REMOÇÃO DE COLIFORMES EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO. COMPARAÇÃO DE DIVERSOS MODELOS E PROPOSIÇÃO DE ABORDAGENS SIMPLIFICADAS.

Documentos relacionados
II AVALIAÇÃO E MODELAGEM DA REMOÇÃO DE DQO EM UM SISTEMA REATOR UASB LAGOA FACULTATIVA, EM ESCALA REAL

II A INFLUÊNCIA DO COMPORTAMENTO HIDRODINÂNICO NO DESEMPENHO DE UMA LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO FACULTATIVA

II-138 REMOÇÃO DE VIBRIO CHOLERAE 01 (ELTOR) E SALMONELA EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO EM SÉRIE, TRATANDO ÁGUAS RESIDUÁRIAS DOMÉSTICAS

EFEITO DE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E OPERACIONAIS NA CINÉTICA DE REMOÇÃO DE COLIFORMES FECAIS EM LAGOAS FACULTATIVAS SECUNDÁRIAS E DE MATURAÇÃO

II REVISÃO DO CRITÉRIO DA TAXA DE APLICAÇÃO SUPERFICIAL NO DIMENSIONAMENTO DE LAGOAS FACULTATIVAS

EFICIÊNCIA NA REMOÇÃO DE COLIFORMES FECAIS EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NA GRANDE VITÓRIA - ES

AVALIAÇÃO DE FATORES DE INFLUÊNCIA NA REMOÇÃO DE COLIFORMES EM UM SISTEMA CONSTITUÍDO DE REATOR UASB E DUAS LAGOAS DE POLIMENTO RASAS EM SÉRIE

MODELAGEM MATEMÁTICA DA REMOÇÃO BACTERIANA E DE OVOS DE HELMINTOS EM UM SISTEMA REATOR UASB / LAGOA FACULTATIVA, EM ESCALA REAL

LAGOAS DE POLIMENTO. Prof. Ricardo Franci Gonçalves, D.Ing.

DESEMPENHO DO SISTEMA DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DE MARACANAÚ

DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE DEGRADAÇÃO (K) DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO PARA DEJETOS SUÍNOS

II AVALIAÇÃO DA TAXA DE DECAIMENTO DE COLIFORMES FECAIS NO SISTEMA DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DE PONTA NEGRA NATAL/RN

II-140 COMPORTAMETO DE LAGOAS FACULTATIVAS SECUNDÁRIAS NO TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DOMÉSTICAS

EFICIÊNCIAS DE REMOÇÃO DE CARGA ORGÂNICA POR LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

SUMÁRIO. PARTE A CONCEITOS BÁSICOS E ESTUDOS DE CARACfERIZAÇÃO. CAPÍTULO 1 Introdução. Marcos von Sperling 1.1. PRELIMINARES 21

Tema Central: "A crise da água e suas consequências no século XXI"

LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

ETE SAMAMBAIA - DOS PROJETOS À PRÁTICA DOS NOVOS CONCEITOS NO PROCESSO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS POR LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

10 Lagoas de estabilização

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE CHICANAS NO DESEMPENHO DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS.

CARACTERÍSTICAS DO LODO ACUMULADO EM UMA LAGOA CHICANEADA TRATANDO EFLUENTES DE UM REATOR UASB

AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO LONGITUDINAL DE OD E DBO EM LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO

VERIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE DBO NA LAGOA FACULTATIVA DA ETE DE AQUIRAZ/CE

II-034 EFEITO DE CHICANAS NO DESEMPENHO DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental II-288 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DA DBO EM UM SISTEMA DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE WETLANDS CONSTRUÍDOS E DE OUTROS SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

MODELAGEM MATEMÁTICA DA RELAÇÃO ENTRE DBO TOTAL E DBO SOLÚVEL VERSUS A TAXA DE APLICAÇÃO SUPERFICIAL, EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

PRODUÇÃO DE LODO EM UM REATOR ANAERÓBIO DE FLUXO ASCENDENTE E MANTA DE LODO. Oliva Barijan Francisco Paulo, Roberto Feijó de Figueiredo*

VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental II INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE EM UM SISTEMA DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

GERAÇÃO DE ODOR EM LAGOAS ANAERÓBIAS: UM ESTUDO DE CASO

Lagoa facultativa primaria no nordeste do Brasil: interferência da sedimentação e do acúmulo de lodo na eficiência de remoção da matéria orgânica

II-257 CONDIÇÕES DE MISTURA, OXIGENAÇÃO E DESEMPENHO DE UMA LAGOA AERADA DE MISTURA COMPLETA

Avaliação do Potencial e da Capacidade de Desnitrificação em Sistema Pós-D de Tratamento de Esgoto

USO DE MODELOS HIDRODINÂMICOS EM BIOFILTROS SUBMERSOS AERADOS

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS CINÉTICOS E HIDRÁULICOS EM TANQUES SÉPTICOS RETANGULARES DE CÂMARA ÚNICA

RECURSOS HÍDRICOS AVALIAÇÃO DA EXTENSÃO DE ZONAS DE MISTURA DE EFLUENTES PARA A PORÇÃO SUPERIOR DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTA MARIA DA VITÓRIA

Número de dispersão em lagoas de maturação

DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE PARA DIMENSIONAMENTO DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO ANAERÓBIA SEGUIDA DE FACULTATIVA E FACULTATIVA

Análise do desempenho de sistema integrado, enfatizando lagoa de polimento, tratando efluentes domésticos em condições de variações de temperatura

atament simplificado, possibilitando

atament simplificado, possibilitando

II DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE REAERAÇÃO DE CURSOS D ÁGUA (K 2 ) UTILIZANDO FÓRMULAS EMPÍRICAS

II REMOÇÃO DE AMÔNIA EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO - CALIBRAÇÃO DO MODELO DE PANO E MIDDLEBROOKS

Eixo Temático ET Tratamento de Efluentes Sanitários e Industriais

CORRELAÇÃO ENTRE DBO E DQO EM ESGOTOS DOMÉSTICOS PARA A REGIÃO DA GRANDE VITÓRIA - ES

Poluição Ambiental. Autodepuração dos corpos d água. Prof. Dr. Antonio Donizetti G. de Souza UNIFAL-MG Campus Poços de Caldas

II LAGOAS DE POLIMENTO PARA O PÓS TRATAMENTO DE ESGOTO DIGERIDO PARTE 2: REMOÇÃO DE PATÓGENOS

IV YOSHIDA BRASIL 1 REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA E FÓSFORO DE EFLUENTE DE TRATAMENTO ANAERÓBIO POR PROCESSO FÍSICO-QUÍMICO

II-015 APLICAÇÃO DE MODELO MATEMÁTICO PROBABILÍSTICO EM UM SISTEMA DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO DE PALMAS TO

LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO. Professor Gino Gehling

ESGOTAMENTO SANITÁRIO AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE DQO EM SISTEMA ANAERÓBIO-AERÓBIO, NO TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO.

I-240 UTILIZAÇÃO DO MODELO DE HAARHOFF (1998) NO DIMENSIONAMENTO DE FLOCULADORES HIDRÁULICOS

Processos Biológicos para a Remoção de Poluentes

II EFICIÊNCIA NO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE FÁBRICA DE PAPEL POR LAGOAS E RESERVATÓRIO DE ESTABILIZAÇÃO

II-095 LODO RESIDUAL EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO TRATANDO ÁGUAS RESIDUÁRIAS DOMÉSTICAS II LAGOAS FACULTATIVAS PRIMÁRIAS

Aula Prática - 1 Obtenção de Dados Cinéticos para projeto de reator

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS (LOB1225) G Aula 12 Tratamento secundário de esgotos Lagoas aeradas

II-262 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DA CONSTANTE CINÉTICA EM FUNÇÃO DOS DIFERENTES REGIMES HIDRÁULICOS

VARIAÇÕES DE CARGAS HIDRÁULICAS E ORGÂNICAS EM REATORES UASB

II TRATAMENTO DE DEJETOS DE SUINOS EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO. POTENCIAL E LIMITAÇÕES

Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.6, p , 2009

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE LAGOAS DE POLIMENTO

II ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS DE SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTO PARA OS MUNICÍPIOS DE MS.

Ciências do Ambiente

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

PROJETO CIVIL / HIDRÁULICO DO SISTEMA DE TRATAMENTO

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DA CODISPOSIÇÃO DE LODO SÉPTICO EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERROS SANITÁRIOS

Desempenho operacional de lagoas de estabilização do estado de Goiás, Brasil. Susane Campos Mota Angelim, SANEAGO Eraldo Henriques de Carvalho, UFG

Sistemas sustentáveis de esgotos - 3ª ed.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PESQUISAS HIDRÁULICAS DEPARTAMENTO DE OBRAS HIDRÁULICAS

II REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA E SÓLIDOS EM SUSPENSÃO EM LAGOAS DE POLIMENTO TRATANDO EFLUENTES DE REATORES UASB

II-038 ANÁLISE MULTIVARIADA DE DADOS DE OPERAÇÃO DE UMA SÉRIE DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO PROFUNDAS TRATANDO ESGOTO DOMÉSTICO NO NORDESTE DO BRASIL

VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE NUTRIENTES, EM TRÊS SISTEMAS DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Eficiência de lagoas de polimento no pós-tratamento de reator UASB no tratamento de águas residuárias de suinocultura

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS COMBINADAS (DESPEJOS DOMÉSTICOS E EFLUENTES INDUSTRIAIS) UTILIZANDO LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO EM ESCALA REAL

II AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO OPERACIONAL DE UMA ETE EM ESCALA REAL, COMPOSTA DE REATOR UASB SEGUIDO DE LAGOA DE POLIMENTO

CAPÍTULO 1 CARACTERÍSTICAS DOS ESGOTOS SANITÁRIOS... 19

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS EM MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO NORTE

II UTILIZAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE ALGAS COMO PARÂMETRO PARA ESTIMATIVA DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

MODELAGEM DE REATORES UASB EM ESCALA REAL EM REGIÕES DE CLIMA SEMIÁRIDO

AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA EM DIVERSOS SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTO OPERANDO EM ESCALA REAL

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO DESEMPENHO DE REATORES DE FLUXO CONTÍNUO E EM BATELADA NO TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL UTILIZANDO O SOFTWARE LIVRE PYTHON.

I-062 AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE MODELOS CINÉTICOS NA PREVISÃO DA DESINFECÇÃO DE ÁGUA COM CLORO

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

II MODELO DE DISTRIBUIÇÃO DA CAMADA DE LODO EM LAGOA FACULTATIVA

I-123 INFLUÊNCIA DA VAZÃO NO DESEMPENHO DO PROCESSO DE DESINFECÇÃO EM UNIDADES DE FLUXO CONTÍNUO

I REMOÇÃO DE ASCARIS LUMBRICOIDES E TRICHURIS TRICHIURA EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

USO DE FILTROS BIOLÓGICOS ANAERÓBIOS NO TRATAMENTO DO EFLUENTE DE UMA LAGOA DE MATURAÇÃO PRIMÁRIA

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

II CARACTERÍSTICAS DOS ESGOTOS AFLUENTES A 206 ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS EM OPERAÇÃO NO PAÍS

See discussions, stats, and author profiles for this publication at:

INFLUÊNCIA DA VAZÃO NO DESEMPENHO DO PROCESSO DE DESINFECÇÃO EM UNIDADES DE FLUXO CONTÍNUO.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

Helio Remião Gonçalves Diego Altieri Luiz Olinto Monteggia Larissa Pingnet Santos Diego Oliveira

I PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTES DE REATORES ANAERÓBIOS EM LAGOAS DE ALTA TAXA DE PRODUÇÃO DE ALGAS

ASOCIACIÓN INTERAMERICANA DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL AIDIS

Química Ambiental Aula 5 Química das águas Parte 3b Antonio Pedro Guimarães Departamento de Química

II AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO E VIABILIDADE DOS OVOS DE ASCARIS LUMBRICOIDES PRESENTES NO LODO DE LAGOAS DE POLIMENTO

Transcrição:

REMOÇÃO DE COLIFORMES EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO. COMPARAÇÃO DE DIVERSOS MODELOS E PROPOSIÇÃO DE ABORDAGENS SIMPLIFICADAS. von Sperling Marcos Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental Universidade Federal de Minas Gerais Av. Contorno 842-7 o andar 311-6 - Belo Horizonte - BRASIL Tel: (55-31) 238-1884; Fax: (55-31) 238-1879 RESUMO A modelagem da remoção de coliformes em lagoas facultativas e de maturação tem sido tradicionalmente feita empregando-se o modelo de mistura completa, independente da configuração geométrica da lagoa. Em lagoas predominantemente alongadas ou com chicanas, tal abordagem pode conduzir a consideráveis desvios ao se determinar o coeficiente de remoção bacteriana (Kb). O presente trabalho utiliza dados de 14 lagoas no nordeste do Brasil. São efetuadas comparações entre os modelos de mistura completa e de fluxo disperso. Para o modelo de fluxo disperso, comparam-se também duas formulações simplificadas para a estimativa do número de dispersão, baseadas em Agunwamba et al (1992) e Yanez (1993). As conclusões obtidas são: (a) as relações geométricas das lagoas têm influência na remoção de coliformes; (b) o modelo de fluxo disperso conduz a uma estimativa da remoção de coliformes bem melhor que a do modelo de mistura completa; (c) a formulação simplicada de Yanez conduz a resultados equivalentes à da formulação mais avançada de Agunwamba et al, para a estimativa do número de dispersão, sendo necessário apenas o conhecimento da relação comprimento/largura da lagoa; (d) o coeficiente Kb foi relacionado à profundidade da lagoa através da seguinte equação: Kb=,72.H -,96 ; (e) a previsão da eficiência da remoção de coliformes das lagoas facultativas e de maturação utilizando-se o modelo de fluxo disperso pode ser feita tendo por base apenas dados de comprimento, largura e profundidade da lagoa, vazão e temperatura do líquido. Palabras clave: lagoas facultativas, lagoas de maturação, patogênicos, coliformes, decaimento bacteriano INTRODUÇÃO A remoção de patogênicos é um dos principais objetivos buscados nos sistemas de tratamento de esgotos por lagoas de estabilização. A modelagem do decaimento bacteriano nas lagoas é importante, para que se possa estimar a concentração de coliformes efluente do sistema de tratamento, permitindo a avaliação da sua qualidade em termos da legislação e de seus possíveis usos, tais como irrigação, aquicultura, recreação, abastecimento e outros. O decaimento bacteriano é usualmente modelado através da cinética de primeira ordem. A concentração efluente de coliformes é função ainda da configuração da lagoa, representada por um dos seguintes modelos hidráulicos: fluxo em pistão, lagoas em série, fluxo disperso e mistura completa. Em função dos diversos regimes hidráulicos, tem-se as fórmulas para a determinação da contagem de coliformes no efluente da lagoa de maturação (Quadro 1) (von Sperling, 1996a).

Quadro 1. Fórmulas para o cálculo da contagem de coliformes efluentes N Regime hidráulico Fórmula da concentração efluente de coliformes (N) Equação Fluxo em pistão Mistura completa (1 célula) Mistura completa (células iguais em série) Fluxo disperso N = N e b (1) N N = 1+ K.t (2) -K.t b N N = (1+ K. t n ) b 1/2d n (3) 4ae N = N. 2 a/2d 2 a/2d (1 + a ) e (1 a ) e (4) a = 1 + 4 K.t.d b N o = contagem de coliformes no afluente (org/1 ml) N = contagem de coliformes no efluente (org/1 ml) K b = coeficiente de decaimento bacteriano (d -1 ) t = tempo de detenção (d) n = número de lagoas em série (-) d = número de dispersão = D/U.L = D.t/L 2 (adimens.) D = coeficiente de dispersão longitudinal (m 2 /d) U = velocidade média de percurso no reator (m/d) L = comprimento do percurso longitudinal no reator (m) O modelo de mistura completa tem sido mais frequentemente utilizado para representar o regime hidráulico de lagoas de maturação. No entanto, a premissa da existência de um regime de mistura completa ideal é apenas parcialmente cumprida em reatores que possuam uma relação comprimento/largura (L/B) não muito diferente de 1. Em lagoas facultativas, esta relação frequentemente situa-se entre 2 e 4 (EPA, 1983). Em lagoas de maturação, devido à necessidade de elevadíssimas eficiências de remoção de patogênicos, o projetista normalmente tem duas opções: adotar uma série de lagoas ou adotar uma lagoa única com uma elevada relação L/B, conseguida através do emprego de chicanas. Em assim sendo, a consideração de reatores ideais de mistura completa afasta-se frequentemente da realidade. Nestas condições, deve-se utilizar o modelo hidráulico de fluxo disperso para modelar a remoção de coliformes na lagoa. Na modelagem do decaimento bacteriano, a determinação do coeficiente de decaimento (K b ) assume fundamental importância. Apesar das considerações relativas à maior aplicabilidade do regime de fluxo disperso, tem-se observado que frequentemente os pesquisadores tem estimado o coeficiente K b assumindo o modelo de mistura completa, independentemente da configuração geométrica da lagoa. Para uma dada eficiência de remoção, o cálculo de K b segundo o modelo de mistura completa forçosamente leva a uma superestimação do seu valor, comparado ao obtido através do modelo de fluxo disperso, pelo fato do modelo de mistura completa estar implicitamente associado a menores eficências de remoção (o que força a elevação de K b, para compensar a subestimação obtida pela fórmula). Trabalhos recentes de Pearson et al (1995) e de Oragui et al (1995), baseados no modelo de mistura completa, concluem pela reduzida influência das relações geométricas da lagoa na remoção de coliformes. De forma a avaliar estas afirmativas aparentemente opostas à teoria da hidráulica de reatores, o presente trabalho utiliza os mesmos dados das duas referências acima, obtidos em 14 lagoas no nordeste do Brasil. O objetivo principal do trabalho é efetuar comparações entre os modelos de mistura completa e de fluxo disperso. Para o modelo de fluxo disperso, comparam-se duas formulações simplificadas para a estimativa do número de dispersão, baseadas em Agunwamba et al (1992) e Yanez (1993). O trabalho objetiva ainda avaliar a relação entre o coeficiente K b e a profundidade da lagoa, obtendo equações representativas para esta relação. Utilizando-se destas equações, procura-se estimar a eficiência de remoção de coliformes segundo cada um dos modelos hidráulicos, permitindo a comparação da adequabilidade de cada um. A abordagem

buscada é essencialmente simples, visando a utilização do modelo de fluxo disperso com poucos dados de entrada, todos de fácil utilização. METODOLOGIA Os dados utilizados no presente trabalho foram extraídos de Pearson et al (1995) e Oragui et al (1995), referentes a uma série de lagoas localizadas no estado da Paraíba, nordeste do Brasil (latitude 7 o Sul). O sistema compreende 14 lagoas, na seguinte sequência: 2 lagoas anaeróbias em paralelo (não incluídas no estudo) 5 lagoas facultativas em paralelo (lagoas F21 a F25) 1 lagoa de maturação (M15) 5 lagoas de maturação (M16 a M2) 3 lagoas de maturação em paralelo (M21, M22 e M24) As lagoas possuem relações L/B variando na ampla faixa de 1/1 até 142/1. Foram realizados dois experimentos, o primeiro com uma vazão afluente ao sistema de 4 m 3 /d (Pearson et al, 1995), e o segundo com a vazão afluente dobrada, ou seja, igual a 8 m 3 /d (Oragui et al, 1995). As relações geométricas e os principais dados operacionais encontram-se apresentados no Quadro 2. A temperatura média do líquido no período de estudo foi de 25 o C. A estimativa do Número de Dispersão para o modelo de fluxo disperso foi efetuada utilizando-se as seguintes duas fórmulas empíricas: Agunwamba et al (1992), fórmula original simplificada pelo autor: B + H t H H + H B d = 12 3.( 2. ).. υ, 41 (, 981 1, 385. / ),.( ).( ).( ) (5) 4. L. B. H L B Yanez (1993) ( L / B) d =, 261 +, 254.( L / B) + 1, 14.( L / B) 2 (6) onde: L = comprimento da lagoa (m) B = largura da lagoa (m) H = profundidade da lagoa (m) t = tempo de detenção (d) ν = viscosidade cinemática da água (m 2 /d) (,87 m 2 /d para T=2 o C e,77 m 2 /d para T=25 o C) DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE K b SEGUNDO OS DISTINTOS MODELOS Para o modelo de mistura completa, os valores de K b foram calculados através de mero rearranjo da Equação 2 para mistura completa: K b = [(N o /N)-1]/t. Para o modelo de fluxo disperso, K b foi calculado por iteração por tentativa e erro, utilizando-se a Equação 4, e tendo por base os valores de t e d (este calculado através das Equações 5 e 6), até que se alcançasse a mesma eficiência de remoção obtida nos experimentos. Os valores de K b foram posteriormente corrigidos para a temperatura de 2 o C, utilizando-se o valor do coeficiente de temperatura θ = 1,7 (Yanez, 1993). O Quadro 3 apresenta os valores de K b de cada lagoa, determinados nos experimentos 1 (K b1 ) e 2 (K b2 ), bem como a relação K b1 /K b2, para cada um dos modelos considerados.

Experimento Lagoa Quadro 2. Principais dados das lagoas utilizadas no presente estudo Posição L B H Q t L/B Eficiência na série (m) (m) (m) (m 3 /d) (d) (%) 1 F21 2 12,9 2, 1, 8, 3,2 6,5 85,71 F22 2 12,9 2, 1,33 8, 4,3 6,5 87,81 F23 2 12,9 2, 1,67 8, 5,4 6,5 87,91 F24 2 12,9 2, 2, 8, 6,5 6,5 89,77 F25 2 4,9 4,9 2, 8, 6, 1, 87,44 M15 3 17,35 8,8 1, 4, 3,8 2, 97,31 M16 4 1,4 3,75,9 5, 7, 2,8 97,7 M17 4 1,4 3,75,64 5, 5, 2,8 97,11 M18 4 1,4 3,75,39 5, 3, 2,8 96,83 M19 4 1,4 3,75,39 5, 3, 2,8 97,37 M2 4 1,4 1,3,39 5, 1,1 8, 93,27 M21 5 8,45 3,7,6 3,75 5, 2,3 94,73 M22 5 8,45 3,7,6 3,75 5, 2,3 93,69 M24 5 66,76,47,6 3,75 5, 142, 97,56 2 F21 2 12,9 2, 1, 16, 1,6 6,5 53,38 F22 2 12,9 2, 1,33 16, 2,1 6,5 57,85 F23 2 12,9 2, 1,67 16, 2,7 6,5 66,28 F24 2 12,9 2, 2, 16, 3,2 6,5 64,36 F25 2 4,9 4,9 2, 16, 3, 1, 65,41 M15 3 17,35 8,8 1, 8, 1,9 2, 87,88 M16 4 1,4 3,75,9 1, 3,5 2,8 91,82 M17 4 1,4 3,75,64 1, 2,5 2,8 94,34 M18 4 1,4 3,75,39 1, 1,5 2,8 88,89 M19 4 1,4 3,75,39 1, 1,5 2,8 84,26 M2 4 1,4 1,3,39 1,,5 8, 78,78 M21 5 8,45 3,7,6 7,5 2,5 2,3 92,43 M22 5 8,45 3,7,6 7,5 2,5 2,3 96,69 M24 5 66,76,47,6 7,5 2,5 142, 99,9 Lagoas F21 a F25: lagoas facultativas; lagoas M15 a M24: lagoas de maturação. L = comprimento; B = largura; H = profundidade; Q = vazão afluente a cada lagoa; t = tempo de detenção hidráulica; L/B = relação comprimento/largura; Eficiência: eficiência na remoção de coliformes fecais, calculada a partir dos dados fornecidos por Pearson et al (1995) e Oragui et al (1995). Fonte: Pearson et al (1995) e Oragui et al (1995) Observa-se que, no caso do modelo de mistura completa, os valores de K b nos experimentos 1 e 2 (K b1 e K b2 ) em que se teve uma duplicação da vazão, são bastante diferentes entre si. A média da relação K b1 /K b2 é de 1,8, bastante superior a 1,, apresentando ainda um elevado desvio padrão. Já para o modelo de fluxo disperso, nota-se que, com poucas exceções, os valores de K b obtidos nos experimentos 1 e 2 não são muito diferentes entre si. Na maior parte dos casos, K b1 / K b2 situa-se relativamente próximo a 1,. Para o modelo com Número de Dispersão segundo Yanez (1993), a média da relação K b1 / K b2 é de,98, com desvio padrão de,35. Os resultados com o modelo com Número de Dispersão segundo Agunwamba et al (1992) são também bons (média de,89 e desvio padrão de,32). Tal fato pode ser interpretado como um bom indicativo da adequabilidade do modelo de fluxo disperso. O fato do modelo de fluxo disperso calculado com o Número de Dispersão segundo Yanez (1993) ter dado ótimos resultados é bastante interessante, considerando-se a maior simplicidade da fórmula de Yanez (Equação 6) comparada à fórmula de Agunwamba et al (Equação 5). Na fórmula de Yanez, o Número de Dispersão é calculado simplesmente através da relação L/B, facilitando a sua utilização para projetos, em que pode não se ter as outras informações necessárias para a fórmula de Agunwamba et al.

/K Quadro 3. Valores de K b obtidos segundo os modelos de mistura completa e de fluxo disperso, para os dois experimentos (T=2 o C). Lagoa H L/B Mistura completa Fluxo disperso (d segundo Agunwamba et al) Fluxo disperso (d segundo Yanez) Exper. 1 Exper. 2 K b1 Exper. 1 Exper. 2 K b1 /K b2 Exper. 1 Exper. 2 K b1 /K b2 K b1 K b2 b2 K b1 K b2 K b1 K b2 F21 1, 6,5 1,33,51 2,62,49,36 1,35,52,36 1,43 F22 1,33 6,5 1,2,46 2,63,4,32 1,24,43,32 1,33 F23 1,67 6,5,96,52 1,85,31,31 1,,34,33 1,4 F24 2, 6,5,97,4 2,43,28,24 1,15,31,26 1,22 F25 2, 1,,83,45 1,84,41,36 1,16,5,36 1,37 M15 1, 2, 6,74 2,71 2,49 1,36 1,35 1,1 1,48 1,33 1,11 M16,9 2,8 4,31 2,28 1,89,6,75,8,76,83,91 M17,64 2,8 4,8 4,76 1,1,77 1,27,61,96 1,43,68 M18,39 2,8 7,16 3,75 1,91 1,2 1,43,84 1,52 1,58,96 M19,39 2,8 8,66 2,51 3,45 1,28 1,14 1,13 1,64 1,25 1,31 M2,39 8, 9,38 5,2 1,87 2,25 2,44,92 2,35 2,42,97 M21,6 2,3 2,56 3,48,74,61 1,11,55,78 1,28,61 M22,6 2,3 2,12 8,33,25,57 1,64,35,71 1,95,37 M24,6 142, 5,68 31,9,18,53 1,35,39,54 1,38,39 Média 1,8,89,98 Desvio padrão,95,32,35 Coef.variação.,53,35,36 Mínimo,18,35,37 Máximo 3,45 1,35 1,43 Experimento 1: Vazão afluente ao sistema: 4 m 3 /d; Experimento 2: Vazão afluente ao sistema: 8 m 3 /d Deve-se destacar ainda a maior adequabilidade do modelo de fluxo disperso para lagoas com elevada relação L/B. A lagoa de maturação M24 possui a relação L/B igual a 142, tendendo ao fluxo em pistão. Caso se calcule K b segundo o modelo de mistura completa para esta lagoa, tal como efetuado por Oragui et al (1995) e Pearson et al (1995), obtém-se um elevadíssimo valor de K b (no caso, 5,68 e 31,9, para os experimentos 1 e 2, respectivamente). Tais valores de K b, caso utilizados em outras lagoas com menor relação L/B, como o são a maioria, levarão a valores bastante superestimados da eficiência de remoção de coliformes. Ao se adotar o modelo de fluxo disperso, obtém-se valores de K b coerentes e da mesma ordem de grandeza que os das demais lagoas, como seria de se esperar. De fato, na realidade, K b depende apenas da reação de decaimento bacteriano, e não do tipo de reator. RELAÇÃO ENTRE K b E A PROFUNDIDADE O segundo objetivo do presente trabalho é o de verificar a possível relação entre o coeficiente K b e a profundidade das lagoas. Sabe-se que alguns dos principais mecanismos de remoção de patogênicos estão associados à profundidade da lagoa (radiação solar e ph/fotossíntese). A verificação efetuada neste item vem de encontro a uma questão formulada por Oliveira et al (1995), ao interpretar dados de outras 1 lagoas na Paraíba: a profundidade da lagoa influencia o valor da constante de remoção de coliformes fecais?. Trabalhos de Catunda et al (1994), também com lagoas da Paraíba, indicaram a existência de uma relação, não quantificada, entre K b e H. Em ambos estes trabalhos, K b havia sido determinado segundo o modelo de mistura completa (von Sperling, 1996b). A Figura 1 apresenta os valores calculados de K b segundo os regimes de mistura completa e fluxo disperso, plotados em função da profundidade. Apresentam-se ainda as curvas de melhor ajuste, obtidas através de regressão multiplicativa, da forma K b = a.h b (ver equações no Quadro 4). Observa-se a grande dispersão dos valores de K b no modelo de mistura completa (variando de,4 a 31,9 d -1 ), inclusive o elevadíssimo valor associado à lagoa com L/B=142. Ao se considerar o modelo de fluxo disperso, os valores de K b variam bem

menos (de,24 a 2,44 d -1 apenas). Observa-se ainda a influência da profundidade: lagoas com baixas profundidades apresentam um maior valor de K b, o contrário ocorrendo com as lagoas de maior profundidade (como seria de se esperar). 35 Kb EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE MISTURA COMPLETA 3 25 Lagoa com L/B=142 Kb (1/d) 2 15 1 5 Kb = 3,43*H^(-,86) R2 =,156.2.4.6.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 PROFUNDIDADE H (m) 3 Kb EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE FLUXO DISPERSO - d SEGUNDO AGUNWAMBA et al 2.5 2 Kb (1/d) 1.5.5 1 Kb =,65*H^(-,95) R2 =,526.2.4.6.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 PROFUNDIDADE H (m) 3 Kb EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE FLUXO DISPERSO - d SEGUNDO YANEZ 2.5 2 Kb (1/d) 1.5 1 Kb =,72*H^(-,96) R2 =,644.5.2.4.6.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 PROFUNDIDADE H (m) Fig. 1. Valores de K b em função da profundidade (valores calculados a partir dos dados experimentais e curvas obtidas através da análise da regressão Quadro 4. Equações de K b em função da profundidade obtidas para os distintos regimes hidráulicos Modelo hidráulico Equação R 2 Mistura completa K b = 3,43.H -,86,156 Fluxo disperso (d segundo Agunwamba et al) K b =,65.H -,95,526 Fluxo disperso (d segundo Yanez et al) K b =,72.H -,96,644 Observa-se que o modelo de mistura completa proporciona um ajuste bem fraco (baixo valor do coeficiente de determinação R 2 ), e que o modelo de fluxo disperso, com o Número de Dispersão calculado segundo Yanez, conduz ao melhor R 2. A comparação entre as três curvas pode ser vista na Figura 2. Nesta, nota-se que as duas curvas para o fluxo disperso são bastante próximas entre si, ao passo que a curva de mistura completa, como seria de se esperar, está associada a valores bem mais elevados. COMPARAÇÃO ENTRE OS VALORES DE Kb EM FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE 8 7 6 5 Mistura completa Kb (1/d) 4 3 2 Fluxo disperso Yanez Fluxo disperso Agunwamba et al 1.2.4.6.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 PROFUNDIDADE H (m)

Fig. 2. Comparação entre as curvas obtidas pela análise da regressão entre K b e H COMPARAÇÃO ENTRE AS ESTIMATIVAS DE EFICIÊNCIA SEGUNDO OS TRÊS MODELOS Utilizando-se as equações apresentadas no Quadro 4 para estimativa do coeficiente K b, as equações 5 e 6 para cálculo do Número de Dispersão d, bem como os dados físicos das lagoas constantes do Quadro 2, estimaram-se as eficiências de remoção de coliformes fecais nas diversas lagoas (total de 28 dados). A Figura 3 apresenta a comparação entre as eficiências observadas e as estimadas, segundo os três modelos (mistura completa, fluxo disperso com d segundo Agunwamba et al e fluxo disperso com d segundo Yanez). Observase que o modelo de mistura completa mostrou-se especialmente falho nas baixas eficiências, e que o modelo de fluxo disperso, embora sem garantir um ótimo ajuste, mostrou-se muito mais adequado. É interessante comentar ainda que a adoção dos valores clássicos de Marais (K b = 2,6 d -1 e coeficiente de temperatura θ igual a 1,19) para o regime de mistura completa conduziriam a uma superestimativa ainda maior da eficiência de coliformes, principalmente para as situações em que a eficiência observada mostrou-se baixa. EFICIÊNCIA ESTIMADA (%) EFICIÊNCIA ESTIMADA (%) EFICIÊNCIA ESTIMADA (%) 1 COMPARAÇÃO: EFICIÊNCIA OBSERVADA x EFICIÊNCIA ESTIMADA MISTURA COMPLETA 9 8 7 6 5 5 6 7 8 9 1 1 EFICIÊNCIA OBSERVADA (%) COMPARAÇÃO: EFICIÊNCIA OBSERVADA x EFICIÊNCIA ESTIMADA FLUXO DISPERSO - d SEGUNDO AGUNWAMBA et AL 9 8 7 6 5 5 6 7 8 9 1 1 EFICIÊNCIA OBSERVADA (%) COMPARAÇÃO: EFICIÊNCIA OBSERVADA x EFICIÊNCIA ESTIMADA FLUXO DISPERSO - d SEGUNDO YANEZ 9 8 7 6 5 5 6 7 8 9 1 EFICIÊNCIA OBSERVADA (%) Fig. 3. Comparação entre as eficiências observadas e estimadas, utilizando-se três distintos modelos CONCLUSÕES As relações geométricas das lagoas têm influência na remoção de coliformes, diferentemente do reportado por Oragui et al (1995) e Pearson et al (1995). O modelo de fluxo disperso conduz a uma estimativa da remoção de coliformes bem melhor que a do modelo de mistura completa.

A formulação simplificada de Yanez (1993) conduz a resultados equivalentes à da formulação mais avançada de Agunwamba et al (1992), para a estimativa do Número de Dispersão, sendo necessário apenas o conhecimento da relação comprimento/largura da lagoa. O coeficiente K b foi relacionado à profundidade da lagoa através da análise da regressão. O melhor ajuste foi obtido com os dados calculados através da fórmula de Yanez para a determinação do Número de Dispersão, tendo sido encontrado: K b =,72.H -,96. A estimativa de K b pode ser, portanto, efetuada de forma bastante simplicada, tendo por base apenas um dado físico da lagoa. A previsão da eficiência da remoção de coliformes nas lagoas facultativas e de maturação utilizando-se o modelo de fluxo disperso pode ser feita tendo por base apenas dados de comprimento, largura e profundidade da lagoa, vazão e temperatura do líquido. AGRADECIMENTOS O autor agradece à equipe de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba, EXTRABES, Campina Grande, Brasil, pela disponibilização e cuidadosa apresentação de seus dados nas publicações referenciadas, as quais serviram de base para o presente trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUNWAMBA, J.C. et al. (1992). Prediction of the dispersion number in waste stabilization ponds. Water Research, 26 (85). CATUNDA, P.F.C., VAN HAANDEL, A.C, LETTINGA, G. (1994). Post treatment of anaerobically treated sewage in waste stabilization ponds. In: Anaerobic digestion, 7 th Symposium, Capetown, África do Sul, p. 45-415. EPA (1983). Design manual. Municipal wastewater stabilization ponds. United States Environmental Protection Agency. 327 p. MARAIS, G.v.R. (1974). Faecal bacteria kinetics in stabilisation ponds. J. Env. Eng. Div., ASCE, 1 (EE1), p. 119. OLIVEIRA, R.; SILVA, S.A.; ARAÚJO, A.L.C.; SOARES, J.; MARA, D.D.; PEARSON, H.W. The performance of a pilot-scale series of ten ponds treating municipal sewage in Northeast Brazil. In: 3 rd IAWQ International Specialist Conference. Waste stabilization ponds: technology and applications. João Pessoa, PA, 27-31 Março 1995. ORAGUI, J.I., CAWLEY, L., ARRIDGE, H.M., MARA, D.D., PEARSON, H.W., SILVA, S.A. (1995). Pathogen removal kinetics in a tropical experimental waste stabilisation pond in relation to organic loading, retention time and pond geometry. In: 3 rd IAWQ International Specialist Conference. Waste stabilization ponds: technology and applications. João Pessoa, PA, 27-31 Março 1995. PEARSON, H.W., MARA, D.D., ARRIDGE, H.A. (1995). The influence of pond geometry and configuration on facultative and maturation waste stabilisation pond performance and efficiency. Wat. Sci. Tech., 31 (12), pp. 129-139. VON SPERLING, M. (1996a). Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Volume 3. Lagoas de estabilização. DESA-UFMG, 134 p. VON SPERLING, M. (1996b). Determinação da taxa de decaimento bacteriano em lagoas de estabilização em função das relações geométricas da lagoa. In: 3 o SIBESA - Simpósio Ítalo-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Gramado-RS, 9-13 junho 1996 (anais eletrônicos). YANEZ, F. (1993). Lagunas de estabilizacion. Teoria, diseño y mantenimiento. ETAPA, Cuenca, Equador, 421 p.