PETROGRAFIA DE INTRUSÕES BÁSICAS MESOZÓICAS E DE HORNFELS NAS FORMAÇÕES IRATI E PONTA GROSSA DA BACIA DO PARANÁ, PR

Documentos relacionados
GEOLOGIA E PETROLOGIA DAS INTRUSÕES BÁSICAS ASSOCIADAS À PROVÍNCIA MAGMÁTICA DO PARANÁ NO CENTRO-LESTE DO RS

Universidade Federal do Paraná Departamento de Construção Civil. Universidade Federal do Paraná Departamento de Construção Civil

Metamorfismo. Pressão e temperatura. Rocha original (protólito)

FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA CONTRATO CPRM/UFMG/059/2005

è Reconhecer a importância das rochas no fornecimento de informações sobre o passado da Terra.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO UNIVASF CAMPUS SERRA DA CAPIVARA COLEGIADO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA CCINAT.

ROCHAS ÍGNEAS ENG1202-LABORATÓRIO DE GEOLOGIA. Prof. Patrício Pires 20/03/2012

CAPÍTULO 6 OCORRÊNCIAS DE FLUORITA, COMPOSIÇÃO DAS ROCHAS E TEORES DE FLÚOR

Mapa Lâminas Petrográficas

Estudo Comparativo dos Efeitos de Aditivos Naturais sobre uma Massa para Pavimentos Cerâmicos por Via Seca

ESTUDO DAS PROPRIEDADES MINERALÓGICAS E PETROGRÁFICAS DOS GNAISSES GRANÍTICOS DA REGIÃO DE ALFENAS - MG E SUA APLICAÇÃO NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS

Composição química: 74,2% de SiO 2 (rocha ácida) e mais de de Al 2 O 3, K 2 O e Na 2 O.

Descrição Petrográfica

quartzo ( 25%), biotita ( 18%), cordierita (18 %), K-feldspato ( 10%), granada (7 %), plagioclásio ( 3%) Minerais Acessórios: zircão, apatita, opacos

GEOLOGIA. Professor: Adilson Soares E- mail: Site:

Relatórios Modelo de Petrografia

Considerações sobre amostragem de rochas

PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA DAS ROCHAS VULCÂNICAS ÁCIDAS DO TIPO PALMAS AFLORANTES NAS PROXIMIDADES DOS MUNICÍPIOS DE PALMAS E GENERAL CARNEIRO (PR)

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

CAPÍTULO VIII- CONCLUSÕES

Revisão sobre Rochas e Minerais. Sheila R. Santos 1

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

Relatórios Modelo de Petrografia

Curso de Especialização em Beneficiamento Mineral

Identificação macroscópica de Rochas Metamórficas. Portugal - Praia de Almograve

Agregados de minerais

Magmatismo e rochas magmáticas. Hélder Giroto Paiva - Escola Portuguesa do Lubango

A importância dos minerais de argila: Estrutura e Características. Luiz Paulo Eng. Agrônomo

Análise microscópica eletrônica e petrográfica dos enrocamentos da UHE Machadinho. Resumo

GEOTÉCNICA /2. Minerais Ciclo Geológico Solo/rocha Rochas. Marita Raquel Paris Cavassani Curbani

1. INTRODUÇÃO 2. MÉTODOS

Sistemas de classificação e nomenclatura das rochas ígneas. Antonio Liccardo

Metamorfismo. Roches metamórficas

AGG00209 INTRODUÇÃO A PETROFÍSICA QUESTIONÁRIO 1 MINERAIS E ROCHAS

TIPOS DE ROCHAS. Magmáticas provenientes do arrefecimento e solidificação do magma.

ANÁLISE MINERALÓGICA, PETROGRÁFICA E QUÍMICA DOS CHARNOCKITOS DA REGIÃO DE ALFENAS, SUL DE MINAS GERAIS

inclui chave para reconhecimento macroscópico de rochas

ROCHAS ÍGNEAS. Identificação Macroscópica

Difratometria por raios X

O metamorfismo é caracterizado por: mudanças mineralógicas crescimento de novos minerais sem adição de novo material (processo isoquímico);

Aula Prática no 8. Tema: Ortoscopia III: Observação dos Minerais a Nicóis Cruzados: Birrefringência, Sinal de Elongação e Espessura.

PETROLOGIA DE SILLS ENCAIXADOS NAS FORMAÇÕES IRATI E PONTA GROSSA (BACIA DO PARANÁ) NO ESTADO DO PARANÁ

AVALIAÇÕES QUÍMICA, MINERALÓGICA E FÍSICA DE UM TIPO DE ROCHA DA EMPRESA SULCAMAR

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

3 Aspectos Geológicos e Geotécnicos

Introdução. Objetivo Principal. Objetivos adicionais

Mas sem se dar alteração significativa da composição química global da rocha! 1)

INFLUÊNCIA DA TEXTURA E DA MINERALOGIA NA POROSIDADE APARENTE, ABSORÇÃO DE ÁGUA E DENSIDADE APARENTE DE ROCHAS ÍGNEAS

ESTUDO DE ESTEATITO PARA UTILIZAÇÃO COMO NÚCLEO DE RESISTOR DE ALTA DENSIDADE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL MINAS GERAIS CAMPUS CONGONHAS CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS EDITAL Nº 062/2014 MINERAÇÃO ÁREA 4

GEOLOGIA PARA ENGENHARIA CIVIL MINERAIS E ROCHAS: ROCHAS ÍGNEAS E SEDIMENTARES

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

Metamorfismo I. Do grego meta - mudança e morfos -forma

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO UNIVASF CAMPUS SERRA DA CAPIVARA COLEGIADO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA CCINAT. Rochas Metamórficas

Modos e meios para otimizar o trabalho em geociências FERNANDO PINA, FaGEO-IG/UFPA,2010. Texto elaborado a partir de notas de aula

AGREGADOS. Conceito AGREGADOS AGREGADOS

Agrupamento de Escolas da Sertã

3 Descrição da Área de Estudo e Amostragem

Figura Seção transversal típica da barragem de terra esquerda da UHE de Marimbondo (adaptado de CBGB, 1982).

2 Geologia 2.1. Carvão

As amostras submetidas a esses ensaios foram designadas e agrupadas conforme mostrado na Tabela VI.4.

Estrutura geológica e formas de relevo. Professora: Jordana Costa

ROCHAS ORNAMENTAIS FELDSPATO E QUARTZO

CAPÍTULO 3 ROCHAS 1) DEFINIÇÃO

CONSIDERAÇÕES QUANTO AO POTENCIAL MINERAL DA REGIÃO DO ARROIO DO TANQUE, VALE DO RIBEIRA (ADRIANÓPOLIS, PR)

ARGILOMINERAIS PROPRIEDADES E APLICAÇÕES

Ambientes tectônicos e sedimentação

Unidade 3. Geologia, problemas e materiais do quotidiano. Capitulo 2. Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres.

INTEMPERISMO. Intemperismo físico. Intemperismo Químico

Material de apoio. Origem e Constituição. Origem e Constituição. Curso básico de mecânica dos solos (Carlos Souza Pinto, Oficina de Textos, 2006);

Capítulo 5 Aspectos Petrográficos e Texturais das Rochas Plutônicas

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DAS ROCHAS E ARGAMASSAS DO PARQUE LAGE

Discussão e Interpretação

Mais de 9000 bombas incendiárias foram lançadas pelos japoneses de suas praias, sendo transportadas por balões que se utilizavam da corrente de jato

ST 409 ELEMENTOS DE GEOLOGIA E MECÂNICA DOS SOLOS ROCHAS METAMÓRFICAS

Fundamentos de mineralogia e o ciclo de geração das rochas

1. Localização 2. Formação Morro Vermelho 3. Seção colunar da formação 4. Aspectos petrográficos 5. Modelo evolutivo 6. Conclusões 7.

CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS E O CICLO DAS ROCHAS

PROPRIEDADES SEDIMENTOLÓGICAS E MINERALÓGICAS DAS BARREIRAS COSTEIRAS DO RIO GRANDE DO SUL: UMA ANÁLISE PRELIMINAR.

Geologia e Geocronologia do Maciço Alcalino Máfico-Ultramáfico Ponte Nova (SP-MG)

Aula 5 - Petrologia das rochas metamórficas

Tratamento de minérios. Introdução

AVALIAÇÕES QUÍMICA, MINERALÓGICA E FÍSICA DE UM TIPO DE ROCHA DA EMPRESA SULCAMAR

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS RELATÓRIO PRELIMINAR DA ÁREA 5 DA REGIÃO DE ITUMIRIM- ITUTINGA. Mapeamento Geológico

Formação e estrutura dos principais minerais

TECTÔNICA DE PLACAS. Ajuste Geométrico dos Continentes. eologia e Paleontologia Combinadas em Lados Opostos do Atlantico

Aula 3 - Petrologia das rochas ígneas ou magmáticas

Rochas Metamórficas. Rochas Metamórficas

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

Mineralogia Óptica. T4- Propriedades à Luz Natural

CIÊNCIAS O CICLO DAS ROCHAS

ESTIMATIVA DA COMPOSIÇÃO MINERAL DE ROCHAS SEDIMENTARES A PARTIR DE IMAGENS MICROTOMOGRÁFICAS DE RAIOS-X

ELEMENTOS DA GEOLOGIA (II)

Universidade Privada de Angola Faculdade de Engenharia Departamento de Construção Civil

Deep Sea Drilling Vessel (D/V) CHIKYU is the first riser equipped scientific drilling vessel built for science at the planning stage.

Evolução metamórfica e termobarometria das rochas metamáficas/ metabásicas da região de Pontalina - GO

Mapeamento Geológico

Rochas metamórficas 1

Identificação macroscópica de Rochas Metamórficas

Intemperismo. Profa. Maristela Bagatin Silva

Transcrição:

ISBN 978-85-61091-05-7 Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar 27 a 30 de outubro de 2009 PETROGRAFIA DE INTRUSÕES BÁSICAS MESOZÓICAS E DE HORNFELS NAS FORMAÇÕES IRATI E PONTA GROSSA DA BACIA DO PARANÁ, PR Luanna Chmyz 1 ; Juliana Costa 2 ; Eleonora Maria Gouvêa Vasconcellos 3 RESUMO: No início do Cretáceo, associado à fragmentação do Pangea, diversos corpos ígneos na forma de soleiras e diques intrudiram nas rochas sedimentares da Bacia do Paraná, metamorfizando-as termalmente. Conforme tenha sido o grau deste efeito térmico sobre a matéria orgânica presente em alguns horizontes sedimentares da bacia, um ambiente propício à geração ou a destruição de petróleo pode ter sido gerado. Nas formações Ponta Grossa e Irati, ambas com condições geoquímicas favoráveis à geração de hidrocarbonetos, observam-se minerais e estruturas metamórficas decorrentes deste processo. A partir da análise de amostras coletadas em pedreiras localizadas no estado do Paraná, é possível determinar que as condições de metamorfismo às quais estas duas formações foram submetidas enquadram-se na fácies albita-epidoto hornfels. PALAVRAS-CHAVE: Bacia do Paraná; Formação Ponta Grossa; Formação Irati; Hornfels; Soleiras. INTRODUÇÃO As rochas vulcânicas, de idade mesozóica, sobrepostas às rochas sedimentares da Bacia do Paraná, são resultado de um dos maiores eventos de magmatismo fissural ocorrido em continente e estão vinculadas aos campos tensoriais e fenômenos endógenos que levaram à desagregação do Pangea (MILANI et al. 2007). Estas rochas (de composição basáltica) ocorrem como espessos derrames, diques de direção preferencial NW-SE e soleiras intrudidas concordantemente ao plano de estratificação dos litotipos sedimentares da Bacia. Conforme tenha sido o grau do efeito térmico destas intrusões ígneas sobre a matéria orgânica presente em alguns horizontes sedimentares da bacia, um ambiente propício à geração ou a destruição de petróleo pode ter sido gerado. Assim, a caracterização da história evolutiva destes corpos ígneos, feita a partir de análise mineralógica, textural e estrutural das rochas que os compõem, bem como a análise do efeito das intrusões sobre as rochas encaixantes, são de grande importância para se determinar as condições às quais a matéria orgânica foi submetida, e se o evento magmático auxiliou ou impediu a geração de petróleo. 1 Acadêmicos do Curso de Geologia. Departamento de Geologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR) Curitiba PR. Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Científica do PIBIC/CNPq. chmyz@ufpr.br 2 Mestrando da área de Geologia Exploratória, Universidade Federal do Paraná (UFPR) Curitiba PR. jucosta@ufpr.br 3 Docente da UFPR. Departamento De Geologia UFPR, Curitiba PR. eleonora@ufpr.br

Com este objetivo, neste trabalho são analisadas soleiras intrudidas nas formações Ponta Grossa e Irati, sendo que ambas apresentam condições geoquímicas favoráveis à geração de hidrocarbonetos. Os corpos ígneos intrudidos na Fm. Ponta Grossa tratam-se, ou de soleiras descritas nas Pedreiras Moro (PM - coordenadas 570867/7231931), J. Malucelli (coordenadas 571723/7231456), Otada Moura (coordenadas 575482/7227051)), Moro - Vila Cipa (coordenadas 585853/7220168) ou de dique, na Pedreira Boscardim (PB1 coordenadas 577310/7236719). Tais pedreiras situam-se nas proximidades da cidade de Ponta Grossa (PR). No caso da Fm. Irati analisou-se uma soleira aflorante na Pedreira Boscardim (PB2 - coordenadas 536569/7176457), localizada no município de Irati (PR). Em ambos os casos foram analisadas as características petrográficas das intrusões e o efeito das mesmas sobre as rochas encaixantes, de maneira a se determinar o quanto estas foram afetadas pelos corpos ígneos. MATERIAIS E MÉTODOS Tanto as amostras coletadas das rochas ígneas, quanto das encaixantes foram descritas macro e microscopicamente. As lâminas para o estudo petrográfico foram confeccionadas no Laboratório de Laminação (LAMIN) e analisadas em microscópio petrográfico binocular do Laboratório de Petrologia e Mineralogia (LAPEMIN), ambos da UFPR. As características das rochas foram registradas em fichas com a descrição macroscópica e microscópica. As análises por difração de raios X das rochas das encaixantes foram realizadas no Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (LAMIR) da UFPR. As amostras foram britadas, quarteadas e pulverizadas, a fim de atingir granulometria inferior a 325 mesh (menor que 44µm). Foram confeccionadas pastilhas, analisadas em Sistema de Difratometria de Raios X, modelo PW-1830, equipado com tubo de raios X de difração foco longo, PW 2273/20 e goniômetro vertical com geometria THETA/2 THETA PW 3020/00. Os difratogramas são interpretados em software básico para análise qualitativa (X'pert Highscore) com banco de dados com cerca de 140.000 substâncias cristalinas. Para análise petrográfica das soleiras, foram descritas 6 de Ponta Grossa e 5 de Irati. Já no tocante às encaixantes, foram descritas 10 amostras da encaixante das soleiras do Ponta Grossa e 11 da encaixante da soleira de Irati. RESULTADOS E DISCUSSÃO PETROGRAFIA DAS SOLEIRAS Irati Ao microscópio, as rochas são texturalmente classificadas como microgabros (com granulação fina a média) e basaltos (com granulação muito fina a fina). A assembléia mineral é composta por plagioclásio, clinopiroxênio e minerais opacos. O plagioclásio perfaz cerca de 45% da composição modal das amostras e é classificado como labradorita. Ocorrem como fenocristais (euédricos a subédricos, ripiformers, submilimétricos a milimétricos 1 a 1,5 mm) e matriz (cristais euédricos a anédricos, submilimétricos). O clinopiroxênio perfaz cerca de 40% da composição modal das rochas e é classificado como augita. Ocorre como fenocristais (euédricos a subédricos, prismáticos, submilimétricos) e cristais da matriz (subédricos a anédricos, submilimétricos). Os minerais opacos ocorrem como cristais euédricos a subédricos, submilimétricos, e compõem de 10 a 20% da composição modal da rocha. Em algumas amostras, observa-se vidro vulcânico intersticial, compondo até 10% da moda. Subordinadamente há apatita, microclínio, argilominerais, carbonato e biotita. A estrutura das rochas é maciça, enquanto a textura varia de fanerítica equigranular muita fina a fina ofítica a fanerítica equigranular fina a média ofítica.

Ponta Grossa Ao microscópio as rochas são texturalmente classificadas como gabros com granulação média a grossa, microgabros com granulação fina a média e basaltos com granulação fina. A assembléia mineral é composta por plagioclásio, clinopiroxênio e minerais opacos. O plagioclásio perfaz em média 45% da composição modal das rochas analisadas e é classificado como labradorita. Ocorre em fenocristais, microfenocristais (ambos euédricos a subédricos, ripiformes, milimétricos a submilimétricos 1 a 7 mm) e na matriz (como cristais subédricos e anédricos, submilimétricos). O clinopiroxênio perfaz em média 45% da composição modal das rochas e é classificado como augita. Ocorre como fenocristais, microfenocristais e cristais da matriz. Os fenocristais e microfenocristais são subédricos a euédricos, prismáticos, milimétricos a submilimétricos (1 a 6 mm). Os cristais da matriz são anédricos, arredondados e submilimétricos. Os minerais opacos ocorrem como cristais tabulares ou aciculares, submilimétricos a milimétricos, perfazendo cerca de 10% da composição modal das rochas. Tais minerais são determinados como magnetita e ilmenita. Subordinadamente há apatita, clorita, argilominerais, biotita, microclínio e hornblenda. PETROGRAFIA DAS ROCHAS ENCAIXANTES Irati As rochas que encaixam a soleira são formadas por minerais de granulometria silte e argila, cor cinza escura e laminação plano-paralela. Em lâmina delgada são identificados três litotipos. O primeiro é composto por matéria orgânica (45-70%), grãos de quartzo (25-35%), pontualmente com extinção ondulante e contato poligonal, sericita orientada definindo a laminação da rocha, (5-10%), grãos de plagioclásio (provavelmente oligoclásio) e microclínio (traços), intraclastos orientados conforme a laminação, com diâmetro entre 1 e 4mm (até 10%) e cristais de epidoto (traço). Este litotipo é classificado como metapelito, cujo protólito trata-se de um folhelho. O segundo litotipo, de estrutura maciça, constitui-se por cerca de 60% de carbonato, por minerais opacos (cerca de 40%) e por quartzo, margarita e clorita subordinados, definido como metacalcário. O terceiro litotipo possui grãos de quartzo (25%), pontualmente com extinção ondulante, matriz formada por sericita e argilominerais (65%), feldspato alcalino e plagioclásio, oligoclásio (traços), minerais opacos (5%), flogopita (5%) e epidoto (traços). Há ainda sulfetos preenchendo fraturas, com feições de remobilização. O quartzo também é observado formando lentes, circundadas por material recristalizado de granulação muito fina. O litotipo trata-se de um metapelito cujo protólito é um siltito. Considerando que os três litotipos apresentam indícios de terem sido afetados por metamorfismo de contato, eles também podem ser classificados como hornfels. Ponta Grossa As rochas sedimentares da Formação Ponta Grossa possuem granulação muito fina, cor cinza claro a cinza esverdeado, em PB1, e marrom claro em PM, estrutura maciça ou nodular e estão silicificadas no contato. Os protólitos eram folhelhos e siltitos respectivamente. As amostras da PM possuem 45-65% de quartzo com granulação de muito fina à média, 20-25% de argilominerais, 15% de mica branca como cristais de granulação fina à média, 10% de flogopita de hábito subédrico e granulação média à grossa, até 10% de feldspato alcalino, provavelmente clástico e traços de minerais opacos. Na PB, próximo ao contato, a assembléia mineral é composta por: 40% de zoisita de granulação média à grossa; 30% de epidoto muito fino; 10% de plagioclásio, possivelmente albita, de granulação média a grossa; 10% de minerais opacos subédricos a anédricos, de granulação média à fina; 10% de quartzo e carbonato de granulação média à fina; e traços de mica branca fina. Nas rochas mais distantes do contato é comum a presença de nódulos, com diâmetro médio de 0,5 mm, os quais são indícios do metamorfismo. Nestas amostras a assembléia mineral é definida por: 40-50% de quartzo

de granulação média à grossa, 30% de argilominerais muito finos, 10-20% de mica branca, como cristais de granulação média à fina, ora orientados em uma direção preferencial, ora disseminados na rocha; e 5-20% de minerais opacos, geralmente anédricos e de granulação fina à média. As evidências de essas rochas terem sido afetadas por metamorfismo de contato permitem classificá-las como hornfels. DIFRATOMETRIA DAS ROCHAS ENCAIXANTES Ponta Grossa Na PM são identificadas três paragêneses por difração de raios X: 1. quartzo + muscovita ± sepiolita (Figura 1a); 2. quartzo + muscovita + sanidina (Figura 1b); 3. quartzo + cloritóide. Já para a PB1 são identificadas quatro paragêneses: 1. quartzo + epidoto + zoisita + pirita + clorita/serpentina; 2. quartzo + muscovita + biotita + albita (Figura 2a); 3. quartzo + muscovita + epidoto; 4. quartzo + muscovita + clorita/serpentina + sepiolita (Figura 2b). Tais associações minerais indicam, com base na classificação de Turner & Verhoongen (1960), condições de metamorfismo da fácies albita-epidoto hornfels. Figura 1 Paragenêses metamórficas das encaixantes da soleira da Pedreira Moro: a) quartzo + muscovita + sepiolita; b) quartzo + muscovita + sanidina. Figura 2 Paragêneses metamórficas das encaixantes da soleira da Pedreira Boscardim1: a) quartzo + muscovita + biotita + albita; b) quartzo + muscovita + clorita/serpentina + sepiolita. Irati A partir da análise dos difratogramas, são observadas três paragêneses metamórficas: 1. quartzo + flogopita + epidoto (Figura 3a); 2. quartzo + calcita + margarita + clorita (Figura 3b); 3. quartzo + muscovita + flogopita + epidoto (Figura c). Tais associações minerais indicam, com base na classificação de Turner & Verhoogen (1960), condições de metamorfismo da fácies albita-epidoto hornfels.

Figura 3: Paragêneses metamórficas das encaixantes da soleira da Pedreira Boscardim 2: a)quartzo + flogopita + epidoto; 2. quartzo + calcita + margarita + clorita; 3. quartzo + muscovita + flogopita + epidoto. CONCLUSÃO As soleiras e diques encaixados nas formações Irati e Ponta Grossa apresentam composição básica e são texturalmente classificados como gabros, microgabros e basaltos. As rochas sedimentares, quando em contato com as intrusões ígneas, apresentam evidências de terem sido afetadas por metamorfismo termal, podendo der classificadas como hornfels. Estes indícios podem ser tanto texturais (como a presença de nódulos, sulfetos remobilizados e lentes de quartzo circundadas por material mais fino) quanto mineralógicos (presença de quartzo, epidoto, flogopita, clorita, margarita e zoisita metamórficos). Com a integração dos dados petrográficos e de difração de raios X, é possível determinar que ambas as formações estudadas foram submetidas a condições de metamorfismo muito similares, compatíveis com a fácies albita-epidoto hornfels de Turner & Verhoogen (1960). Para melhor estabelecer o efeito das soleiras sobre a maturação térmica da matéria orgânica presente nas rochas encaixantes, pretende-se a futura integração das informações até então obtidas com dados de análise do poder refletor da vitrinita. REFERÊNCIAS MILANI, E.J. ; MELO, J.H.G. ; SOUZA, P.A. ; FERNANDES, L. A. ; FRANÇA, A. DE B.. Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobrás, Rio de Janeiro, v. 15, p. 265-287, 2007.

TURNER, F.J.; VERHOOGEN, J. Igneous and metamorphic petrology. New York: McGraw-Hill Book Company, 1960. 694p.