IMPACTO DE ALTERAÇÕES DE TEMPERATURA NO CRESCIMENTO E ESPORULAÇÃO DE Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum *

Documentos relacionados
Crescimento e esporulação de Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum sob diferentes temperaturas

Impacto do Aumento da Temperatura sobre o Crescimento e Esporulação de Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum

CARACTERES MORFOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DA SEVERIDADE DA MURCHA-DE-FUSARIUM EM FEIJÃO-CAUPI

EFEITO DA TEMPERATURA E DO FOTOPERÍODO NO DESENVOLVIMENTO in vitro E in vivo DE Aspergillus niger EM CEBOLA

Severidade do Oídio da Videira em Função do Aumento da Temperatura do Ar

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

IMPACTO DE ALTERAÇÕES DA TEMPERATURA SOBRE A SEVERIDADE DO MÍLDIO DA VIDEIRA *


REAÇÃO À BRUSONE DE GENÓTIPOS DE TRIGO NO ESTÁDIO DE PLÂNTULA

DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CRESCIMENTO MICELlAL DE Bipolaris sorokiniana. Resumo

Isolamento e identificação de colônias do fungo Alternaria dauci obtidas de lesões de Requeima da cultura da cenoura

Restos Vegetais da Mangueira e Sua Importância como Fonte de Inóculo em Diferentes Sistemas de Manejo

Severidade do Míldio em Cultivares de Videira em Função do Aumento da Temperatura do Ar

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E SAZONAL DA FAVORABILIDADE CLIMÁTICA À OCORRÊNCIA DA SARNA DA MACIEIRA NO BRASIL

Inoculação das bactérias Xanthomonas em couve

Efeito da temperatura no crescimento micelial de Fusicoccum aesculis isolado de mangueira

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

EFEITO DA TEMPERATURA E DO FOTOPERÍODO NA GERMINAÇÃO in vitro DE CONÍDIOS DE Aspergillus niger, AGENTE ETIOLÓGICO DO MOFO PRETO DA CEBOLA

HIDROLISADO DE PEIXE CAUSA ALTERAÇÕES NAS CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS E QUÍMICAS DE SUBSTRATO Nº

SELEÇÃO IN VITRO DE ISOLADOS DE Trichoderma spp. COM POTENCIAL DE ANTAGONISMO A ISOLADOS PATOGÊNICOS DE Fusarium spp. 1

Juliana Nunes de Andrade 1 ; Damiana D Avilla Bezerra dos Santos 1 ; Maria Angélica Guimarães Barbosa 2 ; Diógenes da Cruz Batista 3

SELEÇÃO DE BACTÉRIAS ANTAGONISTAS COM POTENCIAL PARA O CONTROLE BIOLÓGICO DE PATÓGENOS HABITANTES DO SOLO.

OCORRÊNCIA DE MURCHA DE FUSARIUM EM MAMONA, LAGES SC* Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC, 2 EMBRAPA CPACT

Estudo da Azadirachta Indica e do Acibenzolar-s-metil para o Controle da Fusariose do Tomateiro

Agiberela, conhecida também por fusariose, é uma

Padrão de Dispersão de Fungos em Mangueira Irrigada

Frequência De Patótipos De Colletotrichum lindemuthianum Nos Estados Brasileiros Produtores De Feijoeiro Comum

Circular. Técnica ISSN AVALIAÇÃO DE SEMENTES DE MILHETO NO CULTIVO DE TRICHODERMA SPP. Resumo

B688 Boletim técnico cultura da mandioca/ Jana Koefender... [et al.]. - Cruz Alta/RS: Unicruz, p.

GRUPO DE DOENÇAS. Grupo de Doenças. Profª. Msc. Flávia Luciane Bidóia Roim. Universidade Norte do Paraná

EFEITO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE PATÓGENOS EM SEMENTES DE ALGODÃO *

Avaliação da Transmissão da Podridão Vermelha do Sisal Durante o Corte e Meios Químicos para

DOENÇAS DE PLANTAS CULTIVADAS

Estudo do Progresso da Resinose do Coqueiro em Sergipe

SEVERIDADE DA QUEIMA DAS PONTAS (Botrytis squamosa) DA CEBOLA EM DIFERENTES TEMPERATURA E HORAS DE MOLHAMENTO FOLIAR

Prospecção de comunidade bacteriana para biocontrole de Colletotrichum sublienolum, agente causal da antracnose do sorgo

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA FAVORABILIDADE AO OÍDIO DA VIDEIRA NO BRASIL SOB EFEITO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO A Meloidogyne incognita RAÇA 3 ASSOCIADO A Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum

DOENÇAS DO QUIABEIRO

Efeito fungicida da própolis sobre o Pythium sp. na cultura do manjericão (Ocimum basilicum L.)

CONTROLE INTEGRADO DA BROCA DA HASTE DA MANDIOCA Sternocoelus spp.

Emergência de Pimenta sob o Aumento da Concentração de CO 2

Avaliação de Acessos de Cucurbita spp. Visando a sua Utilização como Porta-Enxerto de Melancia e Melão.

Irrigação Suplementar de Salvação na Produção de Frutíferas em Barragem Subterrânea

Efeito de fungicidas na inibição do crescimento micelial de Sclerotinia sclerotiorum isolado de soja

TRATAMENTO HIDROTÉRMICO POR ASPERSÃO COM ESCOVAÇÃO NO CONTROLE DE DOENÇAS PÓS-COLHEITA DE MANGA.

ANÁLISE DA FAVORABILIDADE DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS À OCORRÊNCIA DE MÍLDIO DA VIDEIRA NO VALE DO SÃO FRANCISCO NO PERÍODO DE 2003 A 2007

Formação de Coleção Biológica de Thielaviopsis paradoxa e Determinação da Patogenicidade e Virulência dos Isolados em Coqueiro

REDUÇÃO DO RENDIMENTO DE GRÃOS CAUSADO POR PODRIDÕES RADICULARESEM LAVOURAS DE FEIJÃO NO MUNICÍPIO DE LAGES, SANTA CATARINA, SAFRA 2013/14

EFEITO DE DIFERENTES MEIOS DE CULTURA E DA LUZ NO CRESCIMENTO E NA ESPORULAÇÃO DE Verticillium lecanii 1

Boletim de Pesquisa 213 e Desenvolvimento ISSN

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

25/05/ Conceitos em epidemiologia. Epidemiologia de doenças de plantas Patologia Florestal. Epidemiologia

TESTE DE INOCULAÇÃO DE FUSARIUM SP. EM PLANTAS DE PROVENIENTES DE MUDAS OU SEMENTES DE LACTUCA SATIVA L.

AVALIAÇÃO DA BIODIVERSIDADE FÚNGICA EM MAMÃO ATRAVÉS DO MICROCULTIVO *

ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE EXTRATOS VEGETAIS NO CONTROLE DE COLLETOTRICUM MUSAE

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., murcha-de-curtobacterium, doença. INTRODUÇÃO

DOENÇAS FOLIARES DA PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes) NO ESTADO DO PARANÁ

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 300

IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS SOBRE A DISTRIBUiÇÃO ESPACIAL DE DOENÇAS DE PLANTAS

EFICIÊNCIA DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE MOFO- BRANCO NO ALGODOEIRO

Características biométricas de cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de produção de abacaxizeiro para agricultura familiar do Projeto Jaíba

REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MILHO Bt E NÃO Bt A INOCULAÇÃO ARTIFICIAL DE Fusarium sp. RESUMO

Instituto Federal de Sergipe, Curso Técnico de Petróleo e Gás 2

REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE FEIJÃO-CAUPI A Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum, Rhizoctonia solani E Sclerotium rolfsii

o tratamento de sementes constitui uma das maneiras mais

Isolamento de patógenos fúngicos e bacterianos

ARQUITETURA E VALOR DE CULTIVO DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DE PORTE ERETO E SEMI-ERETO, NO NORTE DE MINAS GERAIS.

CAPÍTULO I DOS ENSAIOS PRELIMINARES

Patogenicidade de Isolados de Fusarium spp. e Phytophthora palmivora Associados com a Podridão do Estipe da Pupunheira no Paraná

CRESCIMENTO MICELIAL DE RAÇAS DE Colletotrichum lindemuthianum EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA 1. INTRODUÇÃO

Efeito de Sanitizantes no Controle de Fusarium pallidoroseum em Melão

Avaliação do efeito fungicida e larvicida do óleo essencial do capim citronela

Germinação de Sementes de Cebola em Diferentes Temperaturas. Germination of Onion in Different Temperatures. Abstract. Introdução

SELEÇÃO DE PLANTAS DE ROMÃ PARA RESISTÊNCIA À ANTRACNOSE

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE CLADOSPORIUM MUSAE EM BANANA COMPRIDA NO ACRE

Universidade Federal do Espírito Santo SEAGRO: ANAIS DA SEMANA ACADÊMICA DO CURSO DE AGRONOMIA DO CCAE/UFES

Disciplina: Fitopatologia Agrícola CONTROLE CULTURAL DE DOENÇAS DE PLANTAS

Avaliação de Fungicidas no Controle de Antracnose em Manga

UTILIZAÇÃO DE ÓLEO DE NEGRAMINA (Siparuna guianensis Aublet) E EUCALIPTO (Eucalyptus spp) NO CONTROLE DA MELA EM CULTIVARES DE FEIJÃO COMUM E CAUPI

INFLUÊNCIA DA IDADE DA FOLHA NA SUSCETIBILIDADE DE PLANTAS DE SOJA À INFECÇÃO POR PHAKOPSORA PACHYRHIZI

CONTROLE DE TOMBAMENTO DE PLÂNTULAS E MELA DO ALGODOEIRO NO OESTE DA BAHIA

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO DE PROPAGAÇÃO RÁPIDA PARA CULTIVARES TRADICIONAIS DE MANDIOCA DO ALTO JACUÍ: DADOS PRELIMINARES

Efeito de Diferentes Sanitizantes no Controle de Colletotrichum gloeosporioides em Manga

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

INFLUÊNCIA DE FATORES ABIÓTICOS NA OCORRÊNCIA DE PRAGAS E DOENÇAS. Programa da aula

INFLUÊNCIA DE FATORES ABIÓTICOS NA OCORRÊNCIA DE PRAGAS E DOENÇAS. Renato Bassanezi Marcelo Miranda

Efeito da temperatura no crescimento micelial, produção e germinação de esporos de Thielaviopsis paradoxa isolado de coqueiros em Sergipe

Avaliação da Severidade da Ferrugem Asiática em Diferentes Arranjos da População de Plantas de Soja

INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DE INÓCULO DE Rhizoctonia Solani NA EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE SEMENTES DE ALGODÃO COM FUNGICIDAS NO CONTROLE DO TOMBAMENTO *

Antagonismo in vivo de fungos do filoplano de plantas de arroz à Magnaporthe oryzae.

Germinação de sementes de capim-búfel em função de variações na temperatura média do ar 1

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Comportamento de genótipos de trigo, oriundos do Paraná, quanto à severidade de oídio, na safra 2007

o comportamento fisiológico de Fusarium decemcellulare foi

SENSIBILIDADE DE Amphobotrys ricini À TIOFANATO-METÍLICO E FLUAZINAM

OCORRÊNCIA DE DOENÇAS EM GIRASSOL EM DECORRÊNCIA DA CHUVA E TEMPERATURA DO AR 1 RESUMO

NOTAS CIENTÍFICAS IRRIGADO, NO BRASIL, CAUSADA POR SCLEROTINIA SCLEROTIORUM 1

Transcrição:

IMPACTO DE ALTERAÇÕES DE TEMPERATURA NO CRESCIMENTO E ESPORULAÇÃO DE Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum * GISELLE SOUZA PINHEIRO 1, LAISE GUERRA BARBOSA 2, FRANCISLENE ANGELOTTI 3, EDINEIDE ELIZA DE MAGALHÃES 4, HERALDO ALVES FERNANDES 5, MARISA PERPÉTUA MARTINS ZUCAL 5 1 Bolsista PIBIC CNPq/Embrapa Semiárido, Petrolina-PE, gisellepinheiro13@hotmail.com 2 Tecnóloga em Fruticultura Irrigada/Embrapa Semiárido, Petrolina-PE. 3 Pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina-PE, fran.angelotti@cpatsa.embrapa.br. 4 Bióloga, Mestranda em Horticultura Irrigada, UNEB, Juazeiro-BA. 5 Bolsista FACEPE/ Embrapa Semiárido, Petrolina-PE. RESUMO: A murcha-de-fusarium é uma severa doença do feijão-caupi. O desenvolvimento de estudos sobre este patossistema requer inoculações artificiais, sendo necessária a reprodução massal do inóculo. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi determinar o comportamento de F. oxysporum f. sp. tracheiphilum quanto à produção de esporos e o crescimento vegetativo em diferentes temperaturas. Discos do micélio com 5 mm de diâmetro, foram transferidos para Placas de Petri contendo BDA, 15, 20, 25, 30 e 35 ºC, sob fotoperíodo de 12 horas. Avaliou-se o diâmetro das colônias, durante 15 dias. Em câmara de Neubauer, quantificou-se o número de esporos produzidos em 1 ml de suspensão. A temperatura influenciou o crescimento micelial, sendo maior crescimento a 30º C. A maior produção de esporos ocorreu em 35º C. Verificou-se que a temperatura tem efeito no crescimento micelial e na produção de conídios de F. oxysporum f. sp. tracheiphilum, sendo que a faixa ótima, entre 30 e 35º C, otimizam o crescimento e a esporulação do fungo. PALAVRAS CHAVE: murcha-de-fusarium, feijão-caupi, conídios. INTRODUÇÃO A murcha-de-fusarium, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. tracheiphilum (Smith) Snyder & Hansen, é uma das principais doenças que ocorrem no feijão-caupi. A ocorrência da doença é mais frequente em regiões secas com altas temperaturas. O sintoma típico da doença é a murcha, entretanto, em um primeiro estágio ocorre a redução do crescimento e clorose, acompanhada de queda prematura de folhas, seguida da murcha típica e a morte das plantas (ATHAYDE SOBRINHO et al., 2005). Esta é uma doença potencialmente importante no Nordeste brasileiro, podendo causar perdas significativas em áreas produtoras de feijão-caupi (ELOY;MICHEREFF, 2003). Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum é um habitante de solo e vive saprofiticamente sobre a matéria orgânica e restos culturais, podendo sobreviver por vários anos na forma de clamidósporos. A disseminação ocorre por meio de sementes contaminadas, pelo vento e água de irrigação que transportam partículas de solo infestado e conídios (COELHO, 2001). As mudanças no clima podem produzir impactos significativos sobre os problemas fitossanitários, alterando a distribuição geográfica e temporal dos patógenos (GHINI et al., 2011). A temperatura é um dos principais fatores climáticos que influencia diretamente o crescimento e o desenvolvimento das plantas e do patógeno. Para diversos patógenos a temperatura tem papel decisivo na reprodução, aumentando ou diminuindo a taxa de formação de esporos. Resultados de pesquisa indicam que as mudanças climáticas podem alterar o estágio e a taxa de desenvolvimento do patógeno, modificar a resistência do hospedeiro e modificar as relações fisiológicas entre a interação patógeno hospedeiro (GARRET et al., 2006). Desta forma, as mudanças poderão ser observadas diretamente nas plantas, podendo ocorrer na ausência dos patógenos, mas também alterando a interação das plantas com os patógenos. Desta maneira, o desenvolvimento de estudos sobre este patossistema requer inoculações artificiais, sendo necessária a reprodução massal de inóculo do patógeno. Sabe-se que a * Trabalho apresentado na VI Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Semiárido

temperatura é um dos principais fatores ambientais que afeta a taxa de crescimento vegetativo e produção de esporos de diversos patógenos (WINDER, 1999; TEIXEIRA et al., 2006). Assim, a determinação da temperatura para as condições de cultivo de F. oxysporum f. sp. tracheiphilum poderá otimizar o crescimento e esporulação do fungo, sendo importante para a realização de estudos sobre os impactos das mudanças climáticas no crescimento do patógeno e sua relação com a planta hospedeira. O objetivo do trabalho foi determinar o efeito da temperatura no crescimento micelial e na produção de esporos e ao crescimento vegetativo F. oxysporum f. sp. tracheiphilum. MATERIAL E MÉTODOS O isolamento do patógeno foi realizado a partir de planta de feijão-caupi com infecção natural. Para o isolamento, coletou-se uma massa de esporos do caule com uma agulha esterilizada e os quais foram transferidos para meio de Batata-Dextrose-Ágar (BDA) em placas de Petri. Após o isolamento, discos de micélio com 5 mm de diâmetro foram transferidos para placas contendo BDA e submetidas às temperaturas de 15 C, 20 C, 25 C, 30 C e 35 C, sob fotoperíodo de 12 horas. O diâmetro das colônias nas diferentes temperaturas foi avaliado diariamente durante 15 dias, com o auxílio de uma régua milimetrada. Ao final deste período, foi avaliada a produção de esporos nas diferentes temperaturas. Para esta avaliação, foram adicionados20 ml de água destilada esterilizada sobre a superfície da colônia,removendo o crescimento fúngico com o auxílio de uma espátula esterilizada. A suspensão obtida foi filtrada através de gaze de camada dupla esterilizada e a contagem de conídios, realizada, utilizando-se o hemacitômetro tipo Neubauer. O ensaio foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado e cada tratamento (temperatura) constituído de quatro repetições, sendo uma placa de Petri por repetição. As análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000), por meio da análise de regressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se que a temperatura influenciou o crescimento micelial do fungo, determinado pelo diâmetro da colônia. O crescimento micelial de F. oxysporum f. sp. tracheiphilum foi maior na temperatura de 30º C (Figura 1). Estudo semelhante foi realizado para F. oxysporum f. sp. psidii e F. solani, observando-se a maior taxa de crescimento da colônia em temperatura de 28º C (GUPTA et al., 2010). Já para F. graminearum, F. culmorum e F. poae, a temperatura ótima para o crescimento das colônias foi 25 ºC (DOOHAN et al., 2003). O gênero Fusarium é composto de várias espécies que possuem ampla adaptação em diferentes ambientes (BURGESS et al., 1994). Dessa maneira, a taxa de crescimento da colônia pode variar entre as diferentes espécies quando submetidas a aumentos de temperatura.

FIGURA 1. Crescimento micelial de Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum, medido pelo diâmetro da colônia, em meio de cultura BDA, em função da temperatura (ºC). Houve efeito significativo da temperatura sobre a produção de esporos. A 35 ºC ocorreu maior esporulação (Figura 2). A relação entre a temperatura e a produção de esporos foi descrita pela equação Y = 243304x 2-792946x + 742500 (R 2 = 0,94), onde y = número de conídos/ml e x = temperatura. Cada gênero e espécies de fungo respondem diferenciadamente à temperatura, apresentando uma faixa ideal de temperatura para a esporulação. Para a maioria das espécies de Fusarium, a temperatura ótima para a produção de esporos está na faixa que varia de 25 C a 35º C (DESAI et al., 2003; GUPTA et al., 2010). Para F. avenaceum, a temperatura diurna de 30 ºC e promoveu maior produção de conídios quando comparada com a temperatura de 20 ºC (WINDER, 1999). A determinação da extensão dos fatores que influenciam a formação dos esporos é importante para o conhecimento das condições favoráveis para inoculação e infecção de plantas em casa de vegetação (MUELLER; BUCK, 2003). FIGURA 2. Esporulação (conídios/ml x 105) de Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum, em meio de cultura BDA, em função da temperatura (ºC).

Os resultados deste estudo determinaram as condições de cultivo necessárias para otimizar o crescimento e esporulação do fungo, sendo importante para a realização de estudos futuros sobre os impactos das mudanças climáticas no crescimento do patógeno e sua relação com a planta hospedeira. CONCLUSÕES A temperatura tem efeito no crescimento micelial e na produção de conídios de F. oxysporum f. sp. tracheiphilum. As temperaturas entre 30 e 35º C otimizaram o crescimento e a esporulação do fungo. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pelo incentivo financeiro e à Embrapa Semiárido, pelo apoio às atividades de pesquisa. REFERÊNCIAS ATHAYDE SOBRINHO, C.; VIANA, F. M. P.; SANTOS, A. A. Doenças fúngicas e bacterianas. In: FREIRE FILHO, F. R.; LIMA, J. A. A.; RIBEIRO, V. Q. (Ed.). Feijão- Caupi: avanços tecnológicos. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, p. 463-486, 2005. BURGESS, L.W.; SUMMERELL, B.A.; BULLOCK, S. GOTT, K.P.; BACKHOUSE, D. Laboratory manual for Fusarium research, Sydney, University of Sydney.1994. COELHO, R.S.B. Doenças fúngicas do caupi. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO CAUPI, 5., 2001, Teresina. Anais... Teresina: Embrapa Meio Norte, 2001. p. 321-322. DESAI A.G.; DANGE S.R.S.; PATEL D.S.; PATEL D.B. Variability of Fusarium oxysporum f. sp. ricini causing wilt of castor. Journal Mycologycal Plant Pathology, Punjab, v. 33, p. 37.41, 2003. DOOHAN, F.M.; BRENNAN, J.; COOKE, B.M. Influence of climatic factors on Fusarium species pathogenic to cereals. European Journal of Plant Pathology, Wageningen, v. 109, p. 755-768, 2003. ELOY, A.P.; MICHEREFF, S.J. Redução no rendimento do caupi em duas épocas de plantio devido à murcha-de-fusário. Summa Phytopathologica, Botucatu, v. 29, p. 330-333, 2003. FERREIRA, D.F. Manual do sistema Sisvar para análises estatísticas. Lavras: UFLA, 2000. 66 p. GHINI, R.; BETTIOL, W.; HAMADA, E. Diseases in tropical and plantation crops as affected by climate changes: current knowledge and perspectives. Plant Pathology, Nottingham, v. 60, p. 122.132, 2011. GUPTA, V. K.; MISRA, A. K.; GAUR, R. K. Growth characteristics of Fusarium spp. causing wilt disease in Psidium guajava l. in Índia. Journal of Plant Protection Research, Cambridge, v. 50, p. 451-462, 2010. MUELLER, D.S., BUCK, J.W. Effects of light, temperature and leaf wetness duration on daylily rust. Plant Disease, St. Paul, v.87, p. 442-445. 2003. TEIXEIRA, L.D.; ZOTTARELLI, C.L.A.P.; KIMATI, H. Efeito da temperatura no crescimento micelial e patogenicidade de Pythium spp. que ocorrem em alface hidropônica. Summa phytopathologica, Botucatu, v. 32, n. 3, p. 221-226, 2006.

WINDER, R.S. The influence of substrate and temperature on the sporulation of Fusarium avenaceum and its virulence on marsh reed grass. Mycological Research, New York, v. 103, p. 1.145-1.151, 1999.