Comparação entre Telhado Verde e Convencional nas Temperaturas Internas de Ambientes Douglas Vaciliev Vacilikio 1 ; Luciano Fleischfresser 2 1 Aluno de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão; 2 Professor de Engenharia Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão lfle@utfpr.edu.br INTRODUÇÃO Telhado ecológico é o uso de vegetação sobre telhados. Este tipo de cobertura não deixa a radiação solar impingir diretamente na telha, além de armazenar água e atuar como isolante térmico, amenizando o calor nas horas mais quentes, e mantendo-o nas mais frias. Pela capacidade das plantas reterem o carbono, o telhado ecológico melhora a qualidade do ar, e ainda serve como isolante acústico por absorver ruídos. Também pode-se usar a cobertura verde para a produção de alimentos quando espécies para consumo humano são plantadas na mesma. Existem duas maneiras de plantar em telhados: a intensiva e a extensiva. O telhado do tipo intensivo necessita de um solo mais profundo para suportar espécies de maior porte (normalmente de 15 a 20 cm no mínimo), além de precisar de manutenção periódica e serem mais caros. Este tipo normalmente é instalado em superfícies sem declividade devido ao peso da cobertura, o qual pode ser superior a 120 kg/m². A cobertura intensiva exige cuidados posteriores como rega, uso de fertilizantes e poda. As coberturas ajardinadas intensivas formam uma proteção dos edifícios e construções afins, protegendo inclusive a impermeabilização de forma duradoura frente aos efeitos prejudiciais externos, formando uma camada térmica adicional, com a vantagem do belo efeito paisagístico. As coberturas ajardinadas intensivas apresentam condições de distribuição e aproveitamento comparadas as de qualquer jardim ao ar livre. O tipo extensivo necessita de pouco solo por comportar espécies rasteiras e gramados que necessitam de manutenção mínima. Eles também são mais baratos comparativamente, e podem ser instalados em superfícies com declividade por serem mais leves (VELAZQUEZ, 2005). Neste tipo de cobertura aplica-se uma vegetação que, após consolidada, não requer cuidados constantes ou especiais. A camada de substrato tem por volta de 10 cm ou menos, e as plantas são rasteiras como gramíneas. Necessitam de uma camada drenante e retentora de água a base de materiais pré-fabricados capazes de proporcionar tal efeito (eliminar a água que sobra e retornar com uma pequena quantidade capaz de proporcionar umidade à vegetação). Sobre esta camada, se não estiver incorporada, deverá aplicar-se uma capa filtrante. Empregam-se plantas (de tipo Sedum aromáticas e combinações de gramíneas) que são capazes de se adaptarem de forma satisfatória a secas extremas. OBJETIVOS Neste trabalho foram medidas as temperaturas internas de duas (2) caixas iguais de madeira com telhado inclinado de fibrocimento. Uma das caixas teve o telhado revestido com grama formando uma cobertura verde do tipo extensiva. O objetivo foi comprovar as vantagens térmicas do telhado verde em comparação com a caixa sem a eco-telha. O experimento foi realizado nas dependências da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão (Figura 1). 1
Figura1: UTFPR Campus Campo Mourão Caixa ao fundo representando um cômodo de uma casa com cobertura convencional e a mais a frente com o telhado verde. METODOLOGIA Para medição das temperaturas internas foram utilizados dois termômetros digitais MT-600 da marca Minipa (MINIPA, 2005). Cada termômetro funciona com 2 termopares do tipo K, um deles fixado à face interna da telha com pasta térmica, e o outro suspenso no interior para medição da temperatura (Figura 2). O MT-600 possui também a função de datalogger com capacidade para 10000 dados de temperatura. Os experimentos foram realizados em períodos corridos de uma semana em média, e os dados foram registrados a cada 15 minutos para captar a variação diária de temperatura. 2
Figura 2: UTFPR Campus Campo Mourão Fixação dos termopares para as medições nas caixas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na figura 3 estão mostradas as temperaturas internas nas duas caixas durante 3 dias. Para este experimento, apenas as telhas de cimento amianto foram utilizadas para verificar a consistência dos termopares em cada uma das caixas. Percebe-se que os valores medidos são os mesmos dentro da faixa de precisão dos termômetros. Estes resultados demonstram a similaridade das caixas e a qualidade das medições. 3
Figura 3. Superior: medições pelos termopares suspensos no interior das caixas. Inferior: medições pelos termopares fixados por pasta térmica. A precisão dos termômetros também é indicada conforme especificação técnica. A linha azul refere-se a uma das caixas, e a linha vermelha tracejada à outra. Os resultados do experimento principal mostram que há uma redução significativa na amplitude térmica quando o telhado verde é utilizado (Figura 4). Não só o uso da eco-telha reduziu as temperaturas máximas durante o dia, como também manteve o ambiente interno mais aquecido durante a noite. Embora seja um controle passivo do conforto térmico do ambiente, o uso de telhado verde mostrou-se eficiente para amenizar as temperaturas internas aqui medidas, e confirmou estudos similares realizados anteriormente (VECCHIA, 2005, BEYER, 2007). 4
Figura 4. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão, Comparação entre as temperaturas internas da telha. CONCLUSÕES O telhado verde apresenta vantagens em relação aos demais telhados no ambiente urbano. Ele diminui as enxurradas, suaviza o calor nas edificações durante o verão, e ameniza o frio durante o inverno (OLIVEIRA, 2009). Ele favorece a fauna, pois conserva o equilíbrio ecológico da área. Outra vantagem do telhado verde é a diminuição do gasto com energia usada em condicionadores de ar (DE MELLO et al., 2010). Esse tipo de cobertura pode ser aplicado em indústrias, residências, escritórios e outras propriedades. E além desses benefícios ele ainda deixa o telhado esteticamente muito bonito. De acordo com os resultados obtidos, podemos afirmar que o telhado verde contribui para o conforto térmico de um ambiente interno. Estudos em andamento irão investigar a relação entre a radiação solar e o fluxo de calor dentro das caixas, além de verificar se há diferenças no conforto térmico entre dois telhados verdes distintos. 5
AGRADECIMENTOS Ao Professor José Hilton Bernardino de Araújo, coordenador do curso de Tecnologia em Gerenciamento Ambiental, que autorizou a compra dos termômetros. À FUNTEF pela aquisição dos mesmos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEYER, P. O. Relatório Técnico: Medição do Desempenho Térmico de Eco-telhas. Laboratório de Vapor e Refrigeração. Departamento de Engenharia Mecânica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. DE MELLO, G. B. P., COSTA, M. D. P., ALBERTI, M. S., FILHO, R. D. G. F. Estudo da Implantação de um Telhado Verde na Faculdade de Engenharia Mecânica. Revista Ciências do Ambiente On-Line, p. 39-43, Dezembro 2010, Vol. 6, Número 2. MINIPA, 2005: Termômetro Digital MT-600. Manual de Instruções. 19 p. OLIVEIRA, E. W. N. Telhados verdes para habitações de interesse social: retenção das águas pluviais e conforto térmico. 2009. 87 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) Faculdade de Engenharia, Centro de Tecnologia e Ciências, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. VECCHIA, F. Cobertura Verde Leve (CVL): Ensaio Experimental. In: ENCAC ELACAC 2005, Maceió. Anais... Maceió: 2005. p. 2146-2155. VELAZQUEZ, L.S. Organic Greenroof Architecture: Sustainable Design for the New Millenium. Environmental Quality Management, Wiley Periodicals Inc., p.1-20, Summer 2005. 6