nós estamos trabalhando firmemente para a preservação na medida que não mexemos e não manejamos silvestres

Documentos relacionados
Zootecnista Henrique Luís Tavares Chefe Setor de Nutrição da Fundação Parque Zoológico de São Paulo

DIREITO AMBIENTAL. Proteção à Fauna Lei n 5.197/67 Parte 1. Prof. Rodrigo Mesquita

A floresta, a fauna e as populações tradicionais. Juarez Pezzuti NAEA/UFPA

PRÁTICA AMBIENTAL Vol. 2

Carta da comunidade científica do VI Simpósio de Restauração Ecológica à população (2015).

Disciplina: Manejo de Fauna Professor ANTÔNIO L. RUAS NETO

Política Nacional de Meio Ambiente: unidades de conservação. Biogeografia - aula 4 Prof. Raul

Sistema Nacional de Unidade de Conservação

CRIAÇÕES ALTERNATIVAS A DOMESTICAÇÃO E A RELAÇÃO HOMEM-ANIMAL

TERMO DE COMPROMISSO E AJUSTAMENTO DE CONDUTA

DIREITO AMBIENTAL. Proteção à Fauna Lei n 5.197/67 Parte 3. Prof. Rodrigo Mesquita

PROVA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ QUESTÕES DE DIREITO AMBIENTAL

DIREITO AMBIENTAL. Proteção à Fauna Lei n 5.197/67 Parte 2. Prof. Rodrigo Mesquita

RESOLUÇÃO CEMAM Nº 26, DE

MELIPONICULTURA/LEGISLAÇÃO - SÍNTESE

Programa Analítico de Disciplina ZOO495 Conservação da Fauna Silvestre

Salvador 27 de NOVEMBRO de 2008

PRINCIPAIS TERMOS ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DE UM CRIATÓRIO.

Parecer sobre uso de imagem de animais Silvestres e Exóticos

IV - Planta geral, com quadro de áreas, em escala adequada, da implantação do empreendimento, incluindo o sistema de tratamento e disposição final

GESTÃO DA FAUNA SILVESTRE 159ª Reunião Ordinária do Plenário do COPAM

Roteiro da Apresentação. 1. Evolução Histórica 2. Problemas de Aplicabilidade 3. Reflexões

Conceitos Básicos e Legislação

TARIN UM PÁSSARO, PINTASSILGO DA VENEZUELA OUTRO PÁSSARO!!

Degradação da Diversidade Biológica

Áreas de Alto Valor de Conservação

DIREITO AMBIENTAL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC-Lei nº de 2000 e Decreto nº de 2002

LEI Nº 9.790, DE 23 DE MARÇO DE 1999

Resumo gratuito SNUC Prof. Rosenval Júnior. Olá, pessoal!

Dia do Pai Comemoramos a paternidade- traga o seu pai, oferecemos-lhe a entrada ( passeio pedestre). Disfrutem do dia

ABRASE. Associação Brasileira de Criadores e Comerciantes de Animais Silvestres e Exóticos

Atropelamentos. Não seja mais uma vítima! Gestão Ambiental da nova BR-135. cartilha_atropelados.indd :39:04

PROJETO DE LEI Nº..., DE (Do Deputado JOÃO HERRMANN NETO)

PROJETO DE LEI N o, DE 2006

EVENTO RENCTAS-REBRAS-ABRASE NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO DUROU TRÊS MESES E LEVOU QUASE 15 MIL PESSOAS AO MUSEU DO MEIO AMBIENTE DO JBRJ

Projecto de Lei n.º 983/XIII/3.ª. Exposição de motivos

Portaria SEAPPA Nº 93 DE 10/06/2011 (Estadual - Rio Grande do Sul)

EMPREENDIMENTOS DE USO COMERCIAL DA FAUNA SILVESTRE

IPA 74 anos semeando conhecimento

Senhora e Senhores Membros do Governo. Gostaria, em primeiro lugar, de expressar os meus. votos de um próspero ano de 2013, para todos os

Policia Militar Ambiental. Curso sobre Identificação, Manejo e Destinação de Espécies de Papagaios

Objetivo: Justificativa: Desenvolvimento:

PROJETO DE LEI N.º 538/XIII/2ª

~êunara Setorial, Bovinocultura Bubalinocultura. Mato Grosso do Sul

Projecto-Lei n.º 360/XIII/2ª. Exposição de motivos

FICHA CATALOGRÁFICA. Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

CRIAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

Desde a escola ouvimos uma antiga definição de que meio ambiente era chamado de tudo o que é vivo, ou seja, todas as coisas que vivem neste planeta e

Ação Civil Pública Agrotóxicos Área de Proteção Ambiental Atividades Nucleares

PLANO DE AÇÃO NACIONAL DO MUTUM DO SUDESTE

MEU NEGÓCIO LEGAL E INDEPENDENTE PARTE 1 E PARTE 2

Discussão sobre os efeitos da Portaria MMA nº 445, de

Política Nacional do Meio Ambiente LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Brasil

Medidas populacionais de bem-estar

Organização da Aula. Recuperação de Áreas Degradadas. Aula 6. Contextualização. Adequação Ambiental. Prof. Francisco W.

BAGUNÇA NO ECOSSISTEMA

Considerações sobre a soltura de aves silvestres apreendidas

SNUC - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Disciplinas Obrigatórias

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE COORDENADORIA DE BIODIVERSIDADE E RECURSOS NATURAIS

Campo Nativo não é Área Rural Consolidada

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL PDI 2002 ASPECTOS AMBIENTAIS SUBSÍDIOS PARA DISCUSSÃO

Prof. Leandro Igrejas.

Requisitos para o Escopo do Certificado sob a Norma de Produção Agrícola

DIRECTIVA 1999/22/CE DO CONSELHO. de 29 de Março de relativa à detenção de animais da fauna selvagem em jardins zoológicos

Mil Madeiras Preciosas ltda. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PC-007/2007

JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO Promotor de Justiça. Professor Universitário. Mestre em Integração Latino Americana - UFSM.

PROJETO DE LEI: CRIAÇÃO, COMÉRCIO E TRANSPORTE DE ABELHAS SOCIAIS SEM FERRÃO NO ESTADO DO PARÁ, BRASIL

BACHAREL OBJETIVO GERAL

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO PÚBLICO PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Clipping de notícias. Recife, 15 de dezembro 2017.

RSC 2017 Relatório de Atividades Green Farm (ano base 2016)

Tráfico Internacional de Animais Silvestres á Luz do Direito Internacional Público e as Medidas de Ações para Prevenção e Combate Deste

PROJETO DE LEI Nº, DE 2003

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 1

EXTINÇÃO DA FAUNA BRASILEIRA. Djenicer Alves Guilherme 1, Douglas Luiz 2

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE COORDENADORIA DE BIODIVERSIDADE E RECURSOS NATURAIS MANUAL DO USUÁRIO CATIVEIRO FICHAS

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N O, DE 2011

Projeto Amigo do Bicho: A abordagem da educação ambiental como forma de conservação e bem-estar animal para espécie silvestres

LEVANTAMENTO DO PLANTEL DE PRIMATAS NATIVOS DO BRASIL EM CATIVEIRO NO RIO GRANDE DO SUL

RESOLUÇÃO Nº 489, DE 26 DE OUTUBRO DE 2018

MANUAL DE ORIENTAÇÃO PARA Criação Amadora de Pássaros Nativos

Escrever um verbete de enciclopédia

Turismo Sustentável. Intervenção da HEP na BTL

Disciplina: Manejo de Fauna Professor ANTÔNIO L. RUAS NETO

De acordo com o Michaelis...

MANEJO SUSTENTÁVEL DAS PASTAGENS NATIVAS DO PANTANAL: PRODUZIR MAIS SEM AFETAR O MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE. Seção I Dos Crimes contra a Fauna

Prefeitura Municipal de Itiúba publica:

Inventário de Recursos Genéticos Animais da Embrapa

CRIMES CONTRA A FAUNA

Criação e Comércio de ANIMAIS Silvestres e Exóticos no Brasil.. Processo de Licenciamento. Gerenciamento. Mercado

BELÉM, 19 de maio de 2017

Temas: Novo Código Florestal (Lei /12) e Responsabilidade Ambiental

Desmatamento no Brasil

Licenciatura em Ciências Biológicas Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente Universidade Federal de Ouro Preto

Relatório Breve do Workshop de 15 Fevereiro 2016

AMPLIAÇÃO E ADEQUAÇÃO DE LINHAS DE PESQUISA VOLTADOS A PROTEÇÃO E PESQUISA SOBRE BIODIVERSIDADE

Transcrição:

Pet ou Silvestre Há tempos que estamos solicitando a todos que não denominem passeriformes nascidos em ambientes domésticos de silvestre é uma questão de definição. Ora, silvestre é sinônimo de selvagem não seria o caso de utilizarmos esse termo quando quisermos se referir aos filhotes criados. O pior é que tem gente que supõe que estamos dando ênfase a um assunto de somenos importância. Lógico, quem se incomoda com isso? quem são os atingidos? São os criadores, obviamente. Eles é que estão sendo acuados, confundidos com traficantes, favorecidos e muito prejudicados com a confusão formada. Até os juízes quando nos julgam fazem essa confusão, infelizmente. Ficamos indignados, há pouco tempo, numa extraordinária feira, onde foram vendidos centenas de milhares de pássaros exóticos, um alto dirigente, se dirigindo ao público no

encerramento do evento, com os seguintes dizeres: nós estamos trabalhando firmemente para a preservação na medida que não mexemos e não manejamos silvestres. Supomos que também ele teria essa dúvida. Ou seria uma clara intenção de desmerecer o trabalho legal de criação dos nativos brasileiros, não seria lógico, pois somos farinha do mesmo saco. Há muitos outros testemunhos e fatos da espécie, isso incomoda e é uma das origens de muitos estorvos e desentendimentos entre os envolvidos. Como sempre dissemos, é preciso ficar claro que os criadores também não precisam mais capturar silvestres, o estoque existente no ambiente doméstico é suficiente para promover as ações de reprodução, notadamente dos passeriformes. Com referência à mídia, então, faz-se uma grande confusão e aí vem a divulgação dúbia e a sociedade tem a horrível impressão deixada, porque, ninguém na realidade, é a favor de se capturar pássaros silvestres e vendê-los de uma forma ou de outra. Vejam só: Nessa localidade há um criador de pássaros silvestres que os vende com permissão e autorização do IBAMA que péssima impressão causa essa frase dita, com freqüência, em veículos de comunicação. A impressão é que estamos prendendo pássaros e vendendo. Sobre a questão, fizemos a seguinte sugestão ao IBAMA, a saber: Necessário haver um conceito claro do que é um silvestre (selvagem/da natureza) vivendo livre nos ecossistemas e o animal nativo de origem silvestre nascido em cativeiro ou ambientes domésticos, um Pet. Há

sempre um embaraço e grande confusão causados por falta de uma definição apropriada. Chamaríamos de: pet crioulo, nativo, semi-doméstico, o silvestre brasileiro e o tradicional exótico, também Pet para indicar o silvestre do exterior, ambos crioulos e exóticos, nascidos domésticos, frutos do processo de manejo em criadouros, em ambientes controlados, em estabelecimentos comerciais e jardins zoológicos. Justificativa: Há sempre uma dificuldade de compreensão por parte da sociedade do que é um animal silvestre (selvagem) de vida livre e um animal de origem nativa ou exótica silvestre nascido em cativeiro (ambiente doméstico); não se pode tratá-los de forma indiferenciada porque neste último produto há a intervenção humana no processo de reprodução que exige o cumprimento com a sustentabilidade: trabalho, dedicação e obediência a regras e normas definidas sobre o uso sustentado da biodiversidade, em Lei. Portanto, além de resultarem de ação perfeitamente legalizada, tem papel importante na proteção à biodiversidade e conservação de espécies ameaçadas pelo tráfico de animais e degradação ambiental. Repetindo, grande parte da opinião pública supõe, quando se fala em criadouro comercial de espécies silvestres, que se trata de permissão do Estado para se capturar animais na natureza (uma grande covardia) e vendê-los, auferindo-se lucros sem a contrapartida dos trabalhos de reprodução e conservação. O pior é que alguns agentes que tem função pública nos perseguem por ideologia preferem que continue essa confusão que muito nos prejudica junto a opinião pública. Analisem, também o que escreveu o ornitofilista Antônio Guilherme Voss sobre o assunto: SILVESTRE - que se desenvolve sem necessidade de cultura, selvagem, agreste "Dicionário SILVEIRA BUENO DOMÉSTICO familiar, manso, relativo a casa ou criado em casa (animal) Dicionários Silveira Bueno e Dermival Ribeiro Rios. Nativo que é natural, nacional. Quando me

referi à Fauna queria diferenciar uma da outra, pois o termo Fauna Doméstica não é meu, li num livro jurídico Comentários sobre a Lei de Crimes Ambientais, diziam o seguinte animais nativos nascidos em ambientes domésticos constituiriam a Fauna Doméstica e não a Fauna Silvestre. A Lei No 5.197 de 02.01.67 é sábia, veja o que diz em seu 1º artigo: Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedade do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha. Vejam bem "QUE VIVEM NATURALMENTE FORA DO CATIVEIRO CONSTITUINDO A FAUNA SILVESTRE. Consequentemente a Fauna nascida na natureza ela é selvagem, é agreste, é silvícola, nasceu nas selvas, ela é Silvestre e obviamente não nasceu em ambiente doméstico. Lógico, então, que o legislador não enquadrou a fauna nascida em cativeiro como Silvestre. Nossa intenção com tudo isso, é clara, é esclarecer a sociedade e com isso trabalhar para incrementar a criação doméstica em todos os sentidos, ainda mais quando se fala em promover a exploração sustentável dos recursos naturais e como seria bom para a manutenção da biodiversidade no Brasil, em especial nas regiões norte, a implantação de criadouros legais com a comunidade se juntando em associações ou cooperativas para produzir animais nativos semi-domésticas ou pet para serem perfeitos animais de estimação. Esclarecido nosso ponto de vista, depois desses argumentos supomos que precisamos, de forma urgente, parar de utilizar o termo silvestre e eleger termos que possam contemplar com propriedade o que é selvagem (da natureza) concordamos Silvestre não é Pet e o que é produzido com a ação legal dos criadores em ambientes controlados é um animal de estimação é um PET. Original publicado no Atualidades Ornitológicas 123 de Jan/2004.

Aloísio Pacini Tostes Bonfim Paulista Ribeirão Preto SP www.lagopas.com.br - multiplicar para conservar