QUAL É O POEMA DE AMOR MAIS ANTIGO DA HUMANIDADE

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Revist a Pando ra Brasil Home Índice Minicurrículos dos autores QUAL É O POEMA DE AMOR MAIS ANTIGO DA HUMANIDADE Jorge Luis Gutiérrez Universidade Mackenzie Faculdade de Filosofia São Bento Introdução Na primeira aula da disciplina História da Filosofia Antiga I, no curso de Filosofia da Universidade Mackenzie, eu faço uma experiência com os alunos: pergunto a eles qual é o livro mais antigo que eles conhecem. Rapidamente eles começam a falar sobre alguns: A Ilíada, A Odisséia, O livro dos mortos (Egito), Aristóteles, Platão... E a lista vai aumentado. E quando já temos uns 20 títulos eu falo para meus alunos: Vocês nunca escutaram falar dos Sumérios? Todos os livros da lista que você fizeram são pelo menos 1500 anos mais novos que os primeiros livros sumérios. Meu objetivo é que esses alunos, do primeiro semestre, que estão começando a estudar filosofia, entendam que a filosofia nasceu num mundo no qual já existia uma história literária de mais de 1500 anos. Eu exibo para eles algumas imagens das tabuletas sumérias cuneiformes, das ruínas arqueológicas, dos temas que eram tratados e mostro algumas traduções que existem sobre estes textos. E concluo a aula dizendo: Quando nosso primeiro filósofo (Tales de Mileto) começou a filosofar por volta do ano 600 a.c., 1500 anos antes na Suméria, existiam escritores de poemas, cosmogonias, história, mitologias e textos teológicos. Assim, a filosofia seria muito recente se comparada a esses textos. E foi na Suméria onde nasceram as primeiras obras literárias que hoje conhecemos.

DOIS POEMAS DE AMOR EM SUMÉRIO Qual é o poema de amor mais antigo que temos hoje? Onde está? Quando, onde e por quem foi escrito? Dois poemas são candidatos a ser o poema de amor mais antigo que temos hoje. Os dois foram escritos na Suméria, em idioma Sumério, em tabuletas de argila e em caracteres cuneiforme. Foram escritos há uns 4.000 anos. Formam parte de uma biblioteca de textos que são considerados os mais antigos que temos hoje. E possivelmente são os poemas mais antigos da história da humanidade. O primeiro destes poemas, principal candidato a ser o poema de amor mais antigo que temos hoje, está quase perfeitamente conservado numa tabuleta de argila, no museu de Antiguidades orientais de Istambul. Tem o número 2461. O tradutor deste poema foi Samuel Noah Kramer. Ele traduziu este texto na década dos anos cinqüenta do século vinte. E é ele próprio que nos conta como encontrou este poema: 2 Enquanto eu estava trabalhando no Museu de Antiguidades Orientais de Istambul, dei por acaso com uma pequena tabuleta que levava o número 2461. Era o final do ano 1951, durante várias semanas estive examinando, com certa pressa, gavetas inteiras de tabuletas, procurando a maneira de identificar os textos literários desconhecidos e inéditos que ali eu ia descobrindo, e de averiguar, se isso fora possível, a que composição, a que conjunto estava unido cada um deles. Esforcei-me em ordenar o material e fazer uma primeira seleção. Sabia de sobra que aquele ano não teria tempo de copiar todas as tabuletas; tinha que me contentar, portanto, com as mais importantes. Quando percebi, numa das gavetas, entre outras muitíssimas peças, essa pequena tabuletas marcada com o número 2461, fiquei surpreso por seu aspecto, por seu estado de perfeita conservação. Dei-me conta em seguida que se tratava de um poema de muitas estrofes, no qual se cantava a beleza do amor; uma feliz noiva celebrava nele a um rei chamado Shu-Sim (um rei que tinha reinado no país da Suméria, há uns 4.000 anos). Li e reli o texto; não tinha dúvida: o que eu tinha na mão era nem mais nem menos que um dos mais antigos poemas de amor que jamais fora escrito. [Kramer, 1985, p. 161]

Kramer continua o relato dizendo que o casal que no poema se evocava não era um casal de amantes ordinários, senão de amantes «consagrados»: o Rei e sua Esposa «ritual». Kramer diz que finalmente compreendeu que se tratava de um poema que devia ter sido recitado durante a celebração da santíssima cerimônia, do antiqüíssimo rito sumério que se chamava o «Casal sagrado». Kramer continua: Cada ano, de conformidade com as prescrições religiosas, o soberano estava obrigado a «casar-se» com uma das sacerdotisas de Inanna, a deusa do amor, e da procriação, com o objeto de assegurar a fertilidade das terras e a fecundidade das fêmeas. Essa cerimônia tinha lugar o primeiro dia do ano, e era precedida de festas e de banquetes, acompanhados de música, de cantos e de danças. O poema inscrito na pequena tabuleta de Istambul tinha sido recitado, possívelmente, em ocasião de uma dessas festas de Ano Novo pela eleita do rei Shu-Sin. No equinócio de primavera. [KRAMER. 1985. pag. 161] 3 As tabuletas em sumério cuneiforme Antes de continuar é adequado dar uma pequena explicação sobre que quer dizer Kramer quando afirma, na primeira citação deste artigo, Sabia de sobra que aquele ano não teria tempo de copiar todas. Para poder ler a tabuleta cuneiforme geralmente é feita primeiramente uma transcrição e logo uma transliteração. A Transcrição de um texto cuneiforme é o processo pelo qual é feito um desenho mostrando os sinais contidos numa tabuleta de argila para uma folha de papel ou qualquer outro método moderno. A Transliteração é o processo pelo qual são representados os sinais transcritos em alfabeto latino. A transcrição da tabuleta 2461, feita por Kramer, é a seguinte: Transcrição da tabuleta número 2461

Assim, podemos afirmar que do poema de amor mais antigo que temos hoje não somente temos o texto, mas também o temos em sua materialidade, quiçá o próprio manuscrito desse poema. É a tabuleta nº 2461 do Museu de Antiguidades Orientais de Istambul. Na seqüência reproduzimos uma imagem dessa tabuleta 4 Tabuleta número 2461, Museu de Antiguidades Orientais de Istambul. A DEUSA INANA Na mitologia do Médio Oriente antigo as deusas nuas eram identificadas com a deusa do amor e da guerra. Em Sumério esta deusa era Inanna, os acadicos a chamavam de Istar e no Levante era chamada de Astarte. (Ver imagens abaixo). No artigo em que Kramer analisa o poema sumério que relata a queda do Deus pastor Dumuzi, que ele chama A primeira lenda da ressurreição, afirma que: A deusa do amor seja a Venus romana, a Afrodite grega, ou da Ishtar babilônica, sempre teve a virtude de inflamar a imaginação dos homens e, sobretudo, dos poetas. Os sumérios a adoravam sob o nome de Inanna, a «Rainha do céu». Inanna tinha por esposo ao deus Dumuzi, o deus-pastor, o Thammuz da Bíblia (Ezequiel, VIII, 14, ).[Kramer, 1985, p. 180]

A primeira lenda da ressurreição é um poema mítico dedicado a Inana, e é um dos dois poemas nos quais Dumuzi corteja a Inanan. Inanna era Dingir, que é o termo que traduz, na antiga língua suméria, a palavra deus. Ela é uma das oito divindades mais importantes do panteão sumério. 5 Imagens de Inanna

O AMOR NA SUMÉRIA A palavra amor em sumério está composta de dois sinais cuneiformes, " ki "e" ag 2 ". Assim temos "Ki-ag 2" que significa "amor". Que se escreve do seguinte modo em caracteres sumérios cuneiformes: 6 Que em nossas atuais fontes da era da informática 1 fica: Em sumério (de acordo com P. Steinkeller), o amor tem um contexto muito específico social. Um superior ama uma inferior, mas inferiores não pode amar a seus superiores. Um deus pode amar um ser humano, mas um ser humano não pode amar um deus o homem deve ter medo ou respeito dos deuses, mas nunca amor. Ao invés de indicar paixão ou sentimentos difusos, "amor" indica algo como afeição ou benevolência. OS DOIS POEMAS Kramer afirma que contrariamente aos hinos e às narrações poéticas, os poemas líricos são bastante raros na Suméria, e o lirismo amoroso, em particular, não está representado atualmente mais do que por duas obras: esta que vem a continuação e outra, igualmente conservada no Museu de Istambul. São estas duas obras que apresentaremos a continuação. Temos traduzido elas das traduções (do sumério) que tem sido publicadas em espanhol e inglês. 1 Estas fontes são Font collection Sumerian3D. Podem ser encontradas para Download na Carsten Peust's Sumerian Page. http://www.peust.de/sumerian.html.

O PRIMEIRO POEMA: POEMA AO REI SHU-SIN 2 Noivo, caro ao meu coração, Agradável é a tua beleza, doce mel, Leão, caro ao meu coração, Agradável é a tua beleza, doce mel. Tu cativaste-me, deixa-me permanecer tremente perante ti, Noivo, eu deixaria que me levasses para o quarto, Tu cativaste-me, deixa-me permanecer tremente perante ti, Leão, eu deixaria que me levasses para o quarto. Noivo, deixa que te acaricie, A minha preciosa carícia é mais saborosa do que o mel, No quarto o mel corre, Desfrutamos a tua agradável beleza, Leão, deixa-me acariciar-te, A minha carícia amorosa é mais saborosa do que o mel, Noivo, tu de mim tomaste o teu prazer, Diz isto a minha mãe, ela far-te-á gentilezas, O meu pai, ele dar-te-á presentes. O teu espírito, eu sei onde recrear o teu espírito, Noivo, dorme na nossa casa até ao amanhecer, O teu coração, eu sei como alegrar o teu coração, Leão, durmamos juntos em nossa casa até ao amanhecer. Tu, porque me amas, Dá-me o favor das tuas carícias, meu senhor deus, meu senhor protetor, Meu Shu-Sin que alegra o coração de Enlil, Dá-me o favor das tuas carícias. Teu lugar agradável como mel, 7 2 Shu-Sin foi rei da Suméria e Akkad, e foi o penúltimo rei da III dinastia de Ur. Ele sucedeu seu irmão Amar-Sin, e reinou por volta de 1972-1964 ac. Do mesmo modo que seu irmão de Amar-Sin ele também se tinha divinizado. Shu Sim perdeu a Assíria e construiu um muro enorme entre o Tigre e o Eufrates um pouco ao norte da Babilônia, a fim de conter os amorreus. A parede foi de 270 km de comprimento. Ele também fez campanha em Zagros e derrotou uma coalizão de tribos iranianas. Ele tinha amplas relações de comércio com a civilização do Vale do Indo.

por favor estende a tua mão sobre ele, Traz a tua mão sobre ele como um manto gishban Cola tua mão como uma taça sobre ele como um traje gishban-sikin, Este é um poema balbale dedicado a Inanna. O SEGUNDO POEMA Esta tabuleta suméria foi publicada por Edward Chiera em 1924, mas sua primeira tradução é de 1947, e é devida a Adam Falkenstein. 8 De acordo com Kramer se encontram neste poema, igual ao precedente, as palavras de amor dirigidas por uma sacerdotisa anônima ao Rei, seu Esposo; mas sua composição não fica muito inteligível e algumas de suas passagens permanecem algo obscuros. Segundo parece, há que o dividir em seis estrofes (duas de quatro versos, uma de seis e, de novo, duas de quatro e uma de seis). Por outra parte, entre elas não se distingue nenhuma linha lógica clara. A primeira estrofe celebra à rainha mãe Abisimti e o nascimento do rei Shu-Sin. A segunda parece querer associar no mesmo louvor ao soberano e a sua esposa Kubatum. Na terceira (de seis versos) a recitadora enumera os presentes que lhe ofereceu Shu-Sim para recompensá-la por ter cantado os alegres «cânticos- allari»: Cântico de amor a Shu-Sin Ela deu nascimento a ele que é puro, Ela deu nascimento a ele que é puro, A rainha deu nascimento a ele que é puro, Abisimti deu nascimento a ele que é puro, A rainha deu nascimento a ele que é puro. Ó minha rainha que é premiada do limbo, Ó minha rainha que és (...) de cabeça, minha rainha Kubatum, Ó meu senhor (...) de cabelo, meu senhor Shu-Sin, Ó meu senhor, que és (...) de palavra, meu filho de Shulgi!

Porque eu cantei, porque eu cantei, o senhor deu-me um presente, Porque eu disse a canção allari, o senhor deu-me um presente, Um pendente de ouro, um selo de lápis-lazúli, o senhor deu-me um presente, Um anel de ouro, um anel de prata, o senhor deu-me um presente, Senhor, o teu presente é repleto de (...), ergue o teu rosto para mim, Shu-Sin, o teu presente é repleto de (...), ergue o teu rosto para mim. 9 Senhor, senhor, como uma arma (...) A cidade ergue a sua mão como um dragão, meu senhor Shu-Sin, E jaz a teus pés como uma cria de leão, filho de Shulgi. Meu deus, da virgem do vinho, doce é a sua bebida, Como a sua bebida, doce é sua vulva, doce é a sua bebida, Como os seus lábios, doce é o seu sexo, doce é a sua bebida, Doce é a sua bebida misturada, a sua bebida. Meu Shu-Sin, que me escolheste, Ó meu Shu-Sin que me escolheste, que me acariciaste, Meu Shu-Sin que me escolheste, que me acariciaste, Meu amado de Enlil, meu Shu-Sin, Meu rei, o deus da sua Terra! É um poema balbale dedicado a Bau. APÊNDICES Tabuleta do 9º ano do rei Shu-Sin. Esta tabuleta de argila da época de Shu-Sin contem uma comprida lista de tipos e espécies de animais (como peixes, pântano, ratos, pombos) e outros produtos alimentícios (pão, alho, carne de cordeiro, manteiga e queijo), destinados 18 importantes funcionários reais. O verso é parcialmente coberto com gesso. Período: 2029 a.c. Dimensões: 11.8 x 7.1 cm

10 Peça com o nome de Shu-Sin que se encontra no Museu do Louvre. REFERENCIAS E BIBLIOGRAFÍA KRAMER, Samuel Noah. La historia empieza en Sumer. Barcelona, Orbis. 1985. KRAMER, Samuel Noah. History Begins at Sumer: Thirty-Nine "Firsts" in Recorded History. University of Pennsylvania Press. 3rd edition. 1988. KRAMER, Samuel Noah and WOLKSTEIN, Diane. Inanna : Queen of Heaven and Earth. New York: Harper & Row. 1983. KRAMER, Samuel Noah. The Sumerians: Their History, Culture and Character. Publisher: University of Chicago Press. 1963. The Sumerian Word. http://sumerianwod.livjournal.com/ Sumerian Dictionary. http://sumerianwotd.livejournal.com/ Carsten Peust's Sumerian Page. http://www.peust.de/sumerian.html