RIO GRANDE DE SÃO PEDRO EM 1808

Documentos relacionados
A ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS E A NOVA CAPITAL - LIGAÇÕES ( MEMÓRIA)

BICENTENÁRIO DA INSTALAÇÃO DA REAL FEITORIA DO LINHO CÃNHAMO NO RINCÃO DO CANGUÇU EM CANGUÇU-RS

OS 250 ANOS DO 1º GOVERNADOR E CAPITÃO GENERAL DO ATUAL RIO GRANDE DO SUL (de 19 Out Nov 1814)D.DIOGO DE SOUZA.

DOAÇÂO E PREFÁCIO DO CORONEL WALTER ALBANO FRESSATI DA COLEÇÂO ENCADERNADA DA REVISTA DA SASDE JAN 1993-DEZEMBRO 2002 E SINTESE SEU LEGADO

Fundação do Clube Militar em 26 Jun 1887 Domingo, no Clube Naval

1972 -EXÉRCITO PREPARA PESQUISADORES CIVIS PARA RECONSTRUIR SEU PASSADO

O Patrono da Engenharia - A Arma do Apoio ao Movimento Ten Cel de Engenheiros João Carlos de Vilagran Cabrita

HISTÓRIA MILITAR DO POVO GAÚCHO Jornal TRADIÇÃO do MTG nov 1995 Por IVO CAGGIANI

GEN DIV DOMINGOS PINTO VENTURA JÚNIOR,FALECIMENTO -NECROLÓGIO

A LOGISTICA, PREVER PARA PROVER!

CARTA AO GENERAL HEITOR FONTOURA DE MORAIS SOBRE SEU LIVRO REVELAÇÕES HISTÓRICAS DO SUL DO BRASIL

RECORDANDO O MEU COLEGIO APARECIDA Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

UMA TRÁGICA HISTÓRIA DE AMOR.A LENDA DO TIMBURIBÁ E A SAGA DE ÍNDIOS PURIS, NA ORIGEM DE RESENDE

RESENDE-RS. APRESENTAÇÃO PLAQUETA ENG TÁCITO VIANA RODRIGUES EM SEU CENTENÁRIO O Resendense do Século XX

2.000-CANGUÇU 200 ANOS PREFACIO DO CEL OMAR LIMA DIAS PRESIDENTE DO GBOEX. Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

RESENDE-RJ ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

Cel CLAUDIO MOREIRA BENTO LIVROS,ÁLBUNS, PLAQUETAS E ARTIGOS NO PERGAMUM SISTEMA INTEGRADO DE BIBLIOTECAS DO EXÉRCITO ATÉ OUTUBRO 2016

O EXÉRCITO BRASILEIRO NAS TERRAS DE RONDON RAÍZES HISTÓRICAS. Porto Velho, Gráfica Imediata 2015.

A GUARDA NACIONAL DE NOVO!!!

HOMENAGEM DA FAHIMTB AOS MILITARES DO EXERCITO E DA INFANTARIA DA AERONAUTICA MORTOS NA TRAGÉDIA DA BOITE KISS EM SANTA MARIA -RS

CINQUENTENÁRIO DA ENTRADA DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

FORTE DE SAO FRANCISCO XAVIER DE PIRATININGA OU FORTE DA BARRA( ) EM VITÓRIA-ES. Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

HISTÓRIA DO 17 REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADA REGIMENTO SOLON RIBEIRO EM AMAMBAI-MS.COMENTARIO D0 PRESIDENTE DA FAHIMTB.

O Patrono do Exército Marechal-de-Exército LUIZ ALVES DE LIMA E SILVA E DUQUE DE CAXIAS História Militar - Especial para a SASDE

A FÁBRICA DE MÁRMORES CANGUSSUANA, EM CANGUÇU, INAUGURADA 29 NOV 1875 ( MEMÓRIA)

A CASA DAS 7 MULHERES (A HISTÓRIA E A FANTASIA)

HONÓRIO LEMES O TROPEIRO DA LIBERDADE. Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

PESQUISA SOBRE A LOCALIZAÇÃO DA REAL FEITORIA DO LINHO CÃNHAMO DO RINCÃO DO CANGUÇU PELO JORNALISTA CAIRO MOREIRA PINHEIRO

Contra Almirante HÉLIO LEÔNCIO MARTINS ( ) (Recordando uma vida longa, exemplar, movimenta e utilíssima de marinheiro brasileiro)

CENTENÁRIO DE UM HERÓI DA FEB

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

JÁ NÃO SE FAZ GAÚCHOS COMO ANTIGAMENTE!-CRÔNICA

AS ORIGENS DOS COLÉGIOS MILITARES NO BRASIL. Fonte: Revista HYLOEA do CMPA Ano 1995, p. 5/6. Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

PALAVRAS DO CEL CLÁUDIO MOREIRA BENTO EM 28 DE MAIO DE 2013 EM SOROCABA NA INSTALAÇÃO DA AHIMTB/SP GEN BERTOLDO KLINGER

A FEDERAÇÂO DE ACADEMIAS DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL (FAHIMTB) E SUA ORGANIZAÇÃO INSTALAÇÕES NA AMAN 2015.

RESENDE-RJ A HISTÓRIA SE REPETE

CLAUDIO MOREIRA BENTO REFERÊNCIAS A SUA OBRA NO GOOGLE

VIRTUDES MILITARES. Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

CEL PROFESSOR GERALDO LEVASSEUR FRANÇA RECEPEÇÂO COMO ACADEMICO DA FAHIMTB

RECORDANDO FRANCISCO, O ZUMBI DOS PALMARES , NO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA EM Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

Osório, o Patrono da Arma de Cavalaria

A REVOLUÇÃO DE 1930 E O ANTIGO QG DA 3ª REGIÃO MILITAR-PORTO ALEGRE. Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

BICENTENÁRIO DA CONQUISTA DO FORTE DE SÃO MARTINHO EM 31 out 1975

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

CFENSA, FOTOS PROFESSORAS ALUNOS E ALUNAS, EM 19 ABRIL 1940, NA VISITA DO BISPO DE PELOTAS D,JOAQUIM FERREIRA DE MELLO EM 19de Abril 19 ABRIL 1940

MEU PREFÁCIO DO LIVRO 27º GAC GRUPO MONTE BASTIONE

GENERAL PEDRO TEIXEIRA ( )- O CONQUISTADOR DA AMAZÔNIA

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

AMAN MEMÓRIA ( )

A ACADEMIA REAL MILITAR UMA DECORRÊNCIA DA VINDA DA FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL EM 1808 E O SEU CURRÍCULO

O 15 DE NOVEMBRO DE 1889 NO RIO DE JANEIRO. ROTEIRO HISTÓRICO

CEL CLAUDIO MOREIRA BENTO-PALESTRA PARA O CURSO DE INFANTARIA NA AMAN NO BICENTENÁRIO DO BRIGADEIRO ANTÔNIO DE SAMPAIO-Maio 2012

CAXIAS E A DOUTRINA MILITAR TERRESTRE BRASILEIRA

O REPATRIAMENTO DOS RESTOS MORTAIS DO FUNDADOR DA IMPRENSA BRASILEIRA, HIPÓLITO DA COSTA

MAJOR CLAUDIO MOREIRA BENTO CORRESPONDENCIA RECEBIDA DO PROFESSOR PEDRO CALMON EM 1971, SOBRE A CONSTRUÇÂO DO PARQUE HISTÓRICO NACIONAL DOS GUARARAPES

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

VISITA AO BATALHÃO AGULHAS NEGRAS DA AMAN, O MAIOR BATALHÃO DO EXÉRCITO BRASILEIRO, EM 25 OUTUBRO MEMÓRIA

RELATÓRIO DE ATIVIDADES DA COMISSÃO DE HISTÓRIA DO EXERCITO BRASILEIRO DO ESTADO- MAIOR DO EXÉRCITO DE (EM EXTINÇÃO.

ESQUECIDA ESCOLA DE GUERRA DE PORTO ALEGRE NO ENSINO MILITAR ACADÊMICO DO EXÉRCITO DE ATUALIDADE

O ESPÍRITO MILITAR DO POETA MÁRIO QUINTANA

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

O FORTE DE SÃO GONÇALO

CLÁUDIO MOREIRA BENTO

A Guerra Civil na Região Sul Bibliografia do autor sobre esta Guerra Civil

O ESTALEIRO FARRAPO E A SAGA DO BARCO FARROUPILHA SEIVAL

PALAVRAS FINAIS DO PRESIDENTE DA AHIMTB NO CMPA EM 8 JUL 2003 COMEMORATIVA DO BICENTENÁRIO DO DUQUE DE CAXIAS PATRONO DA HOJE FAHIMTB

OS MOLHES DE RIO GRANDE-RS. CONSTRUÇÃO E PROJEÇÃO ECONÔMICA E GEOPOLÍTICA E, UM POUCO DA HISTÓRIA MILITAR DE RIO GRANDE

Tricentenário de Colônia do Sacramento

FAHIMTB. CONTEÚDO PASTA A,B e C de CDs

A ZONA SUL DO RIO GRANDE DO SUL NA INDEPENDÊNCIA EM 1822

CANGUÇU-RS.HOMENAGEM DA ACANDHIS A EX-PREFEITOS

INFLUÊNCIAS NA DOUTRINA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

APRESENTAÇÃO LIVRO CUMPRA O SEU DEVER... VOLTE SE PUDER. E, A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA 1ª GUERRA MUNDIAL.

Major ÂNGELO PIRES MOREIRA ( ),NA MINHA MEMÓRIA

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

COMEMORAÇÂO DO CENTENÁRIO DO TIRO DE GUERRA DE SOROCABA 31 MAIO 2017.NA MEU PREFACIO

O TUIUTI. 150 anos da 1ª Batalha de Tuiuti 400 anos da fundação de Belém do Pará. ANO 2016 Novembro N 200

FORTE SÃO JOAQUIM DO RIO BRANCO

XIII Simpósio de História do Vale do Paraíba -a Presença Militar 3-5 jul1996

RECEPÇÃO NO INSTITUTO HISTÒRICO E GEOGRAFICO DE LUIZ PHELLIPE PERREIRA LEITE EM 23 ABRIL 1985

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

RESENDE-RJ LENDAS POPULARES : PEDRA SONORA e dotimburibá

O CRIADOR E IDEALIZADOR DO TIRO-DE-GUERRA BRASILEIRO CORONEL HONORÁRIO ANTÔNIO CARLOS LOPES ( )

RECEBIMENTO DO TITULO DE CIDADÃO RESENDENSE

CONTEÚDO PASTAS COM CDs A,B.e C DO AUTOR EM SEU ESCRITÓRIO EM CASA

EDSON OTTO E SUA PROJEÇÂO NO TRADICIONALISMO GAÚCHO,NA MINHA MEMÓRIA. Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

A GUERRA DE 1801 NO RIO GRANDE DO SUL E A CONQUISTA DOS SETE POVOS DAS MISSÕES

ALUNO CARLOS NORBERTO STUMPF BENTO DO COLÈGIO NAVAL. ARTIGO SUBMARINO NUCLEAR NA REVISTA FRAGATA 1978 HÁ 38 ANOS PASSADOS

O BRIGADEIRO ANTÔNIO DE SAMPAIO NA GUERRA DO PARAGUAI

INFLUÊNCIAS DOUTRINÁRIAS NA DOUTRINA MILITAR TERRESTRE BRASILEIRA AO LONGO DA HISTÓRIA

CORRESPONDÊNCIA DA CADEIRA DE HISTÓRIA MILITAR DA AMAN EM 1978, COM O CEL ALBERTO DOS SANTOS LIMA FAJARDO,CHEFE DA SD3, DO EME( MEMÓRIA).

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

COMEMORAÇÂO DO CENTENÁRIO DO TIRO DE GUERRA DE ITAPETININGA OUTUBRO MEU PREFACIO

A EXPANSÃO DA AMÉRICA PORTUGUESA

PRIMÓRDIOS DA COLONIZAÇÃO

EM 1º DE MARÇO DE 2014 NO 70º ANIVERSÁRIO DA INSTALAÇÂO DA AMAN EM RESENDE-MEMÓRIA

Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

O PRETO CAXIAS - UM SOLDADO CARIOCA DO EXÉRCITO CONSIDERADO O SANTO DE BAGÉ. Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO

PALAVRAS DO PRESIDENTE DA ACADEMIA CANGUÇUENSE DE HISTÓRIA, CORONEL CLAUDIO MOREIRA BENTO NA INAUGURAÇÃO DE SUA SEDE PRÓPRIA EM 24 DE JUNHO DE 2015

Transcrição:

1 RIO GRANDE DE SÃO PEDRO EM 1808 Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO Historiador Militar e Jornalista, Presidente e Fundador da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB),do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS) e da Academia Canguçuense de História (ACANDHIS) e sócio benemérito do Instituto de História e Geografia Militar e História Militar do Brasil (IGHMB) e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e integrou a Comissão de História do Exército do Estado- Maior do Exército 1971/1974. Presidente emérito fundador das academias Resendense e Itatiaiense de História e sócio dos Institutos Históricos de São Paulo,Rio de Janeiro,Rio Grande do Sul, Santa Catarina etc. Foi o 3º vice presidente do Instituto de Estudos Vale paraibanos IEV no seu 13º Encontro em Resende e Itatiaia e que coordenou o Simpósio sobre a Presença Militar no Vale do Paraíba, cujas comunicações reuniu em volumes dos quais existe exemplar no acervo da FAHIMTB doado a Academia Militar das Agulhas Negras.É Acadêmico e Presidente Emérito fundador das Academias Resende e Itatiaiense de História,sendo que da última é Presidente emérito vitalício e também Presidente de Honra.Integrou a Comissão de História do Exercito 1971-1974 e cursou a ECEME 1967/1969. E foi instrutor de História Militar na AMAN 1978-1980, onde integrou comissões a proposito dos centenários de morte do General Osório Marques do Herval e do Duque de Caxias. É autor em parceria com o Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis das histórias da 1ª,2ª e 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada e, o biógrafo do General Osório, na obra General Osório o maior herói e líder popular brasileiro, no bicentenário de seu nascimento em 2008. Em 1970/1971 foi coordnador do Projeto,Construção e Inauguração dp Parque Nacional dos Montes Guararapes, em cuja inauguração lançou seu livro As Batalhas dos Guararapes descrição e análise militar.recife:ufpe,1971. Artigo digitalizado de recorte d Colna Querência do Diario Popular de Pelotas para ser colocado na Internet,em Livros e Plaquetas no site da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil www.ahimtb.org.br e cópia impressa no acervo da FAHIMTB doado em Boletim Especial a AMAN e integrado ao programa Pergamum de bibliotecas do Exército

2 RIO GRANDE DE SÃO PEDRO EM 1808 Major Cláudio Moreira Bento No ano de 1808 está era a situação da recém criada (19 de Set 1807). CAPITANIA DO RIO GRANDE DO SUL, com base em diversos documentos e, em especial, no documento que pesquisei no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e que leva por título: REFLEXÕES POLÍTICAS E INTERESSANTES SOBRE A ATUAL CAPITANIA DO RIO GRANDE DO SUL., SEU CLIMA,SUA PRODUÇÃO, COMÉRCIO, NAVEGAÇÃO E AGRICULTURA, POR UM VASSALO FIEL E OBEDIENTE A SEU AUGUSTO SOBERANO. Dito documento, de autora desconhecida era dirigida ao Príncipe D. João recém chegado do Brasil, e com a finalidade de relatar as possibilidades e problemas da novel capitania, ao mesmo tempo que, para pleitear o cobiçado cargo de Administrador dos Contratos de Quintos e Dízimos e Munício do Trono da Capitania do Rio Grande, era razão de ter seu autor exercido esta função numa outra província pelo espaço de 6 anos. E de se presumir que o autor deste documento, ser o mesmo que por ocasião da chegada de Saint Hilaire a Porto Alegre lhe ter servido de valioso subsídio para seu trabalho e orientação em sua viajem pela então Província 1821 1823. Cuidadosas são suas palavras finais dirigidas ao Príncipe: Queira V. Exc. desculpar a grosseria com que falo, que é própria da província onde nasci e do recanto do mundo em que habito. Com base principalmente no documento acima citado, em títulos e subtítulos, comemorando-as por vezes, abordarei alguns de seus aspectos por mim julgados mais interessantes ou oportunos. PECUÁRIA BOVINOS O gado crioulo é carneiro, perto dos que vem de fora, sendo que os primeiros, fornecem até 150 kg de carne, contra até 300 kg dos que vem de fora. A produção de gado da capitania é pouca, não dando para atender toda a América (Brasil). Cada cabeça vale 800 a 900 reais. É necessário que se obrigue os estancieiros à prática do RODEIO, para amansar o gado que em sua maioria é criado alçado.( selvagem ou chimarrão)

Somente os estancieiros mais ricos, possuem cerca ¼ de gado manso porque a tarefa consome muitos recursos. OVINOS Hà vários pessoas na Capitania que, possuem rebanhos de ovelha e carneiros, destinados à alimentação nas estâncias, não se fazendo caso de lucro que daria em alguns casos, ou então explorada de meia a quem lhes tosquie. (,Retirada da lã). Andam os rebanhos em sua maior parte amontoados e sem pastor dormindo nos campos, onde as feras e os cachorros chimarrões( selvagens) os devastam. Tenho notícia que existem alguns rebanhos pastoreados por cachorros capados, (castrados) que desde pequenos são costumados com as ovelhas, sem conhecer outras mães. De fato esses cachorros pastores trazem e levam as ovelhas ao campo e as defendem das feras. A respeito desses cachorros se ouvem histórias admiráveis. Informação idêntica e a título de anedota seria enviada a Corte por incrédulo informante, que dissea ter a ouvido dos lábios do capitão Joaquim Severo Soares, de Cachoeira. A informação, acrescentava que os cães eram alimentados em pequeno pelas ovelhas e quando adultos, com carne cozida e sempre que retornassem sem rebanho eram castigados. Sainti Hilaire comprova estas informações, na obra VIAJEM À PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL, ao relatar sua passagem pelos atuais municípios de São José do Norte, Rio Grande e S. Vitória do Palmar. A respeito da origem da ovelha no Rio Grande do Sul, sabe-se que foi bem anterior a 1756, conforme se conclui do diário da Comissão Espanhola de Demarcação de Limites, publicados no Arquivo General de La Nacion Campaña Del Brasil Antecedentes Coloniales, Argentina. Este diário refere-se a arranchamentos índios no atual município de São Gabriel, onde eram criadas ovelhas pelos índios tapes. SUINOS Algumas pessoas criam porcos e eu mesmo comprei um, somente de toucinho, de cerca de 8 arrobas e 7 libras, podendo-se tirar muitas vantagens dessa criação com o milho e outros alimentos de engorda. Entretanto, poucos se voltam para tal. FERTILIDADE DO SOLO O terreno é muito fértil, não só produz quase todas as plantas da Europa, bem mais inferiores em qualidade, bem como todas as casta de hortaliças. O clima é o melhor do mundo, ares muitos puros e sadios de modo que, morrendo continuamente imensos animais pelos campos e estradas, não há 3

necessidade de os sepultar, porque o próprio tempo, auxiliado pelos ares, se encarrega em consumi-los. Jamais houve epidemia alguma das que pelos mesmas razões, costumam haver em outros países. Posteriormente se registraria uma epidemia de Cólera Morous em 1855 com início nas CHARQUEADAS de Pelotas e em outra em 1917, com a denominação de Gripe Espanhola, ambos causando milhares de casos fatais. AGRICULTURA CANA-DE-AÇÚCAR É de 10 ou mais palmos de altura, mas como não existe engenhas apropriadas o AÇÚCAR não é de melhor qualidade, mas as aguardentes não fazem diferença das de Parati. ARROZ é muito bom e com excelente gosto e produz muito bem, mas pouco se cuida dele. UVAS Há muitas parreiras e se podem fazer grandes vinhas. Eles produzem muito, mas seja devido à técnica, fabrico ou a vasilha em que é feito, ou por outro qualquer motivo, ainda não vi vinho capaz, mas dele se faz vinagre sofrível e aguardente sem diferença das da Europa. O vinho era então produzido nas atuais cidades de Pelotas, Rio Grande, Rio Pardo e Porto Alegre (Saint Hilaire e Gen. João Borges Fontes), e expressiva sua importação, pois no ano de 1787 entrou por Rio Grande, 130 pipas grandes. OLIVEIRAS Sei que há 6 ou 7 pés com azeitonas maduras, sem diferença das de Portugal, mas como leva vários anos a formar-se, há muita preguiça e falta de industria e não se cuida deste ramo de comércio. INDÚSTRIA I LACTICINIOS Há muito leite de vaca, de cabra e de ovelha, sendo que desta última não se faz caso. Seja devido aos pastos ou a técnica, os queijos em geral não são bons, mas alguns fazem iguais aos de Irlanda e os nossos de Alentejo.. Essa atividade foi bem desenvolvida ao tempo de Continente, a deduzir-se pelas exportações no ano de 1787 pelo porto do Rio Grande, de 5051 kg de manteiga. A própria Feitoria Real de Linho Cânhamo de Canguçu, em Canguçu-RS produziu no ano de 1785, 142 formas. De carta recebida pelo Vice-Rei do Brasil, proveniente do governo português e datada de 24 Nov 1774 (I. H. G B. Lata 79,, consta o seguinte sobre os queijos fabricados no Rio Grande do Sul. 4

Os queijos e manteigas que V. Excia. teve a bondade de enviar, chegaram muito bons, não obstante a longa viagem que fizeram. Pouco há que ensinar aos que o fabricam, porque para o que é comum dos povos de Portugal, não vem certamente da Irlanda e Holanda, queijos melhores que ao que V. Excia nos remeteu.. CHARQUE Temos duas fábricas de salgar carne que anualmente produzem 3000 barris de 8 e 9 arrobas cada. Deve-se esta tão grande e interessante negócio, a João Rodrigues de Albuquerque que, apesar de grandes ordenados e despesas mandou vir por sua conta empresários da Irlanda. Não foi feita referência as charqueadas pelotenses COMÉRCIO Quando a atividade comercial mo Rio Grande do Sul de então, era o seguinte, segundo um número de comerciantes pelas vilas abaixo e distritos a ela pertencentes: Porto Alegre 49. Rio Grande 40. Rio Pardo 22 Existe na I, H, G, B, no Rio de Janeiro, relação nominal destes comerciantes (Doc.8, Lata 111). Quanto aos comerciantes do Rio Grande observaria Saint Hilaire em 1820 que em sua maioria haviam sido marinheiros. IMPOSTOS O charque no Rio Grande custa no Rio de Janeiro, 420 réis por arroba e não pode fazer por menos, porque são pagos 280 réis de Impostos, diretos, enquanto que o charque de Montevidéu e Buenos Aires e ai vendido por até 400 réis. É necessário que o governo abdique de 20 a 30 réis por arroba de charque importado, para não por em risco toda a força do Rio Grande. Proponho por outro, que se elimine o imposto de 320 réis por arrouba obtida e que o mesmo se restrinja aos diversos açougues existentes na Companhia. Proponho seja cobrada sobre os gados uruguaios e argentinos o imposto de 23%. Estes impostos eram expressivos se considerarmos que um boi de rodeio tem o valor 800 réis. A política fiscal portuguesa praticada no Império, incidindo sobre o charque e o campo constitui-se de certa forma na maior causa econômica da Revolução Farroupilha. NAVEGAÇÃO O porto de Porto Alegre possui 1.50 km largura, podendo abrigar até 200 embarcações, possui um trapiche com grande capacidade, servido por 2 guindastes alem do edifício do Alfândega, com 24 pilares e por isso tudo 5

torna-se grande orgulho do porto alegrenses, não existindo igual em toda a Colônia. PRODUÇÃO E MÃO DE OBRA A Capitania tem mais que as demais a vantagem de muito trigo, couro e carne. São diversas as atividades econômicas e pouco os braços disponíveis e a cada qual se dedicou a mais difícil e que julgu mais conveniente. Não foi possível digitalizar trecho do recorte por muito apagado VAMOS AGORA AO GRANDE INCOMODO DOS POVOS DESTA CAPITANIA. Esta capitania tem mais de 200 léguas e os povos das missões e das fronteiras são sujeitos ao juiz ordinário Porto Alegre e se porventura desejam fazer uma procuração, uma escritura ou coisa semelhante, tende andar 150 léguas. A viúva que quiser inventariar, partilhar ou requerer ao magistrado o melhor que convier, tem de andar 80 a 700 léguas, isto motivado pelos engano dos muitos caminho que por ai existe. Esta capitania é muito grande coisa de que daí não pode ser observada, a criação de vilas é da maior necessidade e isto e se deve nomear para esta capitania, 3 juízes de 1 para atender Porto Alegre com 15000 a 18000 E prossigo revelando ao Príncipe alguns problemas da justiça da Capitania. Este juiz ficou governando nesta vila a maneira dos Pachás da Turquia, chegando a ser grossos grilhões nas suas escadas para atemorizar os povos e os colocar em algumas pessoas fazendo por outro lado prender a descompor algumas pessoas que vão a sua casa com seus pleitos além de mandar o barbeiro cortá-las, ou a. Um juiz de Tombo ou Medições de toda a capitania e da maior necessidade, do contrário VAI TODA ELA CAI EM CAOS, PORQUE SÃO TANTAS DEMANDAS POR CAUSA DE MEDIÇÕES DE TERRAS QUE EM SÉCULOS NÃO SE PORÃO EM SOSSEGO, pois os juizes não possuem condições e será impossível o tempo de cumprirem as suas obrigações. Nesta mesma época governando o Sargento Mor Domingos José Marques escrivão das sesmarias da capitania assim escrevendo ao Príncipe: Nesta capitania existe falta de justiça, pois possuindo 50000 almas e com a cabeça da justiça em Porto Alegre, é comum a transferência de famílias para os domínios espanhóis, abusos de autoridade e violências da toda a ordem de parte das autoridades. Todos os anos, a cerca de 30 a 50 anos homicídios que ficam impunes na maioria das vezes por não dar a justiça a solução dos mesmos. 6

Sobre este período no campo militar escrevemos o livro História da 3ª Região Militar 1807-1889 e Antecedentes. Porto Alegre: SENAI/3ª RM,1994.capa abaixo.que as páginas 71/139 trazem Antecedente do Rio Grande do Sul de 1629/2007, 7