PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

Documentos relacionados
GRANDEZAS E UNIDADES USADAS EM RADIOPROTEÇÃO

CURSO DE RADIOPROTEÇÃO COM ÊNFASE NO USO, PREPARO E MANUSEIO DE FONTES RADIOATIVAS NÃO SELADAS

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE RADIOPROTEÇÃO FILOSOFIA DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

CURSO DE RADIOPROTEÇÃO COM ÊNFASE NO USO, PREPARO E MANUSEIO DE FONTES RADIOATIVAS NÃO SELADAS

GRANDEZAS DOSIMÉTRICAS BÁSICAS

FÍSICA MÉDICA. Aula 03 - Proteção Radiológica

GRANDEZAS DE RADIOPROTEÇÃO

Introdução à Proteção Radiológica

CENTRO DE METROLOGIA DAS RADIAÇÕES CMR

NOÇÕES BÁSICAS DAS NORMAS E REGULAMENTOS

Proteção Radiológica no Diagnóstico por Imagem

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA: ALGUNS ASPECTOS TÉCNICOS E LEGAIS

Concurso Público Medicina Nuclear Caderno de Questões Prova Objetiva 2015

Capacitação dos Indivíduos Ocupacionalmente Expostos - IOE

Fundamentos Básicos de Proteção Radiológica

Proteção e higiene das Radiações II. Profª: Marina de Carvalho CETEA

GRANDEZAS E UNIDADES PARTE 2 PAULO R. COSTA

Técnicas Experimentais

Proteção Radiológica. Prof. Altem Nascimento Pontes. Período: 18 a 24 de Janeiro de 2010

Decaimentos radioativos. FÍSICA DAS RADIAÇÕES I Paulo R. Costa

Exposição Ocupacional

Prof. Luciano Santa Rita - MSc.

Oficinas sobre Física das Radiações e Radiologia Industrial

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Como reduzir as doses de radiação em nossa prática diária?

PLANO DE TRABALHO: RADIOBIOLOGIA E RADIOPROTEÇÃO

E responsabilidade do operador assegurar o uso de proteção máxima para si e para o paciente.

Detectores de Radiação e Controle de Qualidade. MSc. José Luiz Bruçó MRA- Indústria. METROBRAS

Instrumentação para a Física da Radiação I.F.R. - Dosimetria

Efeitos Biológicos da radiação Ionizante. Proteção e higiene das Radiações Profª: Marina de Carvalho CETEA

PLANO DE CONTROLE DE QUALIDADE (PCQ) RADIOPROTEÇÃO

C isótopos de carbono 14

1 Estrutura do átomo. c Leonor Cruzeiro

Radioatividade Ambiental. Paulo Sergio Cardoso da Silva. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN

CURSO DE RADIOPROTEÇÃO COM ÊNFASE NO USO, PREPARO E MANUSEIO DE FONTES RADIOATIVAS NÃO SELADAS

Química Nuclear e Radiofarmácia

Apostila de Química 03 Radioatividade

NOÇÕES SOBRE DOSIMETRIA DAS RADIAÇÕES IONIZANTES - 1. Alwin Elbern, Ph.D.

QUÍMICA. Transformações Químicas e Energia. Radioatividade: Reações de Fissão e Fusão Nuclear, Desintegração Radioativa e Radioisótopos - Parte 4

Efeitos Biológicos - Programa. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES ( ) 2013 Aula 1. Efeitos Biológicos - Programa

FICHA DE DISCIPLINA. UNIDADE ACADÊMICA: Instituto de Física PRÉ-REQUISITOS: CÓ-REQUISITOS: OBJETIVOS

Fontes de Radiação Ionizante 15º Encontro de Verificadores EMAS 2016

çã ó Rafael Carvalho Silva Msc Engenharia Nuclear Física Aplicada Radiodiagnóstico Tecnólogo em Radiologia

Lei de Decaimento Radioativo. O Decaimento Radioativo é um fenômeno Linear? Como medir o Decaimento Radioativo?

CERTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS SUPERVISORES DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NO BRASIL. Ana Maria Xavier Pesquisadora Titular

PLANO DE TRABALHO: RADIOBIOLOGIA E RADIOPROTEÇÃO

O papel da Regulação na Segurança e Garantia da Qualidade das Práticas de Radioterapia e Medicina Nuclear

Concurso Público Físico Radiologia Caderno de Questões Prova Objetiva 2015

IMPACTO DA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NA REDUÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE. Carlos A.M. Gottschall, MD, PhD, FSCAI

DESEMPENHO DE CURIÔMETROS UTILIZADOS EM SERVIÇOS DE MEDICINA NUCLEAR. Alessandro M. da Costa e Linda V. E. Caldas

Produção de raios-x, Interação com a Matéria, Proteção Radiológica, Instrumental Prof. Dr. Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques

Revisão de Conceitos e Fundamentos de Física das Radiações (B)

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

Noções Básicas de Radioproteção e Gerenciamento de Rejeitos Radioativos

CURSO DE RADIOPROTEÇÃO COM ÊNFASE NO USO, PREPARO E MANUSEIO DE FONTES RADIOATIVAS NÃO SELADAS

Serviço de Monitoração Individual Externa SMIE METROBRAS

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

Padronização Metrológica e Calibração de Monitores de Área e Contaminação

PLANO DE TRABALHO FÍSICA DAS RADIAÇÕES

PLANO DE TRABALHO FÍSICA DAS RADIAÇÕES

PLANO DE TRABALHO FÍSICA DAS RADIAÇÕES

Radioatividade. Profa. Amanda Amantes Neiva Ribeiro

FUNDAMENTOS DE RADIOPROTEÇÃO Manual de Radioproteção

1896, : K2(UO2)(SO4)2,

Estudo da influência do invólucro protetor de contaminação no frasco de radiofármacos na medição da atividade

Desenvolvimento de um sistema computacional para gerenciamento de dados de monitoração in vivo de radionuclídeos

LEVANTAMENTO DE DOSES NA ÁREA CONTROLADA E NO LABORATÓRIO DO REATOR TRIGA IPR-RI

Verificação do uso de dosímetros individuais em serviço de medicina nuclear de Pernambuco nos anos de 2002 a 2010

Proteção Radiológica Competências da Direção-Geral da Saúde 16.º Encontro de Verificadores Ambientais EMAS 12 de dezembro de 2017

INTRODUÇÃO À FÍSICA MÉDICA

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA. Paulo Roberto Costa

ANÁLISE DOS RESULTADOS DA MONITORAÇÃO DE ÁREA, REALIZADA NO CICLOTRON CV-28, DURANTE O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO IODO 123. RESUMO I.

Cap. 42 Física Nuclear

Curso anual de revisão em hemodinâmica e cardiologia intervencionista - SBHCI Riscos da exposição aos raios X em

Física na Medicina: Aspectos e perspectivas. Yklys Santos Rodrigues

CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS MEDIDORES DE RADIAÇÃO

Avaliação Escrita. CTN, 7 de Novembro de 2014, 11h00, Sala do Aquário

23/10/2014. DIRETRIZES BÁSICAS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA - CNEN-NN-3.01 jan/05 COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR

FÍSICA MÉDICA. Aula 04 Desintegração Nuclear. Prof. Me. Wangner Barbosa da Costa

Afinal, o que é Radioatividade? Place your screenshot here

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO INVÓLUCRO PROTETOR DE CONTAMINAÇÃO NO FRASCO DE RADIOFÁRMACOS NA MEDIÇÃO DA ATIVIDADE

APROVAÇÃO DOS PROGRAMAS DE FORMAÇÃO Decreto-Lei n.º 227/2008, de 25 de Novembro (n.º 5 do artigo 4.º)

Efeitos biológicos da radiação

IMPLEMENTAÇÃO DAS GRANDEZAS DOSIMÉTRICAS NO BRASIL. Yvone M. Mascarenhas

Irradiação e Contaminação

Oi, Ficou curioso? Então conheça nosso universo.

Avaliação de dose efetiva em um fantoma antropomórfico em situações de emergência radiológica

Comparação entre a norma brasileira de radioproteção e a recomendação da International Commission on Radiological Protection publicadas em 2007

Avaliação da Exposição Ocupacional às Radiações conforme legislação Brasileira

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

APLICAÇÃO DE MONITORES PORTÁTEIS PARA MONITORAÇÃO INTERNA EM MEDICINA NUCLEAR

Capítulo 9 Fontes de radiação

Radiação & Saúde. FQ 10º ano - Das Estrelas ao Átomo

VISA/MJM/2611/2009 RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO RADIOMÉTRICO

ÍNDICE DE APLICABILIDADE DA PORTARIA 453/98 DA ANVISA EM HOSPITAIS PÚBLICOS E PRIVADOS

AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL NA PRODUÇÃO DE 123 I

PORTARIA Nº 518, DE 4 DE ABRIL DE 2003

Calibração de um sistema portátil para bioanálise de amostras de urina em situações de emergência

Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes e Não Ionizantes /IFUSP/2014

Transcrição:

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA O ser humano não dispõe de sistemas próprios para a detecção da presença de radiação ionizante. O uso desenfreado das radiações mostrou que: A radiação ionizante é capaz de produzir alterações no ser humano Radiodermite provocado pela exposição aos raios-x 1

1928 II Congresso Mundial de Radiologia em Estocolmo resolve a criação da Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP). Tarefas: expressar as quantidades de radiação emitidas por materiais radioativos e equipamentos emissores de radiação ionizante. estimar a produção de efeitos biológicos criar e introduzir grandezas e suas unidades. 2

GRANDEZAS E UNIDADES USADAS EM RADIOPROTEÇÃO ATIVIDADE (A) Expressa a quantidade de radiação emitida por uma amostra durante um determinado tempo. Unidades: Becquerel. (Bq) 1 Becquerel = 1 desintegração por segundo Curie (Ci) 1 Curie = 3,7 x 10 10 desintegrações por segundo. 3

ATIVIDADE (A) Unidades - Submúltiplos: 1 Ci 37 GBq (Giga) 1 mci (mili) 37 MBq (Mega) 1 µci (micro) 37 kbq (quilo) 1 ηci (nano) 37 Bq 4

GRANDEZAS E UNIDADES USADAS EM RADIOPROTEÇÃO DOSE ABSORVIDA (D) Quantidade de energia da radiação absorvida ( E) por um elemento de massa ( m). D = E m Válido para qualquer meio e qualquer tipo de radiação 5

Unidades de DOSE ABSORVIDA (D) No Sistema Internacional (SI): - Gray (Gy) D = E m 1 Gray corresponde a 1 J/kg - rad (radiation absorved dose) Relação entre ambas unidades: 1 Gray = 100 rad 6

Dose média de radiação recebida por diferentes órgãos de mamíferos adultos após a administração de 1 µci de fósforo ( P-32) Órgão de Referência % da Dose Fígado 10 Tubo Gastrointestinal 25 Ossos 41 Corpo Total 84 7

TIPOS DE FONTES E MODOS DE EXPOSIÇÃO EXEMPLO: VALORES TÍPICOS DE DOSES RADIAÇÃO DOSE (msv) Raios cósmicos (h = 0 m) 0,40 Raios cósmicos (h = 2,5 km) 0,80 Radônio 1,20 Potássio- 40 0,20 Radiografia de tórax 0,40 Radiografia dentária 0,20 Viagens intercontinentais 0,02 8

CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES Segundo sua apresentação: A. Fontes Não Seladas: (há possibilidade de contato Exemplos: com o material radioativo): Medicina Nuclear: Diagnóstico e terapia ( I-131) B. Fontes Seladas: (não há possibilidade de contato com o material radioativo): Exemplos: Na radioterapia, para o tratamento de tumores 9

Fontes Seladas Fonte: Apostila Aplicações da Energia Nuclear, Comissão Nacional de Energia Nuclear. 10

CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES Segundo sua forma de produção: A. Equipamentos emissores de radiação : - é necessário fornecer energia para o seu funcionamento. B. Materiais Radioativos: - são naturais ou produzidos artificialmente; - emitem radiação continuamente. 11

CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES Segundo sua localização: A. Externas: (há irradiação) B. Internas: (há contaminação incorporação de material radioativo por ingestão, inalação ou absorção por contato direto com a pele) 12

Tempo FATORES DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA a exposição é instantânea o mito do rapidinho - caso do acidente em instalação de esterilização quanto menor o tempo de exposição, menor a dose definido a partir da Dose Máxima permissível (vide tabela abaixo) Tempo Distância Bindagem 13

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE RADIOPROTEÇÃO Limites Primários Anuais de Dose Equivalente Norma CNEN-NE-3.01 (Comissão Nacional de Energia Atómica) Região Trabalhadores Público Corpo Inteiro 50 msv 1 msv Cristalino 150 msv 50 msv Extremidades 500 msv 50 msv Órgão ou Tecido T 500 msv 1 msv/wt 14

FATORES DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Blindagem adequada ao tipo de radiação: chumbo para a radiação Gama acrílico ou Lucite para a radiação Beta materiais hidrogenados para nêutrons. A eficiência da blindagem depende da energia da radiação incidente. 15

Exemplos de Blindagem em Radiologia 16

Exemplos de Blindagem em Medicina Nuclear Protector L Óculos Protetor Seringa 17

Exemplos de Blindagem em Medicina Nuclear 18

FATORES DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Distância atenuação no Ar muito importante para radiação alfa e beta não desprezível para radiação gama de baixa energia Fator Geométrico -> Lei do inverso do quadrado da distância: Fonte Detector 19

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE RADIOPROTEÇÃO Outros Limites Anuais de Dose Equivalente Norma CNEN-NE-3.01 Estudantes e estagiários maiores de 18 anos: 50 msv (limite para trabalhadores) Estudantes, aprendizes e estagiários entre 16 e 18 anos: 15 msv (3/10 do limite para trabalhadores) Estudantes, aprendizes e estagiários menores de 16 anos: proibida a exposição ocupacional. 20

Mulheres com capacidade reprodutiva: 10 msv no abdômen, em qualquer período de 3 meses consecutivos Mulheres grávidas: a dose acumulada no feto não deve exceder 1 msv, em todo o período de gestação. 21