INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES



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Transcrição:

INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE CIRE - Artigos 235º e seguintes

O PROBLEMA DA INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES Crise! Endividamento excessivo! Impossibilidade de cumprir as obrigações [situaçãodeinsolvência] art.3º,nº1,docire. vencidas

DEVER DE APRESENTAÇÃO Princípio geral: dever de apresentação à insolvência dentro dos 60 dias seguintes ao conhecimento ou da data em que devesse conhecê-la. Excepção: pessoas singulares que não sejam titulares de uma empresa. [dever ou vantagem da apresentação] art. 18º, do CIRE

PROCESSO DE INSOLVÊNCIA Conceito: execução universal que vise a liquidação do património do insolvente ou a satisfação dos credores pela forma prevista num plano. Às pessoas singulares foi reconhecido o princípio do "FRESH START ou a apresentação de plano de pagamentos.(art. 251º, do CIRE). [exoneração dos créditos sobre a insolvência] art. 235º, do CIRE

EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE Princípio Geral: atribuição aos devedores singulares insolventes da possibilidade de se libertarem de algumas das suas dívidas, e assim lhes permitir a sua reabilitação económica Fresh start.

CONTEÚDO DO PRINCÍPIO Possibilidade de ser concedida ao devedor pessoa singular a exoneração dos créditos sobre a insolvência que não forem integralmente pagos no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores ao encerramento deste.

PRESSUPOSTO DA OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO Queodevedorpermaneçaporumperíodo decincoanos designado período de cessão ainda adstrito ao pagamento dos créditos da insolvência que não hajam sido integralmente satisfeitos.

OUTRAS OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR Ceder o seu rendimento disponível a um fiduciário.

VANTAGEM DO BENEFÍCIO No termo do período de cessão, tendo o devedor cumprido, para com os credores, todos os deveres que sobre ele impendiam, é proferido despacho de exoneração, que liberta o devedor das eventuais dívidas ainda pendentes de pagamento.

TRAMITAÇÃO DO PROCEDIMENTO Art. 235º-Princípio Geral Art. 236º-Pedido de Exoneração do Passivo Restante Art. 237º-Processamento subsequente Art. 238º-Indeferimento liminar Art. 239º-Cessão do rendimento disponível Art. 240º-Fiduciário Art. 241º-Funções Art. 242º-Igualdade dos credores Art. 243º-Cessação antecipada do procedimento de exoneração Art. 244º-Decisão final da exoneração Art. 245º-Efeitos da exoneração Artº 246º- Revogação da exoneração Art. 247º-Publicação e registo Art. 248º-Apoio judiciário

PEDIDO(Art.236º do CIRE) Legitimidade: o pedido é feito pelo devedor. Prazo: em simultâneo com o requerimento inicial ou nos 10 dias posteriores à citação*, sendo sempre rejeitado se for deduzido após a assembleia de apreciação do relatório. * Quando a iniciativa do processo de insolvência seja de terceiro. Conteúdo: a declaração de que o devedor preenche os requisitos e de que se dispõe a observar todas as condições exigidas, nos termos Legais. NOTA: Quando o devedor tenha apresentado um plano de pagamentos aos credores, só pode beneficiar da exoneração do passivo restante se tiver declarado querer valersedaexoneração,paraocasodeoplanonãoviraseraprovado.

INDEFERIMENTO LIMINAR -(Art. 238º do CIRE) O pedido é liminarmente indeferido se: Foi apresentado fora de prazo. O devedor, com dolo ou culpa grave, tiver fornecido por O devedor, com dolo ou culpa grave, tiver fornecido por escrito, nos três anos anteriores à data do início do processo de insolvência, informações falsas ou incompletas sobre as suas circunstâncias económicas, com vista à obtenção de crédito ou de subsídios de instituições públicas ou a fim de evitar pagamentos a instituições dessa natureza.

O devedor tiver já beneficiado da exoneração do passivo restante, nos 10 anos anteriores à data do início do processo de insolvência. O devedor tiver incumprido o dever de apresentação à insolvência ou, não estando obrigado a se apresentar, se tiver abstido dessa apresentação nos seis meses seguintes à verificação da situação de insolvência, com prejuízo em qualquer dos casos para os credores, e sabendo, ou não podendo ignorar sem culpa grave, não existir qualquer perspectiva séria de melhoria da sua situação económica.

Constarem já no processo, ou forem fornecidos até ao momento da decisão, pelos credores ou pelo administrador da insolvência, elementos que indiciem com toda a probabilidade a existência de culpa do devedor na criação ou agravamento da situação de insolvência, nos termos do artigo 186º. O devedor tiver sido condenado por sentença transitada em julgado por algum dos crimes previstos e punidos nos artigos 227º a 229º do Código Penal nos 10 anos anteriores à data da entrada em juízo do pedido de declaração de insolvência ou posteriormente a esta data.

O devedor, com dolo ou culpa grave, tiver violado os deveres de informação, apresentação e colaboração que para ele resultam do CIRE, no decurso do processo de insolvência.

CONCESSÃO EFECTIVA DO BENEFÍCIO (Art. 237º do CIRE) Não exista motivo para o indeferimento liminar do pedido. O juiz profira despacho declarando que a exoneração O juiz profira despacho declarando que a exoneração será concedida uma vez observadas pelo devedor as condições previstas no artigo 239.º (Cessão do rendimento disponível) durante os cinco anos posteriores ao encerramento do processo de insolvência.

Não seja aprovado e homologado um plano de insolvência. Após os cinco anos mencionados supra, e cumpridas que Após os cinco anos mencionados supra, e cumpridas que sejam efectivamente as referidas condições, o juiz emita despacho decretando a exoneração definitiva.

CESSÃO DO RENDIMENTO DISPONÍVEL (Art. 239º do CIRE) Durante os cinco anos subsequentes ao encerramento do processo de insolvência, o rendimento disponível que o devedor venha a auferir considera-se cedido a entidade, designada fiduciário.

Integram o rendimento disponível todos os rendimentos que advenham a qualquer título ao devedor, com exclusão: 1º Dos créditos futuros emergentes de contrato de trabalho ou de prestação de serviços, ou direito a prestações sucedâneas futuras, cedidos a terceiro anteriormente à declaração de insolvência, pelo período em que a cessão se mantenha eficaz.

2º Do que seja razoavelmente necessário para, designadamente, o sustento minimamente digno do devedoredoseuagregadofamiliar, limitado a três vezes o salário mínimo nacional e o exercício pelo devedor da sua actividade profissional.

Durante o período da cessão, o devedor fica ainda obrigado a: 1º Não ocultar ou dissimular quaisquer rendimentos. 2º Exercer uma profissão remunerada e a procurar diligentemente tal profissão.

3º Entregar imediatamente ao fiduciário, quando por si recebida, a parte dos seus rendimentos objecto de cessão. 4º Informar o tribunal e o fiduciário de qualquer mudança de domicílio ou de condições de emprego. 5º Não fazer quaisquer pagamentos aos credores da insolvência a não ser através do fiduciário.

FUNÇÕES DO FIDUCIÁRIO (Arts. 240º e 241º do CIRE) A remuneração do fiduciário e o reembolso das suas despesas constitui encargo do devedor. São aplicáveis ao fiduciário, com as devidas adaptações, São aplicáveis ao fiduciário, com as devidas adaptações, os nºs 2 e 4 do artigo 38.º, os artigos 56.º, 57.º, 58.º, 59.º e 62.º a 64.º; é também aplicável o disposto no n.º 1 do artigo60.ºenon.º1doartigo61.º, devendo a informação revestir periodicidade anual e ser enviadaacadacredoreaojuiz.

ATENÇÃO (afectação dos rendimentos): O fiduciário notifica a cessão dos rendimentos do devedor àqueles de quem ele tenha direito a havê-los, e afectaosmontantesrecebidos,nofinaldecadaanoem quedureacessão: 1º Ao pagamento das custas do processo de insolvência ainda em dívida. 2º Ao reembolso ao Cofre Geral de Tribunais das remunerações e despesas do administrador da insolvência e do próprio fiduciário que por aquele tenham sido suportadas.

3º Ao pagamento da sua própria remuneração já vencidae despesas efectuadas. 4º À distribuição do remanescente pelos credores da insolvência, nos termos prescritos para o pagamento aos credores no processo de insolvência.

ATENÇÃO(responsabilidade do fiduciário) O fiduciário mantém em separado do seu património pessoal todas as quantias provenientes de rendimentos cedidos pelo devedor, respondendo com todos os seus haveres pelos fundos que indevidamente deixe de afectar às finalidades indicadas no número anterior, bem como pelos prejuízos provocados por essa falta de distribuição. A assembleia de credores pode conferir ao fiduciário a tarefa de fiscalizar o cumprimento pelo devedor das obrigações que sobre este impendem, com o dever de a informar em caso de conhecimento de qualquer violação.

IGUALDADE DOS CREDORES (Art. 242º do CIRE) Não são permitidas quaisquer execuções sobre os bens do devedor destinadas à satisfação dos créditos sobre a insolvência, durante o período da cessão. É nula a concessão devantagensespeciais a um credor da insolvência pelo devedor ou por terceiro. A compensação entre dívidas da insolvência e obrigações de um credor sobre a insolvência apenas é lícita nas condições em que seria admissível durante a pendência do processo.

CESSAÇÃO ANTECIPADA DO PROCEDIMENTO (Art. 243º do CIRE) Fundamentos: 1º Violação dolosa ou com negligência grave das obrigações decorrentes do artigo 239º, prejudicando a satisfação dos créditos da insolvência. 2º Existência de alguma das circunstâncias referidas nas alíneas b), e) e f) do n.º 1 do artigo 238.º, se apenas tiver sido conhecida pelo requerente após o despacho inicial ou for de verificação superveniente.

3. A decisão do incidente de qualificação da insolvência tiver concluído pela existência de culpa do devedor na criação ou agravamento da situação de insolvência. NOTA: O juiz, oficiosamente ou a requerimento do devedor ou do fiduciário, declara também encerrado o incidente logo que se mostrem integralmente satisfeitos todos os créditos sobre a insolvência.

NOTA: Nos casos referidos nos nºs 1 e 2, o juiz deve ouvir o devedor, o fiduciário e os credores da insolvência; a exoneração é sempre recusada se o devedor, sem motivo razoável, não fornecer no prazo que lhe seja fixado informações que comprovem o cumprimento das suas obrigações, ou, devidamente convocado, faltar injustificadamente à audiência em que deveria prestálas.

Legitimidade para requerer a cessação: a) Credor da insolvência. b)administrador da insolvência, se estiver ainda em funções. c) Fiduciário, caso este tenha sido incumbido de fiscalizar o cumprimento das obrigações do devedor.

Prazo/Prova: Princípiogeral: dentro do ano seguinte à data em que o requerente teve ou poderia ter tido conhecimento dos fundamentos invocados, devendo ser oferecida logo a respectiva prova.

DECISÃO FINAL E EFEITOS (Arts. 244º e 245º do CIRE) O juiz decide nos 10 dias subsequentes ao período de 5 anos, sobre a concessão ou não da exoneração do passivo restante do devedor, ouvido este, o fiduciário e os credores da insolvência. A exoneração é recusada pelos mesmos fundamentos e com subordinação aos mesmos requisitos por que o poderia ter sido antecipadamente, nos termos do artigo anterior.

A exoneração do devedor importa a extinção de todos os créditos sobre a insolvência que ainda subsistam à data em que é concedida.

A exoneração não abrange, porém: 1º Os créditos por alimentos. 2º As indemnizações devidas por factos ilícitos dolosos praticados pelo devedor, que hajam sido reclamadas nessa qualidade. 3º Os créditos por multas, coimas e outras sanções pecuniárias por crimes ou contra-ordenações. 4º Os créditos tributários.

REVOGAÇÃO DA EXONERAÇÃO (Art. 246º do CIRE) Fundamentos: A exoneração do passivo restante é revogada provando-se que o devedor incorreu em alguma das situações previstas nas alíneas b) e seguintes do n.º 1 do artigo 238.º, ou violou dolosamente as suas obrigações durante o período da cessão, e por algum desses motivos tenha prejudicado de forma relevante a satisfação dos credores da insolvência. Prazo: A revogação apenas pode ser decretada até ao termo do ano subsequente ao trânsito em julgado do despacho de exoneração; quando requerida por um credor da insolvência, tem este ainda de provar não ter tido conhecimento dos fundamentos da revogação até ao momento do trânsito.

Procedimento: Antes de decidir a questão, o juiz deve ouvir o devedor e o fiduciário. Efeitos: A revogação da exoneração importa a reconstituição de todos os créditos extintos.

PUBLICAÇÃO E REGISTO (Art. 247º do CIRE) Os despachos iniciais, de exoneração, de cessação antecipada e de revogação da exoneração são publicados e registados, nos termos previstos para a decisão de encerramento do processo de insolvência, nos termos dosarts.37ºe38ºdocire.

APOIO JUDICIÁRIO (Art. 248º do CIRE) O devedor que apresente um pedido de exoneração do passivo restante beneficia do diferimento do pagamento das custas até à decisão final desse pedido,naparteem que a massa insolvente e o seu rendimento disponível durante o período da cessão sejam insuficientes para o respectivo pagamento integral, o mesmo se aplicando à obrigação de reembolsar o Cofre Geral dos Tribunais das remunerações e despesas do administrador da insolvência e do fiduciário que o Cofre tenha suportado.

Sendo concedida a exoneração do passivo restante, é aplicável ao pagamento das custas e à obrigação de reembolso referida, o disposto no artigo 65.º do Código das Custas Judiciais, mas sem subordinação ao período máximode12mesesprevistonorespectivon.º1. Se a exoneração for posteriormente revogada, caduca a autorização do pagamento em prestações, e aos montantes em dívida acresce a taxa de justiça equivalente aos juros de mora calculados como se o benefício previsto no n.º 1 não tivesse sido concedido.

O benefício previsto no n.º 1 afasta a concessão de qualquer outra forma de apoio judiciário ao devedor, salvo quanto à nomeação e pagamento de honorários de patrono.

REQUERIMENTO INICIAL EXMO. SENHOR JUIZ DE DIREITO DOS JUÍZO DO COMÉRCIO DO TRIBUNAL DA COMARCA DE [ ] [ ], casado, BI [ ], NIF [ ], residente na [ ] vem ao abrigo do disposto nos artºs 18º e segs. do Código da Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE), REQUERER A SUA APRESENTAÇÃO À INSOLVÊNCIA, nos termos e com os fundamentos seguintes: I PETIÇÃO DE INSOLVÊNCIA 1.º O Requerente exerceu o cargo de vogal do Conselho de Administração da sociedade [ ]. 2.º Data em que foi declarada a respectiva insolvência no âmbito do processo que, sob o n.º [ ] corre os seus termos pelo Juízo do Comércio do Tribunal Judicial da Comarca da [ ] e que foi requerido pela própria [ ] (cf. Doc. 1 que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais). 3.º No âmbito da sua actividade, a [ ] solicitou diversos financiamentos bancários, tendo a Banca, em vários casos, condicionado a respectiva concessão à prestação de aval por parte do aqui Requerente e de outros administradores.

4º Assim foi com [ ]; 5º Foi porque em meados de 2009 a [ ] se viu na impossibilidade de cumprir as suas obrigações vencidas, que esta empresa decidiu apresentar-se à insolvência. 6º Tendo, porém em vista, não o seu encerramento, mas a sua recuperação, 7º Na qual acreditava, tal como o aqui Requerente, contanto para o efeito contasse do apoio dos seus credores. 8º [ ]

II PEDIDO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE 31º O estado de insolvência em que o Requerente se encontra, resulta, unicamente, dos avais prestados à [ ]. 32º O Requerente não tem, por isso, culpa na sua insolvência, como não teve a [ ], cuja insolvência foi declarada fortuita Cf. Doc. 5, que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais. 33º Assiste ao Requerente o direito de peticionar a este Tribunal a concessão do benefício da exoneração do passivo restante, ex vi artigos 235.º e 236.º, n.º 1 do CIRE. 34º O agregado familiar do Requerente é composto por si, sua esposa, um enteado ([ ]) e um filho ([ ]) o primeiro com 11 anos de idade e o segundo com 5. 35º Como já acima se referiu, o Requerente prevê vir a auferir uma remuneração média mensal líquida de 1.940,00, sendo que não aufere de quaisquer outros rendimentos.

36º Nos últimos 3 anos o Requerente foi proprietário dos seguintes bens: Veículo automóvel, da marca [ ], com a matrícula [ ], que se encontrava registado em nome do Requerente mas que foi adquirido com recurso a crédito liquidado com fundos quer do Requerente quer da sua esposa, [ ]; em Fevereiro de 2009 o Requerente cedeu esse veículo à sua esposa que dele necessitava para efeitos de suas deslocações a [ ], onde labora (cf. documento que protesta juntar). 3.550 acções do [ ] e 200 acções do [ ], que cedeu a sua esposa [ ], em [ ], como modo de compensá-la pelos maiores encargos que vinha suportando com o agregado familiar, em virtude da ausência de rendimentos do Requerente. Tais acções, como é do conhecimento público, têm, neste momento, como já tinham naquela altura, um valor perfeitamente residual (cf. documento que protesta juntar). Duas apólices de complemento de reforma que detinha junto da [ ], que resgatou em Fevereiro de 2009 e que lhe renderam 20.810,00 (cf. documento que protesta juntar). Apólice [ ] que detinha junto da [ ], que resgatou em Fevereiro de 2009 e que lhe rendeu 3.102,16 (cf. documento que protesta juntar). 37º O Requerente usa circular de carro, usando, para o efeito, o veículo automóvel da marca [ ], com a matrícula [ ], de propriedade da [ ]. e dada em leasing à empresa [ ], da qual é sócio e gerente não remunerado (cfr. documento que protesta juntar).

38º O último rendimento regular que o Requerente auferiu foi enquanto administrador da sociedade [ ]. 39º Desde que esta entrou em insolvência o Requerente tem sobrevivido (comparticipado no encargos do seu agregado familiar e suportado as despesas inerentes à sua actividade profissional) com recurso: A um maior esforço de sua esposa no suporte dos encargos do agregado familiar; Com o produto do resgate das apólices de seguro que detinha na [ ] e que se encontram acima referidos. Com a venda, em Dezembro de 2009, de 1185 acções da [ ], que lhe rendeu [ ] (cf. documento que protesta juntar); Com as devoluções de IRS referentes aos anos de 2008 e 2009, nos montantes de [ ] e [ ](cf. documento que protesta juntar) Com recurso a diversos empréstimos e ao uso de cartões de crédito (cf. indicado na relação de credores, nomeadamente: i) [ ]; ii) dívidas de cartão de crédito a [ ],[ ],[ ] e cartão [ ]). 40º Sua esposa aufere actualmente a quantia líquida de 1.253,01 (cf. Doc. 6 que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais). 41º Pelo que o rendimento líquido mensal do seu agregado familiar será de aproximadamente 3.193,00.

42º São despesas necessárias ao sustento minimamente digno do seu agregado familiar, as seguintes: Despesas de Supermercado (alimentação e outros produtos para o lar) cerca de 500 mensais; Despesas escolares com seu filho [ ] - 240 mensais (cf. Doc. 7 que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais); Despesas escolares com seu Enteado [ ]- 60 mensais; Despesas de saúde - [ ] mensais; Despesas relacionadas com a casa morada de habitação (empréstimo habitação e seguros associados) - 787,10 mensais (cf. Doc. 8); Água, luz e electricidade - 150,00 mensais. Despesas de deslocações e alimentação da esposa do Requerente, que com este reside em [ ] e que trabalha no [ ], nas Caldas da Rainha, para onde se desloca diariamente - 600,00 mensais.

43º Desde já se requerendo a V. Exa. se digne excluir do rendimento disponível a entregar ao fiduciário, para efeitos de exoneração do passivo restante, a quantia necessária para fazer face às despesas acabadas de referir. 44º Comprometendo-se o insolvente a entregar ao fiduciário que este Tribunal designar a totalidade do seu rendimento disponível, conforme este Tribunal decidir. 45º O Requerente compromete-se a cumprir, escrupulosamente, com todas as prescrições contidas no artigo 239.º, n.º 4 do CIRE. 46º Não ocorrem quaisquer das circunstâncias que motivam o indeferimento liminar do pedido de exoneração, plasmadas no artigo 238.º, n.º 1 do CIRE. 47º Nos termos do disposto no artigo 236.º, n.º 3 do CIRE, o Requerente expressamente declara cumprir todos os requisitos para a concessão do benefício e estar disposto a observar todas as condições que, para o efeito, se encontram previstas no CIRE.

Valor: 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo). Nestes termos, e nos melhores de direito, deve a presente acção ser julgada procedente, por provada e, em consequência ser declarada a insolvência do Requerente e, nos termos do disposto no artigo 239.º, n.º 1 do CIRE, proferido despacho inicial de concessão do benefício da exoneração do passivo restante. Para o desempenho do cargo de Administrador da Insolvência sugere-se a Exma. Sra. Dra. [ ]. Junta: procuração forense e comprovativo do pagamento da taxa de justiça. Junta no prazo legal - 8 documentos, Relação de credores, Relação de Bens, Relação de Processos Judiciais instaurados contra o Requerente, Documento elaborado nos termos do disposto no artigo 24.º, n.º 1, c) do CIRE, que somente não seguem junto à presente dado a sua dimensão exceder os 3Mb suportados pela plataforma CITIUS. O ADVOGADO

DESPACHO DE EXONERAÇÃO CONCLUSÃO -[ ]-[ ]-[ ] (Termo electrónico elaborado por Escrivão [ ]) =CLS= [ ], veio simultaneamente com o pedido de declaração da insolvência, pedir que lhe seja concedida a exoneração do passivo restante, nos termos do disposto nos artigos 235º e segs. do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (C.I.R.E.). Foi realizada a assembleia de apreciação do relatório, ouvidos os credores e o Sr. Administrador da Insolvência. Vieram os credores [ ] e [ ] opor-se ao deferimento do pedido formulado. Compulsados os autos não se verifica, porém, nenhuma das causas que nos termos do disposto no artigo 238º nº 1 do CIRE determina o indeferimento liminar do pedido de exoneração do passivo restante. Assim e ao abrigo do disposto nos artigos 237º b) e 239º nº 1 do CIRE passa-se a proferir despacho inicial relativamente ao pedido de exoneração do passivo restante, nos seguintes termos:

Concede-se ao devedor [ ] a exoneração do passivo não pago integralmente no presente processo de insolvência, desde que venham a ser por ele observadas as seguintes condições previstas nos nºs 3 e 4 do artigo 239º do CIRE, durante o período de cessão, correspondente aos cinco anos subsequentes ao encerramento do processo de insolvência: a) Ceder ao fiduciário a final designado, o rendimento disponível que venha a auferir, nele se integrando todas e quaisquer quantias que advenham ao seu património e que excedam mensalmente duas vezes o valor do salário mínimo nacional estabelecido para cada ano civil, actualmente fixado em 485,00 mensais (cfr. Decreto-Lei 143/2010, de 31 de Dezembro); b) Não ocultar ou dissimular quaisquer rendimentos que aufira por qualquer título, a informar o Tribunal e o fiduciário sobre os seus rendimentos e o património na forma e no prazo em que isso lhes seja requisitado; c) Exercer uma profissão remunerada, não a abandonando sem motivo legítimo; d) Entregar imediatamente ao fiduciário, quando por si recebida, a parte dos seus rendimentos objecto de cessão;

e) Informar o Tribunal e o fiduciário de qualquer mudança de domicílio ou de condições de emprego, no prazo de 10 dias após a respectiva ocorrência, bem como, quando solicitado e dentro de igual prazo, sobre as diligências realizadas para a obtenção de emprego; f) Não fazer quaisquer pagamentos aos credores da insolvência a não ser através do fiduciário e a não criar qualquer vantagem especial para algum desses credores. Como fiduciário nomeio o Dr. [ ], com domicílio profissional em [ ]. Notifique, publicite e registe em conformidade com o disposto no artigo 38º nº 2 e 4 do CIRE, aplicáveis por força do disposto no artigo 240º nº 2 do mesmo diploma legal. Texto elaborado em computador e integralmente revisto pela signatária. [ ],[ ] de [ ] de 2010 O/A Juiz de Direito,

Obrigado. António Raposo Subtil