1º Seminário de Pesquisa em Comunicação. Universidade Federal do Espírito Santo 08 a 10 de dezembro de 2014

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Transcrição:

1º Seminário de Pesquisa em Comunicação Universidade Federal do Espírito Santo 08 a 10 de dezembro de 2014

#CIBERFEMINISMOS... para crackear o sexismo Profa. Graciela Natansohn

1. Estudos sociais da ciência e a tecnologia / epistemologia feminista É epistemologicamente significativo o sexo do sujeito cognoscente? Sujeito histórico com corpo, interesses, emoção, razão: conhecimento situado (Haraway, 1991) Estudos e gênero de ciência, tecnologia Resposta à epistemologia tradicional: sujeito abstrato, sem contexto, sem emoção Sexismo e androcentrismo das práticas científicas Conhecimento e Poder

2. Correntes Feminismo liberal Ecofeminismo; feminismo socialista; feminismo radical Feminismos Pós (modernos, coloniais) Desconstrucionistas; Tecnofeminismos Temas Biografia de mulheres cientistas Mapear brechas Ciência é monopólio masculino Estereótipos de gênero Tecnologia é classista e patriarcal Diferença sexual impossível de superar Biologia feminina como fonte de poder- essencialismo Pós-humanismo; pós-modernismo; crítica à razão falologo-cêntrica Conhecimentos situados/saberes localizados Ciberfeminismos Processos semióticos-materiais Objetividade forte/reflexividade crítica Sistemas sociotécnicos: atores e actantes Mecanismos de intervenção Educação Oportunidades Maior acesso Período anos 60-70 Reformulação institucional do campo científicotécnico; Questionamento das tecnologias de controle dos corpos femininos Finais dos 60 e 70, 80 Tecnociência feminista, TAR feminista; Ciberfeminismo crítico Anos 90 s. XXI Adaptado de WAJCMAN, Judy (2006) e GARCIA; SEDEÑO (2002)

Mulheres na história da informática

Como as diferenças de gênero constroem a ciência? Evelyn Fox Keller, Sandra Harding, Donna Haraway, Judith Wajcman

O desenvolvimento das TIC e suas dinâmicas de acesso, uso, desenho e produção não fogem das relações de poder que produzem desigualdades entre homens e mulheres, brancos e nãobrancos, pobres e ricos Por que falar de CIBERFEMINISMOS?

Mulheres excluídas da história da ciência informática Teto de vidro nas empresas TIC e na academia Brechas de gênero no desenho, produção de conteúdos, no acesso e no uso avançado de TIC Violências na web e através das TIC Suposta tecnofobia feminina Poucas mulheres inventando tecnologias Poucas mulheres nos cursos tecnológicos Igual trabalho, menor salário Estereótipos e pré-conceitos Não há políticas de gênero e TIC

Ciberfeminismo de primeira geração (anos 90) Netopia; ciberespaço livre de gênero; póshumanismo sexualidade virtual polimórfica, nomádica e descorporizada subversão e liquidez das identidades e subjetividades no ciberespaço gênero como paródia e performance: sem essências, sem natureza

Ciberfeminismo de primeira geração (anos Internet como local natural para as mulheres; caráter feminino da rede Sadie Plant (1997) Zeros + Ones: Digital Women and the New Technoculture. Sherry Turkle (1996) A vida no ecrã 90) Net-art: VNSMatrix (Adelaide, 1991), Oldboys, subrosa, Faith Wilding, Cornelia Sollfrank, 1ª internacional ciberfeminista Feminismo punk; riot girls; ciberpunk, webgirls, badgirls, geekgirls, feminismo ciborgue

VNS Matrix Manifesto Ciberfeminista (1991)

Ciberfeminismo de segunda geração (séc.xxi) Blogs, SRS, Facebook, Tumblr, Twitter, PinterEst, Instagram convergência de múltiplas plataformas e linguagens Reconhecimento dos saberes localizados, conhecimentos situados e interseccionalidades Feminismo pós-colonialista, Cis, Negro, Queer, RadFem, TransFem, TERF (Trans-exclusive radical feminism), LGBT... e as siglas podem continuar de forma indefinida, tão indefinida como a pretensão de achar equivalências e coerências entre nossos corpos, desejos, orientações sexuais, práticas corporais, jeitos e formas de agir, vestir, pensar, etc.

Blogueiras Feministas Blogueiras Negras

Dominemos las TIC Chega de Fiu Fiu!

Marcha das Mulheres Negras Marcha Mundial das Mulheres

15 de Outubro Ada Augusta Byron King, Condessa de Lovelace (10/12/1815 27/11/ 1852), atualmente conhecida como Ada Lovelace, foi uma matemática e escritora inglesa e hoje é principalmente reconhecida por ter escrito o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, a máquina analítica de... Charles Babage. (fonte: Wikipédia)

Por um Desencantado Novas figurações Conhecimentos situados, saberes localizados interseccional CIBERFEMINISMO 3.0

você não passa de uma mulher... Martinho da Vila

Obrigada! graciela71@gmail.com Gig@ - grupo de pesquisa em gênero, tecnologias digitais e cultura www.gigaufba.net