As famílias, gêneros e espécies dos carrapatos identificados são:

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Transcrição:

LABORATÓRIO DE IDENTIFICAÇÃO E PESQUISA DE FAUNA SINANTRÓPICA (LABFAUNA) DA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: RELATÓRIO SOBRE A IDENTIFICAÇÃO DA FAUNA ACAROLÓGICA, HOSPEDEIROS E PROCEDÊNCIA Laboratory of Identification and research of sinantrophic fauna (LabFauna) of the municipality of São Paulo: technical report on the identification of acarological wildlife, hosts and location Introdução Carrapatos são artrópodes aracnídeos da ordem Acari, compreendidos em 3 famílias: Argasidae, Ixodidae e Nuttalliellidae (sendo esta última restrita à África do Sul e Tanzânia). No Brasil, a fauna ixodológica está representada por 61 espécies distribuídas entre os seguintes gêneros: Argasidae Ornithodoros (N=9), Antricola (N=3) e Argas (N=1); Ixodidae Amblyomma (N=33), Ixodes (N=9), Haemaphysalis (N=3), Rhipicephalus (N=2) e Dermacentor (N=1). Os argasídeos contemporâneos são conhecidos como carrapatosmoles por não possuírem escudo na região dorsal, ocorrendo em ambientes áridos e semi-áridos e próximos aos seus hospedeiros, onde se alimentam múltiplas vezes. Os ixodídeos ( carrapatos-duros ) parasitam grande diversidade de vertebrados e, quando na fase não-parasitária (entre mudas e oviposição), podem ser encontrados em ambientes variados; o ciclo compreende ovo, larva, ninfa e adultos (sendo nos argasídeos vários estágios ninfais). Os carrapatos transmitem grande variedade de microrganismos patogênicos, entre eles riquétsias, espiroquetas, protozoários e vírus, sendo o gênero Amblyomma de grande importância em Saúde Pública na região Neotropical, por envolver espécies vetores de diversas doenças, entre elas a Síndrome de Baggio e Yoshinari (SBY) ou Lyme-Simile e a Febre Maculosa Brasileira (FMB). No Brasil, a transmissão da FMB envolve os carrapatos Amblyomma sculptum, A. aureolatum e A. ovale.

Atualmente no estado de São Paulo foram registrados 821 casos confirmados de FMB no período de 2000 a 2017, sendo 17 casos confirmados no município de São Paulo. O Laboratório de Identificação e Pesquisa de Fauna Sinantrópica (LabFauna) do Centro de Controle de Zoonoses da Coordenação de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Município de São Paulo, recebe amostras coletadas e enviadas espontaneamente por munícipes residentes da capital, Supervisões de Vigilância em Saúde (SUVIS), prefeituras de outros municípios e estados, bem como de ações de vistorias em casos suspeitos ou confirmados de FMB e SBY realizadas pelo LabFauna. O presente relatório tem como objetivo informar sobre a fauna acarológica identificada no período de 1982 a 2017. Metodologia As amostras foram encaminhadas ao LabFauna em potes etiquetados, contendo álcool 70% para conservação dos carrapatos; durante a recepção do material, foram coletadas informações administrativas como Protocolo de Recebimento, Data de Entrega, Nº de Recipientes, Nome e Endereço do Solicitante, Endereço de Coleta, Distrito Administrativo, Município, Data de Coleta, além de informações técnicas como hospedeiros e tipo de ambiente de coleta, fixação em humano, notificação de FMB ou SBY. Os dados analisados foram retirados do banco de dados FAUNA_SINANTRÓPICA (Access), utilizado desde 1982 por biólogos especialistas responsáveis pela identificação acarológica e da fauna sinantrópica no LabFauna. As identificações dos carrapatos foram feitas com o auxilio de chaves pictóricas segundo Barros-Battesti et al. (2006), Guimarães et al. (2001) e Nava et al. (2017). Os carrapatos imaturos (larvas e ninfas) foram identificados até o nível de gênero pela inexistência de chaves pictóricas para estas fases. A partir de 2010, Martins e colaboradores descreveram chaves para ninfas do gênero Amblyomma, possibilitando a identificação até o nível de espécie. Adultos danificados (falta de hipostômio, capítulo, espinhos do primeiro par de

coxas) também foram identificados até o nível de gênero. Os espécimes foram tombados na Coleção de Fauna Sinantrópica do Município de São Paulo do LabFauna (CFS-MSP). Resultados No banco de dados foi levantado um total de 45.683 espécimes de carrapatos, sendo 7.361 larvas (16,1%), 8.070 ninfas (17,7%), 11.043 machos (24,2%), 17.398 fêmeas (38,1%) e 1.811 adultos não determinados (3,9%). As famílias, gêneros e espécies dos carrapatos identificados são: Argasidae: Ornithodoros sp, Ornithodoros talaje. Ixodidae: Amblyomma sp, Amblyomma aureolatum, A. brasiliense, A. cajennense s.l., A. calcaratum, A. dubitatum, A. fuscum, A. geayi, A. longirostre, A. nodosum, A. ovale, A. parkeri, A. parvum, A. rotundatum, A. sculptum, A. varium, Anocentor sp, Anocentor nitens, Dermacentor nitens, Haemaphysalis sp, Haemaphysalis juxtakochi, H. kohlsi, H. leporispalustris, Ixodes sp, Ixodes amarali, I. aragaoi, I. didelphides, I. fuscipes, I. loricatus, Boophilus sp, Boophilus microplus, Rhipicephalus microplus, Rhipicephalus sp, R. sanguineus. O gênero Rhipicephalus foi predominante com 34.657 espécimes (75,9%), seguido do Amblyomma com 10.458 espécimes (22,8%) (Tabela 1).

Tabela 1 Espécimes de carrapatos identificados pelo LabFauna, por gênero e fases de vida, período de 1982 à 2017. Dentre todos os gêneros de Ixodidae, o hospedeiro mais parasitado foi o cão-doméstico registrado em 853 amostras (47,7%), seguido da capivara em 271 amostras (15,1%), humano em 232 amostras (12,9%) e cavalo em 164 amostras (9,1%); os demais hospedeiros registrados representaram 267 amostras (15,2%) (Figura 1).

Figura 1 Hospedeiros parasitados por carrapatos nas amostras identificadas pelo LabFauna, período de 1982 à 2017. Quanto ao parasitismo em humano, foram registrados as seguintes espécies e fases de vida: A. aureolatum (1N, 6M, 9F); A. brasiliense (1N), A. cajennense s.l. (157L, 117N, 17M, 25F); A. dubitatum (1N, 1M, 3F); A. fuscum (2F); A. incisum (1F); A. longirostre (3F); A. parkeri (4N); A. parvum (1M); A. sculptum (61N, 2F); Amblyomma sp (217L, 78N); Ornithodorus sp (ND); Rhipicephalus microplus (1F); R. sanguineus (7L, 10N, 20M, 33F). Os espécimes identificados pelo LabFauna são procedentes dos seguintes municípios do estado de São Paulo: Altinópolis, Amparo, Angatuba, Araçariguama, Arujá, Atibaia, Barueri, Bertioga, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Caieiras, Campinas, Cesário Lange, Cotia, Cunha, Diadema, Embu das Artes, Embú-Guaçú, Franco da Rocha, Guarulhos, Holambra, Ibiuna, Ilha Bela, Indaiatuba, Itanhaém, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itatiba, Itú, Jundiaí, Juquitiba, Limeira, Mairinque, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Nova Granada, Mogi Mirim, Nazaré Paulista, Osasco, Peruibe, Piedade, Piracaia, Piracicaba, Pirapora do Bom

Jesus, Ribeirão Pires, Rinópolis, Salto, Santa Branca, Santa Isabel, Santana do Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, São Paulo, São Roque, Socorro, Taboão da Serra, Taguaí, Ubatuba, Vargem Grande Paulista. Quanto à demanda extraestadual, os registros apontam os seguintes municípios: Florianópolis (SC), São José dos Pinhais (PR), Ribeirão Claro (PR), Cuiabá (MT), Araçuaí (MG), Belo Horizonte (MG), Chiador (MG), Extrema (MG), Ouro Preto (MG), Porto Real (RJ), Três Rios (RJ). De um total de 4.392 amostras protocoladas para identificação, 3.843 (87,5%) são procedentes do município de São Paulo, sendo os demais municípios correspondendo entre 0,02% e 1,87%; 9 amostras estavam sem procedência (0,20%). Conclusão As atividades realizadas e os locais frequentados pelo homem no ambiente silvestre, como ecoturismo, pesquisa, exploração de recursos, propiciam o contato e parasitismo por carrapatos que estão no ambiente, habitat de diversos animais silvestre. Tal fato pode ser constatado no registro de A. brasiliense, A. incisum, A. fuscum e A. parkeri, todos com relato de circulação do homem em trilhas na vegetação. Cavalo e capivara são hospedeiros primários para A. sculptum e A. dubitatum respectivamente, hospedeiros estes que proporcionam grandes infestações no ambiente em que vivem; da mesma forma, R. microplus é mantido por gerações no pasto pelos bovinos. O contato com estes carrapatos é facilitado quando o homem adentra nestes pastos sujos (vegetação degradada) e nas bordas de represas ou próximas aos cursos dágua, se infestando principalmente com as formas imaturas (larvas e ninfas) e se expondo ao risco de infecção pela riquétsia causadora da FMB. A proximidade com animais domésticos (cão e gato) também facilita o contato e fixação dos carrapatos R. sanguineus e A. aureolatum, este último envolvido na transmissão da FMB na região metropolitana de São Paulo. Ao invadir as áreas de mata, o cão e o gato atuam como transportadores, dispersando este carrapato para próximo do homem dentro do domicílio.

Quanto ao habitat e ocorrência dos hospedeiros e carrapatos, as espécies A. sculptum (=A. cajennense) e Amblyomma sp (larvas e ninfas) têm como procedência os municípios de Águas de Lindoia, Amparo, Atibaia, Bragança Paulista, Caconde, Campinas, Espírito Santo do Pinhal, Holambra, Indaiatuba, Itatiba, Itú, Jundiaí, Limeira, Monte Alegre do Sul, Piracicaba, Pirapora do Bom Jesus, Porto Feliz, São José dos Campos, Socorro, Tietê; bem como A. aureolatum para os municípios de Barueri, Diadema, Guarulhos, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do Campo, Vargem Grande Paulista; além de A. ovale para o município de Peruibe e Ubatuba; as três espécies estão de acordo com a distribuição geográfica e sua relação com as áreas envolvidas com casos de FMB, segundo CVE (2017); apesar de Guarulhos e Ribeirão Pires terem casos confirmados de FMB e serem considerados municípios da Região Metropolitana de São Paulo, onde o vetor é o A. aureolatum, foi levado em consideração o registro da presença de Amblyomma sp e A. cajennense respectivamente nestes municípios, pois não há registro de A. aureolatum nos dados do LABFAUNA para os mesmos; da mesma forma para Peruibe, onde o vetor transmissor é o A. ovale e este município está representado nos dados com a presença de Amblyomma sp. O levantamento das informações sobre identificação de carrapatos, hospedeiros e procedência confirma as áreas de ocorrência das espécies transmissoras da Febre Maculosa Brasileira no estado e na Região Metropolitana de São Paulo, bem como propicia o conhecimento de outras espécies e seus respectivos hospedeiros primários e preferenciais.

Referências bibliográficas 1. Onofrio VC. Revisão do Gênero Amblyomma Koch, 1844 (Acari: Ixodidae) no Brasil. TESE. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2007. 2. Aragão, HB. 1936. Ixodidas brasileiros de alguns paizes limitrophes. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, out. Rio de Janeiro. 3. São Paulo (Estado). Secretaria da Saúde. Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre Vrankac - CVE. Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) - Casos Confirmados Autóctones de FMB de residentes no estado de São Paulo segundo Município de Infecção e Ano de Início de Sintomas período de 2007 a 2017. Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-devigilancia/doencas-de-transmissao-por-vetores-ezoonoses/dados/fmaculosa/fmb0717_lpi.pdf (Acesso 11/08/2017) 4. Barros-Battesti, DM, Arzua M, Bechara GH. Carrapatos de importância médicoveterinária da região neotropical: um guia ilustrado para idenfiticação de espécies. 2006. 5. Guimarães JH, Barros-Battesti DM, Tucci EC. Ectoparasitos de importância veterinária. 2001. 6. Nava S, Venzal JM, Gonzalez-Acuna D, Martins TF, Guglielmone AA. Ticks of the southern cone of America. Diagnosis, Distribution, and Hosts with taxonomy, ecology and sanitary importance. 2017. 7. Martins TF, Onofrio VC, Barros-Battesti DM, Labruna MB. 2010. Nymphs of the genus Amblyomma (Acari: Ixodidae) of Brazil: descriptions, redescriptions, and identification key. Ticks and Tick-borne Diseases 1; 75-89. Elaborado por: Sandro Marques Analista em Saúde-Biologia RF 707.507.3 Jefferson Oliveira da Silva Estagiário, graduando em Biologia (Universidade de Guarulhos, São Paulo, SP)