Palavras-chave: Duque de Caxias, indicadores sócio-econômicos, regionalização produtiva

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Transcrição:

1 DUQUE DE CAXIAS: seu retrato a partir dos indicadores sócio-econômicos Gracielle Fernanda do Nascimento Azeredo 1 Bruna de Oliveira Silva 2 RESUMO A exposição decorre de estudo investigativo sobre trabalho e regionalização produtiva no Rio de Janeiro tomando como experiência social a recomposição do trabalho no município de Duque de Caxias. A pesquisa busca a compreensão das transformações ocorridas e a apreciação do município em diferentes esferas, principalmente após a implementação da Refinaria de Duque de Caxias, que influencia a dinâmica econômica do município, onde o setor do petróleo passa a dar destaque a um território que era considerado uma cidade dormitório. Toma-se por base indicadores quantitativos a partir de coleta e análise de dados do IBGE, CIDE e IPEA. Palavras-chave: Duque de Caxias, indicadores sócio-econômicos, regionalização produtiva ABSTRACT The essay has its origins in an investigative study about labor and regional production in Rio de Janeiro, assuming as a social experiment the work recomposition in the city of Duque de Caxias. The research seeks the comprehension of changes that occurred and the city valorization in different fields. These are more notorious after the creation of the Duque de Caxias Refinery, which influences the economic dynamic of the city, where the oil sector concedes prominence to a region that was only seen as a "bedroom city. As a reference, were used quantity indicators gathered from datum analysis of IBGE, CIDE e IPEA. Key-words: Duque de Caxias, social indicators, regional production 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho é fruto do processo de iniciação à pesquisa no Projeto Itinerários do Trabalho nos Pólos de Desenvolvimento do Rio de Janeiro: caracterização socioinstitucional e política, coordenado pela Professora Doutora Rosangela Nair de Carvalho Barbosa, como atividade de pesquisa do Programa de Educação Tutorial 1 Graduanda Serviço Social Faculdade de Serviço Social-UERJ. E-mail: gracielleazeredo@yahoo.com.br 2 Graduanda Serviço Social Faculdade de Serviço Social-UERJ. E-mail: brunasilva0610@hotmail.com

2 (MEC/SESu). Trata-se de conclusão parcial desse processo de iniciação realizado nos últimos 04 meses. O projeto de pesquisa, a que se vincula este trabalho, investiga o trabalho e as transformações econômicas definindo Duque de Caxias como um município chave por ser o núcleo urbano-industrial da Baixada Fluminense e este tem seu crescimento evidenciado a partir do período em que ocorre a reestruturação produtiva no estado, demonstrando então a importância para um estudo investigativo sobre trabalho e a regionalização produtiva. A metodologia adotada envolveu levantamento bibliográfico sobre o estado do Rio de Janeiro e sobre o município de Duque de Caxias, e coleta de dados sobre indicadores sociais do município contemplando o processo histórico, principalmente depois da implementação da Reduc. (...) os indicadores sociais passaram a integrar o vocabulário corrente dos agentes políticos responsáveis, em última instância, pela definição das prioridades das políticas sociais e alocação de recursos públicos (Jannuzzi, 2001, 11). Os principais indicadores econômicos estudados foram: o PIB (produto interno bruto), trabalho e previdência, estrutura empresarial, finanças públicas que permitiram fazer um comparativo entre os anos e 1996 a 2005. Estes indicadores foram comparados em relação aos vários setores da economia buscando-se destacar os mais influentes. Já os indicadores sociais foram analisados comparativamente aos demais municípios do estado e são eles: o IDH, população e domicílios, saúde, educação, pobreza e renda, no período de 1991 a 2000. 2 DUQUE DE CAXIAS A literatura na área entende que a partir dos anos de 1990, o estado do Rio de Janeiro, passou por grandes transformações no que diz respeito a sua estrutura econômica e social. No contexto da crise econômica e reestruturação produtiva mundial e nacional do capitalismo, o município do Rio de Janeiro, que concentrava toda a dinâmica econômica do estado, sofreu grandes alterações, evidenciando a insustentabilidade do processo de industrialização induzido no núcleo que a partir de então, presencia a perda de centralidade de seu modelo econômico (SILVA, FREIRE e OLIVEIRA, 2006). Neste contexto, os fluxos de investimentos foram para o interior do estado iniciando uma tendência a maior regionalização da economia que proporcionaria a recuperação econômica do estado do Rio de Janeiro, permitindo uma integração entre o núcleo e seu interior, pelas modificações estruturais, diversificando os investimentos industriais. Com a mudança de investimentos para o interior do estado, e a criação de novos eixos de desenvolvimento houve uma renovação da economia fluminense e diminuição da

3 influência da metrópole. Através dessas transformações, foi favorecido um novo mapa sócio-econômico do território fluminense e isso ganha importância porque expressa uma inflexão, pois historicamente o território fluminense manteve acentuadas diferenças entre o núcleo, o interior e a região entorno da metrópole por causa da concentração econômica e política exercida pela capital do estado. Os investimentos propostos para o enfrentamento da crise ocorreram com a dispersão dos investimentos em direção ao interior do estado, com os nove pólos de desenvolvimento econômico instituídos pelo poder público e pela iniciativa privada para fazer frente à crise econômica e produtiva 3. O município de Duque de Caxias apresenta um grande contingente populacional (842.686 habitantes), tem um dos parques industriais mais dinâmicos do estado com concentração nos setores de química e petroquímica, estimulados pela presença da REDUC (Refinaria de Duque de Caxias) 4, a segunda maior refinaria do país. A região foi efetivamente dinamizada por sua posição geográfica e pelo fato de ser um dos núcleos centrais (junto com Nova Iguaçu) da Baixada Fluminense, exercendo forte influência nos territórios vizinhos que só é sobreposta pela metrópole. A proximidade com rodovias importantes como a Washington Luís (BR-040) e Presidente Dutra (BR-116), com o aeroporto internacional do Galeão, com o porto e com o núcleo do estado, diminui os custos, facilita os fluxos e acessos de mercadorias, serviços, capital e indivíduos sociais, além de investimentos em negócios propiciados pela Reduc, se tornando a segunda refinaria de petróleo do país, que possibilitou ao município a posição de 10º maior PIB do país. A implementação da Reduc influenciou a dinâmica econômica do município, antes considerado cidade dormitório devida à concentração econômica exercida, até então, apenas na cidade do Rio de Janeiro. Muitas empresas estão se instalando no entorno da Reduc com a intenção de aproveitar as matérias-primas produzidas, além dos incentivos fiscais oferecidos pelo governo. A atração dessas novas empresas possibilitará, através da dinamização da economia, aumento na arrecadação do município. 3 Os nove pólos de desenvolvimento são: Químico-Farmacêutico, Naval Offshore, Metal-mecânico, Petrolífero, Serviços Avançados, Turismo, Agricultura e Desenvolvimento Florestal, Confecções e Cimenteiro. 4 Refinaria de Duque de Caxias - REDUC é hoje mais completa refinaria do sistema Petrobras, tendo sido inaugurada, em 1961, com apenas seis unidades, além da casa de força. Localizada na Rodovia Washington Luís, km 113,7, no distrito de Campos Elísios (Duque de Caxias). A refinaria tem aproximadamente 13 km 2 e é responsável por cerca de 1,2 bilhões de reais por ano em impostos pagos ao governo. Ela produz óleos básicos para lubrificantes, diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene de aviação, parafinas, óleo combustível, aguarrás entre outros.

4 Duque de Caxias tem o segundo maior Produto Interno Bruto 5 do estado (11.538.096,93 dados de 2005), e isso se deve principalmente à Reduc, porém esse PIB elevado em nada se assemelha com os níveis de qualidade de vida de seus habitantes, ocorrendo no interior do município um processo de segregação referente aos que residem mais afastados do centro, pois o poder público realiza um atendimento seletivo e diferenciado que privilegia a área central, o que é facilmente perceptível na paisagem urbana do município (SIMÕES, 2007, p.232). Duque de Caxias é também o segundo território com mais favelas no estado. A localização do município, o mais próximo do Rio de Janeiro, e grande disponibilidade de terras ocupáveis com as áreas públicas nas margens de rios, mangues, brejos e da Baía de Guanabara, favorecem a ocupação por parte da população de baixa renda, formando favelas por todo o município (SIMÕES, 2007, p.228) demonstrando a contradição entre uma economia forte e uma estrutura social precária e desigual. Tal fato é comprovado por seus indicadores sociais, evidenciado por um reduzido IDH que coloca o município em 52º entre os 92 municípios do estado. Ou seja, o fato de possuir um PIB elevado e um IDH relativamente baixo, demonstra que a pujança econômica não produz maior equidade. 3 INDICADORES SÓCIO-ECONÔMICOS 6 Os indicadores (PIB, IDH, saúde, educação, trabalho, entre outros) foram buscados para primeira aproximação e ainda a compreensão das mudanças ocorridas no município, à influência da Refinaria e as mudanças econômicas, além da análise da qualidade de vida dos habitantes, buscando-se englobar através destes fatores, a apreciação do município como um todo, tendo por foco o funcionamento deste em diferentes esferas e segmentos. Esta etapa do trabalho se concentrou na pesquisa quantitativa como forma de delimitação, levantamento e análise de dados através de fontes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), CIDE (Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro) e IPEA (Instituto de Política Econômica Aplicada), permitindo conhecer e analisar dados disponíveis acerca da situação econômica, das relações de trabalho e da qualidade de vida. 5 O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. 6 O indicador social é uma verificação em números, ou seja, uma medida quantitativa, de fatores da realidade social. É interessante perceber como o seu uso é cada vez maior nas pesquisas acadêmicas e na formulação de políticas públicas. Tal visibilidade se deve a composição do indicador social, que embora seja um dado de caráter quantitativo, é também dotado de significação social, portanto tem seu caráter qualitativo posto que aproxima conceito e realidade dimensionandoa. (Paulo de Martino Januzzi, Indicadores Sociais no Brasil, Campinas, Alínea, 2001).

5 No estudo empreendido, pudemos perceber através do PIB, a grande influência da indústria química no município em todos os anos analisados, permitindo concluir então, que tal fato se dá por conta da concentração dos setores de química e petroquímica, que é consequência da Reduc (a segunda maior refinaria do país), onde mostra que é ela a maior influenciadora do PIB no município, pois o setor de petróleo é o que dá destaque a dinâmica econômica do município. Em Duque de Caxias há também uma queda brusca nas despesas do governo destinadas à previdência - o ano de 2002 apresentou despesas por função de governo no valor de 14.010,88, já o ano de 2003 apresentou uma grande queda, no valor de 5,527,09 - apesar do aumento da quantidade de benefícios (isso se dá apenas pelo aumento no número de idosos), onde há um paradoxo: aumento do número de beneficiários e queda nas despesas do município pára este setor. A influência dos valores distribuídos dos impostos com os royalties do petróleo 7 permite uma arrecadação cada vez maior, podendo ser percebida no ano de 2008, já com o valor de R$ 23.621.900,99. O mercado de trabalho se apresenta dinamizado pelos setores que mais empregam: os serviços, o comércio e a indústria de transformação. Tal fato também se dá por conta do crescimento econômico do município que atraem o setor de serviços e a Reduc que entra no item indústria de transformação. Quanto às finanças públicas, percebe-se que é destinado aos setores de educação e cultura, saúde e saneamento o maior número de despesas realizadas pelo município (do total de 481.999,74, 159.237,95 é investido na educação e 122,677,67 é destinado à saúde e saneamento) - com grande parte das despesas também na administração e planejamento, havendo ainda um aumento das despesas em todos esses anos. Verificando-se os indicadores sociais do município, entre os anos de 1991 a 2000, entre os quais se toma o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 8 por principal, houve aumento do IDH de Duque de Caxias (passando de 0,700 em 1991, para 0,753 em 2000), mas este número é relativamente baixo se comparado ao Rio de Janeiro (0,798 para 7 Royalties é o nome dado a compensação financeira devida ao Estado, pelas empresas concessionárias produtoras de petróleo e gás natural no território brasileiro e são distribuídos aos Estados, Municípios, ao Comando da Marinha, ao Ministério da Ciência e Tecnologia e ao Fundo Especial administrado pelo Ministério da Fazenda, que repassa aos estados e municípios de acordo com os critérios definidos em legislação específica. Os royalties, que incidem sobre a produção mensal do campo produtor, são recolhidos mensalmente pelas empresas concessionárias por meio de pagamentos efetuados para a Secretaria do Tesouro Nacional STN, até o último dia do mês seguinte àquele em que ocorreu a produção. A STN repassa os royalties aos beneficiários com base nos cálculos efetuados pela ANP de acordo com o estabelecido pelas Leis nº 9.478/97 e nº 7.990/89, regulamentadas, respectivamente, pelos Decretos nº 2.705/98 e nº 01/91. 8 O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é obtido pela média aritmética simples de três subíndices referentes à longevidade, educação e renda.

6 0,842), Niterói (0,817 para 0,886), entre outros, que apresentam então uma melhor qualidade de vida. Quanto à população residente, há no município mais mulheres que homens, e este se mantêm de 1991 a 2000, como um dos que apresenta os maiores contingentes populacionais (775.456 habitantes, em 2001). Apesar de apresentar um grande contingente populacional, o município não parece ter estrutura adequada para alocar sua população, pois menos da metade da população possui domicílios particulares permanentes. Isso mostra que apesar da grande importância econômica, há no município ainda uma grande quantidade de pessoas com baixos níveis de renda e condições precárias de moradia. A saúde do município é estruturada com maior número de estabelecimentos privados do que público, existem ainda, 27 hospitais privados conveniados com o SUS e apenas 1 hospital estadual. Com tais dados, é possível perceber que os investimentos na saúde pública não estão sendo priorizados pelo poder público, embora a despesa com saúde esteja na segunda ordem de gastos no município. Durante o período analisado, houve diminuição da taxa de mortalidade infantil equivalendo-se a do município do Rio de Janeiro, e se comparado aos outros municípios, Duque de Caxias possui uma baixa taxa de mortalidade infantil - o índice baixou de 33,87 para 23,86. Na área de educação, Duque de Caxias apresenta uma das taxas de analfabetismo mais baixas, comparado aos outros municípios da Baixada - sendo a parte rural, com índice maior que a parte urbana. Há um maior contingente de pessoas matriculadas nas escolas públicas e as 3 escolas de ensino superior que existem no município são privadas. A implantação da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, vínculada a uma instituição pública estadual localizada no bairro de Vila São Luís, sendo um campus da Universidade Estadual do Rio de Janeiro na região, portanto, subordinado a esta Universidade, demonstra uma pequena interferência na característica privatista da educação superior na região. Com relação ao índice de pobreza no município - que era de 9,04 e passou para 12,37- havendo aumento em 10 anos. Comparando o município com outros que possuem grande influência econômica como o Rio de Janeiro e Niterói, Duque de Caxias apresenta um alto índice de pobreza, mas se comparado a todos os municípios do estado, este índice se torna relativamente baixo, pois no âmbito geral existe um grande percentual de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 37,75. O que vale ressaltar é o fato do grande poder econômico do município não ter influência direta na diminuição do alto índice de pobreza da região, gerando assim uma contradição entre o econômico e o social.

7 Além disso, houve queda na participação do rendimento do trabalho de 81,9 para 66,1 em conseqüência, houve o aumento equivalente a participação das rendas provenientes de transferências governamentais (aposentadorias, pensões e programas oficiais de auxílio) na renda total do município, dos quais 11,9% dos habitantes do município dependem desta. A partir disso é possível concluir que acontece no município uma diminuição da renda proveniente do trabalho e um aumento da participação da população nos programas sociais. Uma maior quantidade de pessoas à mercê de políticas públicas do governo. Finalizando, através do índice de Gini 9, percebemos o aumento da desigualdade no período 1991 a 2000 (de 0,474 para 0,528), enfatizando a idéia de contradição existente no município, pois apesar de seu crescimento econômico, a vida de seus habitantes continua em precárias condições. 4 CONCLUSÃO Nesse sentido, o retrato de Duque de Caxias, dentro do que é possível desenhar com as fontes de informação usadas até o momento é que os investimentos econômicos na região não parecem ser suficientes para modificar as características desiguais e segregacionais embutidos desde o povoamento do território. O município apresenta um grande contingente populacional e uma densidade demográfica alta (1.534,5 hab/km²) evidenciando um crescimento populacional acelerado, mas a infra-estrutura do município não acompanhou este crescimento, aumentando assim o processo de segregação. O crescimento do setor produtivo não implicou na satisfação das necessidades sociais do município. Fato este comprovado pelos os indicadores sócio-econômicos. Por fim, vale registrar que a inserção na pesquisa nessa fase introdutória permitiu-nos um conhecimento sócio-histórico da formação política, econômica e cultural de Duque de Caxias, situando o município no processo de reestruturação produtiva do estado do Rio de Janeiro. Possibilitou também, uma aproximação com os dados estatísticos, ao manipularmos os indicadores quantitativos referentes ao estudo investigativo. E, a primeira aproximação com a pesquisa, sobretudo, a pesquisa quantitativa, nos possibilitou um maior entendimento sobre relatos recorrentes a respeito das contradições sociais e econômicas do estado do Rio de Janeiro, comprovado especificamente através das informações coletadas sobre o município de Duque de Caxias. 9 Mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor) a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detêm toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula).

8 REFERÊNCIAS JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores Sociais no Brasil. Campinas: Alínea, 2001. SIMÕES, Manoel R. A Cidade Estilhaçada: Reestruturação Econômica e Emancipações Municipais na Baixada Fluminense. Mesquita: Entorno, 2007. p 20-270. OLIVEIRA, F.J.G.de. Mudanças no espaço metropolitano: novas centralidades e dinâmicas espaciais na metrópole fluminense. SILVA, C.A.; FREIRE, D.G; OLIVEIRA, F.J.G.de.(orgs). Metrópole: governo, sociedade e território. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. Fontes Consultadas: -www.ibge.gov.br - www.cide.rj.gov.br -www.ipea.gov.br -www.wikipedia.org