MaCS/SiMCo - Marine and Coastal Systems Master Program. Teórica 2 Lecture 2

Documentos relacionados
ECOLOGIA MICROBIANA DOCENTES: Prof. Helena Galvão Prof. Margarida Reis (responsável) Mestrado (2º ciclo Bologna) em Biologia Molecular e Microbiana

TEÓRICA 12 DOCENTES: Prof. Helena Galvão (responsável componente teórico) Prof. Margarida Reis (componente prático)

DOCENTE: Prof. David Montagnes. University of Liverpool, U.K. Prof. Helena Galvão. Profª Helena Galvão F.C.M.A., Universidade do Algarve

Modelos de Funcionamento dos Ecossistemas Aquáticos

MaCS/SiMCo - Marine and Coastal Systems Master Program. Teórica 3 Lecture 32

TEÓRICA 16 E.T.A.R.s DOCENTES: Prof. Helena Galvão (responsável componente teórico) Prof. Margarida Reis (componente prático)

TEÓRICA 13 DOCENTES: Prof. Helena Galvão (responsável componente teórico) Prof. Margarida Reis (componente prático)

Variáveis reguladoras da produção primária

DOCENTES: Prof. Ana Barbosa

DOCENTES: Prof. Ana Barbosa

DOCENTE: Profª Helena Galvão D.C.T.M.A., Universidade do Algarve

CIÊNCIAS. Prof. Diângelo

NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ORGANISMO. POPULAÇÃO. COMUNIDADE. ECOLOGIA ECOSSISTEMA. CURSINHO 2018 BIOSFERA.

Ecologia: definição. OIKOS Casa LOGOS Estudo. Ciência que estuda as relações entre os seres vivos e desses com o ambiente.

Biodiversidade e Funcionamento de um Ecossistema Costeiro Subtropical: Subsídios para Gestão Integrada. BIOTA/FAPESP - Araçá

DOCENTES: Prof. David Montagnes DOCENTE: University of Liverpool, U.K. Prof. Helena Galvão Profª Helena Galvão F.C.M.A., Universidade do Algarve

Qual é o destino da MO?

Química das Águas - parte 3

BIOSFERA E SEUS ECOSSISTEMAS Cap.2

RELAÇÕES Todos os seres vivos estabelecem algum tipo de relação: habitat (local que vivem), alimentação, reprodução, proteção, etc.

Prof. Adriano S. Melo

PARTE I. Importância dos vírus no ecossistema marinho

Ecologia. Pirâmides Ecológicas Teias Alimentares. Conceitos Ecológicos Fundamentais. Cadeias Alimentares. Professor Fernando Stuchi

Diminuição dos carnívoros do mundo

Rede Trófica Microbiana Dr. José José Juan JJuan B arrera Barrera Alba Instituto Oceanográfico Instituto Oceanográfico--USP USP

TEIAS TRÓFICAS. Representações de cadeias tróficas

PROCESSO DE TRATAMENTO

BIOLOGIA. Ecologia I. Matéria e Energia nos Ecossistemas. Professora: Brenda Braga

Biologia. Cadeias e Teias Alimentares / Pirâmides Ecológicas. Professor Enrico Blota.

E E N R E GI G A E e x mplo d e t r t a r nsf s o f rm r açã ç o d e e nerg r ia

Bio. Monitor: Julio Junior

Tarefa 2 - Monitorização de nutrientes e atividade trófica na albufeira do Enxoé

Ecologia de ecossistemas: aula de revisão

Produtividade. Prof. Dr. Francisco Soares Santos Filho (UESPI)

SUSPENSIVORIA E SELECÇÃO DE ALIMENTO

Modelação do Ambiente Marinho

Sessão 2 quarta-feira 14h30 Sessão 3 sexta-feira 9h30 Sessão 4 sexta-feira 14h30. Edifício de Engenharia Biológica, Campus de Gualtar

Profª Priscila Binatto


RUMO PRÉ VESTIBULAR Apostila 1 Biologia B. Ecologia. Prof.ª Carol

ECOSSISTEMAS CARACTERÍSTICAS

Ciclos Biogeoquímicos

Profª Priscila Binatto

Profª Priscila Binatto

BIOLOGIA. Ecologia e ciências ambientais. Cadeias e teias alimentares. Professor: Alex Santos

Ervas marinhas: Ecologia e produção primária

Ecologia BIE210. A energia nos ecossistemas. A radiação solar.

Química das Águas - parte 3b

Processos Biológicos para a Remoção de Poluentes

Ecossistemas Biomas Ciclos Biogeoquímicos Alteração da qualidade das águas. Prof. Ms. Alonso Goes Guimarães

Ecologia. Fluxo de matéria e energia. Prof. Bruno Uchôa

Prof. Dr. Francisco Soares Santos Filho (UESPI)

Ecossistemas I. Umberto Kubota Laboratório de Interações Inseto-Planta Dep. Zoologia IB Unicamp. Produtividade secundária

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL HIDROLOGIA APLICADA

Fluxo de energia e ciclo da matéria - Introdução. Hélder Giroto Paiva - EPL

Microbiologia do Ambiente. Sistemas aquáticos

Aula 7 PRODUTIVIDADE DOS ECOSSISTEMAS

Microbiologia da água e ar. Everlon Cid Rigobelo

FACULDADE VÉRTICE CURSO AGRONOMIA MICROBIOLOGIA DO SOLO TEMAS: BIOTA E AGREGAÇÃO DO SOLO E OS PRINCIPAIS MICROORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA AGRÍCOLA

Ecologia I -Conceitos

Escola: Nome: Turma: N.º: Data: / / FICHA DE TRABALHO. salgada gasoso água subterrânea. 70% doce água superficial. sólido 30% líquido

Distribuição de carbono no planeta

1) Na teia alimentar esquematizada a seguir, identifique o nível trófico das algas, da tartaruga e do jacaré.

Componentes Estruturais. A Ecologia e sua Importância. Estudo das Relações dos Seres Vivos entre si e com o meio onde vivem

Ciências Naturais, 5º Ano. Ciências Naturais, 5º Ano FICHA DE TRABALHO FICHA DE TRABALHO

BIOLOGIA PROF(A). MARCUS ALVARENGA

Simulado Plus 1. PAULINO, W. R. Biologia Atual. São Paulo: Ática, (SOARES, J.L. Biologia - Volume 3. São Paulo. Ed. Scipione, 2003.

Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Processo de Seleção de Mestrado 2015 Questões Gerais de Ecologia

ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE BRAGANÇA. TRABALHO PRÁTICO Nº 6 MEIO ABIÓTICO - I Sistemas Lênticos Parâmetros físico-químicos

Matéria Orgânica nos Oceanos. 1. Origem e classificação

Ecossistema. Ecossistema. Componentes Abióticos. A Ecologia e sua Importância. Componentes Estruturais

Ciências Naturais 6º ano Lígia Palácio. Free Powerpoint Templates

RELATÓRIO DAS ACTIVIDADES

BIOLOGIA. Ecologia e ciências ambientais. Níveis de organização da vida. Professor: Alex Santos

ECOSSISTEMA. inseparavelmente ligados. Organismos vivos + Ambiente (abiótico) interagem entre si

Ecologia II Módulo «Ecossistemas aquáticos» Licenciatura em Ecoturismo Manuela Abelho Sector de Biologia e Ecologia

BIOLOGIA. Ecologia e ciências ambientais. Cadeias e teias alimentares - Parte 2. Professor: Alex Santos

Fluxos de Energia e de Materiais nos Ecossistemas

Ecologia Microbiana. Microbiologia do Solo. Microbiologia da Água

Composição da água do mar. Salinidade nos oceanos. Composição da água do mar. Vanessa Hatje. Média Hipersalinos S > 40. Hiposalinos S < 25

Ciências do Ambiente

Ecologia I -Conceitos

Ecologia II: Ecossistemas fluviais. Manuela Abelho 2012

Dinâmica dos Ecossistemas

FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA. Profa. Dra. Vivian C. C. Hyodo

Ecossistemas Cadeias Alimentares. Hélder Giroto Paiva Escola Portuguesa do Lubango

Purificação das águas: tratamento de esgoto

Oceanografia por Satélites

ECOLOGIA. Níveis de organização e. Conceitos básicos. Biologia 1ª série. Profª Reisila Mendes

FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC CENTRO DE ECAÇÃO SUPERIOR DO ALTO VALE DO ITAJAÍ CEAVI PLANO DE ENSINO

Esgoto Doméstico: Sistemas de Tratamento

CONCEITO DE SOLO CONCEITO DE SOLO. Solos Residuais 21/09/2017. Definições e Conceitos de Solo. Centro Universitário do Triângulo

Poluição & Controle Ambiental Aula 2 Poluição Aquática

ORGANISMOS E COMUNIDADES DE ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS CONTINENTAIS

Transcrição:

MaCS/SiMCo - Marine and Coastal Systems Master Program Dinâmica Trófica Marinha Marine Trophic Dynamics Docentes/lecturers: Helena Galvão Sofia Gamito Karim Erzini Teórica 2 Lecture 2

Importância da Teia Alimentar Microbiana A comunidade microbiana no meio ambiental (águas naturais, sedimentos, solos húmidos) é formada por grupos funcionais diferentes de microrganismos que interagem entre si mantendo um equílibrio ecológico dinâmico. Esta teia alimentar monopoliza grande parte do C fixado na camada de mistura nos oceanos e portanto é considerada como um sink ou sumidouro, no qual a matéria orgânica está continuamente em fluxo sendo incorporada e remineralizada, ficando muito pouco (< 5%) disponível para niveis tróficos superiores (metazoários) A ecologia microbiana assegura a auto-depuração do ambiente e a qualidade da água. O funcionamento das Estações de Tratamento de Águas Residuais (E.T.A.R.s) depende da depuração biológica assegurada pela teia alimentar microbiana detrítica.

Teia Alimentar Microbiana Principais Processos: Produção primária (fitoplancton/micro-algas) produz perdas sob forma de exsudações de matéria orgânica dissolvida (DOM); Bactérias incorporam este DOM lábil, principal fonte de alimento em águas e sedimentos naturais não-poluídos; Protistas predam bactérias e micro-algas; Predação de protistas sofre perdas (10% a 60% do carbono consumido) quando ingere presas sloppy-feeding ; Remineralização de matéria orgânica pelas bactérias e protistas produzem nutrientes inorgânicos dissolvidos; Micro-algas e bactérias competem na absorção de DIN; Senescência de microrganismos produz Matéria Orgânica Particulada (POM); Sedimentação deste POM principal fonte de alimento para organismos bentónicos, mas apenas ca. 1% sedimenta até ao fundo do oceano.

Modelos de Teias Alimentares Microbianas Teia alimentar detrítica: Microrganismos colonizam partícula em suspensão e cooperam na sua degradação/ remineralização Teia alimentar planctónica: Ca. 90% do C fixado pela fotossintese é remineralizado na camada de mistura, apenas 10 % atravessa o termoclina e ca. 1% chega ao sedimento.

Microbial loop (circuito microbiano) Fenchel (1987) O sloppy feeding de protistas fagotróficos produz DOM fechando o microbial loop Variações de populações de nanoflagelados e bactérias revelam relação predador-presa (Linmfjorden, Dinamarca; Fenchel 1982)

Microbial loop vs Microbial food web Microbial food web Setas tracejadas indicam fluxos de m.o. & setas contínuas fluxos de DIN (Sherr, 1988) Setas tracejadas indicam fluxos de matéria orgânica & setas contínuas fluxos de nutrientes inorgânicos dissolvidos-din (Ducklow, 1983) Microbial food web com inclusão de virus. Setas indicam transferência de matéria (Gobler, 1997)

DOC production & consumption in the microbial foodweb Relative contribution of planktonic microorganisms to total DOC production as % of 1ary Production (PP). N.B. Bacteria are not considered as DOC producers but as net DOC consumers. Protozoa are major producers of DOC through sloppy feeding and phytoplankton through exsudation. Viruses produce DOC through cell lyses. Relative uptake of organic C by different microorganisms (% PP). N.B. Major POC consumers are protozoa and main DOC consumers are bacteria. Viruses consume C when they replicate inside host cells. Total C consumed is higher than 100% due to continuous recycling within the foodweb.

Sedimentação de partículas/agregados nos oceanos a) Agregados com velocidades rápidas de sedimentação (ca. 100 m dia -1 ) atravessam termoclina intactos e transportam m.o. para zona meso- e batipelágica. b) Agregados com velocidades lentas de sedimentação (< 30 m dia -1 ) ficam retidos na camada de mistura e são completamente remineralizados pela teia laimentar detrítica acima do termoclina.

Comparação da produtividade da zona costeira e zona oceânica Zona Costeira (Prod. 1ária alta) Zona oceânica (Prod. 1ária baixa) Bloom fitopl. superficie Máximo de fitopl. termoclina Grazing acelerado Grazing reduzido Pelotas fecais sedimentam 1-5% biomassa fitopl.sedimenta Sedimentos anaeróbios Sedimentos aeróbios

Degradação de microalgas vs macrófitas Fitoplancton consumido e digerido directamente por protistas e metazoários filtradores» processo rápido e eficaz. Macrófitas devido a teor elevado de fibra vegetal refractária são fragmentadas por acção de bentos herbívoro, depois fibra vegetal é colonizada e degradada por microrganismos» processo lento e pouco eficaz.