16 TÍTULO: AVALIAÇÃO DA CINZA DE MADEIRA MISTURADA AO SUBSTRATO CAROLINA SOIL NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALFACE CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA SUBÁREA: CIÊNCIAS AGRÁRIAS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE MARÍLIA AUTOR(ES): SUZANA MARIA LIPPAUS BARBOSA, AMANDA CAROLINE GUIMARÃES, NAIME GOMES DA SILVA, RAFAELA CARDOSO DO NASCIMENTO BATISTA F. ORIENTADOR(ES): RONAN GUALBERTO COLABORADOR(ES): UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
1. RESUMO A produção de mudas é fundamental para o cultivo da alface produzida por meio de substratos, os quais devem ser de boa qualidade, com estrutura física e química ideal. A cinza vegetal, um resíduo da queima de madeira, tem uso potencial na agricultura como fonte de nutrientes para plantas. Dessa forma objetivou-se neste trabalho avaliar o desenvolvimento de mudas de alface em função de níveis crescentes de cinza de madeira (2,5%, 5,0%, 7,5%, 10,0% e 12,5%), com base em volume, adicionadas ao substrato. O experimento foi conduzido em condições de ambiente protegido, na Universidade de Marília, no período de setembro a outubro de 2015. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro repetições. Os tratamentos utilizados foram: T1 (100%); T2 + 2,5% de Cinzas; T3 + 5,0% de Cinzas; T4 + 7,5% de Cinzas; T5 Carolina Soil + 10,0% de Cinzas; T6 + 12,5% de Cinzas. Foram avaliadas as características: altura de planta (AP) e massa fresca da parte aérea planta -1 (MFPA). A diferença estatística significativa entre substratos foi observada nos caracteres avaliados. Para a altura de plantas somente o tratamento + 12,5% de Cinzas mostrou valor inferior aos demais. Com relação à MFPA se destacaram os tratamentos onde se adicionaram a cinza de madeira ao substrato, nos níveis entre 5% e 10%. Conclui-se que nas condições em que foi conduzido o experimento que a adição de cinzas ao substrato comercial dentro de certos níveis favoreceu o desenvolvimento de mudas de alface. 2. INTRODUÇÃO A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa de maior importância no Brasil e no mundo (HENZ & SUINAGA, 2009). O tipo predominante no Brasil é do grupo crespa, liderando 70% do mercado. As do grupo americana e lisa detêm 15% e 10%, respectivamente, enquanto outras (vermelha, mimosa, romana) correspondem a 5% do mercado (SALA & COSTA, 2005). A produção de mudas de hortaliças se torna cada vez mais uma das etapas mais importantes do sistema produtivo, ocasionando diversos reflexos no desempenho final das plantas nos canteiros da produção, tanto do ponto de vista nutricional quanto no ciclo produtivo da cultura. Mudas mal formadas atrapalham e
acabam comprometendo todo o desenvolvimento da cultura, aumentando seu ciclo e levando a perdas na produção (GUIMARÃES et al., 2002). No geral, sabe-se que a produção de mudas tem suas vantagens para a olericultura, principalmente porque a muda de boa qualidade é um dos fatores decisivos para a obtenção de plantas de alto padrão, que no futuro refletem na produção, representando 60% do sucesso da cultura. Por isso há uma necessidade de buscar sempre evoluir mais a atividade, inovando técnicas que promovam maior rentabilidade e redução de custos nesta fase produtiva (COSTA et al., 2011). O grande desenvolvimento da produção de mudas de hortaliças tem se fundamentado na utilização das melhores fontes e combinações de substratos para se ter uma melhor germinação e emergência das plântulas. Na condição do uso de resíduos orgânicos na composição de substrato, este deve atender certos critérios, pois, embora seja uma fonte alimentar pode ter efeitos danosos em decorrência de uma formulação excessivamente orgânica resultando na mobilização do nitrogênio pelos microrganismos (GIORGETTE, 1991). O uso agronômico das cinzas pode proporcionar a obtenção de mudas de qualidade e, ainda, resolver problemas da indústria quanto à alocação deste resíduo (PRADO et al., 2003; PIVA, 2011). As cinzas de madeiras podem ser utilizadas como adubos orgânicos, principalmente com fonte de Nitrogênio, Potássio, Fósforo, Cálcio e Magnésio (SEVERINO et al., 2006; PIVA, 2011). Silva et al. (2010) avaliaram diversos substratos na produção mudas de pepino orgânicas, constataram que quando adicionaram cinzas de madeira ao substrato favoreceu o desenvolvimento vegetativo das mudas. Resultados satisfatórios utilizando cinza no substrato para produção de mudas também foram encontrados por Darolt et al. (1993) e Silva et al. (2009), quando avaliaram o desenvolvimento de mudas de alface. Porém, não se tem relatos da utilização deste adubo orgânico na produção de mudas de couve-flor. 3. OBJETIVO Avaliar o efeito da adição de níveis crescentes de cinza vegetal ao substrato comercial na produção de mudas de alface.
4. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação da Fazenda Experimental da Universidade de Marília - SP, com altitude de 610 m, latitude 22 o 12' 50'' S e longitude 49 o 56' 45'' W, no período de 10 de março a 10 de abril de 2015. A estufa utilizada foi do tipo túnel alto, com 4,0m de pé direito, cobertura plástica de 150 micras de espessura e laterais protegidas com telas de polipropileno preto com 50% de sombreamento. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro repetições. Os tratamentos utilizados foram: T1 Carolina Soil (100%); T2 + 2,5% de Cinzas; T3 + 5,0% de Cinzas; T4 + 7,5% de Cinzas; T5 + 10,0% de Cinzas; T6 + 12,5% de Cinzas. As sementes de alface cultivar Vanda foram semeadas em bandejas de poliestireno expandido, com duzentas células, sendo irrigadas diariamente com solução nutritiva, recomendada por (BASSO & BERNARDES, 1993). O substrato comercial utilizado foi que é composto por turfa, cascas de arroz carbonizado, vermiculita e a Cinza proveniente das caldeiras da Indústria Dori Alimentos Ltda, localizada em Marília-SP. Trinta e um dias após a semeadura foram avaliadas as características: altura de planta (AP), massa fresca da parte aérea (MFPA) e massa seca da parte aérea (MSPA). Foram avaliadas as características: altura de planta e massa fresca da parte aérea planta -1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, através do programa computacional SISVAR, utilizando-se o teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade para comparação das médias. 5. RESULTADOS A análise de variância indicou diferenças significativas entre substratos para as características avaliadas. Para a altura de plantas não ocorreram diferenças significativas entre a testemunha (100%) e os tratamentos que receberam diferentes níveis de cinzas, á exceção do que recebeu maior dose ( + 12,5% de Cinzas), o qual mostrou valor inferior aos demais.
Tabela 1: Valores médios obtidos da altura de planta (AP), massa fresca da parte aérea planta -1 (MFPA) e massa seca da parte aérea planta -1 (MSPA) de mudas de alface produzidas em diferentes substratos. UNIMAR, Marília, 2015. (100%) Substratos AP (cm) MFPA (g) + 2,5% de Cinzas + 5,0% de Cinzas + 7,5% de Cinzas + 10,0% de Cinzas + 12,5% de Cinzas 11,75 a 13,75 a 12,50 a 13,00 a 13,25 a 9,50 b 4,43 b 3,62 b 8,87 a 9,31 a 9,43 a 2,43 b CV (%) 10,88 16,67 * Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Com relação à MFPA os tratamentos que receberam cinzas no níves de 5,0%, 7,5% e 10,0% mostram valores superiores à testemunha e aos que receberam níveis de 2,5% e 12,5% (Tabela 1). Resultados satisfatórios utilizando cinza de madeira no substrato para produção de mudas, também foram encontrados por Silva et al. (2009), Oliveira et al. (2011) e Garlet et al. (2013) avaliando alface, barriguda e goiaba, respectivamente. Souza et al. (2013) avaliando o efeito da cinza de caldeira sobre as características químicas de um solo do Cerrado baiano e produtividade da alface verificaram que as quantidades de cinza acima de 11,35 Mg ha -1 apesar de contribuir para o aumento dos valores de Ca e Mg, bem como de nutrientes limitantes como P e K, prejudicaram o desenvolvimento da alface. Osaki e Darolt (1991), já descreveram a característica corretiva deste produto e a necessidade de determinar a quantidade correta a ser utilizada, uma vez que, analisando cinzas de três espécies vegetais, verificaram que todas apresentaram características positivas para o seu aproveitamento como adubo e corretivo na agricultura, desde que utilizadas na quantidade correta. Darolt et a. (1993), por sua vez testaram diferentes quantidades de cinza na nutrição de alface e verificaram ganhos significativos na produção sendo que os maiores ocorreram nas quantidades de 10 e 15 t/ha, enquanto nas doses de 20 e 30 t/ha, os resultados foram inferiores. Segundo Ignatieff & Page (1959), doses elevadas de cinza podem prejudicar as raízes das plantas, causando-lhes até morte, em razão da alta alcalinidade.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A adição de cinzas de madeira ao substrato comercial beneficiou o desenvolvimento de mudas de alface até o nível máximo de 10%. 7. FONTES CONSULTADAS BASSO, E. N.; BERNARDES, L. J. L. Hidroponia: técnicas de implantação comercial do cultivo de alface. Piracicaba, 1993. 49 p. (Apostila). COSTA, C. C; COSTA, M. R. da S.; LEITE, D. T.; LOPES, K. P.; QUEIROGA, V. de P. P.; Desenvolvimento de mudas de couve em diferentes substratos e idade. Informativo Técnico do Semi-árido-INTESA, Pombal, PB, v.4, n.1, p. 01-06, 2011. Disponível em: <http://www.gvaa.com.br/revista/index.php/intesa/article/ view/753/pdf_222>. Acesso em: 10/03/2014. DAROLT, M. R.; BIANCO NETO, V.; ZAMBON, F. R. A. Cinza vegetal como fonte de nutrientes e corretivo de solo na cultura da alface. Horticultura Brasileira, Viçosa, v.11, p.38-40, 1993. GARLET, J.; DELAREZI, P.; SOUZA, G. F. Produção de mudas de Eucaliptus badjensis em diferentes composições de substrato. Anais. In: II Congresso Brasileiro de Eucalipto, São Paulo, 2013. GUIMARÃES, V. F.; ECHER, M. M.; MINAMI, K. Métodos de produção de mudas, distribuição de matéria seca e produtividade de plantas de beterraba. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 03, p. 505-509, 2002. IGNATIEFF, V.; PAGE, H. J. El uso eficaz de los fertilizantes. 2a. ed., FAO, Roma, 1959. p. 101-102. HENZ, G. P.; SUINAGA, F. Tipos de Alface Cultivados no Brasil. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2009. 7p. (Comunicado Técnico, 75).
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