AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL EM UM CURSO DE PEDAGOGIA: A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO DO ISEPAM NO ENADE



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Transcrição:

1 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL EM UM CURSO DE PEDAGOGIA: A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO DO ISEPAM NO ENADE Autora: Josete Pereira Peres Soares; Co-autora: Paula Silvianna Muniz Figueiredo Instituto Superior de Educação Professor Aldo Muylaert- joseteppsoares@yahoo.com.br; paulasilvianna @yahoo.com.br RESUMO O presente trabalho tem a finalidade de descrever a avaliação institucional de um curso de licenciatura em pedagogia relativa ao ano de 2011. O curso funciona no Instituto Superior de Educação Professor Aldo Muylaert (ISEPAM). A instituição está localizada no município de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. O mesmo foi inscrito para a avaliação em 2014, porém o trabalho discorrerá sobre o ano citado acima, em função da especificidade do mesmo. O curso é oferecido em um Instituto Superior de Educação, que oferece toda a Educação Básica e não em uma universidade. Foi a primeira vez que um curso superior na instituição foi avaliado e com um diferencial, os alunos ainda não tinham concluído o mesmo, estavam no sexto período. Isso significa que eles ainda não possuíam conhecimento de todos os conteúdos que seriam necessários para a realização do exame. Com um esforço de vários professores, os alunos puderam ter aulas extras para não fazer o exame com defasagem de conteúdos. Alguns professores não desejaram participar dessas aulas, por entenderem que os discentes deveriam fazer o exame como estavam no momento, senão a avaliação não seria verdadeira. Outros docentes, porém, deram suporte para os alunos em suas disciplinas e em outros conteúdos que se sentiam habilitados a fazer. O primeiro curso superior oferecido pela instituição, que teve seu início em 2002, ficou isento de fazer o exame em todas as edições. Após o resultado, através de boletim específico enviado à instituição, os docentes e os responsáveis diretos pelo curso de pedagogia, juntamente com a direção, puderam fazer uma avaliação das áreas de maior vulnerabilidade e buscar melhorias substanciais. Por isso o exame foi de grande importância para a instituição, não somente pela primeira experiência vivenciada, mas pela oportunidade de analisar os resultados e criar estratégias de ação específicas para cada área. Palavras-chave: avaliação; ENADE; ISEPAM; pedagogia. INTRODUÇÃO O trabalho foi desenvolvido com o intuito de relatar o processo pelo qual passou o Instituto Superior de Educação Professor Aldo Muylaert (ISEPAM), em seu curso de licenciatura em Pedagogia, para realizar o seu primeiro ENADE. O ISEPAM é uma instituição com 120 anos de experiência em formação de professores no município de Campos dos Goytacazes (RJ), inicialmente na modalidade Normal Médio. É uma referência em educação tanto para o município como para municípios vizinhos. No ano de 2001 a instituição foi encampada pela Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC) e em 2002 realizou o seu primeiro vestibular para o curso superior, o

2 Curso Normal Superior. Este funcionou na instituição até o ano de 2009 quando foi extinto para que o Curso de licenciatura em Pedagogia fosse implantado. O Curso de licenciatura em Pedagogia foi implantado em 2009 com 3 turmas de 1º período, com 40 alunos em cada turma. Houve muita procura para ingresso no mesmo. Hoje o curso conta com 21 turmas, distribuídas nos períodos diurno e noturno. O curso é realizado em 7 períodos, sendo os estágios obrigatórios cumpridos a partir do 4º período. A instituição recebeu o comunicado em início de 2011 que faria o exame, pois as turmas concluintes já tinham cumprido 80% da carga horária mínima do curso. O diferencial para a instituição foi o fato dela nunca ter realizado o exame. O Curso Normal Superior foi isento do ENADE em todos os anos de funcionamento. Além de ter sido a primeira vez a participar do exame, os alunos selecionados estavam no 6º período e, não tinham concluído a aprendizagem de todos os conteúdos que fariam parte do exame. Outro fator para o relato neste trabalho é o fato de a autora ter sido a responsável institucional pelo exame e ocupar desde a implantação do curso, em 2009 até 2014, a coordenação acadêmica do mesmo e ter acompanhado todo o processo. A instituição participou da edição do ENADE em 2014, mas o relato será feito tendo como base o realizado em 2011 pelos motivos citados acima. O ENADE De acordo com o MEC (Ministério de Educação e Cultura), o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) tem como objetivo avaliar o rendimento de alunos dos cursos de graduação. O exame avalia os ingressantes e os concluintes. A avaliação é feita em relação aos conteúdos programáticos dos alunos matriculados. É um exame obrigatório para os alunos que são selecionados. Os que não fazem o exame, e não são justificados pela instituição, não recebem o histórico escolar. A primeira aplicação do ENADE ocorreu em 2004 e, em cada área a avaliação é trienal. Conforme a Portaria Normativa nº 40 de 2007, Art. 33, para que o curso seja reconhecido ou tenha o seu reconhecimento renovado, são realizadas avaliações de acordo com o ciclo avaliativo do SINAES que está previsto no Art. 59 do Decreto 5.773 (2006). Esse ciclo avaliativo compreende a realização periódica com auto-avaliação, avaliação externa e avaliação dos cursos de graduação.

3 No 3º do Art. 35 da Portaria acima citada, está descrito que o curso que for avaliado com um conceito inferior a 3 no ENADE e no índice de Diferença entre os desempenhos Observado e esperado (IDD) e a Comissão de Avaliação atribuir um conceito satisfatório ao curso, o processo deve ser submetido de forma obrigatória à Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação (CTAA), com impugnação de ofício, do parecer de avaliação pela Secretaria competente. A instituição pode ainda pedir revisão do conceito. Isso ocorre porque para que os cursos estejam com uma avaliação satisfatória, o conceito deve ser igual ou superior a 3. O SINAES O Sistema Nacional de Avaliação (SINAES) foi criado em abril de 2004. Ele é formado por três componentes: a avaliação das instituições, a avaliação dos cursos e o desempenho dos estudantes. Os aspectos avaliados giram em torno dos eixos: ensino, pesquisa e extensão. Avalia ainda o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo docente, as instalações e outros. O resultado permite traçar um panorama de qualidade dos cursos e também de instituições de educação superior no país. Tudo é feito sob a responsabilidade do Instituto Nacional de estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). As informações coletadas pelo SINAES são utilizadas pelas instituições de ensino superior para orientação da sua eficácia institucional e pelos órgãos do governo para orientar políticas públicas. Os alunos, pais e outros utilizam os resultados para orientar as suas decisões acerca da qualidade dos cursos e das instituições. Os alunos levam bem a sério esse conceito na hora de decidir em qual instituição irão se matricular, caso seja privada, e, se for pública, o conceito denota para os alunos uma capacidade intelectual superior, por terem sido aprovados em uma instituição com um conceito elevado. Gatti (2006) salienta que os procedimentos utilizados não podem ser considerados os únicos de informação avaliativa, sem considerar outras reflexões, como o contexto social e cultural, as necessidades locais e regionais, dentre outros. Ainda relata que pode limitar a imagem da instituição a números que nem sempre são significativos. Segundo Luckesi (2012, s/p)

4 o país deixou de crer que somente os educandos são os responsáveis pelo seu sucesso ou seu fracasso na escola. O sistema também pode fracassar. E, se deseja uma efetividade satisfatória nos resultados, há que se utilizar os dados da avaliação para proceder aos investimentos necessários para que resultados cada vez mais satisfatórios possam ser alcançados. A avaliação nesses termos deve beneficiar diretamente o aluno. Na medida em que o curso, a instituição e toda a infraestrutura são avaliados, medidas necessitam ser tomadas a fim de reduzir as situações que interferem na aprendizagem do aluno. A avaliação necessita ser algo construtivo e não um processo autoritário e repressivo (GADOTTI, 1999). De acordo com o autor a avaliação da aprendizagem e a avaliação institucional, ainda que distintas, são inseparáveis porque o aluno necessita da instituição com todas as suas áreas de atuação para auxiliar no seu processo de aprendizagem. Cursos avaliados pelo ENADE O ENADE integra o SINAES. De acordo com a Portaria Normativa nº 8 de 2011, no Art 1º, os seguintes cursos seriam avaliados: bacharel em Arquitetura e Urbanismo e Engenharia, bacharel ou licenciatura em Biologia, Ciências Sociais, Computação, Filosofia, Física, Geografia, História, Letras, Matemática e Química, de licenciatura em Pedagogia, Educação Física, Artes Visuais e Música, tecnólogo em Alimentos, Construção de Edifícios, Automação Industrial, Gestão da Produção Industrial, Manutenção Industrial, Processos Químicos, Fabricação Mecânica, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Redes de Computadores e Saneamento Ambiental. Foram inscritos os estudantes ingressantes e os concluintes. No 2º do Art 3º está descrito que os estudantes concluintes são os que concluiriam o curso no ano de realização do ENADE e os que tivessem concluído mais de 80% (oitenta por cento) da carga horária mínima do curso. Os estudantes que colassem grau até agosto de 2011 e os que estivessem estudando fora do Brasil também seriam dispensados, pois a prova ocorreria em 06 de novembro de 2011. A Portaria nº 8 de 2011 também orienta às Instituições a divulgarem amplamente a lista de estudantes habilitados para o ENADE e também as demais datas. No Art 6º lemos que seria disponibilizado um questionário por meio eletrônico para os estudantes responderem, sendo este obrigatório. O estudante só teria a confirmação do local da prova após ter

5 respondido o questionário. O coordenador acadêmico do curso também teria que responder ao questionário. O ENADE no curso de pedagogia Era o primeiro ENADE da instituição. Isso significa que a mesma não estava bem preparada para o Exame. Ao ser recebida a comunicação do MEC de que a instituição estava habilitada para realização do exame, todos os responsáveis ficaram alarmados com tamanha responsabilidade, afinal, isso definiria a qualidade do curso que estava iniciando e certamente ninguém gostaria de ter uma avaliação ruim. Iniciou uma busca por entendimento do significado do exame e de estudo da Portaria 8 (2001) e demais legislações. Os alunos foram comunicados conforme orientações da Portaria citada e as orientações a respeito de prazos e todas as informações necessárias foram disponibilizadas de maneira clara em murais e também na secretaria acadêmica. Foi disponibilizada a lista dos concluintes que fariam a prova e, para a surpresa de todos, a listagem contemplava todos os concluintes inscritos, nenhum aluno ficou isento. Havia entre os docentes a preocupação quanto ao conteúdo do exame que já tinha sido disponibilizado de maneira bem geral. Alguns professores que lecionavam nas turmas que fariam o exame, decidiram fazer um intensivo com os alunos a fim de adiantar o conteúdo que faria parte do exame, uma espécie de aulas extras. Os alunos receberam informações sobre a importância do ENADE para a instituição, para o curso e, também para eles, porque se eles estudam em um curso bem avaliado, isso valoriza cada vez mais o diploma. Receberam também informações sobre a importância de como alunos terem o conhecimento avaliado e poderem avaliar a instituição e docentes através do questionário. Contudo outros professores não ficaram satisfeitos com essa ideia porque segundo eles, os alunos deveriam estar preparados para um exame desse porte durante todo o curso sem necessidade de realizar intensivo para isso e nem aulas extras. E estes ainda não ficaram satisfeitos em ter que mudar o seu planejamento e estudar conteúdos que não seriam para aquele momento. Assim vários professores aderiram ao intensivo e apenas 5 não mudaram a sua rotina de trabalho.

6 A instituição também enfrentou problemas com a inscrição dos alunos pelo fato de não ter um secretaria acadêmica com sistema de matrículas informatizada, por isso foi necessário a revisão dos inscritos várias vezes. Como se preparar para o exame: a interdisciplinaridade no curso de pedagogia Um passo importante na preparação para o exame, além do intensivo dos professores, foi buscar avaliações de anos anteriores para entender como era a dinâmica das mesmas. E nessa busca os docentes e discentes descobriram que não estavam preparados para uma avaliação interdisciplinar. Compreendemos então a necessidade de um estudo interdisciplinar e entendemos que o ser humano não pode ser visto de uma maneira fragmentada, mas como um todo, e que as suas relações tanto internas, como externas o formam, e fazem dele um ser total, integral, com todas as suas especificidades. Esta é uma das características de um pensamento complexo, do todo, do uno e do múltiplo, onde o todo está nas partes e as partes no todo. Isto necessita ter espaço em todas as áreas da escola. Pensamos em ensino fundamental ao tratar do assunto, porém percebemos a importância disso também no ensino superior, com uma visão diferenciada. A formação do aluno deveria sempre ser a prioridade para a escola e também para o professor. Essa formação não se dará através de discursos, mas sim por um processo microssocial em que ele é levado a assumir posturas de liberdade, respeito, responsabilidade, ao mesmo tempo em que percebe essas mesmas práticas nos demais membros que participam deste microcosmo com que se relaciona no cotidiano (GALLO, 2001, p. 20). O autor citado declara ainda que esta formação do aluno não está vinculada diretamente ao discurso do professor, mas pelo posicionamento deste, pelas posturas que ele é chamado a assumir. Freire (2004, p. 24) nos fala da importância do aprender enquanto se ensina e do ensinar enquanto se aprende e reafirma que: Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender, participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica,

7 gnosiológica, estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade. Analisamos, então, que quando o professor assume a postura de uma visão global, inteira, além da compartimentada, ele inevitavelmente se encaminha em direção à pesquisa, a um entendimento mais completo acerca daquilo que ele pretende ensinar e também avaliar. Quando essa busca ocorre, naturalmente, isso acaba por provocar no aluno o gosto pela pesquisa, pela busca, pelo conhecimento. Esse processo inicia-se pelo professor e, inevitavelmente, retorna a ele na figura do aluno. A marca mais profunda que um professor pode deixar em seu aluno é o desejar aprender e não simplesmente o reproduzir conhecimentos e ser avaliado de acordo com o que foi depositado. Ferreira (2001) define o conhecimento como uma sinfonia. São necessários os instrumentos, as partituras, o músico, maestro, ambiente e outros. Contudo, cada um deles cumpre o seu papel para que a orquestra execute a sua música, e cada instrumento tem o seu som distinto, único, apesar de ouvirmos todos ao mesmo tempo. Não basta simplesmente a integração de muitas ciências, mas a busca de novas combinações e aprofundamento dentro das mesmas informações, como também acontece na orquestra (FERREIRA, 2001). Alunos e professores não se sentiam preparados para o exame. Alguns professores, no entanto ousaram. Um professor de História da Arte observou uma avaliação de anos anteriores e elencou vários conteúdos que ele poderia trabalhar com seus alunos, que não faziam parte do seu conteúdo, mas que ele de alguma forma tinha conhecimento e poderia fazer uma abordagem dentro de sua disciplina. Um professor da área de educação buscou alguns conteúdos que estavam relacionados parcialmente à sua disciplina e reformulou o seu programa de maneira que os alunos pudessem estar preparados. Um professor de educação tinha no seu programa do período em curso quase todos os conteúdos inseridos em sua disciplina, o que facilitou o trabalho e ajudou muito os discentes. Um ponto negativo foi um professor de determinada disciplina específica que tinha em seu programa todos os conteúdos referentes ao exame, mas declarou que não poderia trabalhar com os mesmos, senão ele não teria conteúdos para o restante do semestre. Isso demonstra um grande despreparo docente, pois o planejamento deve ser dinâmico e refeito de acordo com as necessidades. Pelo histórico acadêmico desse professor, ele conhecia muito pouco sobre

8 ensino, o que o fazia ficar inseguro diante de tal desafio. Este ainda declarou que não concordava com este preparo porque os seus alunos deveriam ter sido ajudados ao longo do curso e não estarem envolvidos em um intensivo como o que estava sendo proposto. Alguns professores, portanto não se pronunciaram, mas continuaram com suas aulas normalmente como se nada estivesse acontecendo. Os alunos por sua vez pediam conteúdos, aprendiam e se empolgavam com alguns docentes comprometidos. De acordo com o Parecer CNE/CP 9/2001, que estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena, o conceito de simetria invertida ajuda a descrever aspecto da profissão e da prática do professor, tanto em sua formação inicial como ao longo de sua trajetória escolar como docente. O conceito de simetria invertida está relacionado com o lugar que o professor aprende a sua profissão, que é similar ao local onde ele irá atuar, mas numa situação invertida. Isso significa que deve haver coerência entre o que se faz na formação e o que se espera dele como profissional. O professor está ensinando a futuros professores e, certamente muitos reproduzirão o que aprenderam. Se a aprendizagem foi frustrante em alguma área, certamente ele levará essa frustração para seus alunos quando já estiver em exercício. Muitos alunos aprenderam com as atitudes ousadas e comprometidas de seus professores. A compreensão desse fato evidencia a necessidade de que o futuro professor experiencie, como aluno, durante todo o processo de formação, as atitudes, modelos didáticos, capacidades e modos de organização que se pretende venham a ser concretizados nas suas práticas pedagógicas (BRASIL, 2001). Se desejamos uma educação de qualidade precisamos preparar bons professores e os cursos de licenciatura tem uma grande contribuição a dar nesse sentido. METODOLOGIA A metodologia utilizada no trabalho foi pesquisa em documentos oficiais, como portarias, resoluções, Diário Oficial, pesquisa bibliográfica e em documentos da instituição, observação participante, relatos de alunos e professores, relatos de grupos de trabalho da instituição em reuniões pedagógicas, dentre outros.

9 RESULTADOS E DISCUSSÃO Não é objeto deste trabalho uma avaliação sobre o ENADE enquanto exame obrigatório para liberação de histórico e também como demonstrador de qualidade das instituições, mas todo o preparo e a trajetória percorrida pela instituição na aplicação do exame. Todas as informações foram socializadas com os alunos, e estes receberam auxílio para preenchimento do questionário, disponibilidade de computadores com internet e orientações para o endereço em que a prova seria aplicada. O dia da semana da aplicação da prova foi no dia 06 de novembro de 2011, domingo em uma escola de um bairro e, portanto ninguém da instituição pode estar presente. Na segunda-feira seguinte os alunos chegaram muito empolgados, contando sobre a avaliação e como foram úteis as aulas extras. Alguns cobraram da instituição a presença dos diretores e coordenadores com distribuição de garrafas de água, lanche e outras regalias. Isso se deu devido a algumas instituições privadas procederem dessa forma. As mesmas necessitam de uma avaliação positiva porque isso retorna para elas em forma de novos alunos e permanência dos atuais. Os alunos receberam a informação de que a instituição ajudou na preparação, mas esse era o seu papel e não bajular o aluno no dia determinado para o exame. O resultado foi muito aguardado. Na medida em que os alunos foram tendo acesso aos seus boletins individuais, crescia a expectativa, pois as notas eram boas. Quando saiu o resultado, buscou-se em meio a universidades grandes e pequenas o nome do ISEPAM. E para surpresa a nota foi a segunda melhor no município, ficando abaixo somente de uma Universidade Estadual. A avaliação foi superior a todas as avaliações de IES privadas, apesar de ainda não ser o conceito ideal, mas para uma primeira experiência foi importante para que a instituição pudesse acreditar em seu potencial e buscar melhoria nos próximas edições do exame. Entende-se que o exame por si só não demonstra conhecimento e qualidade na educação, o processo avaliativo é bem mais amplo, mas engrandece a determinação e a capacidade de alunos e professores de serem inventores de novas práticas a cada dia e sempre que houver necessidade.

10 CONCLUSÕES Verifica-se a importância de uma instituição pública, um instituto de educação, ser agente de formação de professores de nível superior e poder participar de um exame do porte do ENADE com responsabilidade e qualidade. E ainda, que é possível acontecer ensino e aprendizagem de forma comprometida mesmo com tantas dificuldades enfrentadas por instituições pequenas como estas. A falta de uma internet veloz, com uma quantidade expressiva de computadores, biblioteca com os títulos necessários para pesquisa, um espaço físico mais adequado, dentre outros, não foram considerados empecilhos para que a direção, coordenação, professores e alunos realizassem o exame e tivessem um resultado positivo. Entende-se que o resultado do exame não é um demonstrador único da qualidade do curso e da aprendizagem dos alunos. Contudo, após o resultado de termos sido avaliados com um conceito satisfatório, os alunos ficaram mais confiantes e seguros do curso e da instituição que tinham escolhido. A possibilidade de estar em uma instituição pública comprometida com a educação permite que os discentes fiquem satisfeitos e de alguma forma orgulhosos por fazerem parte desse processo. Algumas questões levantadas durante e após o exame merece ainda consideração. Vários professores se colocaram contra a ideia de preparar os alunos para o exame, com a justificativa de que eles deveriam demonstrar o que aprenderam durante todo o curso e não serem treinados para isso. A conclusão que o grupo, que compunha a maioria, chegou foi que os alunos precisam sim estar preparados para fazer o exame em qualquer tempo que for estipulado, porém precisam ter a chance de recordar e aprender os conteúdos para estarem demonstrando os seus conhecimentos da mesma forma que os alunos de instituições privadas. O exame aplicado foi integrado, interdisciplinar e alunos e professores, em alguns casos, ficavam em dúvida de qual disciplina eram os conteúdos. Isso traz a tona o questionamento da necessidade de uma visão global, interdisciplinar no ensino, inclusive no ensino superior. Para a instituição e o corpo docente, após a emissão do boletim do ENADE, com o conceito 3 e com os resultados específicos das áreas avaliadas, o exame foi de grande ajuda para que se pudesse fazer uma reflexão de maior vulnerabilidade, seja no conteúdo, infra-

11 estrutura, material humano, material pedagógico e outros. O ENADE precisa ser visto também como um instrumento de análise pessoal e institucional da qualidade do ensino. REFERÊNCIAS BRASIL. Parecer n.º: CNE/CP 009/2001. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf>. Acesso em junho de 2015.. Portaria Normativa nº 40, de 12 de dezembro de 2007. Institui o e-mec, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação da educação superior no sistema federal de educação. Diário Oficial da União. nº 239, 13 de dezembro de 2007, p. 39. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=181&itemid=31 3>. Acesso em junho de 2015.. Ministério da Educação Gabinete do Ministro Portaria Normativa nº. 8, de 15 de abril de 2011. Ano CXLVIII nº. 74. Brasília DF, segunda-feira, 18 de abril de 2011. p. 15. Diário oficial da união. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/servlet/inpdfviewer?jornal=2&pagina=3&data=18/04/2 011&captchafield=firistAccess>. Acesso em junho de 2015.. INEP. SINAES. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/superiorsinaes>. Acesso em junho de 2015. FERREIRA, Sandra Lúcia. Introduzindo a noção de interdisciplinaridade. In: FAZENDA, Ivani. (org.) Práticas interdisciplinares na escola. 8.ed. São Paulo: Cortez, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004. GADOTTI, Moacir. Avaliação Educacional e Projeto Político-Pedagógico. I Seminário Internacional Itinerante de Educadores. 2 ª Jornada Pedagógica da Escola Cidadã. Grupo de Estudos e Organização de Eventos Político-Pedagógicos 10ª de CEPERS Sindicato - Alegrete e Uruguaiana, maio de 1999. Disponível em: <http://smeduquedecaxias.rj.gov.br/nead/biblioteca/forma%c3%a7%c3%a3o%20continua da/avalia%c3%a7%c3%a3o/avali_educacional_ppp.pdf>. Acesso em junho de 2015. GALLO, Sílvio. Transversalidade e educação: em busca de uma educação não-disciplinar. In: ALVES, Nilda; GARCIA, Regina Leite. O sentido da escola. 3ed. Rio de Janeiro: SP&A, 2001.

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