Avenida da Saudade Estas pedras d avenida Que sob meus pés tenho Carregam as vidas De antepassados foragidos. Avenida que ecoa sonhos De meninos nas festas Do Maio sofredor, Onde toda a dor permanece Guardada em doces sonhos. Do mar repetidas preces: -Levai-me neste partir! E o sonho vacilava, Como barco de vapor Carregado de crenças De um amanhã novo. E as mágoas neste chão! Ah, tantas lágrimas vertidas Que na teia do tempo não secam Neste torpor de viver. E quando chega a hora De às festas voltar, O mar se torna gente Gente de sofrer, Gente de sonhar! Gente de chorar Nest avenida da saudade. (19-11-2014)
Conteiras Doce cheiro a humidade E bruma cinzenta. Vento frio de Norte E os ossos sentem Carregar nas mãos O peso da saudade. Doce cheiro das conteiras Com folhas de pão quente E queijo branco, Salpicado da sangrenta Malagueta da ilha. Que saudades me matam Sem que em cada pétala Emane, apenas, O cheiro da ilha. (2-11-2015)
Ode michaelense II Esta ilha que revibra Em cada manhã de sonho. Esta imensa alma viva Esta ilha eterna que vive. Estes homens na labuta! A infinita luta A infinita luta! Homens de trabalho Nos seus dedos Carregando nas rugas Dilacerantes dores De ordenhar as ruminantes Vacas pastantes, nos imensos verdes. Ah esses verdes Ah os verdes pela manhã! Anunciando a esperança Dos homens da lavoura, Esta terra branca de sonho. Ah os verdes! Ah estes verdes que pintam Desenhos de singela Harmonia nas palavras Escritas nesta terra infinita, Onde o arcanjo mora Sonhado um sonho por vir. Ah estes verdes! (14-11-2014)
Ode michaelense Ilha, feita terra Ilha, sonho de vida Ilha, pedaço de mar Ilha, faz-se no amar! Ilha, feita do sonhar. Falar, falar, a cantar Um lento lamento Um olhar o firmamento. As lagoas as lagoas Fantasias sonhadas, Lendas encantadas Pintadas pela mão Do poeta criador. Ilha, ilha te amo! Te sonho nesta vida Que carrego n alma insula Deste meu caminhar Por terras a palmilhar As dores de pedras Dilacerando-me a carne De pés descalços. Ilha ilha de amor! Onde encontro o eterno fulgor. O respirar a fumarola Trazendo vida Das entranhas desta terra. Pedaço de sonho, Paraíso infinito, Quadro idílico de viver. Ilha ilha te amo! De ti jamais quero Um dia me apartar! (12-11-2014)
Onde vais, ó alma Onde vais, ó alma Das singelas palavras Que a hora um dia apagará!? Onde vais tu!? RAZÃO de viver Na penúria de um tanto amar Aquilo que um dia irá morrer. Onde vais, ó alma Da solidão sentida Que me amarra o ser vivido!? Onde foste nascer, ó alma!? Em terra insula de tremor Que na lenta bruma se encobre De uma triste razão de sofrer. Onde vais, ó alma Ferida aberta que me matou Na longa hora de morte!? Onde vais tu, viver a vida por ser!? (17-6-2014)
sapateia moderna a fermosura da ilha encantando o mundo vive por destino apregoa polos sete mares da partida que a imaginada utopia aqui nasceu um dia a moça mais bela ilha é feita de coração cantarolando de imaginação estórias de mitos antigos lembrando ao mundo dos homens que a terra é pedaço de amor na digital era se vive um vazio de viver aprisionando corações mortos d entristecer chorando desamores pedindo clamores a sapateia moderna nas reviravoltas anda espalhando nos corações a esperança de sonhar a alegria de viver por um ser verdadeiro ser num eterno cante sonhador ecoam sons de amor perpétuo desta sapateia tão bela fermosura nascida terra que ao mundo mostra razões de vero amar o amor se enobrece nascido desta sapateia graciosa homens se alegram regozijam de alegria por esta singela beleza ilha feita ser (18-11-2014)
TOTEM A rebate tocam os sinos De uma velha igreja Gasta nas pedras do temp(l)o Que abrigo é de almas inconsoláveis. Nas ruas já se ouvem Os sons da banda que entoa Um hino imortal Onde a pomba se faz real. As mãos calejadas do trabalho carregam O brilhar deste Totem Que transporta toda a esperança. Onde sob a luz da tarde brilha A alegria de revigorança. As cores que se aliam aos cheiros Das fartas carnes das vacas sagradas Que na terra verde da ilha pastaram Vidas silenciosas como gente morta. Em cadência de compasso sonoro Segue a gente que ama A terra, tradição viva, De tempos idos. O Totem é a razão, Das gentes que na ilha Plantaram a vida que lhes foi Madrasta por sina. O ciclo não finda, Sem que a população Se alimente então Da partilha maior: a PAZ. (2-7-2014)