PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS Nos Ambulatórios de Clínica Médica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário Luiz Quintiliano de Oliveira são atendidos cães e gatos com diferentes enfermidades. Por tratar-se de um Hospital escola é grande a presença de alunos acompanhando os atendimentos. Algumas das enfermidades atendidas constituem-se zoonoses, o que ressalta a necessidade de medidas de biossegurança. Além disso, existe a risco de lesões por mordeduras. Durante o manuseio dos fármacos, agulhas e lâminas, outro cuidado importante é a atenção com a manipulação de material perfurocortante, bem como o correto descarte dos mesmos. Alguns fármacos manipulados também exigem atenção durante o manuseio, principalmente fármacos quimioterápicos. Procedimentos antes do início dos trabalhos: 1) Somente pessoas autorizadas podem acompanhar os atendimentos. Durante o trabalho, as portas devem ser mantidas fechadas. 2) O uso de tamancos, sandálias e chinelos é proibido no ambiente ambulatorial. Utilize calçados fechados. 3) Objetos de uso pessoal devem ser guardados em armário disponível para essa finalidade, incluindo mochilas, pastas, etc. 4) É proibido utilizar relógios, anéis, brincos ou outros objetos que podem interferir na utilização de luvas ou ser contaminados durante o exame físico ou a manipulação de amostras biológicas colhidas para exame laboratorial. 5) É proibida a utilização de aparelho celular durante a manipulação de amostras químicas ou biológicas. Procedimentos durante a execução dos trabalhos
1- Lave as mãos antes de iniciar o trabalho e após a manipulação de animais, agentes químicos ou de amostras biológicas, mesmo após o uso de luvas de proteção, bem como antes de deixar o laboratório. 2- Adquira o hábito de conservar as mãos longe da boca, nariz, olhos e rosto. 3- É obrigatória a utilização dos seguintes equipamentos de proteção individual (EPI): Protetores faciais e oculares: utilize máscara de proteção facial e óculos de proteção ao manipular qualquer reagente (líquido ou pó) que possa ser inalado/ingerido (ex: fármacos quimioterápicos). Vestimenta tipo jaleco: a utilização de jalecos é obrigatória no ambiente dos ambulatórios. Luvas: É obrigatório utilizar luvas de procedimento (látex) descartáveis para manipulação de de amostras biológicas. Caso haja necessidade de manipular reagentes químicos, utilize luvas de acordo com sua resistência química (http://www.unesp.br/portal#!/costsa_ses/curso-degestao-de-epi/) É proibido utilizar qualquer EPI em ambientes fora do laboratório. 4- Manter postura ética e respeitosa com os discentes, funcionários, pacientes e proprietários. 5- Não fornecer ao responsável pelo paciente informações sobre o mesmo, exceto quando solicitado pelo Médico Veterinário responsável. 6- Não emitir opinião própria sobre o caso clinico na frente do responsável; não interferir na conduta diagnóstica ou terapêutica do Veterinário responsável. 7- No caso dos estagiários, assinar a folha de frequência.
Procedimentos após o término dos trabalhos 1) Sempre proceda à limpeza total de qualquer superfície ou equipamento, imediatamente após o uso, como pias, bancadas e mesas de atendimento, utilizando papel toalha descartável embebido em álcool 70%. Nunca deixe a limpeza e a desinfecção para serem realizadas no outro dia. 2) Nunca deixe qualquer material sobre a bancada, como pedaços de papel alumínio, tubos, adesivos, fitas, grampos, etc. Descarte de resíduos biológicos Resíduos de material biológico e material de consumo contaminados com amostras biológicas devem ser descartados em recipiente adequado para lixo biológico (saco branco leitoso com identificação). Descarte de resíduos químicos Os resíduos químicos devem ser descartados conforme preconizado pelo manual de descarte de resíduos químicos da unidade. Descarte de material perfurocortante Os materiais perfurocortantes, tais como, agulhas de injeção, lâmina de bisturi, lâminas histológicas, lamínulas, ampolas de medicamentos ou qualquer vidraria quebrada e contaminada com amostra química ou biológica, devem ser descartados em caixas apropriadas para a coleta de materiais perfurocortantes. Vidraria quebrada e não contaminada pode ser descartada em lixo reciclável. Procedimentos em caso de acidentes 1- Mordidas de Animais (Cães e Gatos):
As mordeduras são em grande parte causadas por cães, sendo estimado que 80% das ocorrências são de pequenos ferimentos. As feridas causadas por gatos (mordeduras e arranhões) infectam-se em mais de 50% das vezes. Além do trauma físico causado pelas mordidas, deve-se ter a preocupação com as doenças infecciosas, que podem ser transmitidas (Tabela 1). Estas podem ser causadas por bactérias, fungos, vírus dentre outros agentes biológicos. A ferida deve ser bem lavada com água e sabão, deixando-se que a água escorra por alguns minutos sobre o ferimento. O sabão deve ser totalmente removido após a lavagem, para que não atrapalhe a ação dos medicamentos que por acaso haja necessidade de serem usados posteriormente pelo pessoal de atendimento especializado. Irrigar abundantemente com soro fisiológico a 0,9%. Imobilização do membro afetado com elevação do mesmo. A conduta correta nos casos de mordidas de animais é encaminhar a vítima para um serviço de saúde para receber a orientação específica. Pois, deve-se avaliar: a espécie animal envolvida, as circunstâncias da mordida, o status imunológico do animal e o histórico de zoonoses da região de Araçatuba. Entre as vítimas que são socorridas nas primeiras oito horas, frequentemente não há risco de infecção, desde que o atendimento inicial seja adequado. Tabela 1- Doenças infecciosas transmitidas por mordedura animal Patologia Agente etiológico Animal Doença da arranhadura do Bartonella henselae Gato gato Tularemia Francisella tularensis Gato e coelho Peste Yersinia pestis Gato e rato Esporotricose Sporothrix schenckii Gato Blastomicose Blastomyces dermatitidis Cão e gato Brucelose Brucella canis Cão Leptospirose Leptospira spp Rato e gato
2- Contato com lesões cutâneas (Cães e Gatos): A escabiose canina é uma doença de pele canina causada pelo parasita Sarcoptes scabei, sendo um tipo de sarna que pode ser transmitido de cães para pessoas, através de contato direto. A condição leva ao surgimento de lesões na pele e gera coceira e inflamação. As áreas mais afetadas são as extremidades e quando não se recebe tratamento pode evoluir para todo o corpo. A dermatofitose é uma dermatopatia comum causada por um fungo ceratinofílico. O Microsporum canis é o organismo comumente mais isolado. A dermatofitose é uma doença com potencial zoonótico. A lavagem das mãos antes de iniciar o trabalho e após a manipulação de animais, é prioritária. Deve-se adquira o hábito de conservar as mãos longe da boca, nariz, olhos e rosto. Vestimenta tipo jaleco auxilia a evitar o contato. Da mesma forma, deve-se utilizar sapatos fechados. O uso de luvas é obrigatório na manipulação de animais com problemas dermatológicos. Quando necessário, a pessoa com lesões cutâneas deverá procurar atendimento médico especializado. 3- Contato com Fluidos: A exposição a sangue e outros fluidos biológicos de cães e gatos merec uma atenção especial no sentido de se ressaltar as medidas de precaução padrão que sempre deverão ser adotadas: Lavagem das mãos antes e após: - Contato direto com o paciente; - Efetuar procedimentos terapêuticos e diagnósticos, mesmo ao usar luvas; - Entre procedimentos no mesmo paciente; - Realizar trabalhos hospitalares, atos ou funções fisiológicas; - Manipular materiais e equipamentos; - Contato direto acidental com sangue e fluidos; - Término da jornada de trabalho; - Retirada de luvas.
Uso de luvas: - Usar as não-estéreis; - Contato com sangue, mucosa e fluidos; - Manuseio de superfícies sujas; - Punção venosa e outros acessos vasculares; - Trocá-las após contato com cada paciente; - Retirar para entrar em contato com telefones ou maçanetas. Uso de avental: - Utilizar avental limpo, não-estéril; - Proteção da roupa; - Proteção contra respingos de sangue e fluidos; - Retirar o mais rápido possível. Uso de máscaras e óculos: - Proteção de mucosas; - Possibilidade de respingos de sangue, secreções, fluidos corpóreos e excreções. Outras medidas: - Não re-encapar as agulhas; - Os materiais pérfuro-cortantes devem ser desprezados em recipientes próprios; - Não desconectar as agulhas das seringas; - Não utilizar agulhas para fixar papéis; - Ao utilizar material pérfuro-cortante, garantir a imobilização do paciente; - Jamais utilizar os próprios dedos como anteparo; - Utilizar sempre material de apoio; - Não utilizar as lâminas de bisturi desmontadas; 4- Utilização de fármacos quimioterápicos:
- desembalar cuidadosamente o antineoplásico. - durante a preparação nunca comer, beber ou fumar. - reconstituir, manipular e administrar os medicamentos com luva de látex, óculos de policarbonato, máscara cirúrgica, avental de manga longa de algodão e de manga curta de plástico por cima do de algodão. - consultar as bulas que acompanham os medicamentos quanto às orientações em casos de derramamento. Local de atendimento médico e contatos de plantões de informações Quando necessário, a pessoa exposta a substâncias químicas ou agentes biológicos deverá ser encaminhada ao Pronto Socorro Municipal de Araçatuba no endereço: rua Dona Ida, 1350, Bairro Aviação (Telefone: 3636-1160). Em caso de impossibilidade de encaminhamento, solicitar atendimento ao Serviço de Atendimento Municipal de Urgência SAMU (Telefone: 192). Para sanar dúvidas sobre qualquer tipo de intoxicação, utilize o Disque-Intoxicação, da ANVISA, pelo número 0800-722-6001. A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat). Outras alternativas para assistência em casos de intoxicação com produtos químicos: 1) Centro de Assistência Toxicológica de São José do Rio Preto/SP, Hospital de Base - Fundação Faculdade Regional de Medicina (FUNFARME). Av. Brigadeiro Faria Lima, 5416, Bairro São Pedro. Telefone (17) 3201-51000, ramais 1380 ou 1560. Atendimento 24 h pelo telefone (17) 3201-5175. e-mail: ceatox.hbase@famerp.br. 2) Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX) do Instituto de Biociências, UNESP, Campus de Botucatu. O CEATOX oferece atendimento telefônico na prevenção, orientação e
informações tóxico-farmacológicas a profissionais de saúde, hospitais, prontos-socorros, postos de saúde e à comunidade em geral por meio dos contatos: telefone (14) 3815-3048 e plantão telefônico 24 horas pelo número 0800-722-6001. E-mail: ceatox@ibb.unesp.br. Os contatos de outros centros de assistência toxicológica estão relacionados no endereço http://www.cvs.saude.sp.gov.br/procura_det.asp?procura_id=6 CIENTE E DE ACORDO: Todos que realizam atividades nos ambulatórios.