PROJECTO DE LEI N.º 436/IX ELEVAÇÃO DE VALE DA PINTA, NO CONCELHO DO CARTAXO, À CATEGORIA DE VILA. Exposição de motivos. I - Breve caracterização

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Transcrição:

PROJECTO DE LEI N.º 436/IX ELEVAÇÃO DE VALE DA PINTA, NO CONCELHO DO CARTAXO, À CATEGORIA DE VILA Exposição de motivos I - Breve caracterização A povoação de Vale da Pinta, também denominada por S. Bartolomeu de Vale da Pinta, localiza-se a cerca de 4 km da cidade do Cartaxo, sede de concelho com a mesma designação, ao qual pertence. É sede da freguesia com o mesmo nome, com uma população aproximadamente de 1450 habitantes, pelo último Censo de 2001, apresentando um crescimento populacional de cerca de 15% comparativamente aos resultados oficiais apurados em 1991. A data da sua criação é desconhecida. No entanto,constitui a freguesia mais antiga do concelho do Cartaxo, no distrito de Santarém. As fronteiras geográficas da freguesia de Vale da Pinta fazem-na confinar a nascente com a cidade do Cartaxo, a poente com a freguesia da Ereira, ao norte com Vila Nova de S. Pedro, no vizinho concelho de Azambuja, e a sul com a freguesia de Pontével, no concelho do Cartaxo.

A freguesia tem uma área total de cerca de 9,2 Km 2 ou 916,414 hectares, abrangendo os lugares do Alto do Sol-Posto, Sousas, Precateira, Engôu, Desembargador, Casais das Lameiras, Vale de Gatos e Courelas. Vale da Pinta insere-se numa região onde o cultivo da vinha contribui para os afamados vinhos do Ribatejo e os seus principais locais recomendados para visita são: o Poço de S. Bartolomeu, a Igreja Matriz e os restos da Capela de S. Gens. A Igreja Matriz, que já aparece mencionada no século XIV, tem na sua construção alguns vestígios árabes e acredita-se que terá pertencido à Ordem dos Templários. No seu interior podem encontrar-se vários fragmentos de peças religiosas com bastante valor. A população de Vale da Pinta, cujo apego ao trabalho é bem reconhecido, também tem manifestado ao longo dos tempos o gosto pelas festas e pelas romarias. Merecem por isso especial destaque as festas populares e de celebração religiosa, com carácter anual, realizadas na última semana de Agosto, em honra da padroeira Nossa Senhora da Graça. II - Razões de ordem histórica A julgar pela palavra «Pinta», o povoamento do território desta freguesia deve remontar a eras pré e proto-históricas. No entanto, são várias as possibilidades históricas sobre a origem do nome «Vale da Pinta», admitindo-se que a designação não deve ser anterior ao séc. XII.

Pode ter resultado de um atributo arqueológico, numa expressão como «pedra pinta», ou ainda da transposição da denominação de uma notável estação arqueológica de pinturas rupestres designada por «Pala de Pito». No entanto, de acordo com outras opiniões, a origem do nome «Vale da Pinta» pode também ter resultado da existência de um vale pertencente a uma mulher, com o sobrenome Pinta, ou Pinto. O local ao qual se atribuiu esta origem é, nos nossos dias, conhecido como Vale das Hortas Velhas. Adquirido é o facto de esta ser considerada a freguesia mais antiga do concelho do Cartaxo, desconhecendo-se, todavia, a data específica da sua criação, como se pode verificar numa notícia do Dicionário Geográfico de Portugal Manuscrito, que se encontra na Torre do Tombo, t.ix, fl. 1023, n.º 160, sobre o Cartaxo. Neste documento referem-se algumas freguesias vizinhas e faz-se uma menção ao pároco da vila do Cartaxo que distinguia Vale da Pinta das outras com o epíteto: «... al antigua Val da Pinta...». De acordo com a História de Portugal e com algumas crónicas de historiadores, Vale da Pinta remonta ao princípio da nacionalidade portuguesa e está intimamente ligada a vários factos históricos de grande importância, com particular destaque para as conquistas cristãs contra os mouros, do primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Conta a lenda que D. Afonso Henriques, pretendendo reconquistar Santarém aos mouros, terá reunido as suas forças em Leiria, para seguidamente as colocar em marcha pela antiga via romana a poente da

Serra dos Albardos e, seguindo por Rio Maior, continuou a sua marcha por Alcoentrinho até à Ereira. Seguindo este relato, a 24 de Julho de 1139 as tropas cristãs fazem paragem em Vale da Pinta, onde se constitui o ponto de partida para o campo de batalha. É aqui instalado que o Rei D. Afonso Henriques conhece o poço onde os mouros iam matar a sede e é na primitiva e original Capela de S. Gens que ouve missa e comunga com os seus oficiais, para implorar de acordo com a tradição religiosa a protecção divina para o êxito da conquista. Um dia depois, em 25 de Julho de 1139, a batalha é travada nas Chãs de Ourique, com pesadas baixas de ambos os lados. Atendendo aos escassos recursos de que dispunha, D. Afonso Henriques limitou a última fase da batalha à perseguição dos mouros até ao Vale de Santarém. Porém, após a batalha reuniu os seus oficiais no Alto do Sol-Posto, em Vale da Pinta, onde foi novamente aclamado por todos como Rei de Portugal. Nesta batalha ter-se-á distinguido o Conde D. Gonçalo Viegas de Sousa, pelo que D. Afonso Henriques o nomeou seu lugar-tenente e lhe doou os terrenos situados em Vale da Pinta designados como sendo «os dos Sousas», mantendo-se posteriormente e por herança na posse dos Sousas - seus descendentes. É neste contexto místico e lendário que ainda hoje se encontra a designação deste local, na freguesia de Vale da Pinta.

Simultaneamente, é curioso verificar que a Ereira, Vale da Pinta e Vila Chã são povoações intimamente ligadas, pelo menos de acordo com a lenda histórica, às conquistas e incursões cristãs do primeiro Rei de Portugal contra os mouros, na sua contínua expansão territorial, aumentando a dimensão do reino para sul. Quase um século depois, em 1225, o nome de Vale da Pinta aparece novamente referenciado na História de Portugal, através de D. Sancho II, o quarto Rei de Portugal. É neste ano que D. Sancho II concede ao chanceler Pêro Pacheco os terrenos do «Reguengo do Cartaxo», com a condição, entre outras, de construir uma albergaria para aí socorrer os enfermos e os pobres, mas também poder acolher os forasteiros visitantes. Nesse documento de concessão vêm indicadas as confrontações do «Reguengo do Cartaxo» e aí consta, pela primeira vez, a identificação do lugar de Vale da Pinta. Todavia, esta cedência a Pêro Pacheco não foi integralmente aproveitada e em 1312, não existindo a albergaria, D. Dinis recorre ao processo mais utilizado na época para dinamizar a fixação dos povos e concede uma carta de foral determinando que no seu lugar do Cartaxo fosse edificada uma «pobra» com todas as condições de um contrato de aforamento dos terrenos. Esta decisão do Rei D. Dinis é compreensível quando toda esta região se mantinha bastante desertificada, exceptuando-se a esta realidade as principais ordens monásticas, detentoras de vastas áreas territoriais mas

pouco cultivadas, e as cidades, no interior dos castelos, estrategicamente bem situadas, em locais de grande altura, que lhe proporcionavam grande capacidade militar. Assim, nos inícios do século XIV, a terra reguengueira do Cartaxo estendia-se até Vale da Pinta, onde os terrenos agrícolas eram favoráveis à cultura do trigo, do vinho, da oliveira e do linho. Ainda hoje, a produção vitivinícola desta região é significativa e contribui para a fama dos bons vinhos do Ribatejo. Este primeiro foral, outorgado por D. Dinis, em Leiria, a 21 de Março de 1312, é mais tarde confirmado por D. João II, em 1487, e por D. Manuel I, em 1496. Uma outra referência histórica a Vale da Pinta é encontrada quando D. João VI, que se encontrava exilado no Brasil com toda a sua corte devido às invasões francesas, decide - por alvará, datado de 10 de Dezembro de 1815 - elevar a vila o antigo lugar do Cartaxo. Nesse documento, expedido do Rio de Janeiro, refere-se que «a sobredita vila, que se denominará do Cartaxo, terá por termo além do seu antigo distrito os lugares de Valada, e Porto de Muge, e as freguesias de Vale da Pinta, Pontével, Ereira-Lapa». Recorrendo ao Portugal Antigo e Moderno, de Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal, volume 10, pág. 79, percebe-se bem o fundamento deste exílio, mas também as motivações deste alvará face à a dimensão do infortúnio.

No relato de um padre, pode ler-se que «No Domingo 7 de Outubro de 1810, depois da missa conventual, em que consumi o SS. Sacramento reservado no Sacrario, no meio de lagrimas e clamores do povo, me auzentei para Lisboa, na companhia de 52 pessoas, que quizeram e poderam fugir commigo, da barbara invasão dos francezes, que entraram n'esta parochia, na 3ª feira, 9, do mesmo mez e d'esta sorte cessaram os officios todos da religião, n'esta egreja, que, sem altar nem sacerdote, esteve seis mezes». São precisos cerca de vinte anos mais para que toda esta região seja novamente protagonista da história recente de Portugal. As lutas liberais que se desenvolveram um pouco por todo o país também tiveram uma etapa histórica e importante em Vale da Pinta, pois foi aqui que o Marechal Saldanha arquitectou o avanço das suas tropas para o confronto que viria a ser conhecido pela Batalha de Almoster, em 18 de Fevereiro de 1834. Ainda hoje subsistem referências a este tumultuoso tempo, designadamente com os nomes que ainda perduram, como sucede com o «Monte do Saldanha». Com a passagem dos séculos, foi aumentando a população que se instalou em Vale da Pinta. O primeiro censo geral da população portuguesa, realizado em 1527, por ordem de D. João III, registava para esta zona 58 habitantes, dos quais 27 varões e 31 fêmeas, e 13 fogos vizinhos.

Voltamos a encontrar um novo registo desta evolução no Ribatejo Histórico e Monumental, de Francisco Câncio, quando, ao referir-se ao terramoto de 1755, testemunha que «Vale da Pinta também nada sofreu com o grande abalo. Então contava 47 vizinhos e 181 pessoas». Já mais recentemente, em 1991, Vale da Pinta contava com 1298 habitantes e, actualmente, de acordo com o último censo, realizado em 2001, conta já com 1640 habitantes e 730 edifícios. Com a vinda de novos moradores, particularmente porque esta é uma zona muito procurada para segunda habitação por parte da população residente na Área Metropolitana de Lisboa, e com o incremento de novas habitações e a recuperação de casas antigas, prevê-se que o número de habitantes continue a crescer a um ritmo médio superior ao do crescimento da população nacional. III - Equipamentos colectivos e instalações ao abrigo do artigo 12.º da Lei n.º 11/82, de 2 de Junho 1 - Equipamentos colectivos, comércio e serviços: Sede de junta de freguesia; Extensão do Centro de Saúde de Vale da Pinta; Mercado; Cemitério; Campo de futebol; Polidesportivo ao ar livre;

Sanitários públicos; Lavadouro público; Jardim público; Centro de dia para idosos; Centro jovem; Sedes de colectividades; Papelaria; Praça de táxis; Transportes públicos; Posto de correios; Cabines públicas de telefone Agência funerária; Caixas Multibanco; Gabinete de contabilidade; Minimercado e mercearias; Padarias; Fábrica de bolos; Talhos; Peixarias; Loja de frutas; Floristas; Perfumaria; Comércio de materiais de construção; Empresas de construção civil;

Indústria de alumínios; Lojas de pronto-a-vestir; Venda de peças de decoração de interiores e bricolage; Artistas plásticos; Atelier de pintura; Oficinas de automóveis; Comércio de automóveis; Oficinas de reparação de máquinas; Comércio de peças de automóveis e pneus; Comércio de sucatas; Oficinas de carpintaria; Oficinas de serralharia; Cabeleireiros; Comércio de gás; Armazéns de brinquedos; Venda de produtos agrícolas; Venda de produtos para animais; Discoteca; Cafés; Bares; Restaurantes; Churrasqueiras; Tabernas.

2 - Associações e colectividades (sociais, culturais, desportivas e recreativas): Centro Social e Paroquial de Vale da Pinta (Centro de Dia e ATL), que é uma instituição virada para os idosos e para a infância e que tem como missão principal a gestão de um centro de dia e de um jardim de infância; União Desportiva e Recreativa de Vale da Pedra, que tem como prática principal o futebol, participando activamente nos campeonatos distritais; Sociedade Cultural e Recreativa de Vale da Pinta, possuidora de uma escola de música, de uma orquestra ligeira, um coro e uma banda de música; Grupo Amador de Teatro da Sociedade Cultural e Recreativa de Vale da Pêra; Associação Cultural do Rancho Folclórico de Vale da Pinta; Grupo Motard «Os Mancha Negra». IV - Conclusão A elevação a vila do lugar de Vale da Pinta, da freguesia de Vale da Pinta, no concelho do Cartaxo, assenta em razões de ordem histórica, geográfica, demográfica, económica e cultural, mas, também, no facto de a sua viabilidade político-administrativa e as suas repercussões

administrativas e financeiras não colidirem com interesses de ordem geral ou local. Em face do exposto, o Partido Social Democrata entende que se encontram reunidos os requisitos constantes do artigo 12.º, conjugado com o disposto no artigo 14.º da Lei n.º 11/82, de 2 Junho, para que a povoação de Vale da Pinta seja elevada à categoria de vila. Deste modo, os Deputados abaixo assinados, do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata, apresentam, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o seguinte projecto de lei: Artigo único A localidade de Vale da Pinta, sede de freguesia do mesmo nome, no concelho do Cartaxo, distrito de Santarém, é elevada à categoria de vila. Assembleia da República, 20 de Abril de 2004. Os Deputados do PSD: Vasco Cunha José Manuel Cordeiro João Moura Rodrigues Eduardo Casimiro.