O BIBLIOTECÁRIO PESQUISADOR: UM ESTUDO COM TOPÔNIMOS TRANSPLANTADOS

Documentos relacionados
Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

ELEMENTOS DA TERMINOLOGIA TOPONÍMICA José Pereira da Silva (UERJ)

O ANDAMENTO DOS PROJETOS (ATAOB) ATLAS TOPO- NÍMICO DA AMAZÔNIA OCIDENTAL BRASILEIRA E (A- TEC) ATLAS TOPONÍMICO DO ESTADO DO CEARÁ

ESSE RIO É MINHA RUA: ESTUDO TOPONÍMICO DOS RIOS DE ANAJÁS

TOPONÍMIA AQUÁTICA DA REGIÃO DE BREVES: UM ESTUDO PRELIMINAR Nelenilson Castro da SILVA (G-UFPA) Profª Ma. Cinthia NEVES (UFPA)

ESTUDO ETNOTOPONÍMICO E HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE DIANOPÓLIS

ESTUDO TOPONÍMICO DAS ILHAS DO MUNICÍPIO DE BREVES-PA

TOPONÍMIA: análise de nomes de edifícios residenciais segundo a taxinomia de Dick

A TOPONIMIA HUMANA DA ZONA RURAL DE MUNICÍPIOS DA MICRORREGIÃO DE NOVA ANDRADINA/MS

O LÉXICO TOPONÍMICO MUNICIPAL DA MICRORREGIÃO DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS: MOTIVAÇÃO, FORMAÇÃO E ORIGEM. Pedro Antonio Gomes de MELO

OS QUILOMBOS REMANESCENTES DO TOCANTINS: ESTUDO DOS NOMES DAS COMUNIDADES COM FOCO NOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS E NAS PRÁTICAS CULTURAIS E HISTÓRICAS

XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

RECORTE REVISTA DE LINGUAGEM, CULTURA E DISCURSO Ano 5 Número 8 Janeiro a Junho de 2008 início

A TOPONÍMIA DA REGIÃO CENTRAL DE MINAS GERAIS

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

PARA A APLICAÇÃO DA TOPONÍMIA NA ESCOLA Alexandre Melo de Sousa (UFAC)

MELO (2015) dentre outros como referencial teórico para este trabalho. Sistematizados os dados

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos

As relações nominativas entre homem e paisagem e a influência do ciclo do ouro nas toponímias da baia de Paranaguá

TOPONÍMIA URBANA DE TRÊS LAGOAS MS: RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E CULTURA

A TOPONÍMIA URBANA DE APORÉ-GO: A DESIGNAÇAO COMO REFLEXO DE UM POVO

Projeto ATEMIG. Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais Faculdade de Letras da UFMG. Coord.: Profª. Dr.ªMaria Cândida Trindade Costa Seabra

LEVANTAMENTO DOS TOPÔNIMOS E PRODUÇÃO DE FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DO BICO DO PAPAGAIO, ESTADO DO TOCANTINS

MEMÓRIA ORAL E NARRATIVA NA CONSTRUÇÃO DOS NOMES DAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS DO TOCANTINS: MALHADINHA E REDENÇÃO

Patrícia Lucas (Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE) Márcia Sipavicius Seide (Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE)

ATLAS TOPONÍMICO DO TOCANTINS (ATT): CRIAÇÃO DE UM SOFTWARE PARA A CATALOGAÇÃO DOS DADOS DAS FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

TOPONÍMIA: TEORIA GERAL E ANÁLISE QUANTITATIVA DOS LITOTOPÔNIMOS DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL CATALOGADOS NO ATEMS

A TOPONÍMIA DA REGIÃO PARANAENSE DO NORTE PIONEIRO

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO TOPONÍMICO NO ENSINO DE GEOGRAFIA.

Considerações sobre a toponímia acreana: as marcas culturais deixadas pelos desbravadores nordestinos em nomes de seringais e colocações

DESCRIÇÃO ETIMOLÓGICA E CLASSIFICAÇÃO TAXIONÔMICA DOS NOMES DE LUGARES (TOPÔNIMOS) NAS CARTAS TOPOGRÁFICAS DA REGIÃO DO BICO DO PAPAGAIO

A ANTROPOTOPONÍMIA NA NOMEAÇÃO DOS LOGRADOUROS DO BAIRRO JOSÉ ABRÃO EM CAMPO GRANDE (MS): ALGUNS APONTAMENTOS

A INTER-RELAÇÃO HIDRONÍMIA E TOPONÍMIA: UM ESTUDO DE CASO

Geográfica. Perspectiva. Alexandre Melo de SOUSA

Introdução. 2 Graduado em Letras, Especialista em Ensino de Língua Portuguesa, Mestre em Linguística Aplicada ao

AS PRIMEIRAS FAZENDAS DE GADO DO PIAUÍ: UM RETRATO ONOMÁSTICO-TOPONÍMICO

A VEGETAÇÃO NA TOPONÍMIA SUL-MATO- GROSSENSE: UM ESTUDO PRELIMINAR NAS MICRORREGIÕES DE CAMPO GRANDE E DO ALTO TAQUARI

TOPÔNIMOS, NOMES DE ESCOLA E MEMÓRIA: O LÉXICO COMO REPERTÓRIO DO CONHECIMENTO CULTURAL

ESTUDO DOS NOMES DE LUGARES (ACIDENTES HUMANOS) E SUA RELAÇÃO COM O ENSINO DE HISTÓRIA EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

A RELIGIOSIDADE NA TOPONÍMIA DO OESTE PARANAENSE

Toponímia e memória: uma proposta de atividade para as aulas de Língua Portuguesa no Ensino Médio

MEMÓRIA ORAL E TOPONÍMIA DAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS DO TOCANTINS

26 a 29 de novembro de 2013 Campus de Palmas

A DISCRETA PRESENÇA AFRICANA NA TOPONÍMIA DA BAHIA

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

Analídia dos Santos Brandão * Celina Márcia de Souza Abbade ** 1. Introdução

ESTRATOS LINGÜÍSTICOS DE ORIGEM TUPI NA MACRO-

Palavras-chave: Anápolis (GO). Hodonímia. José de Alencar. Motivação Semântica. Parque Iracema. Onomástica.

Marcia Sipavicius Seide. Patrícia Lucas. Introdução

Interfaces. Um recorte do léxico toponímico indígena municipal alagoano: motivações toponímicas. Resumo. Abstract. Introdução. p.

OS NOMES DAS RUAS DA CIDADE DE ESTRELA-RS: UM ESTUDO HODONÍMICO THE NAMES OF STREETS IN THE TOWN OF ESTRELA-RS: A STUDY OF HODONYMY

ESTUDO TOPONÍMICO DOS MUNICÍPIOS BAIANOS: RESULTADO PRELIMINAR 1

Presença abençoada ou ausência sentida: a água na toponímia da Bahia

ATLAS TOPONÍMICO DO ESTADO DO MARANHÃO ATEMA: ESTUDOS PRELIMINARES DA MESORREGIÃO OESTE MARANHENSE

TOPONÍMIA INDÍGENA: UM ESTUDO LEXICAL DOS NOMES DE MUNICIPIOS ALAGOANOS DE ÉTIMO TUPI

TOPONÍMIA URBANA: NOMES DE RUAS DA CIDADE MINEIRA DE PONTE NOVA

AQUELE UM ESTUDO TOPONÍMICO DO PELOURINHO

A TOPONÍMIA DAS LOCALIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE DOURADOS (MS)

A TOPONÍMIA DA FRONTEIRA OESTE DO RIO GRANDE DO SUL: ASPECTOS LINGUÍSTICO-CULTURAIS

CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE TOPONÍMICA: OS NOMES DOS MUNICÍPIOS PARANAENSES

ESTUDO TOPONÍMICO DOS NOMES DE BAIRROS DE SÃO LUÍS/MA

A memória social na micro-toponímia de Pontes e Lacerda MT

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

MARILZE TAVARES TOPONÍMIA SUL-MATO-GROSSENSE: UM CAMINHAR PELAS MICRORREGIÕES DE DOURADOS, DE IGUATEMI E DE NOVA ANDRADINA

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO CAMPUS DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS, LETRAS E CIÊNCIAS EXATAS

A TOPONÍMIA PARANAENSE NA ROTA DOS TROPEIROS: CAMINHO DAS MISSÕES E ESTRADA DE PALMAS 1

DORACI DA LUZ GONSALVES UM ESTUDO DA TOPONÍMIA DA PORÇÃO SUDOESTE DE MATO GROSSO DO SUL: ACIDENTES FÍSICOS E HUMANOS

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

Os hodônimos da cidade de Lajeado-RS: sua natureza, suas interfaces The street names in the town of Lajeado-RS: its nature, its interfaces

PALAVRAS-CHAVE: Motivação. Nomeação. Variáveis culturais. Topônimos.

OS ZOOTOPÔNIMOS DE ORIGEM INDÍGENA DAS MICRORREGIÕES DE CASSILÂNDIA, PARANAÍBA E TRÊS LAGOAS - ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.

LEI Nº 6.745, DE

1648 a Historiografia Paranaense a sua relação com a Toponímia

CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS E SOCIOCULTURAIS DO LÉXICO GOIANO

Um País Chamado Brasil

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos

O mito paraupava na toponímia

SÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA: ESTUDO DOS TOPÔNIMOS DAS REGIÕES, MICRORREGIÕES E DA ZONA RURAL

OS NOMES DAS ESCOLAS DA CIDADE DE BENTO GONÇALVES:

TOPONÍMIA DO VALE DO CAÍ: UMA LEITURA DOS NOMES DAS CIDADES

Cadernos do CNLF, Vol. XIII, Nº 04

CASA REGIONAL DE MEMÓRIA: UM COMPLEXO MUSEÓLOGICO NA TRANSXINGU

Área Temática 15 Morfologia e suas interfaces

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS DCH I PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDO DE LINGUAGENS CLESE MARY PRUDENTE CORREIA

O PROBLEMA DAS TAXIONOMIAS TOPONÍMICAS. (Uma contribuição metodológica)

TOPONÍMIA, PODER E IDENTIDADE: UMA ABORDAGEM ACERCA DOS LOGRADOUROS CENTRAIS EM SÃO LUÍS, MARANHÃO

EDITAL 03/2019 SUBMISSÃO DE TRABALHOS (COMUNICAÇÕES) EM SIMPÓSIO TEMÁTICO I EHAP 2019

Taxionomias toponímicas e relações com a Terminologia. Toponymic taxonomies and relations with Terminology. Renato Rodrigues Pereira 1

TOPONÍMIA REFERENTE À FREGUESIA DE LAVEGADAS

Os nomes sagrados na toponímia mineira: estudo linguístico e cultural *

GEOGRAFIA 2013/2014 LOGO DOCENTE: PEDRO MOREIRA.

ADULTÉRIO ONOMÁSTICO EM ANGOLA: DISCUSSÃO À LUZ DOS DIREITOS LINGUÍSTICOS E CONVENÇÕES ORTOGRÁFICAS PÁG. 1 DE 8

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA

INTERFACE DOS ESTUDOS TOPONÍMICOS COM A LITERATURA EM IRACEMA DE JOSÉ DE ALENCAR

EDUCAÇÃO DO CAMPO E PESQUISA NO PARÁ: UM ESTUDO DOS GRUPOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO

Abordagem do Léxico Toponímico Municipal do Cuito da Província do Bié: Caso de Bairros, Comunas, Embalas e Aldeias

FATEC ARTHUR DE AZEVEDO MOGI MIRIM - SP CURSO DE TECNOLOGIA EM ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS COORDENAÇÃO DE ADS

REVISTA DO GEL. Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo

Transcrição:

O BIBLIOTECÁRIO PESQUISADOR: UM ESTUDO COM TOPÔNIMOS TRANSPLANTADOS GT5 Abordagem contemporânea RESUMO Maria Weilanny Pinheiro da Silva 1 Maria Odaisa Espinheiro de Oliveira² Apresenta um levantamento teórico sobre toponímia. Aborda o conceito e as maneiras de classificação, que neste caso usa-se a classificação taxonômica. Mostra a deficiência de materiais sobre esse assunto e a dificuldade de encontrá-lo seja em qualquer meio. Objetiva levantar a ideia de que este método é multidisciplinar e de suma importância para a preservação da memória documental e social da comunidade em que vivemos, e a necessidade da preservação da cultura local, que neste trabalho terá o enfoque das localidades de Altamira, Bragança e Cametá, no entanto, é importante ressaltar que a toponímia é um estudo existente em todo o Brasil, dessa forma o que foi usado aqui, também poderá ser usado nas narrativas de qualquer região. Tem como metodologia o levantamento teórico, baseados em autores renomados como: Vanderci de Andrade Aguilera e Maria Vicentina da Paula do Amaral Dick. Aborda os problemas e resultados da pesquisa, além de uma possível solução, que é a alimentação de uma base de dados, para que possa haver uma recuperação desses termos, e assim contribuir com a preservação da memória dos ambientes estudados. Palavras-chave: Toponímia. Memória. Preservação. ¹ Discente do curso de Biblioteconomia da Faculdade de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará, e-mail para contato weilanny@yahoo.com.br ou maria.silva@icsa.ufpa.br ² Coordenadora, Docente da Faculdade de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará, e-mail para contato Odaisa@ufpa.br 1

1 INTRODUÇÃO Desde 1998, o projeto intitulado Representação Simbólica das Narrativas Populares da Amazônia Paraense (RESNAPAP), sob orientação da Bibliotecária e professora Dra. Maria Odaisa Espinheiro de Oliveira, vem desenvolvendo estudos sobre a Amazônia paraense, visando elaborar uma linguagem de representação da cultura dessa região. O projeto trabalha com narrativas orais populares do acervo do projeto O Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense (IFNOPAP). Atualmente trabalha com a localização de informações toponímicas, encontradas nas narrativas. Devido à totalidade e grandiosidade da área escolhida para estudo, foi retirada uma amostra que foi definida como topônimos transplantados de origem portuguesa, diante disso, houve a necessidade de analisar, identificar e classificar os topônimos encontrados em Altamira, Cametá e Bragança, que são cidades da Amazônia paraense. Por inexistências de referências sobre topônimos nessa região, surgiu a necessidade de fazer um estudo sobre esse assunto, para que a comunidade soubesse o porquê da denominação do local onde moram, dessa maneira o bibliotecário pesquisador é de muita relevância já que o mesmo conhece meios para encontrar informações. Cabe à Toponímia estudar a procedência da significação dos nomes dos lugares, levando em consideração aspectos geo-históricos, socioeconômicos e antropo-linguísticos que tenham influenciado sua escolha. Assim, entendendo que o estudo toponímico de uma região exige, entre outras ações, o resgate da motivação existe por trás da escolha dos nomes. Diante disso vamos conhecer um pouco da história do nome escolhido para cada cidade que está incluída neste estudo conforme o Anuário do Pará: 1.1 Altamira Nome de origem portuguesa, em homenagem à cidade homônima, ou seja, existe uma cidade em Portugal que possui o mesmo nome, dessa maneira caracterizando o transplante do nome de um lugar para outro. 1.2 Cametá O nome tem origem tupi, em referência aos índios Camutá, que habitavam a região, onde hoje é localizada esta cidade. 2

1.3 Bragança Nome de origem portuguesa, em homenagem á cidade que possui o mesmo nome e que fica localizada em Portugal. 2 OBJETIVOS 2.1 Geral: Conhecer os topônimos transplantados de origem portuguesa que aparecem em narrativas recolhidas nas áreas de Altamira, Cametá, e Bragança que fazem parte da Amazônia paraense. 2.2 Específico: a) Levantar os topônimos transplantados de Origem portuguesa que aparecem nas narrativas recolhidas nas áreas de Altamira, Cametá, e Bragança que fazem parte da Amazônia paraense. b) Estudar os aspectos históricos e sociais dos topônimos transplantados. 3 JUSTIFICATIVA O presente trabalho visa contribuir para a construção de identificadores da realidade espacial de municípios paraenses, onde o projeto IFNOPAP recolheu as narrativas. Isso vem facilitara a identificação e localização das informações toponímicas, contidas nas narrativas, que por sua vez ajudará a mostrar as informações sócio-espaciais e culturais. A toponímia segundo Sousa (2007) é um dos ramos da onomástica que trata do estudo dos nomes próprios que designam lugares, no qual podemos constituir acidentes geográficos físicos e humanos, ou seja, a toponímia estuda a estrutura e a informação dos nomes designados a identificarem os lugares, motivados pelo homem ou natureza. Os nomes usados para identificar os acidentes geográficos são denominados de topônimos. Esses itens lexicais juntos com o próprio processo de nomeação constituem o objeto de investigação da Toponímia. Assim, para entender o objetivo desta pesquisa é 3

importante saber que os topônimos transplantados são identificadores geográficos que existem em um determinado espaço e que passa a integrar a nomenclatura de outra região qualquer, trazidas por imigrantes, ou influenciado por um mero mimetismo; é considerada uma parte da lingüística, com forte ligação a fatores históricos, geográficos e sociais. Os topônimos transplantados selecionados e enquadrados nessa pesquisa são nomes próprios referentes a acidentes geográficos contidos no País de Portugal, ou seja, topônimos transplantados de origem portuguesa, que passam a ser utilizados para nomear cidades, municípios, vilas e outros localizados na Amazônia paraense. Considera-se topônimo transplantado, de acordo com Dick (1990, p. 90), O designativo geográfico que existe como tal em um determinado espaço e que passa a integrar a nomenclatura de outra região qualquer, trazido pelo próprio povo que emigrou, ou influenciado por um mero mimetismo. Dessa maneira, a autora esclarece que o nome de cidade, por exemplo, pode ser migrada de um local para outro devido a mudança de seus moradores. Todas as informações, recolhidas e armazenas em planilhas serão usadas para a recuperação da informação, com a criação e funcionamento de uma base de dados, pois sua eficiência está intrinsecamente ligada com o êxito de um usuário localizar a informação desejada. Os sistemas de recuperação da informação têm em sua essência a busca pela organização e disponibilização da informação registrada em documentos de formatos impressos ou digitais. 4 REVISÃO DE LITERATURA p.181): A toponímia é responsável pelo estudo dos topônimos como afirma Dick (2002, O estudo da toponímia, como o concebemos, representa mais do que a busca etimológica da origem dos nomes inscritos em um determinado código lingüístico, principalmente quando procuramos parâmetros para uma abordagem contrastiva [ ] Dessa maneira, a importância do estudo da toponímia vai além do que podemos imaginar, as pesquisas sofrem com fronteiras políticas, afinal, as fronteiras geográficas nem 4

sempre são as linguísticas. Isto porque as influências de uma tipologia em um determinado espaço geográfico pode ser sentido em outro sem que o grupo de usuário possa perceber. A palavra topônimos vem do grego, onde topós significa lugar e ónoma significa nome, dessa maneira a palavra topônimo significa na sua essência nome de lugar. Para Aguilera (1999, p.125): O topônimo, entretanto, relaciona-se diretamente com os conceitos de homem e ambiente: é o homem quem denomina os acidentes geográficos que o rodeiam e certamente não o faz aleatoriamente, mas movido por alguma impressão sensorial e/ou sentimental que o comenta no momento da denominação [...] Diante disso, o autor expõe que a relação entre o homem e o ambiente é o ponto principal para o surgimento do topônimo, pois o homem tem a necessidade de nomear o ambiente físico-social que o cerca. Tendo a necessidade de organizar o conhecimento referente aos topônimos surgiram diversos sistemas de classificação. Sabendo que esta é uma das atividades fundamentais da área da Ciência da informação, observamos uma classificação taxonômica proposta por Dick (1987) e apresentada em sua obra Toponímia e Antroponímia no Brasil: coletânea de estudos, referentes à toponímia, sendo esta a mais aceita e servindo de base teórica ao logo desses anos. Esta classificação dividindo-se em dois grupos: as taxonomias de natureza física e as taxionomias de natureza antropo-cultural, onde organiza os topônimos de acordo com sua significação e etimologia. Segue abaixo a classificação taxonômica de Natureza Física de Dick: Astropônimos: esta taxe de topônimos é responsável aos estudos dos corpos celestes em geral. Cardinotopônimos: esta taxe é responsável pelas posições geográficas em geral. Cromotopônimos: esta taxe é responsável pelas escalas cromáticas. dimensiotopônimos: esta taxe é responsável pelas características geográficas dos acidentes geográficos: extensão, comprimento, largura, grossura, espessura, altura e profundidade. Fitotopônimos: esta taxe é responsável pelas índoles vegetais, sendo este individual, em conjunto da mesma espécie ou em espécies diferentes. Geomorfotopônimos: esta taxe é responsável pelas formas topográficas: elevações, montanhas, montes, morro, colina, coxilha, depressões de terrenos vales e baixadas, e as formações litorâneas costa, cabo, angra, ilha e porto. Hidrotopônimos: esta taxe é responsável pelos acidentes hidrográficos: água, rio, córrego, ribeirão, braço e foz. Litotopônimos: esta taxe é responsável pelas índoles minerais e constituições do solo, representados por indivíduos barro, barreiro e ouro conjuntos da mesma espécie ou de espécies diferentes. 5

Meteorotopônimos: esta taxe é responsável pelos fenômenos atmosféricos: vento, neve, chuva, trovão. Morfotopônimos: esta taxe reflete os sentidos das formas geométricas. Zootopônimos: esta taxe é responsável pelas índoles animais, sendo representada pelos animais domésticos, não domésticos e de mesma espécie Segue abaixo a classificação taxonômica de Natureza Antropo-cultural de Dick: Animotopônimos ou Nootopônimos: esta taxe esta relacionada à vida psíquica, a cultural espiritual, englobando todos os produtos, referente aos frutos do psíquico humano. Nesta taxe á a ausência da cultura física: vitória, triunfo, saudade, belo, feio. Antropotopônimos: esta taxe relaciona-se com os nomes próprios individuais: prenome, hipocorístico, prenome mais alcunha, apelidos de famílias e prenome mais apelidos de famílias. Axiotopônimos: esta taxe trata sobre os títulos e dignidades atribuídas aos nomes próprios individuais: presidente, duque, doutor, coronel, etc. Corotopônimos: esta taxe está relacionada a nomes de cidades, estados, países, regiões e continentes. Cronotoponimos: esta taxe está representa os topônimos relacionados aos indicadores cronológicos, sendo representada pelos adjetivos: novo, nova, velho e velha. Ecotopônimos: esta taxe seta relacionada as habitações de modo geral. Ergotoponimos: esta taxe está relacionada aos elementos da cultura material: flecha, jangada e relógio. Podemos incluir também os produtos manufaturados: farinha, pinga, vinho, óleo e azeite. Etnotopônimos: taxe relacionada aos elementos étnicos, individuais ou não: povos, tribos, castas. Dirrematopônimos: taxe constituída por frases ou enunciados lingüísticos. Hierotopônimos: esta taxe é relativa aos nomes sagrados de diferentes crenças religiosas, a efemérides religiosas, às associações religiosas e aos locais de culto: igreja, capela. Os hierotopônimos se dividem em duas categorias: hagiotopônimos e mitotopônimos. Hagiotopônimos: esse hierotopônimo está ligada aos santos e santas da igreja católica romana. Mitotopônimos: hiertopônimo relativo às entidades mitológicas: saci, curupira, jurupari e anhanga. Historiotopônimos: taxe relacionada aos movimentos histórico-culturais e seus respectivos membros, do mesmo modo as datas correspondentes. Hodotopônimos ou odotopônimos: taxe relacionadas às vias de comunicação rural ou urbana. Númerotopônimos: taxe relativa aos adjetivos numerais. Poliotopônimos: topônimos constituídos pelos vocábulos: vila, aldeia, cidade, povoado e arraial. Sociotopônimos: taxe referente às atividades profissionais, aos locais de trabalho e aos pontos de encontros dos membros de uma comunidade (largo, praça, páteo). Somatotopônimos: taxe de ralações metafóricas, à parte do corpo humano ou animal. 6

5 MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia consisti em um primeiro momento no levantamento bibliográfico para que possa orientar a parte teórica, no entendimento dos topônimos transplantados e os aspectos da informação. Em um segundo momento foi realizado o levantamento dos topônimos transplantados nas narrativas de Altamira, Cametá de Bragança. No terceiro momento foi feito um estudo histórico-social sobre a implantação desses topônimos na Amazônia paraense. Na quarta etapa mostrará a recuperação da informação na base de dados do projeto RESNAPAP. 6 RESULTADOS Com a leitura das narrativas orais da Amazônia paraense, e com o levantamento teórico feito no inicio da pesquisa, chegou-se ao resultado parcial de uma relação de topônimos transplantado de origem portuguesa, que foram identificados e definidos nas narrativas de Bragança, Cametá e Altamira. Para melhor organização na base de dados, foi elaborada uma planilha de campos, onde é realizado o levantamento dos termos, que posteriormente será utilizado para a recuperação da informação. Figura 1: Campos da Base de Dados 7

Fonte: Pesquisa RESNAPAP, 2011. a) Bragança DEFINIDOS NÃO DEFINIDOS Bragança Montenegro Maranhão Breves Senador Pinheiro OUTRAS LOCALIDADES ENCONTRADAS NAS HISTÓRIAS FORA DA AMAZÔNIA PARAENSE Quadro 1 - Resultados dos topônimos transplantados das narrativas orais de Bragança Fonte: Pesquisa RENASPAP, 2012 b) Das narrativas de Cametá foram encontrados os seguintes resultados. TOPÔNIMOS TRASPLANTADOS Quadro 2 Resultados dos topônimos transplantados das narrativas orais de Cametá. TOPÔNIMOS NÃO DEFINIDOS Melgaço Pará Jaburu Itapuco Faro Baião Terra alta Belém Fonte: Pesquisa RENASPAP, 2012 OUTRAS LOCALIDADES ENCONTRADAS NAS HISTÓRIAS FORA DA AMAZÔNIA PARAENSE c) Das narrativas de Altamira chegou-se a conclusão dos seguintes topônimos transplantados. Quadro 3 Resultados dos topônimos transplantados das narrativas orais de Altamira. TOPÔNIMOS TRANPLANTADOS TOPÔNIMOS NÃO DEFINIDOS Lagoa dos Patos Açaizal Ambé Brasília Belém Pará Epiti Surubim Óbidos Abaetetuba Maxipanú Porto de Móz Macapá Serra Pelada Altamira Marabá Oriximiná São Caetano de Odivelas OUTRAS LOCALIDADES ENCONTRADAS NAS HISTÓRIAS FORA DA AMAZÔNIA PARAENSE 8

Vitória Xingú Curuá Xingu Fonte: Pesquisa RENASPAP, 2012 do Os termos que foram retirados e identificados como topônimo transplantado de origem portuguesa seguem para a inserção na base de dados denominada Categoria Espacial (CATES), e posteriormente disponibilizada em meio eletrônico pelo site http://ufpa.br/biblio/resnapap/ e dessa forma a recuperação da informação e realizada com sucesso, fazendo com que o objetivo desse trabalho seja concluído. 4 DIFICULDADES Os principais contratempos encontrados foram a falta de materiais sobre o assunto, seja em meio impresso ou digital. Os materiais são escassos e a veracidade de autoria duvidosa. Algumas fontes não são confiáveis, assim, há um demora em selecionar as informações verídicas e autoria. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de todo material pesquisado e estudado, chegou-se a conclusão de que o caráter pluridisciplinar da toponímia é relevante e possui grande importância. Pois ela pode mostrar a história de um determinado grupo, o caráter físico-geográficas, a característica sócio-culturais, a particularidade lingüística, entre outros. Ou seja, a toponímia estabelece relação direta com o patrimônio cultural. E é exatamente nesse momento que a pesquisa feita chega ao seu auge, onde a relação entre os topônimos transplantados e os aspectos: físicogeográfico e sócio-histórico-cultural das localidades estudadas são descritos. O estudo feito com topônimos transplantados estabelece relação, também, com a biblioteconomia, no momento em que todos os dados são levantados e organizados, para que posteriormente possa ocorrer a recuperação da informação por meio da base de dados denominada CATES. 9

A pesquisa é de suma importância para a comunidade estudada, pois é diante de todos esses resultados mostrados que a área geográfica examinada poderá conhecer sua origem, tradição e cultura. 10

REFERÊNCIAS AGUILERA, Vanderci de Andrade. Taxionomia de topônimos: problemas sem solução? Signum: estudos linguísticos, Londrina, n. 2, p. 125-137, out. 1999. DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Toponímia e Antroponímia no Brasil: coletânea de estudo. São Paulo: [s.n.], 1987. DICK, Maria Vicentina da Paula do Amaral. A Motivação toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Arquivo do Estado, 1990.. Toponímia. Revista USP, São Paulo, n.56, p. 180-191, dez./fev. 2002-2003. JORNAL DIÁRIO DO PARÁ. Anuário do Pará: 2010-2011. Belém: 2010. v.1, n.1 SOUSA, Alexandre Melo de. Geografia e linguística: intersecções no estudo toponímico. Perspectiva Geográfica, Rio Branco, n. 3, p. 115-128, 2007. 11