TAXAS DE PRENHEZ DE VACAS DE CORTE INSEMINADAS ARTIFICIALMENTE A TEMPO FIXO UTILIZANDO DIFERENTES DOSES DE ANÁLOGO DO GNRH

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TAXAS DE PRENHEZ DE VACAS DE CORTE INSEMINADAS ARTIFICIALMENTE A TEMPO FIXO UTILIZANDO DIFERENTES DOSES DE ANÁLOGO DO GNRH PREGNANCY RATE OF BEEF COWS WITH TIMED INSEMINATION USING DIFFERENT DOSES OF GNRH ANALOG MURTA, J.E.J. 1, ANDRADE, V.J.A 2. 1 Professor da UNIMONTES; doutorando em Zootecnia (EV/UFMG); Bolsista da FAPEMIG 2 Professor Titular da Escola de Veterinária da UFMG E-mail: jardimmurta@hotmail.com Resumo Objetivando avaliar a taxa de prenhez de vacas zebuínas de corte inseminadas artificialmente a tempo fixo, utilizando diferentes doses de análogo do GnRH, desenvolveu-se o presente experimento. Foram utilizadas 88 vacas neloradas multíparas, paridas, devidamente identificadas, com período de serviço em torno de 120 dias e que apresentavam escore de condição corporal (ECC) entre 2,0 e 3,0 (escala de 1 a 5). As fêmeas foram divididas aleatoriamente nos grupos G1 (N = 45) e G2 (N = 43), correspondendo respectivamente ao tratamento com 100 e 200 μg de GnRH por dose, na IATF. Decorridos 15 dias da IATF, quatro touros foram mantidos com as fêmeas até o diagnóstico de gestação (40 0 dia) com auxílio de ultrasonografia em tempo real. As taxas de prenhez das fêmeas inseminadas artificialmente foram, respectivamente, 26,6% (12/45) e 20,9% (9/43), para o grupo G1 e G2 (p< 0,05). Após repasse com touros, as taxas de prenhez foram, 24,4% (11/45 e 25,5% (11/45), nos grupos G1 e G2, respectivamente, (P>0,05). Conclui-se que a redução na dose de GNRH não afetou a taxa de prenhez, tanto nos protocolos de IATF como no repasse com touros, o que pode levar a redução nos custos dessa biotecnologia. Palavras chave: GnRH, IATF, Ovsynch, Pregnancy rate, Zebu Abstract Aiming to evaluate pregnancy rate of Zebu cows (Bos taurus indicus) with fixed timed artificial insemination (FTAI), using different doses of GnRH analog, a total of 88 nursing multiparous crossbreed beef cows, with mean post-partum period of 120 days and condition score ranging from 2 to 3 (scale 1 to 5), were randomly divided in 2 groups: G1 (n=45) and G2 (n=43), receiving, respectively, 100 and 200 μg of GnRH analog in the FTAI. Fifteen days later the cows were put together to 4 bulls up to the end of time of gestation checking (around 40 days after FTAI), performed by ultrasonography in real time. Pregnancy rates were 26.6 and 20.9%, respectively, for G1 and G2 (p>0.05). After being served by bulls, pregnancy were 24.4% for G1 and 25.5% for G2 (p>0.05). It was concluded that the reduction in the GnRH analog dose did not affect pregnancy rate with FTAI or natural mating, what can lead to a price reduction when using this biotechnology. Keywords: GnRH, Pregnancy rate, Timed Artificial Insemination,, Zebu. Introdução

O rebanho bovino brasileiro possui aproximadamente 164 milhões de cabeças, estimando-se que existam atualmente 12.085.977 novilhas de dois a três anos de idade e 55.337.033 vacas adultas, totalizando 67.423.010 fêmeas em idade de reprodução (ANUALPEC, 2007). Admitindo que 80% do germoplasma bovino brasileiro seja constituído por genes zebuínos e que sua seleção se iniciou na década de 60, é imperativo reconhecer que o melhoramento do Zebu é relativamente recente. Apesar do crescimento numérico, o rebanho bovino brasileiro apresenta baixos índices zootécnicos, quando comparado a países desenvolvidos (PEREIRA, 2006). O melhoramento genético bovino no Brasil tem sido uma técnica elitista, beneficiando apenas os criadores de animais puros, detentores dos melhores genótipos e de condições sócio-econômicas mais privilegiadas. É necessário que produtores comerciais tenham acesso aos reprodutores geneticamente superiores o que poderá ser feito de forma democrática e econômica pela utilização da inseminação artificial (IA). A comercialização de sêmen no Brasil avança a passos largos, atingindo a marca de 7.496.324 de doses vendidas em 2006 (ASBIA, 2007). Apesar desta evolução, o total de doses de sêmen comercializado atende somente 5% do rebanho apto à reprodução, considerando a utilização de duas doses por fêmea. Vários fatores têm contribuído para a não adoção da IA pelos criadores, apesar das vantagens desta biotecnologia, dentre eles a possibilidade de utilização de touros comprovadamente melhoradores, utilização de raças que não se adaptam em clima tropical, controle sanitário do rebanho, entre outras. Dentre os fatores apontados pelos criadores para a não adoção dessa biotecnologia, podem ser enumeradas a falta de tempo e mão-de-obra qualificada, problemas logísticos, falhas na detecção do cio, procedimentos complicados e custo elevado para implantação, dentre outros (LARA, 1985; GALINA, 1990; CAVALIERI, 1995; PATTERSON, 2006). Procurando intensificar a adoção das biotecnologias reprodutivas, as hormônioterapias têm sido utilizadas como método para sincronização do estro e da inseminação artificial a tempo fixo (IATF), no sentido de reduzir a necessidade de mão de obra para observação de cios e aplicação da IA. O GnRH associado a PgF 2 α sincroniza o crescimento dos folículos ovarianos e o folículo em crescimento pode ser ovulado de forma bem precisa pelo uso da segunda dose de GnRH 1,5 a 2 dias após a aplicação da PgF 2 α. Este protocolo foi denominado Ovsynch e apresenta resultados semelhantes à inseminação com estro natural (40% de prenhez) em vacas em lactação (PURSLEY et al, 1995). Atualmente, as pesquisas e aplicações comerciais do ultra-som com imagem em tempo real, desenvolvidas para a área da reprodução, é o processo tecnológico mais avançado no campo da reprodução e da pesquisa em grandes animais, suplantando as dosagens hormonais (LAMB, 2003). O objetivo deste trabalho foi avaliar a taxa de prenhez de vacas zebuínas de corte inseminadas artificialmente a tempo fixo, utilizando diferentes doses de análogo do GnRH e monitoramento da atividade ovariana com auxilio do ultra-som, bem como o impacto econômico deste protocolo. Material e métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda Ana Ellen, localizada no município de Pedra Azul MG, durante a estação de monta iniciada em janeiro de 2008. A propriedade contava com instalações adequadas, sendo os animais criados e manejados nas mesmas condições, em pastagens de capim brachiaria (Brachiaria decumbens). As vacas, 88 neloradas, multíparas, paridas, com período de serviço em torno de 120 dias, devidamente identificadas, apresentavam escore de condição corporal (ECC) entre 2,0 e 3,0 (escala de 1 a 5). As fêmeas foram divididas aleatoriamente em dois grupos: G1 (N = 45) que recebeu aplicação intramuscular de 100 μg (1 ml) de análogo do GnRH (Profertil ) no dia 21/01; aplicação, intra-lábio vulvar (TEIXEIRA, 2000), de 1 ml de análogo da Prostaglandina (Prostaglandina ) no dia 28/01 e nova aplicação intramuscular de 100 μg de análogo do GnRH no dia 30/01, e G2 (N = 43) que recebeu tratamento similar ao G1, diferindo apenas na dosagem do análogo do GnRH, que foi de 200 μg (2 ml) em amas aplicações. A IATF, no dia 31/01, foi realizada por um único inseminador, utilizando uma única partida de sêmen, conforme protocolo Ovsynch (PURSLEY, et al. 1995) de acordo com o esquema mostrado na Fig. 1. Figura 1- Esquema utilizado (protocolo Ovsynch) para IATF GnRH PgF 2 α GnRH IATF 21/01 28/01 30/01 31/01 Quatro touros adultos, avaliados clinica e andrologicamente e considerados aptos à reprodução, foram mantidos com as fêmeas a partir do 15 o dia das inseminações artificiais, até o momento do diagnóstico de gestação, realizado pela via trans-retal, com auxilio de aparelho ultra-sonográfico, marca Honda, modelo HS 101V (AutoScan), acoplado com transdutor retal de 5 Mhz (HLV 155), 40 dias após as inseminações artificiais e 25 dias após o início do repasse com os touros. Concomitantemente foi avaliada a condição ginecológica, com monitoramento da atividade ovariana pela técnica de ultra-sonografia, conforme Lamb (2003). Definiu-se que folículos com diâmetro entre 3 a 4 mm, seriam folículos em crescimento e aqueles com 13 a 16 mm seriam os folículos dominantes ou préovulatórios (WILTBANK, 1998). Para o diagnóstico de gestação adotaram-se os critérios estabelecidos por Lamb (2003), baseados no tamanho da vesícula embrionária. Os dados das taxas de prenhez foram analisados utilizando-se o modelo não paramétrico (Qui-quadrado) conforme Sampaio (1998), ao nível de 5% de probabilidade. Resultados A maioria das fêmeas não manifestou comportamento típico de estro durante o período experimental, demonstrando baixa atividade ovariana luteal cíclica. As taxas de prenhez na IATF foram de 26,6% (12/45) e 20,9% (9/43), respectivamente, para G1 e G2 (P>0,05). Após repasse com touros, os resultados de prenhez foram 24,4% (11/45) e 25,5% (11/43), para G1 e G2 (P>0,05), respectivamente (Tab. 1).

Tabela 1 - Prenhez de vacas de corte inseminadas artificialmente a tempo fixo e após repasse com touros. Tratamento N Prenhez Positiva (IATF) Prenhez Positiva (Touro) Prenhez acumulada (IATF+Touro) G1 45 12 (26,6%) 11 (24,4%) 23 (51,1%) G2 43 09 (20,9%) 11 (25,5%) 20 (46,5%) Média 88 21 (23,8%) 22 (25,0%) 43 (48,8%) p>0,05. O preço dos medicamentos, adquiridos no comercio local, correspondiam a R$3,20/ml de GnRH, (Profertil ) e R$2,10/ml de Prostaglandina (Prostaglandina ), totalizando R$8,50 para o protocolo do G1 e R$14,90 para o G2 (Tab 2). Tabela 2 Preço dos medicamentos do protocolo Ovsynch, para cada animal tratado. Trt* Dose (GnRH) (R$/ml) Dose (PgF 2 α) (R$/ml) Total (R$) G1 2mL Profertil 3,20 1mL Prostaglandina 2,10 8,50 G2 4mL Profertil 3,20 1mL Prostaglandina 2,10 14,90 *Trt = tratamentos A visualização das imagens dos ovários, com auxílio de ultrasonografia em tempo real, aos 40 dias após a IATF revelou presença de folículos em crescimento (3 a 4 mm), sem a presença de folículos dominantes ou de corpo lúteo, na maioria dos animais. As Fig. 1 e 2 amostram imagens do ovário de um animal como descrito anteriormente. Figura 1- Amostra de imagem ultrsonográfica do ovário bovino Figura 2- Amostra de imagem ultrsonográfica de folículos ovarianos bovino

As imagens revelam ovários com baixa atividade luteal cíclica, que corresponde com o estado nutricional e fisiológico em que se encontravam os animais. Discussão O GnRH é uma ferramenta valiosa para o controle do crescimento folicular e da dinâmica luteal em vacas com ovulação normal. As implicações do uso do GnRH em programas de reprodução foram melhor percebidas após o desenvolvimento do protocolo de inseminação programada denominado Ovsynch (PURSLEY, 1995). Desde a idealização do Ovsynch em 1995, esse protocolo vem sendo largamente utilizado na pecuária leiteira apresentando resultados satisfatórios. Posteriormente, foram ainda idealizados outros protocolos que também utilizam o GnRH como Cosynch, Selectsynch (WILTBANK & HAUGHIAN, 2003), com resultados que corroboram os apresentados neste experimento. O padrão da onda do Hormônio Luteinizante (LH) decorrente de uma onda endógena do GnRH ou de uma única injeção de 100 μg de GnRH (a dose padrão utilizada em bovinos), parece ser mais alta após injeção de GnRH em comparação com a onda endógena de GnRH. Apesar dessas diferenças no padrão da onda do LH, ambas são suficientes para induzir a ovulação de um folículo dominante (WILTBANK & HAUGHIAN, 2003), o que provavelmente ocorreu com os animais que se apresentaram gestantes neste estudo. O exame ultra-sonográfico do aparelho reprodutor da vaca é mais eficaz do que a palpação retal na identificação dos folículos (LAMB, 2003). Neste trabalho o ultrasom possibilitou o diagnóstico de folículos menores que 5 mm (Fig. 2) e corrobora com as imagens descritas por Lamb (2003). Folículos com diâmetro em torno de 3-4 mm podem não ser responsivos ao tratamento hormonal e apresentar baixa taxa de ovulação (WILTBANK, 1998). Se for administrada injeção de GnRH em período em que não há folículos dominantes no ovário, como nas vacas não gestantes (Figs. 1 e 2), os folículos vão continuar a se desenvolver (GINTHER et al, 1996). Entretanto, se houver folículo dominante, este vai ovular dentro de 29 horas após o início da onda de LH (WILTBANK & HAUGHIAN, 2003). As figuras 1 e 2, mostram que apesar da presença de folículos selecionados para crescimento, estes podem não estar responsivos a ação das gonadotropinas (WILTBANK & HAUGHIAN, 2003). O baixo ECC (2,0 a 3,0) das vacas, neste estudo, pode ter contribuído para as baixas taxas de prenhez registradas e, possivelmente, se deve a falhas no manejo nutricional no pré e pós-parto. É necessário fornecer às fêmeas condições nutricionais adequadas para que não percam peso após o parto e iniciem a estação de monta em condições físicas e fisiológicas adequadas. Vacas perdendo peso após o parto apresentam menor taxa de concepção em relação aquelas ganhando peso (WILTBANK, 1978). As taxas de prenhez registradas no presente experimento foram similares às relatadas por AHUJA et al. (2005), trabalhando com vacas lactantes em anestro, com baixa condição corporal,, 21% para o protocolo Ovsynch. O desempenho reprodutivo das vacas parece ser multifatorial. Fatores que podem contribuir para isso incluem: genética e raça (FONSECA et al, 1983); idade ao parto (PURSLEY, et al. 1997); retomada da atividade ovariana após o parto

(THATCHER e WILCOX, 1973); nutrição (BUTLER,2000); produção de leite (PETERS e PURSLEY, 2002); saúde uterina (LEBLANC et al 2002); condições ambientes (RENSIS e SCARAMUZZI, 2003) e praticas de manejo (NEBEL et al, 1994). Estes fatores podem ter efeito direto ou estarem indiretamente associados à atividade fisiológica ovariana a nível de desenvolvimento e função folicular e luteal (LUCY, 2000 e SARTORI, 2004), semelhante ao observado nos animais deste experimento. Nem todas as vacas tratadas com Ovsynch terão uma ovulação sincronizada. Aproximadamente 10 a 15% delas não irão sincronizar e apenas 35% ficam gestantes após a inseminação (PURSLEY, 2006). Portanto, a taxa de prenhez após tratamento com Ovsynch pode ser aumentada pelo repasse com touros ou com observação do estro e re-inseminação artificial das fêmeas não gestantes, confirmando os resultados do presente trabalho. A inexistência de diferença entre G1 e G2, demonstra que diferentes doses do GnRH não alteram os resultados de prenhez. A redução na dose de GnRH (100μg ), propiciou uma economia de R$6,40 (42,95% no preço do protocolo) em cada animal tratado, no G1.A utilização de menores doses de GnRH (100 μg) pode contribuir para redução no custo final da prenhez, quando da utilização do protocolo Ovsynch. Resultado semelhante foi demonstrado por Ribeiro Filho (2001) que registrou economia de 44,76% no custo por prenhez para MeioOvsynch (125 μg ) comparado a Ovsynch (250 μg) ou Cosynch (250μg). Conclusão As taxas de prenhez após IATF com protocolo Ovsynch em vacas neloradas, utilizando 100 ou 200 μg de análogo do GnRH podem ser consideradas satisfatórias. A melhoria na taxa de prenhez pode ser obtida com o repasse das fêmeas com touros e a redução no preço dos medicamentos pela utilização de doses menores do análogo do GnRH. Trabalhos com animais em mais adequadas condições corporais são necessários para que os resultados de prenhez com os protocolos de IATF, utilizando análogos do GnRH, possam ser melhorados. Referências bibliográficas AHUJA C., MONTIEL F., CANSECO R., SILVA E., MAPES G. Pregnancy rate following GnRH + PGF 2α treatment of low body condition, anestrous Bos taurus by Bos indicus crossbred cows during the summer months in a tropical environment. Anim. Reprod. Scie. 2005. ANUALPEC 2007. Anuário da Pecuária Brasileira, São Paulo: FNP Consultoria & Comercio, p. 64, 2007. ASBIA, Relatório estatístico de produção, importação e comercialização de sêmen, 2007. Disponível http://www.asbia.org.br/download/mercado/relatorio2007.pdf. Acesso em 28/03/2008. BUTLER, W. R. Nutrition interactions with reproductive performance in dairy catle. Anim. Reprod. Sci. v. 60-61, p, 449-457, 2000.

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