O impacto na sustentabilidade e nos modelos de sistemas de saúde dos grande avanços científicos e tecnológicos Pedro Pita Barros
Sustentabilidade Preocupação é sobretudo com sistema público Serviço Nacional de Saúde Sustentabilidade financeira não pode ser vista de forma independente do conjunto das despesas e receitas da despesa pública Sustentabilidade não é um aspecto está?co valor de um ano e sim uma preocupação de trajectória dinâmica taxas de crescimento 2
3
4
Despesa em saúde como % PIB 5
Despesa total per capita em saúde (PPP) 6
De onde surge este crescimento? Populações mais ricas tendem a querer mais cuidados de saúde efeito rendimento a nível agregado é significa?vo 1% rendimento real => 1% despesa em saúde Evolução tecnológica es?ma?vas colocam entre 30% a 50% do crescimento da despesa em saúde Envelhecimento NÃO é muito importante 13 a 15% do crescimento que se tem observado 7
p q = T (Y )+ q sp q preço quantidade = impostos + taxas moderadoras/copagamentos - beneficios fiscais Tecnologia em saúde aumenta quan?dade e aumenta preço Como é garan?da esta igualdade? Redução de quan?dades (por exemplo, taxas moderadoras, que doentes incluir para tratamento, etc ) Redução de preços Aumento de impostos/redução bene`cios fiscais 8
Podemos alargar a condição de equilíbrio para o Estado, mas a dinâmica da dívida (D) tem que passar a ser considerada: p q = T (Y )+ q sp q + D rd E se nos situarmos em todo o espaço da despesa pública, sendo G a restante despesa pública e R outras receitas p q = T (Y )+ q sp q + D rd + G R Vê- se que na conjuntura actual a pressão sobre a despesa pública em saúde é crescente 9
A forma de adopção de tecnologias em saúde tem um efeito substancial sobre o crescimento da despesa Amitabh Chandra & Jonathan S. Skinner, 2011, Technology Growth and Expenditure Growth in Health Care?pologia I. Tecnologias muito custo efec?vas com pouca probabilidade de excesso de u?lização II. Tecnologias muito efec?vas para alguns casos mas não para todos III. Tratamentos com valor clínico incerto 10
Nas tecnologias muito custo efec?vas e com pouco excesso de u?lização tem- se quer tecnologias de muito baixo custo (aspirina) quer tecnologias de custo muito elevado mas suficientemente agressivas para não haver abuso (an?- retrovirais) Na segunda categoria, para alguns doentes, os efeitos das terapêu?cas são pra?camente nulos excesso de uso e de custos (exemplo: stents) 11
Na terceira categoria ou não há evidência de valor cienqfico ou os bene`cios são pequenos e os custos elevados Evidência mostra que os ganhos em saúde e de longevidade resultam do primeiro?po de tecnologias; mas os custos são gerados sobretudo pelo terceiro. Um elemento crucial de ajustamento dos custos às disponibilidades financeiras é escolher as tecnologias certas 12
Não há uma solução mágica para resolver os problemas da sustentabilidade financeira do Serviço Nacional de Saúde O controle da adopção de novas tecnologias tem que ser um dos instrumentos a ser usado No caso de Portugal, os instrumentos que sejam usados não alterarão as descobertas tecnológicas mundiais 13
A sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde tem que ser pensado simultaneamente a três ritmos: Em cada momento, há desperdício de recursos? A médio prazo, que organização do sistema garante o acesso a cuidados de saúde adequados (evitando quer o abuso quer a falta de acesso)? A longo prazo, que instrumentos usar para ter uma população mais saudável? 14
A pergunta polí?ca na actual conjuntura sobre qualquer medida é: que efeito tem nos custos? A esta, a análise económica adiciona: que bene`cios se recolhem e compensam os custos? A estas, as preocupações com a sustentabilidade financeira adicionam: que implicações tem para o crescimento da procura de cuidados de saúde e para os seus preços? 15
Exemplo: medidas na área do medicamento 5.0 Lenc Level+Reg+Intv +/- 2SE 4.5 4.0 1995 2000 2005 2010 16
A evolução nos encargos do SNS é conhecida ( 10 anos da polí?ca do medicamento em Portugal ): Efeito temporário do sistema de preços de referência Efeito de nível mas sem alterar ritmos de crescimento das descidas administra?vas de preços Compar?cipação a 100% em genéricos na segunda metade de 2009 foi equivalente a um aumento de preços (de 5%) Nada alterou a dinâmica! 17
Úl?mo ano? Exercício prever o que seria evolução na ausência das medidas que?veram efeito já em 2011 Modelo de regressão incluindo os pontos chave do gráfico anterior mais efeitos de sazonalidade mensal, variável de interesse: encargos do SNS (tomada em logaritmo); terminando a es?mação em 2010 e prevendo para 2011 18
17.5 18 18.5 19 01jan1995 01jan2000 01jan2005 01jan2010 data Fitted values ln_encargos Fitted values 19
18.4 18.6 18.8 19 Valores reais Evolução prevista Período usado para construir a previsão (1995-2010) 01jan2005 01jan2006 01jan2007 01jan2008 01jan2009 01jan2010 01jan2011 data Fitted values ln_encargos Fitted values 20
As diferenças entre o que seria a con?nuação da evolução previsível com base no passado e a evolução real sugerem, pela primeira vez, desde 1995 uma alteração na própria dinâmica de evolução Com forte contracção dos encargos do Estado com os primeiros 7 meses de 2011 não é uma alteração de nível apenas. (modelo estaqs?co confirma esta conclusão gráfica) 21
0 20000000 40000000 60000000 80000000 100000000 120000000 140000000 160000000 180000000 200000000 Jan/95 Jun/95 Nov/95 Abr/96 Set/96 Fev/97 Jul/97 Dez/97 Mai/98 Out/98 Mar/99 Ago/99 Jan/00 Jun/00 Nov/00 Abr/01 Set/01 Fev/02 Jul/02 Dez/02 Mai/03 Out/03 Mar/04 Ago/04 Jan/05 Jun/05 Nov/05 Abr/06 Set/06 Fev/07 Jul/07 Dez/07 Mai/08 Out/08 Mar/09 Ago/09 Jan/10 Jun/10 Nov/10 Abr/11 encargos_sns 22
23
24
Medidas de choque e pavor descidas administra?vas de preços - têm limites Introdução da inovação tem que ser escru?nada Em contexto de escassez de fundos Limite custo efec?vidade que serve de guia, mesmo que implicitamente, tem de ser mais baixo Revisão de medicamentos aprovados noutros tempos será necessária para abrir espaço orçamental 25
Em contexto de escassez de fundos: Avaliação económica tem que reflec?r o custo de oportunidade dos fundos necessários, que no caso do pagador público aumentou consideravelmente Este custo de oportunidade depende do gasto total público O que passar o crivo da avaliação económica é porque se jus?fica bene`cios excedem os custos Importância do critério económico como quarta barreira jus?fica revisitar as Orientações Metodológicas para as actualizar 26
Os problemas colocados pelos avanços cienqficos são os mesmos em todo o lado A nível global, será que se pode esperar o desenvolvimento de tecnologias que tenham a caracterís?ca de reduzir custos e não aumentar? No futuro próximo, não parece ser o caso, nomeadamente no campo dos medicamentos. 27
Conclusão Pressão do crescimento da despesa com cuidados de saúde Pressão para reduzir a despesa pública como um todo Pressão vem em grande medida do crescimento da tecnologia Vai ser preciso fazer escolhas: existem mecanismos conhecidos para ajudar; terão que exis?r decisões sociais sobre exclusões (?) 28