe e multidisciplinar em sua atividade tradutória: traduziu do inglês, francês, alemão, espanhol e italiano um amplo leque de textos. A pouca visibilidade de sua obra de tradutora é inversamente proporcional à sua extrema importância civilizacional: de fato, entre as muitas laudas traduzidas estão as de verbetes para as enciclopédias Delta-Larousse e Mirador, assim como de artigos de revistas, entre elas, das célebres Civilização Brasileira e Paz e Terra. Em vez de se dedicar a textos canônicos ou atuais, que lhe dariam notoriedade, Eglê preferiu trabalhar nos bastidores, onde se constrói lentamente a cultura que fica. Walter Carlos Costa UFSC

176 Eglê Malheiros Cadernos de Tradução: Quando e como começou o seu interesse pela tradução? Eglê Malheiros: Já nos bancos escolares, eu me interessava em fazer uma versão que correspondesse em português ao texto original. Muitas vezes os professores não aceitavam como corretas minhas traduções de poemas, que eu não fazia ao pé da letra. CT: De qual língua você traduz? Eglê: Do francês, inglês, alemão, espanhol e italiano. CT: Você só traduziu textos literários ou também já fez traduções técnicas? Se já fez, qual é a sua experiência sobre os desafios específicos de cada tipo de tradução? Eglê: Fiz traduções dos dois tipos. A tradução técnica é mais simples; é preciso clareza e correção; muitas vezes demanda um certo estudo do assunto, consulta a compêndios e enciclopédias, para que não se confunda alhos com bugalhos. Há exemplos corriqueiros de confusão, em que o tradutor traduz como Grau Celsius temperaturas dadas em Fahrenheit ou dos zeros de billions, que não significa o mesmo para nós, França e Estados Unidos entre outros e para a Inglaterra e Alemanha: para nós há nove zeros depois do um, e para eles doze zeros. Já o texto literário é mais complexo, pois não se trata de passar apenas o entrecho, mas de tentar, e sublinho o tentar, recriar em nossa língua o clima do original, deixar aparecer o não-dito, pôr o mais possível no contexto histórico-social correspondente; por tudo isso, muitos consideram o tradutor de literatura um co-autor.

Entrevista e traduções 177 CT: Ao seu ver, quais são as maiores dificuldades ao se traduzir um texto literário? As características da língua de origem/chegada? A diferença entre o contexto histórico-cultural-socio-econômico da obra original e da tradução? O estilo do autor original? Outras? Eglê: É evidente que traduzir de uma língua neolatina para outra é mais fácil do que de uma germânica ou eslava para a nossa. Só como exemplo, uma série de palavras de origem latina, que são eruditas no inglês, são correntes em nosso vocabulário; há ainda a gíria, os palavrões, os regionalismos; como fazer a transposição? Além do mais, certos estilos de época ou mesmo cacoetes do autor, vão soar falsos para o leitor brasileiro de hoje; isso ocorre até no português de Portugal ou dos países africanos de expressão portuguesa. Quanto mais se refina a exigência, mais problemas aparecem: o ritmo da língua, o ritmo que o Autor imprime a certas falas, os neologismos usados para causar estranheza no original e que nem sempre podem ser vertidos. Às vezes dá vontade de pôr um aviso: Não posso fazer nada, é assim mesmo, quando o original, apesar de condecorado, é falto de substância. Há inúmeros exemplos de livros em português que melhoraram quando traduzidos e de livros em outras línguas que ficaram melhor na última flor do Lácio. Um deles é a cena do beijo, no Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand, na tradução de Porto Carrero. Ocorre também o oposto: Guimarães Rosa dizia que a tradução de Grande sertão: veredas para o inglês (EUA) o transformara num faroestão. Aqui há certas traduções de romances policiais tão precárias que impedem a dedução de quem é o criminoso. CT: A sua atuação como tradutora é anterior à sua atividade de escritora ou ambas caminharam lado a lado? Eglê: Só vim a traduzir profissionalmente no Rio de Janeiro, uma forma de ajudar no orçamento doméstico; antes tentei redigir

178 Eglê Malheiros romancinhos vendidos em banca, não fui aceita, nunca conseguia ser primária o suficiente. Procurei sempre fazer o melhor trabalho possível; ao lado de tradução literária fiz sempre outras técnicas, que em geral pagavam melhor, embora não dessem o mesmo prazer. CT: Você acha que a tradução ajuda o ofício do escritor? Eglê: Sempre que lida com a palavra e reflete sobre o modo de se comunicar, quem escreve só tem a ganhar; por outro lado, o trabalho de tradução pode ser extenuante e roubar a energia necessária para a criação. Em tempo, nunca teremos uma boa tradução se não tivermos no tradutor alguém que domine a língua para a qual traduz. CT: Você considera importante conhecer teoria da tradução para traduzir melhor? Você traduz com base em alguma teoria? Eglê: O saber não ocupa lugar, quanto mais estudo e reflexão sobre o métier, melhor; mas comecei a traduzir guiada pelo faro, pela intuição, intuição esta alimentada por conhecimentos de história, sociologia e lingüística, principalmente a área de semântica, e sobretudo pela leitura de bons autores, tanto em português como em língua estrangeira. CT: Você foi / é contactada por uma editora para traduzir ou, ao contrário, foi / é você quem sugere/sugeriu a tradução de determinada obra? Eglê: Hoje já não traduzo mais profissionalmente; o último trabalho que fiz foi Como combater a tortura, a título de contribuição para

Entrevista e traduções 179 tentar erradicar esta chaga. De maneira geral recebi o encargo das editoras, mas também ocorreu sugerir alguns títulos. CT: Na sua opinião, é verdade que é mais difícil ou até impossível traduzir poesia? Quais são as suas experiências com a tradução em versos comparada com a tradução de prosa? Eglê: Concordo, é mais difícil e, às vezes, impossível. Até antes do modernismo, embora não fosse fácil, não era tão espinhoso. É um campo ao qual a expressão traduttore traditore melhor se aplica. Penso que só poetas, com exceções, dão conta da tarefa; é uma coautoria; e sempre há o que discutir. Tenho traduzido pouca poesia, e sido aprovada. CT: Um rápido exame de suas traduções evidencia uma gama de temas que tem merecido seu interesse. Neste contexto, emerge uma curiosidade: em quais critérios você se baseia para selecionar os textos pra traduzir? Eglê: Sempre procurei traduzir livros que me interessassem, mas como o fazia para ganhar a vida, só procurei não traduzir aquilo que se chocasse com meus princípios. CT: Você prefere se identificar como escritora, tradutora, poetisa ou advogada? Como se situa o trabalho de tradução em sua produção intelectual? Eglê: Eu prefiro me identificar como trabalhadora intelectual e, dentro da classificação, como professora e escritora. Sou formada em Direito, mas salvo alguns habeas corpus e umas poucas defesas de presos por motivos políticos (isso antes do Golpe de 1964), nunca advoguei. Já o Mestrado em Comunicação, na UFRJ, ampliou meus

180 Eglê Malheiros horizontes. Considero que o tradutor contribui para aproximar as gentes, de certa forma vencendo a confusão de Babel. Entrevista concedida a Andréia Guerini e Markus Weininger UFSC

Entrevista e traduções 181 ANEXO Algumas traduções de Eglê Malheiros A coragem de ser - Paul Tillich (Paz e Terra-RJ)-1967 [inglês]. Reação e mudança - Carl Oglesby e Richard Shaull (Paz e Terra- RJ)-1968 [inglês]. Imigrantes para o café - Thomas H. Holloway (Paz e Terra-RJ- 1984[inglês]. Como combater a tortura- relatório do Colóquio Internacional de Genebra (UFSC e OAB-1986) [inglês]. A mulher eunuco - Germaine Greer (Lidador-RJ) [inglês]. Knulp - Hermann Hesse (Civilização Brasileira, RJ [alemão]. Traduziu do francês verbetes (principalmente de História) para a Enciclopédia Delta-Larousse e do inglês para a Enciclopédia Mirador; regularmente artigos e contos do inglês, francês, alemão, espanhol e italiano para as revistas Paz e Terra, Civilização Brasileira, Pais e filhos, Tendência (Empresas Bloch) e Ficção, bem como para o Boletim da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.