INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE PROCESSAMENTO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS POLIPROPILENO/BENTONITA

Documentos relacionados
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA POR DRX E MET DE NANOCOMPÓSITOS DA POLIAMIDA 6 E 66 COM ARGILA BENTONITA REGIONAL

Influência das Condições de Processamento em Nanocompósitos de PE/Argila Organofílica

NANOCOMPÓSITOS DE PP E BENTONITA ORGANOFILIZADA COM DIFERENTES TENSOATIVOS

A INFLUÊNCIA DA ARGILA MONTMORILONITA ORGANOFÍLICA NA CRISTALIZAÇÃO DO POLIPROPILENO

PROPRIEDADE TERMOMECÂNICA DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIAMIDA 6 COM ARGILA BENTONITA ORGANOFÍLICA

INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE SAL QUATERNÁRIO DE AMÔNIO E DO TIPO DE COMPATIBILIZANTE EM NANOCOMPÓSITOS PEAD/ARGILA ORGANOFÍLICA

MODIFICAÇÃO DE ARGILA BENTONITA PARA USO COMO NANOCARGA EM MATRIZES POLIMÉRICAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIPROPILENO/ARGILA BENTONÍTICA ORGANOFÍLICA

MODIFICAÇÃO DE ARGILA BENTONITA E APLICAÇÃO EM NANOCOMPÓSITOS COM MATRIZ DE POLIPROPILENO

INFLUÊNCIA DE ARGILA ORGANOFÍLICA NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO POLIPROPILENO

Fernanda C. Morelli 1, Adhemar Ruvolo Filho 2 *

DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIAMIDA 6.6/ARGILA BENTONÍTICA NACIONAL

NANOCOMPÓSITOS DE POLIPROPILENO. UMA ALTERNATIVA PARA A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA?

CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS PREPARADOS COM BLENDA DE POLIETILENO.

EFEITO DE DOIS TIPOS DE ARGILAS ORGANOFÍLICAS NAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE PEBD

INFLUÊNCIA DO TIPO DE POLÍMERO E DOS PARÂMETROS DE MISTURA NA FORMAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS COM ARGILA BENTONITA MODIFICADA

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DA ARGILA ORGANOFILICA

Preparação e Caracterização de argila Verde-Lodo natural com diferentes sais quaternários de amônio.

Efeito do teor de silicato em camadas na estrutura, morfologia e propriedades térmicas de nanocompósitos à base de Poli(álcool vinílico)

ANÁLISE TÉRMICA E RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE COMPÓSITOS DE HDPE E VERMICULITA

NANOCOMPÓSITOS PP/ GRAFITE: COMPARAÇÃO COM PLÁSTICOS DE ENGENHARIA

Propriedades Mecânicas de Nanocompósitos de Polipropileno e Montmorilonita Organofílica

PROCESSO DE OBTENÇÃO DE ARGILA ORGANOFILICA UTILIZANDO DOIS SAIS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO (Praepagen e Dodigen)

PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIAMIDA 6 / MONTMORILONITA

Nanocompósitos PP/Betonita Empregando uma Bentonita de Wyoming Tratada com três Diferentes Tipos de Sais Quaternários de Amônio

COMPARATIVO DE ARGILAS NACIONAIS PARA USO EM NANOCOMPÓSITOS

INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS REOLÓGICAS DA MATRIZ NA OBTENÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS DE PE/EVA/MMT

Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

PREPARAÇÃO E PROPRIEDADES DE NANOCOMPÓSITOS ORGANICAMENTE

POLIPROPILENO REFORÇADO COM ARGILA VERDE LODO E FIBRA DA CASTANHA-DO-BRASIL

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

COMPÓSITOS PP/NANO-ZrPoct: EFEITO DA CARGA NAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DO PP

PROPRIEDADES MECÂNICO-DINÂMICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIPROPILENO/ARGILA UTILIZANDO EVA E EVOH COMO AGENTE COMPATIBILIZANTE.

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE FLUIDEZ E DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE NYLON6/ARGILA BENTONÍTICA

5º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

Efeitos de Diferentes Argilas Organofílicas nas Propriedades de Compósitos PET/Bentonita

Instituto Politécnico, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua Bonfim 25, Bloco 5, Vila Amélia, , Nova Friburgo, RJ

ELETROFIAÇÃO DE SOLUÇÕES DE NANOCOMPÓSITO DE NÁILON6/MONTMORILONITA

BLENDAS COM ADIÇÃO DE NANOCARGAS: APLICAÇÕES EM PLÁSTICOS DE ENGENHARIA

MONITORAMENTO IN-LINE DA PREPARAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS PP/MMT VIA EXTRUSÃO

FILMES DE NANOCOMPÓSITO PP/ARGILA ORGANOFÍLICA PARA EMBALAGENS DE ALIMENTOS

DESENVOLVIMENTO DE COMPÓSITO TERMOPLÁSTICO-MADEIRA FEITO COM ADESIVO DE AMIDO PARA MOLDAGEM POR INJEÇÃO Maurício de Oliveira Gondak, MSc (UFPR)

TRATAMENTO DE EMULSÕES ÓLEO/ÁGUA UTILIZANDO ARGILA VERMICULITA EXPANDIDA ORGANOFÍLICA E HIDROFOBIZADA

Nanocompósitos PP/Bentonita Verde Lodo. I Influência da Modificação e Teor de Argila nas Propriedades Mecânicas

UTILIZAÇÃO DE CELULOSE E NANOARGILA COMO AGENTES DE REFORÇO EM POLIPROPILENO RESUMO

Estudo do efeito de sais quaternários de amônio no processo de organofilização de argila esmectítica

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE ARGILA MONTMORILONITA NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E NA CRISTALINIDADE DA POLIAMIDA

Av. Prof. Mello Moraes 2463, Cidade Universitária, S. Paulo, SP

COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIETILENO E ARGILA. CEP Caixa Postal Curitiba PR -

Palavras-chave: Polipropileno, Amido termoplástico, Misturas, Propriedades mecânicas, Morfologia

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE MEMBRANAS DE NANOCOMPÓSITOS DE PEI/ARGILA REGIONAL

Preparação e caracterização das argilas organofílicas Brasgel e Verde Lodo utilizadas na adsorção de solventes orgânicos

NANOCOMPÓSITOS DE FILMES DE ACETATO DE CELULOSE E CLOISITE 20A

PROCESSAMENTO DE NANOCOMPÓSITOS EVA/PVC/MMT EM EXTRUSORA DUPLA-ROSCA

Avaliação do efeito da adição de peróxido de dicumila (DCP) nas propriedades de polietileno de alta massa molecular

Morfologia de Nanocompósitos de Polietileno e Poliamida-6 Contendo Argila Nacional

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE COMPATIBILIZANTE E/OU MONTMORILONITA NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E MORFOLOGIA DE BLENDAS DE PP/PET RECICLADO

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE MÚLTIPLAS EXTRUSÕES NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E TÉRMICAS DE NANOCOMPÓSITO DE HIPS COM ARGILA

PROPRIEDADES MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITO HÍBRIDO DE POLIPROPILENO COM NANOARGILA E CELULOSE ORIUNDA DE PAPEL RECICLADO

Palavras-chave: polipropileno; borracha nitrílica; extrusão mono-rosca; elastômeros termoplásticos.

PROPRIEDADES MECÂNICAS, TERMO-MECÂNICAS E MORFOLOGIA DE NANOCOMPÓSITOS POLIAMIDA 6 / ARGILA NACIONAL

Nanocompósitos de Poliamida 6/Argila Organofílica: Efeito do Peso Molecular da Matriz na Estrutura e Propriedades Mecânicas e Termomecânicas

NANCOMPÓSITOS SBR/ARGILA ORGANOFÍLICA BRASILEIRA

sido atribuída ao elevado fator de forma das camadas de da Toyota com o desenvolvimento de nanocompósitos de

A R T I G O T É C N I C O C I E N T Í F I C O. Introdução

INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA DE POLIURETANO ELASTOMÉRICO NA PROCESSABILIDADE E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE COMPÓSITOS COM MICA

Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

PRODUÇÃO DE COMPÓSITOS DA PALHA DE MILHO COM POLÍMERO BIODEGRADÁVEL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS

CARACTERIZAÇÃO DA DISPERSÃO DE NANOARGILAS EM NANOCOMPÓSITOS DE NBR POR DIFRATOGRAFIAS DE RAIOS-X

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO E VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DA ROSCA NA PROPRIEDADE MECÂNICA DO NANOCOMPÓSITO POLIÉSTER BIODEGRADÁVEL

Preparação e determinação da resistividade elétrica de blendas de silicone e polianilina dopada com ácido cítrico

PREPARAÇÃO DE ARGILAS ORGANOFILICAS EM MATRIZ DE ELASTÔMERO.

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO GRUPO ANIDRIDO MALEICO DO COMPATIBILIZANTE NA MORFOLOGIA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE BLENDAS PA6/AES

COMPÓSITOS DE POLIETILENO DE BAIXA DENSIDADE E TORTA DE MAMONA

Palavras-chave: Polipropileno, Elastômero termoplástico, Misturas, Propriedades mecânicas, Morfologia

DESENVOLVIMENTO DE NANOCOMPÓSITOS EMPREGANDO POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE E ARGILA ORGANOFÍLICA

NANOCOMPÓSITOS DE POLIPROPILENO COM ARGILA MONTMORILONITA MODIFICADA COM TENSOATIVO NÃO-IÔNICO

OBTENÇÃO DE ARGILAS QUIMICAMENTE MODIFICADAS - ORGANOVERMICULITA

(Effect of quaternary ammonium salts on the organophilization of national bentonite clay)

INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS DE PROCESSAMENTO NA FORMAÇÃO MORFOLÓGICA DE NANOCOMPÓSITOS PP/BENTONITA MODIFICADA

INFLUÊNCIA DO TIPO DE ARGILA NO COMPORTAMENTO TÉRMICO DE NANOCOMPÓSITOS DE PET

ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE UM NANOCOMPÓSITO DE HMS-PP COM UMA BENTONITA BRASILEIRA

5º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

COMPÓSITOS DE MATRIZ DE POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE REFORÇADOS COM NANOTUBOS DE TITANATOS E Y 2 W 3 O 12 PARA APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO

NANOCOMPÓSITOS PP/ GRAFITE: EFEITO DO USO DE PLASTIFICANTE

CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DE SOLUÇÃO DE POLIBUTENO + QUEROSENE

NANOCOMPÓSITOS QUITOSANA/MONTMORILONITA PARA APLICAÇÃO EM SENSORES ELETROQUÍMICOS

Síntese e Caracterização de Argilas Montmoriloníticas Modificadas

MONITORAMENTO EM TEMPO REAL DA DEGRADAÇÃO DE MISTURA POLIMÉRICA EM EXTRUSORA FECHADA

ESTUDO DA FOTOOXIDAÇÃO DE COMPÓSITOS PP/MONTMORILONITA

COMPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS ESMECTITAS ORGANOFÍLICAS VISANDO UMA MAIOR EFICIÊNCIA NA REMOÇÃO DE ÓLEO

Efeito da velocidade de extrusão nas propriedades mecânicas e dinâmico mecânicas de compósitos de PS/celulose

PROPRIEDADES REOLÓGICAS DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIPROPILENO

INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE ÁGUA EMPREGADA NA ORGANOFILIZAÇÃO DA BENTONITA NA MORFOLOGIA DE NANOCOMPÓSITO PP-G-MA/BENTONITA

SINTETIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS ORGANOFÍLICAS A PARTIR DE DIFERENTES SAIS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO VISANDO SUA UTILIZAÇÃO EM NANOCOMPÓSITOS

AVALIAÇÃO DO EFEITO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE BAQUELITE SOBRE AS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO POLIPROPILENO

Polímeros: Ciência e Tecnologia ISSN: Associação Brasileira de Polímeros Brasil

A R T I G O T É C N I C O C I E N T Í F I C O. Maria Roberta O. Pinto Departamento de Química, UEPB. Mauri M. A. Júnior Engenharia de Materiais, UFCG

INFLUÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE CARGAS INORGÂNICAS NA MORFOLOGIA DE MISTURAS PP/EPDM

Transcrição:

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE PROCESSAMENTO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS POLIPROPILENO/BENTONITA Tatianny S. Alves 1, Pamela B. Cipriano 1, Vanize F. Lira 1, Eduardo L. Canedo 1, Laura H. de Carvalho 1 * 1 Unidade Acadêmica de Engenharia de Materiais, Universidade Federal de Campina Grande (UAEMa/UFCG) * laura@dema.ufcg.edu.br Resumo Neste trabalho avaliou-se o efeito das condições de processamento nas propriedades de nanocompósitos polipropileno/bentonita natural e polipropileno/bentonita organofilizada com brometo de hexadecil trimetil amônio. Os nanocompósitos foram preparados em concentração de 1% em peso de argila pela técnica de intercalação por fusão, em extrusoras monorosca e dupla-rosca contra-rotacional. Os materiais obtidos foram caracterizados por difração de raios x e ensaios de tração e impacto. Os resultados de difração de raios x em argilas e compósitos mostraram que o sal quaternário de amônio foi incorporado à argila e que nanocompósitos com estrutura intercalada foram obtidos para os sistemas PP/argila organofílica processados tanto em extrusora mono rosca quanto em extrusora dupla-rosca contrarotacional. Na ausência de agentes compatibilizantes, não foi observada variação significativa das propriedades mecânicas dos sistemas em função da extrusora empregada durante o processamento. Palavras-chave: nanocompósitos, bentonita, polipropileno, processamento,extrusora Effect of processing conditions on the mechanical properties of polypropylene/bentonite nanocomposites Abstract This work dealt with the effect of processing conditions on the properties of polypropylene/bentonite compounds, using natural clay and an organoclay prepared with hexadecyl trimethyl ammonium bromide. Compounds with 1% clay were prepared by melt compounding in a single-screw extruder and in a counter-rotating twin-screw extruder, and characterized x-ray diffraction; tensile and impact mechanical tests. X ray difraction results on clays and compounds show that the surfactant was incorporated within the clay galleries and that intercalated nanocomposites were obtained with the organoclay processed in either the single or the twin-screw extruder. The data also indicated that, without the addition of a compatibilizer, no significant variation of mechanical properties was observed for the composites processed in either extruder. Keywords: nanocomposites, bentonite, polypropylene, processing, extruder Introdução Nanocompósitos de matriz polimérica e silicatos em camadas têm sido bastante estudados nos últimos anos porque permitem a obtenção de uma significativa melhora nas propriedades mecânicas, de barreira, resistência à combustão, etc. em teores de cargas minerais muito menores (1-5%) que nos compósitos convencionais [1]. Um dos minerais mais utilizados para a preparação de nanocompósitos é a montmorilonita, principal componente da argila bentonita, que é produzida em grande quantidade no estado de Paraíba. Isto se deve à sua elevada razão de aspecto, alta superfície especifica e elevada resistência térmica, que são fatores importantes no processamento.

Nanocomopósitos poliolefinas/bentonitas tais como polipropileno e polietileno linear, são de particular interesse comercial e têm sido bastante estudados na literatura [2-6]. As diferenças entre o caráter hidrofóbico destas matrizes e o caráter hidrofílico das bentonitas exigem que a nanocarga seja modificada (organofilizada) de modo a tornar-se mais hidrofóbica. Fatores como a natureza e composição da argila, tipo de agente organofílico utilizado e condições de processamento, entre outros, exercem profunda influência na qualidade do nanocompósito obtido. Os nanocompósitos podem ser classificados em três categorias: microcompósito convencional, nanocompósitos intercalados e nanocompósitos esfoliados. A estrutura esfoliada é mais desejada, por ser aquela onde o nanocompósito apresenta suas melhores propriedades, especialmente com baixa quantidade de carga. A completa esfoliação não é facilmente obtida de modo que a maioria dos nanocompósitos reportados na literatura apresenta nanoestruturas parcialmente esfoliadas, ou seja, são sistemas onde coexistem estruturas esfoliadas e intercaladas [7,8] Nanocompósitos poliméricos podem ser obtidos por três métodos principais: intercalação do polímero por solução: polímero e argila são dispersos em solvente orgânico, onde o polímero adsorve as camadas expandidas do silicato. Com a evaporação do solvente as camadas do silicato reorganizam-se formando uma estrutura intercalada, como ilustrado na Figura 1 [9] Figura 1. Formação de um nanocompósito pela técnica de intercalação do polímero em solução [9]. polimerização in situ: o monômero e argila são misturados, o monômero penetra nas galerias da argila e a reação de polimerização é realizada de modo que haja a formação do polímero entre as camadas intercaladas da argila, como ilustrado na Figura 2 [9] Figura 2. Formação de um nanocompósito pela técnica de polimerização in situ [9].

intercalação no estado fundido: a argila é dispersa diretamente no polímero fundido, de modo que este penetre nas galerias, sendo esta técnica mais vantajosa que as demais devido ao baixo custo, ausência de solventes e do uso de equipamentos de processo convencionais, o que favorece elevada produtividade. Esta foi a técnica utilizada neste trabalho [9,10]. Figura 3. Esquema do efeito do fluxo cisalhante sobre a esfoliação de argilas modificadas organicamente no método de intercalação no estado fundido [9]. A dispersão de cargas sólidas nanoparticuladas em polímeros fundidos é um processo bem mais complexo do que o da desagregação dos aglomerados de cargas em micro-compósitos convencionais [11]. Enquanto para micro-compósitos convencionais, a dispersão das cargas é favorecida pelo processamento em extrusoras configuradas para alta intensidade de mistura, a experiência tem demonstrado que a nanodispersão de argilas em matrizes termoplásticas requer níveis moderados de deformação [11, 12]. A forma de dispersar a argila na matriz polimérica tem influencia direta sobre as propriedades obtidas dos nanocompósitos. Variáveis de processamento tais como temperatura, viscosidade da matriz e taxa de cisalhamento são fundamentais para o processo de esfoliação das argilas. A tensão de cisalhamento é um dos fatores que mais afeta a intercalação dos nanocompósitos polímero/argila,contribuindo para a difusão das cadeias poliméricas dentro das galerias da argila, quebra de aglomerados das partículas e aumento do grau de intercalação/esfoliação sob certas condições de mistura. O tipo de misturador (misturador de batelada, extrusora monorosca, extrusora dupla-rosca, etc.) influencia a esfoliação e dispersão das camadas de silicatos e, consequentemente, a estrutura do nanocompósito formado. A evidência existente na literatura técnica [10-13, 16-18]

mostra que os melhores resultados são obtidos com taxas de deformação intermediárias (não muito pequenas ou muito elevadas) e que a presença de componentes elongacionais na deformação imposta favorece a esfoliação da argila e sua dispersão em escala nanométrica. Experimental Materiais Os materiais utilizados na preparação dos nanocompósitos foram: Homopolímero de polipropileno (PP) com índice de fluidez 40 g/min (ASTM D 1238, 2,16 kg/230 C), grade PPH-103 da Braskem. Argila bentonita sódica natural denominada Argel, fornecida pela Bentonit União Nordeste. Brometo de hexadecil trimetil amônio (Cetremide), fornecido pela Vetec. Métodos Organofilização da argila Para a organofilização da argila colocou-se água destilada em um recipiente de inox alto com capacidade de 6 litros dotado de agitador mecânico. A água foi aquecida a uma temperatura entre 75 C e 80 C. O sistema foi agitado a uma velocidade de 3000 rpm, adicionou-se 1% (m/m) de argila bentonita Argel, passante em malha ABNT n 200 (<74 m) e, após 5 minutos, Cetremide (140% sobre o CTC da argila) diluído em água destilada aquecida a uma temperatura de 50 C foi adicionado ao sistema e agitação e temperatura foram mantidas por 1 hora antes de serem interrompidas. Deixou-se o sistema repousar por 24h, filtrou-se a vácuo e lavou-se com água destilada. O filtrado foi colocado na estufa a 60 C, desagregado com um almofariz e peneirado em peneira ABNT n 200. O sistema reacional utilizado é ilustrado na Figura 4.. Figura 4 - Recipiente utilizado para preparação das argilas organofílicas

Processamentos dos nanocompósitos As argilas bentonitas sódica natural (AN) e organofílica (AO) foram inicialmente secas em estufa à vácuo operando a 80ºC durante 2 horas. Um masterbatch com concentração de 70/30% de polímero e argila, respectivamente, foi preparada em um misturador interno do tipo Banbury, acoplado a um reômetro de torque System 90 da Haake-Büchler operando a 180ºC com rotores do tipo roller (60 rpm) durante 10 minutos. O masterbatch obtido foi triturado e diluído em polipropileno de maneira a se obter um sistema com 1% em peso de argila. O processamento foi realizado em duas extrusoras: a) extrusora mono-rosca e b) extrusora dupla-rosca contra-rotacional, acopladas a um reômetro de torque System 90 da Haake-Blucher. Ambas extrusoras apresentam L/D = 25 e foram operadas a 120 rpm com perfil de temperatura 160ºC/180ºC/180ºC/180ºC/180ºC. A vazão média obtida em cada uma das extrusoras foi de 40 g/min e 106 g/min, respectivamente, para a extrusão mono-rosca e dupla-rosca. A extrusão mono-rosca foi realizada com rosca dotada de elementos de mistura, especialmente projetada. Os sistemas obtidos foram triturados e moldados por injeção a 200ºC para realização de ensaios de tração e impacto de acordo com as normas ASTM D 638 e D 256, respectivamente. Caracterização estrutural dos nanocompósitos Difração de raios x (DRX) A distância interplanar basal dos nanocompositos foi avaliada através da difração de raios x utilizando equipamento da marca Shimadzu. A fonte da radiação incidente foi CuKα com comprimento de onda de 0,154 nm. Os dados foram coletados em uma faixa angular (2θ) entre 1,5º e 12º. Propriedades mecânicas O ensaio de tração foi realizado com base na norma ASTM D 638, em uma máquina de ensaios mecânicos de marca Lloyd, modelo LR 10K com velocidade de carregamento de 50.0 mm min -1 e os ensaios de impacto foram realizados conforme a norma ASTM D 256 em um aparelho de impacto da marca Resil, modelo 5.5, com martelo de 2,5 J. Ambos os testes foram conduzidos à temperatura ambiente e os resultados médios de 06 corpos de prova são reportados. Resultados e Discussão Difração de raios x A Figura 5 e a Tabela 1 apresentam os resultados de DRX dar argila natural e organofilizada e dos sistemas contendo PP/argila natural e PP/organofilica.

Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) AN AO 2 4 6 8 10 Ângulo (2 ) 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 PP/AN monorosca PP/AO monorosca 2 4 6 8 10 Ângulo (a) (b) 220 200 PP/AN dupla-rosca contra - rotacional PP/AO dupla-rosca contra - rotacional 180 160 140 120 100 80 60 40 2 4 6 8 10 Ângulo (c) Figura 5. Difratogramas de raios x: (a) argila natural e organofílizada, (b) sistemas PP/argila obtidos sob diferentes condições de processamento. Tabela 1. Distância interplanar basal (d 001 ) 2θ Sistemas ( ) d 001 (nm) Argila natural 6,54 1,35 Argila organofilica 4,68 1,89 PP/AN dupla-rosca 6,00 1,47 PP/AO dupla-rosca 4,62 1,92 PP/AN monorosca 5,66 1,56 PP/AO monorosca 4,66 1,90 Os resultados indicam que para todas as condições de processamento avaliadas o pico de difração deslocou-se para menores ângulos e que menores ângulos (maiores distâncias interplanares) foram obtidos nos sistemas preparados com argila organofilica. Estes deslocamentos sugerem a formação de estruturas intercaladas. Espaçamentos basais praticamente idênticos foram obtidos para a o

Módulo de elasticidade (MPa) Resistência à tração (MPa) sistema PP/argila organofílica independente deste ter sido processado em extrusora mono-rosca ou em extrusora de dupla-rosca contra-rotacional. Verificou-se, contudo, que o material processado por extrusão mono-rosca apresentou uma estrutura aparentemente mais aberta e desordenada, evidenciada pela menor área sob o pico no DRX correspondente. Este comportamento pode ser atribuído à presença de elementos de mistura na monorosca. Os resultados obtidos confirmam que é necessário adicionar um agente compatabilizante a estes sistemas para obter a nanodispersão da argila. Propriedades mecânicas. Na Figura 6 estão apresentados os resultados dos ensaios mecânicos dos sistemas PP/argila natural e PP/argila organofilica. Considerando os desvios experimentais, os valores de módulo de elasticidade e de resistência à tração encontrados para todos os sistemas (PP/AN e PP/AO) mostraram-se próximos ao do PP puro. Comportamento semelhante foi observado por Rodrigues [14] em sistemas contendo o mesmo teor de argila. O alongamento na ruptura dos sistemas manteve-se na mesma faixa da matriz polimérica pura, sendo observada uma discreta redução para o sistema contendo argila organofilica processado em extrusora dupla-rosca contra-rotacional. Considerando os erros experimentais, observa-se que os valores encontrados para a resistência ao impacto são muito semelhantes em todos os sistemas, o que pode ser justificado pela ausência de agentes compatibilizantes. Liu e Wu [15] observaram comportamento semelhante para nanocompósitos de polipropileno com montmorilonita modificada com concentrações de 0 a 7% de argila. 1400 1200 PP puro PP/AN PP/AO 35 30 PP puro PP/AN PP/AO 1000 800 600 25 20 15 400 10 200 5 0 monorosca Tipo de processamento dupla - rosca contra - rotacional 0 monorosca Tipo de processamento dupla - rosca contra - rotacional (a) (b)

Alongamento no escoamento (%) Resistência ao impacto (J/m) 12 10 PP puro PP/AN PP/AO 30 25 PP puro PP/AN PP/AO 8 20 6 15 4 10 2 5 0 monorosca Tipo de processamento dupla - rosca contra - rotacional 0 monorosca Tipo de processamento dupla - rosca contra - rotacional (c) (d) Figura 6. Efeito das condições de processamento nas propriedades mecânicas dos sistemas: (a) Módulo de elasticidade; (b) Resistência á tração; (c) Alongamento no escoamento e (d) Resistência ao impacto Conclusões Os resultados de DRX mostraram que houve a intercalação do sal nos espaços interlamelares da argila, tornando-a organofilica e também indicaram que as condições de processamento utilizadas permitiram a obtenção de nanocompósitos com estrutura intercalada, com maiores espaçamentos basais observados tanto na extrusora monorosca quanto na dupla-rosca contra-rotacional. As estruturas aparentemente mais abertas obtidas na monorosca sugerem que, com a adição de elementos de mistura apropriados, seria possível a preparação de nanocompósitos em extrusoras monorosca, o que terá significativa importância econômica para a indústria de processamento de polímeros. O comportamento mecânico dos nanocompósitos, considerando os erros experimentais, foi semelhante ao da matriz polimérica. Agradecimentos. Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro (# 478451/2006-7 e Pronex Fapesq/CNPq/MCT) e pela concessão de bolsas a T. S. Alves (MSc), P. B. Cipriano (PIBIC) e L. H. Carvalho (PQ); à Braskem pela doação dos polímeros e à BUN pela doação da argila. Referências Bibliográficas. [1] S. S. Ray, M. Okamoto. Progress in Polymer Science, 2003, 28, 1539. [2] E. Manias, A. Touny, L. Wu, K. Strawhecker, B. Lu, T. C. Chung, Chemistry of Materials, 2001, 13, 3516. [3] S. Hotta, D. R. Paul, Polymer, 2004, 45, 7639. [4] C. Ding, D. Jia, H. He, B. Guo, H. Hong, Polymer Testing, 2005, 24, 94.

[5] F. G. R. Filho, T. J. A. Melo, M. S. Rabello, S. M. L. Silva, Polymer Degradation and Stability, 2005, 89, 383. [6] M. Avella, S. Cosco, G. Della Volpe, M. E. Errico, Polymer Technology, 2005, 24, 132. [7] J. F. Feller, S. Bruzaud, Y. Grohens, Materials Letters, 2004, 58,739. [8] X. Fan, C. Xia, R. C. Advincula, Colloids and Surfaces, 2003, A 219, 75. [9] J. Marini, Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, 2008. [10] M. Bar, Dissertação de Mestrado.Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2008. [11] H. R. Dennis, D. L. Hunter, D. Chang, S. Kim, J. L. White, J. W. Cho, D. R. Paul, Polymer, 2001,42, 9513. [12] K. Wang, S. Liang, R. Du, Q. Zhang, Q. Fu, Polymer, 2004, 45, 7953. [13] T. C. Rodrigues, Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008. [14] A. W. B. Rodrigues, M. I. Brasileiro, W. D. Araujo, E. M. Araujo, G. A. Neves, T. J. A. de Melo, Polimeros Ciência e Tecnologia, 2007, 17, 219. [15] X. Liu, Q. Wu, Polymer, 2001, 42, 10013. [16] W. Lertwimolnun, B. Vergnes, Polymer Engineering and Science 2006,46, 314. [17] D. Kim, J. S. Lee, C. M. F. Barry, J. L. Mead, Polymer Engineering and Science, 2007, 47, 2049. [18] L. A. Utracki, M. Sepehr, J. Li, International Polymer Processing, 2006, 21, 3.