Desafios da Antropologia Brasileira BELA FELDMAN-BIANCO (ORG.)
COMISSÃO DE PROJETO EDITORIAL Coordenador Antônio Motta (UFPE) Cornelia Eckert (UFRGS); Peter Fry (UFRJ) e Igor José Renó Machado (UFSCAR) Coordenador da coleção de e-books Igor José de Renó Machado Conselho Editorial Alfredo Wagner B. de Almeida (UFAM) Antonio Augusto Arantes (UNICAMP) Bela Feldman-Bianco (UNICAMP) Carmen Rial (UFSC) Cristiana Bastos (ICS/Universidade de Lisboa) Cynthia Sarti (UNIFESP) Gilberto Velho (UFRJ) - in memoriam Gilton Mendes (UFAM) João Pacheco de Oliveira (Museu Nacional/UFRJ) Julie Cavignac (UFRN) Laura Graziela Gomes (UFF) Lílian Schwarcz (USP) Luiz Fernando Dias Duarte (UFRJ) Ruben Oliven (UFRGS) Wilson Trajano (UNB) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA Diretoria Presidente Carmen Silvia Rial (UFSC) Vice-Presidente Ellen Fensterseifer Woortmann (UnB) Secretário Geral Renato Monteiro Athias (UFPE) Secretário Adjunto Manuel Ferreira Lima Filho (UFG) Tesoureira Geral Maria Amélia S. Dickie (UFSC) Tesoureira Adjunta Andrea de Souza Lobo (UNB) Diretor Antonio Carlos de Souza Lima (MN/UFRJ) Diretora Marcia Regina Calderipe Farias Rufino (UFAM) Diretora Heloisa Buarque de Almeida (USP) Diretor Carlos Alberto Steil (UFRGS) Diagramação e produção de e-book Mauro Roberto Fernandes Revisão Abner Santos www.abant.org.br Universidade de Brasília. Campus Universitário Darcy Ribeiro - Asa Norte. Prédio Multiuso II (Instituto de Ciências Sociais) Térreo - Sala BT-61/8. Brasília/DF Cep: 70910-900. Caixa Postal n o : 04491. Brasília DF Cep: 70.904-970. Telefax: 61 3307-3754. 2
Desafios da Antropologia Brasileira BELA FELDMAN-BIANCO (ORG.) 3
Sumário Introdução... 7 Bela Feldman-Bianco Parte I Dilemas, Tensões e Transformações sociais no Brasil: desafios para a antropologia e para antropólogos Entre a Ciência e a Política: Desafios Atuais da Antropologia... 19 Bela Feldman-Bianco Etnografia enquanto compartilhamento e comunicação: desafios atuais às representações coloniais da antropologia... 47 João Pacheco de Oliveira Conflitos entre Desenvolvimento e Meio Ambiente no Brasil: Desafios para a antropologia e os antropólogos... 75 Andréa Zhouri e Raquel Oliveira Tensões: Tráfico de pessoas, prostituição e feminismos no Brasil... 109 Adriana Piscitelli 5
Parte II Desafios da Etnografia Parentesco e diferencialidades: alternativas à identidade e às fronteiras étnicas no estudo das migrações... 153 Igor José de Renó Machado Igualdades jurídicas, transgressões e moralidades: princípios de controle burocrático em uma perspectiva comparada... 174 Roberto Kant de Lima Lidando com as tradições : Análise da formação do Estado-Nação Timorense a partir de uma antropologia feita no Brasil... 205 Kelly Silva e Daniel Simião Formas cambiantes da mesma quimera: a antropologia e os estados falidos... 233 Sebastião Nascimento e Omar Ribeiro Thomaz Antropologia, Dinheiro e Música: Brasil e Estados Unidos... 261 Ruben George Oliven Pirataria: uma chave para pensar o modelo de desenvolvimento brasileiro e chinês... 308 Rosana Pinheiro-Machado 6
Introdução Bela Feldman-Bianco Desafios da Antropologia Brasileira reúne análises críticas e propositivas sobre a prática antropológica e a produção do conhecimento numa conjuntura marcada pela expansão, reconfiguração e internacionalização da antropologia brasileira. Dirigida à comunidade científica e ao público em geral, essa coletânea de textos expõe os dilemas, desafios e perspectivas ao exercício da antropologia e à prática da pesquisa antropológica no Brasil contemporâneo. Descortina, assim, um caleidoscópio de temáticas intercruzadas que traz à tona as conexões existentes na antropologia brasileira entre pesquisa e ação social, as mudanças das relações entre pesquisadores e as populações estudadas no âmbito do trabalho de campo antropológico, os dilemas suscitados pelas crescentes demandas por antropólogos e antropólogas no mercado de trabalho, as incursões em pesquisa comparativa transnacional e a relevância da investigação etnográfica para a revisão e reelaboração de paradigmas teórico-metodológicos e, portanto, para a produção do conhecimento. Os artigos que compõem esta publicação foram originalmente apresentados em painéis, por mim organizados, em reuniões promovidas pela Internacional Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES) e pela American Anthropological Anthropological Association (AAA), ambas realizadas em 2011, 7
respectivamente em Perth (Austrália) e Montreal (Canada). 1 Essas atividades que visaram estimular interlocuções críticas, inclusive com outras tradições antropológicas, inserem-se na plataforma de gestão da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), sob a minha presidência no biênio 2011-1012, para a qual usamos a chancela Desafios Antropológicos no Século XXI. Esta coletânea focaliza várias das problemáticas elencadas na nossa plataforma de gestão 2. Os quatro artigos que integram a primeira parte, intitulada Dilemas, tensões e desafios para a antropologia e para os antropólogos, discutem diferentes aspectos das reconfigurações da antropologia no contexto das aceleradas transformações sociais no Brasil e suas relações com a produção do conhecimento antropológico. Dessa perspectiva, a partir de ângulos diversos, atenção especial é dedicada aos novos papéis desempenhados por antropólogos, às reconfigurações de suas relações com as populações estudadas durante o trabalho de campo e a decorrente problematização da tradicional observação participante na prática da pesquisa. 1 Quatro desses artigos foram publicados em inglês no dossiê Challenges in Brazilian Anthropology, por mim organizado na Vibrant (Virtual Brazilian Anthropology, vol.1, no.9, 2012), de autoria, respectivamente, de Andréa Zhouri e Raquel Oliveira, Ruben George Oliven, Rosana Pinheiro-Machado e, ainda, Kelly Silva e Daniel Simião. 2 Procuramos, através de análises críticas e propositivas, mapear e confrontar os dilemas, desafios e perspectivas suscitados pelos processos de expansão e transformação da antropologia no Brasil seja em relação às mudanças e reconfigurações da antropologia como disciplina acadêmica per se; seja entre essas transformações e as políticas científicas; seja ainda entre formação de antropólogos e o mercado de trabalho, assim como entre pesquisa antropológica e ação política. Nesse sentido, procuramos enfatizar a relevância da política da antropologia, inclusive no que concerne à crescente relação entre a antropologia e as políticas públicas e, nesse âmbito, o papel dos antropólogos e antropólogas na intermediação política no contexto brasileiro contemporâneo. 8
Na segunda parte, seis artigos expõem os Desafios da Etnografia, inclusive aqueles provocados por abordagens comparativas, com base em experiências etnográficas sobre questões que estão na ordem do dia, realizadas a partir de cenários específicos no Brasil, Argentina, China, Estados Unidos, Haiti, Moçambique e Timor Leste, entre outros países e continentes. Para além de oferecer análises críticas e propositivas sobre a relação entre etnografia, perspectivas comparativas e os paradigmas teóricos-metodológicos adotados, esse conjunto de textos indica a crescente internacionalização do trabalho de campo desenvolvido por antropólogos e antropólogas do Brasil. Representa, acima de tudo, uma amostra da continua e renovada produção de uma antropologia brasileira que se distingue por combinar qualidade acadêmica e ação social. Dilemas, tensões e desafios para a antropologia e para os antropólogos Dando início à primeira parte, Entre a ciência e a política: desafios atuais da antropologia brasileira, de minha autoria, teve como objetivo problematizar, a partir da nossa plataforma de gestão à frente da ABA, 1) as transformações e reconfigurações da antropologia como disciplina acadêmica per se; 2) as relações entre essas transformações e as políticas científicas; 3) as relações entre a formação de antropólogos e o mercado de trabalho; 4) assim como as relações entre pesquisa antropológica e ação política, e, nesse contexto, a política da antropologia, inclusive no que se relaciona à necessidade de divulgação e popularização da antropologia. Com base nesse diagnóstico, argumento que, não obstante a crescente expansão e inegáveis contribuições da antropologia tanto para a produção do conhecimento quanto para as políticas públicas e propostas para a sociedade, a disciplina, assim como as demais ciências humanas, ainda se encontra em 9
situação de subalternidade em relação às assim chamadas ciências duras. Além disso, grande parte da população parece desconhecer o que é antropologia. Tendo em vista a grande capacidade da antropologia para se renovar, torna-se imperativo, a fim de superar essas limitações, confrontar e cumprir o desafio de organizar e afirmar a relevância da produção intelectual antropológica para expor a dimensão humana da ciência, tecnologia e inovação. Ao mesmo tempo, deve-se priorizar a interação entre educação, ciência e tecnologia e a divulgação científica como estratégia para promover, visibilizar e popularizar a disciplina. Na sequência, João Pacheco de Oliveira, em Descolonizar as pesquisas e as auto representações: Desafios contemporâneos aos estudos com povos indígenas, examina as mudanças de relações entre pesquisadores e pesquisados através de uma perspectiva histórica das complexas transformações sociais que estão embutidas e condicionam novas relações entre antropólogos e indígenas. Contrapondo-se às críticas sobre uma suposta falta de objetividade nos estudos de etnologia indígena que aliam pesquisa antropológica e ação política, argumenta que essas reconfigurações das relações são baseadas em uma convergência dialógica entre pesquisador e pesquisados, implicando, portanto, em uma antropologia compartilhada. Como corolário, os estudos atuais representam uma ruptura crítica com pressupostos anteriores que eram baseados numa suposta neutralidade e objetividade da observação participante. Para além de formulações teóricas inovadoras e atenção dada às conjunturas históricas, esses novos estudos tendem a unir rigor na produção do conhecimento com a ética, respeito e responsabilidade pelas pessoas e coletividades estudadas. Já Andréa Zhouri e Raquel Oliveira refletem criticamente, em Conflitos entre desenvolvimento e meio ambiente no Brasil: desafios para a antropologia e os antropólogos, sobre uma 10
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