IV Conferência em preparação para a Investidura do Hábito Monástico dos Irmãos Evandro, Sérgio, Adriano e Alexandre. 29 de outubro de 2014 Caros Irmãos: Temos insistido: em nosso Mosteiro o Rito de Investidura do Hábito Monástico é uma pausa restauradora na caminhada rumo à Jerusalém do Alto, como reza a Esposa do Cristo na celebração dos Santos Mistérios. Um rito que nos faz, sempre mais, recordar e assumir nossa vocação, qual dom de Deus para a Igreja. Iniciar o noviciado é um rito de passagem. O postulante cumprido o tempo estabelecido, avança para uma nova etapa da vida monástica. Em nossa linguagem figurada, passa da esplanada do Templo para seus átrios. Assim como o Senhor Deus passou à noite, enquanto seu povo estava no Egito e poupou a vida daqueles que 1
tinham o sangue nos umbrais de suas portas (Ex 12,12-14), assim também, o Senhor passou em suas vidas, queridos irmãos, pois os batentes das portas de suas respectivas celas foram assinaladas, quando aceitos pelos Irmãos mais velhos para continuar adorando o Onipotente no Horeb da vida monástica. Foram escolhidos, pela graça de Deus, para serem noviços em nossa Ordem. Após o evento de salvação do povo escolhido, Deus que passa e poupa seus primogênitos e os faz atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho, surge entre eles o costume de fazer as mulheres revistar toda a casa, examinando-a minuciosamente à luz de uma lamparina, para procurar e fazer desaparecer até o menor fragmento de pão fermentado, para que se pudesse, depois, celebrar a festa da páscoa unicamente com o pão ázimo.(ex 12,15) Esse belo há- 2
bito passou também para a tradição cristã, cuja prática, nos dias de hoje, já extinta. O costume entre os cristãos era o de jogar fora tudo o que fosse velho e quebrado dos objetos da casa, de modo que na Páscoa do Cristo tudo fosse novo e inteiro. Analogamente ao costume judaico de uma faxina pascal, perfeitamente podemos aplicá-lo àqueles que irão fazer a passagem do postulantado para o noviciado. Serão, esses nossos irmãos, chamados a purificar suas celas, corações e a vida, para desfrutar da graça que o Senhor lhes dispensa. São Paulo na Primeira Epístola aos Coríntios falará do velho fermento. 7 Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa, já que sois sem fermento. Pois nossa Páscoa, Cristo, foi imolada. (1Cor 5,7) 3
Nesses dias, caros irmãos Evandro, Sérgio, Adriano e Alexandre, que precedem o rito de Investidura do Hábito Monástico, eu os aconselho a fazer como as mulheres judias. Limpem a cela e joguem fora ou passem adiante tudo o que representa o tempo que já se foi. Aproveitem, igualmente, para limpar a cela do coração, expurgando dele todo o velho fermento de malícia, perversidade, enfim de todo o pecado com o Sacramento da Reconciliação. Com a lamparina da Palavra de Deus, vasculhem todas as suas intenções, comportamento, anseios e projetos. Se encontrarem indícios de velho fermento, tenham a coragem de expulsá-los. Comecem o tempo do noviciado quais irmãos dignos de um nome novo, de uma veste nova e de um único desejo: após ter deixado o Egito, isto é, a vida passada; contemplado o Mar Vermelho que volta ao seu nível e pisando no deserto, não desistam de subir ao 4
Monte Deus e contemplar a Sarça Ardente, ou seja, Deus que se faz presente em suas vidas, na vida de seus irmãos, no Louvor que celebramos, na Palavra que escutamos, na liturgia silenciosa de seus corações, nos pobres, peregrinos e hóspedes que vêm até nos. Tenham consciência de que o lugar onde pisam é sagrado. Portanto, respeitem-no, como o fez Moisés ao retirar as sandálias no Monte Horeb. Com a graça de Deus, lutem para não descaracterizar e vulgarizar essa Escola do Serviço do Senhor, que se propõe a fazer homens que nada antepõem ao amor de Cristo. Que pelas preces da gloriosa Santa Mãe de Deus, sarça ardente sem se comsumir, possam percorrer o tempo de noviciado em nossa comunidade na alegria e liberdade dos filhos muito amados de Deus. Que Deus nos abençoe a todos! 5