AS PARÁBOLAS DA BÍBLIA Série de Estudos Teológicos By Rev. Roger Rangel
AS PARÁBOLAS DO NT
Parábola do sal e de seu sabor
Mt 5:13 Mc 9:50 Lc 14:34,35
Essa parábola será estudada em conjunto com a da luz e da cidade, com a qual forma um paralelo, pois ambas tratam do testemunho e da influência cristã.
O sal impede a corrupção e a luz dissipa as trevas. Existe distinção, mas as figuras convergem para um pensamento: "Sal da terra... luz do mundo". "Ambas são necessárias para uma revelação do estado moral e espiritual do mundo."
Estas palavras ilustram que influências os súditos do seu reino devem exercer.
Sal que é isso? "O sal não é antisséptico, mas asséptico. Antisséptico é algo contrário ao veneno, capaz de curar. Asséptico é algo destituído de veneno. O sal nunca cura a corrupção. Previne a corrupção.
Se a carne está contaminada e corrompida, o sal não a descontaminará nem purificará; mas o sal ao redor impedirá que se espalhe a corrupção que, de outro modo, tornaria a carne contaminada".
O Senhor espera, ele próprio, funcionar como influência moral e espiritual, a fim de prevenir que as forças corrompidas do pecado se espalhem. Se vivermos perto dele, fonte da santidade incontaminada, teremos o mérito dessa oportunidade.
Ainda que o sal seja benéfico, pode perder o sabor ou capacidade de temperar. Uma vez que se esgota esse poder de salgar, o sal não "serve para nada", assim disse Jesus, que muitas vezes mencionou o sal em suas figuras de linguagem.
Os naturalistas dizem que, se o sal que perdeu o sabor for atirado sobre os campos, provoca improdutividade. Os santos podem perder o sabor. Podem tornar-se sem sabor na vida e cair da graça e da consagração. E, uma vez perdido o sabor, a sua influência se perde sobre um mundo sem sabor.
A família de Ló deveria ter sido o sal de Sodoma, mas de algum modo o seu "sal" perdeu a salinidade, a propriedade de preservar. Assim a esposa de Ló perdeu o sabor, ou por olhar para atrás, contemplou Sodoma em seu coração, transformou-se em estátua de sal, num aviso contra a identificação com o mundo.
Parábola da luz e da cidade
Mt 5:14-16
Nesse trecho, nosso Senhor emprega duas figuras de linguagem, como continua a ilustrar, a fim de que a sua influência fosse exercida no mundo. "Uma lâmpada [...] num pedestal"; "Uma cidade situada num monte".
A cidade, construída numa posição de destaque, é vista por muitos olhos sobre uma grande área e representa a iluminação a longo alcance. Aqui temos incorporado o nosso relacionamento e responsabilidade. Como "cidade de Deus" (Ap 21:1-3), a igreja deve estar unida em amor, em amizade e em serviço, a fim de alcançar os que estão nas trevas e nas regiões distantes.
Temos a figura da lâmpada que brilha e ilumina todos os que estão dentro da casa e do mundo. Todos os queridos, obedientes súditos do Rei, estão para radiar um revelação espiritual a todos ao redor. Uma luz mostra o caminho a ser pisado; e a vida e exemplo cristão são para mostrar o caminho de volta a Deus.
Não existe contradição entre o sal e a luz. Ambos os símbolos referem-se a uma qualidade moral de coisas. O mundo é corrupto, e sua iniquidade necessita dos santos como sal. O mundo também é cego e escuro, e sua ignorância requer os santos como luz.
A luz é de natureza tríplice: natural, artificial e espiritual. A luz do Sol é natural; a de uma lâmpada é artificial; a do mundo e daqueles que crêem é espiritual. "A luz do glorioso evangelho" (2Co 4:4,6; SI 119:105).
A palavra que Cristo usa em referência a nós não como "luz", mas astros (Fp 2:15). "Eu sou a luz do mundo" (Jo 1:4,9; 3:19; 8:12; 9:5; 12:35,36). Como o eterno Filho, dele é a luz eterna, não criada.
Lua é uma luminária, mas não tem luz em si mesma. O que recebe vem do Sol, que a reflete no mundo. Como luminárias, não temos luz própria. "O que tens não recebeste?" Como seus discípulos, só podemos brilhar com a sua luz, em virtude de sermos seus.
Não podemos dar luz se não tivermos recebido a divina graça e iluminação do Espírito de Deus. Uma vez que fomos iluminados, brilhamos e não escondemos a nossa luz sob um alqueire ou cama.
Se o alqueire representa negócio, comércio, o trabalho e a cama, descanso e sossego, então devemos ter cuidado, com temor, de que os nossos negócios ou o nosso lazer não ocupem muito do nosso pensamento e tempo e diminuam a luz de nosso testemunho.
Ao comparar as figuras do sal e da luz, a fim de expressar como fazem a dupla função de cristãos, sua santificação e iluminação influenciam os outros e existe uma distinção a ser notada.
Segundo Fausset, "O sal opera internamente na massa com a qual ele entra em contato; a luz do sol opera externamente, para irradiar tudo o que alcança. "Daí os cristãos serem denominados 'sal da terra' alusão à massa da humanidade, com que devem misturar-se e 'luz do mundo' referência à vasta e variada superfície que sente a sua frutífera e alegre luz."
O Senhor termina com a exortação de deixarmos a nossa luz brilhar, uma luz refletida nas boas obras e resultante na glória de Deus. Podemos dizer que nossa vida é como "luz" que ajuda a glorificar o Pai pelo seu poder redentor e transformador.