EMPREGO DA ALGAROBA (Prosopolis juliflora) NA PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS HOMOGÊNEAS

Documentos relacionados
Propriedades físicas de painéis de partículas de média densidade de Sequoia sempervirens

COMPORTAMENTO MECÂNICO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA FABRICADAS COM ANGICO - MADEIRA DO NORDESTE DO BRASIL

RESUMO. Potential use of waste generated by the pruning Acacia mangium grown in southern state Piauí for the production of wood panels crowded

Utilização de feixes de fibras de Pinus spp e partículas de polietileno de baixa densidade (PEBD) para produção de painéis aglomerado

CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA COM ANGICO: PRODUÇÃO E ALGUMAS PROPRIEDADES

PRODUÇÃO DE PAINÉIS DE MADEIRA AGLOMERADA DE Grevillea robusta

ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE UM COMPÓSITO NATURAL DESENVOLVIDO COM FIBRA DE CARNAÚBA

Estimativa do Custo de Produção de Milho 1ª Safra, 2005/06, para Mato Grosso do Sul

ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS DE PARTICULAS ORIENTADAS PRODUZIDOS COM MADEIRA DE PINUS EM DIFERENTES PROPORÇÕES DE CAMADAS

Chapas de Partículas Homogêneas produzidas com madeira do Nordeste do Brasil

EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO NA ESTABILIDADE DIMENSIONAL DE PAINÉIS AGLOMERADOS DE Eucalyptus grandis

PAINÉIS DE PARTÍCULAS HOMOGÊNEAS FABRICADOS COM ESPÉCIES DE MANEJO DA REGIÃO DA CAATINGA DO BRASIL

DESENVOLVIMENTO DE PAINÉIS MDF UTILIZANDO A FIBRA DO COCO BABAÇU E EUCALIPTO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS DE FIBRAS DE MÉDIA DENSIDADE (MDF) PRODUZIDOS PELAS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS

Scientia n. 72, p , dezembro Chapas de madeira aglomerada utilizando partículas oriundas de madeira maciça e de maravalhas

Comparação das propriedades físicas de painéis aglomerados de Pinus de origem industrial e laboratorial

DESEMPENHO FÍSICO DE PAINÉIS DE PARTÍCULAS MDP FABRICADAS COM BAMBU E CASCA DE CAFÉ

INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA. Guia do ensaio de laboratório para as disciplinas:

POTENCIAL DE MADEIRA ALTERNATIVA PARA PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

ao ARRANCAMENTO FACES INTRODUÇÃO RESUMO

PRODUÇÃO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA DE CINCO ESPÉCIES DE PINUS TROPICAIS RESUMO ABSTRACT

ESTUDO DA EQUAÇÃO DE DEFASAGEM

Avaliação do ciclo de vida de painéis compósitos à base de madeira: estudo de caso em painéis OSB

AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS PARA PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS ORIENTADAS OSB

Estudo teórico-experimental sobre a estabilidade estrutural de painéis de cisalhamento ( Shear Wall ) do sistema construtivo Light Steel Framing

INFLUÊNCIA DA IDADE DE CURA NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE BLOCOS SOLO-CAL

TÍTULO: ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE CORPOS POLIMÉRICOS A BASE DE ABS E PLA OBTIDOS POR IMPRESSÃO 3D

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE LODO DE ETA EM PAINÉIS DE MADEIRA AGLOMERADA

RESÍDUO CERÂMICO INCORPORADO AO SOLO-CAL

Nesta pesquisa, foram produzidas em laboratório, chapas de madeira aglomerada de Eucalyptus

DETECÇÃO DE CLUSTERS NA EXPLORAÇÃO DE LENHA DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

CARACTERIZAÇÃO DE PAINEL PARTICULADO DE MADEIRA COM ADIÇÃO DE MATERIAL LIGNOCELULÓSICO ALTERNATIVO NA CAMADA INTERMEDIÁRIA 1

NÚMERO DE ANÉIS DE CRESCIMENTO COMO PARÂMETRO PARA A ESTIMATIVA DA MASSA ESPECÍFICA DE TRÊS ESPÉCIES FLORESTAIS

PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS ORIENTADAS OSB DE

PROPRIEDADES DE FLEXÃO ESTÁTICA DA MADEIRA DE Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze EM RAZÃO DA MASSA ESPECÍFICA 1. INTRODUÇÃO

INFLUÊNCIA DA DENSIDADE E DO TIPO DE RESINA NAS PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE PAINÉIS OSB DE Pinus taeda L.

ANÁLISE DA QUALIDADE DE COLAGEM DE ELEMENTOS DE MADEIRA LAMINADA COLADA. J. C. Molina 1, T. Garbelotti 2

Qualidade com Responsabilidade

Recebido para publicação em 4/04/2007 e aceito em 10/12/2007.

APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA DE PINUS E BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR PARA PRODUÇÃO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADO

Nesta aula, vamos verificar que a industri-

DETERMINAÇÃO DO ALBEDO EM ÁREAS DE CAATINGA E REFLORESTADA COM ALGAROBA NO SEMI-ÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO RESUMO

Painéis aglomerados fabricados com mistura de partículas de madeiras tropicais

A utilização de fibra de vidro como reforço em Madeira Compensada

Nordeste Janeiro de 2019

Física do Calor

INFLUÊNCIA DA MASSA ESPECÍFICA SOBRE AS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE PAINÉIS AGLOMERADOS

III ENECS ENCONTRO NACIONAL SOBRE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS.

Avaliação da qualidade na produção industrial de compensados por meio de testes de flexão e de cisalhamento

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO INTRODUÇÃO

Painéis de partículas de madeira leucena e resina poliuretana derivada de óleo de mamona

ECOWOOD do BRASIL GLC Soluções Ltda. Apresenta um novo conceito de negócio lucrativo e sustentável dentro da cadeia do setor sucroalcooleiro

3 Materiais e Métodos

TÍTULO: INFLUÊNCIA DO DIÂMETRO DO ORIFÍCIO DE PRATOS PERFURADOS NA TRANSFERÊNCIA DE MASSA

Leiaute ou arranjo físico

Produção de painéis de madeira aglomerada de alta densificação com diferentes tipos de resinas

PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS DE PINUS TROPICAIS COLADOS COM RESINA FENOL-FORMALDEÍDO

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE COMPENSADOS COM LÂMINAS DE PINUS TAEDA L. TRATADAS COM CCA

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DO PAINEL MDP (MEDIUM DENSITY PARTICLEBOARD) CONSTITUÍDO DE BAMBU E FIBRA DE COCO.

FORMAÇÃO CONTINUADA EM MATEMÁTICA FUNDAÇÃO CECIERJ/CONSÓRCIO CEDERJ

Produção de aglomerados com resíduos de Paricá (Schizolobium parayba var. Amazonicum)

PROCESSO SELETIVO UFAL SiSU GERAL (5.168 vagas ofertadas)

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

Região Nordestina. Cap. 9

UTILIZAÇÃO DE ADESIVO PVA EM COMPENSADOS DE Pinus sp. E Eucalyptus sp. * UNESP - Univ Estadual Paulista, Campus de Itapeva, SP, Brasil 2

Universidade de São Paulo Escola Politécnica Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

Eixo Temático ET Educação Ambiental

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA. PME Mecânica dos Sólidos II 13 a Lista de Exercícios

ANÁLISE DO DESEMPENHO NA FLEXÃO ESTÁTICA DE PAINÉIS DE PARTÍCULAS ORIENTADAS (OSB ORIENTED STRAND BOARD)

3 Elementos Estruturais Derivados da Madeira

RESISTÊNCIA DE PERFIS DE AÇO FORMADOS A FRIO: A NORMA BRASILEIRA NBR E O MÉTODO DA RESISTÊNCIA DIRETA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA. PME Mecânica dos Sólidos I 7 a Lista de Exercícios

QUALIDADE DE CHAPAS DE PARTÍCULAS DE

PME Mecânica dos Sólidos I 5 a Lista de Exercícios

TÍTULO: ANÁLISE DO EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DA ÁGUA DE AMASSAMENTO POR VINHAÇA IN NATURA NA PRODUÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

painel sandwich poliuretano fachada


A Tabela 2 apresenta os valores médios de porosidade e o desvio padrão para as amostras dos Painéis de Fibra de Coco definidos nesta etapa.

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MARÇO DE Condições Meteorológicas Observadas no Mês de Março de 2018

CIRCULAR TÉCNICA N o 124. Dezembro/1980

Caracterização de clones e híbridos de eucaliptos com base na norma ABNT NBR 7190: 1997

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE MECÂNICA Correcção 2º Teste Transmissão de Calor e Massa

PRODUÇÃO DE COMPENSADOS DE Pinus taeda L. E Pinus oocarpa Schiede COM DIFERENTES FORMULAÇÕES DE ADESIVO URÉIA FORMALDEÍDO 1

1. INTRODUÇÃO 1 2. NORMALIZAÇÃO 5 3 DESCRIÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE PLACAS Placas de madeira maciça (SWP) Contraplacado (PW) 11

ESTUDO DA APLICABILIDADE DA ARGAMASSA PRODUZIDA A PARTIR DA RECICLAGEM DE RESÍDUO SÓLIDO DE SIDERURGIA EM OBRAS DE ENGENHARIA

CARACTERIZAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DA MADEIRA DE Pinus patula, P. elliottii E P. taeda ATRAVÉS DE SUAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS.

Propriedades mecânicas de painéis produzidos com lascas de madeira em três diferentes comprimentos

PAINEL AGLOMERADO HÍBRIDO DE CASCA DE AMENDOIM REFORÇADO COM PARTÍCULAS DE MADEIRA ITAÚBA

CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DE PAINÉIS MDP DE Eucalyptus grandis

EMPREGO DE REAGENTES ALTERNATIVOS EM REAÇÕES DE CLORAÇÃO ENVOLVENDO ÓXIDOS METÁLICOS

Segmentação multiresolução: uma abordagem paralela para segmentação de imagens de alta resolução em arquiteturas de múltiplos núcleos

Análise do desempenho físico-mecânico de compensados produzidos com adesivos a base de PVA

André Luis Riqueira Brandão (1)(P); Washington Batista Vieira (1); Tiago Antunes Faria Amaral (2); Marcilio Sousa da Rocha Freitas (3).

Fatores de redução de resistência de geotêxtil tecido devido a danos mecânicos causados por resíduos de construção e demolição reciclados (RCD-R)

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS COMPENSADOS DE GUAPURUVU (Schizolobium parahyba (Vell.) Blake)

Transcrição:

EMPREGO DA ALGAROBA (Prosopis juifora) NA PRODUÇÃO DE CHAPAS... 51 EMPREGO DA ALGAROBA (Prosopois juifora) NA PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS HOMOGÊNEAS Maria Fátima do Nascimento Bosista de Desenvovimento Regiona CNPq Francisco Antonio Rocco Lahr LaMEM/SET/EESC-USP Resumo Neste trabaho apresenta-se a Agaroba (Prosopis juifora), espécie de madeira exótica em crescente disponibiidade na região de caatinga do Nordeste do Brasi, como matéria-prima para a produção de chapas de partícuas homogêneas. Aém da breve descrição do processo produtivo, em aboratório, são comentados aguns dos ensaios físicos e mecânicos recomendados peo documento normativo ASTM 1037:1996 para a caracterização dos painéis produzidos. Foram determinados: móduo de resistência e móduo de easticidade na fexão; densidade; inchamento; e absorção de água. Os resutados mostram que as chapas de partícuas homogêneas de Agaroba apresentam propriedades equivaentes ou superiores às das chapas comerciais de agomerado, produzidas com madeira dos gêneros Eucayptus e Pinus, também caracterizadas para efeito de comparação de desempenho. Paavras-chave: produtos derivados da madeira, chapas de partícuas, propriedades físicas e mecânicas. Introdução Detentor de enorme diversidade de espécies tropicais, o Brasi é reconhecido como grande exportador de madeira. Entretanto, em diversas regiões do país áreas de reforestamento têm mostrado a adaptação de espécies exóticas. É o caso dos gêneros Pinus e Eucayptus no Su e no Sudeste e da espécie Agaroba (Prosopis juifora), na região Nordeste do país. Disponíve em expressivos voumes na caatinga (Nascimento, 2003), a Agaroba tem potencia para se estabeecer como fonte de matéria-prima votada a usos mútipos, o que poderá contribuir para transformar o semi-árido em área de oferta de produtos forestais, desde que criteriosamente manejada e exporada. Assim, aumenta o interesse por estudos que permitam a adequada avaiação do emprego da referida espécie. Neste trabaho, foi abordada a produção de chapas de partícuas, que tem por princípio a possibiidade de aproveitamento integra da árvore, de acordo com as definições apresentadas por Maoney (1977) e Tonissi (1985), entre outros. Trata-se de interessante aternativa para a matéria-prima de origem foresta do Nordeste do país. Ta região, Figura 1, pródiga em contrastes naturais, integrada peos estados do Piauí, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Aagoas, Maranhão e Paraíba, tem área de aproximadamente 1.600.000 km 2, com mais da metade ocupada pea caatinga. Esta área dispõe de espécies nativas forrageiras, sem maiores preocupações com o seu potencia e com o uso das terras, conforme acentua Lima (1996). MA PI BA CE RN PB SE Figura 1 Brasi e região Nordeste. Fonte: PNF Programa Naciona de Forestas (2003). PE AL A Agaroba (Prosopis juifora), da famíia das Mimosóideas, é originária dos Andes, no Peru, e espahouse por países onde ocorrem regiões semi-áridas e desérticas, de acordo com Campeo (1988). Foi introduzida no Nordeste do Brasi em 1942. É uma espécie atamente promissora, tanto para fins madeireiros como forrageiros, dada sua resistência à seca e boa adaptação às condições adversas (Siva, 1980). A Agaroba cresce rapidamente, desenvovendose em soos pobres pedregosos e secos, produzindo árvores

52 NASCIMENTO & LAHR de até seis metros de atura, Figura 2, com tronco de cerne semipesado e casca rugosa (Pires & Ferreira, 1983). Figura 2 Árvore de Agaroba. Objetivos Neste contexto, constituem-se objetivos deste trabaho: a produção, em aboratório, de chapas de partícuas com matéria-prima oriunda da Agaroba; a determinação de propriedades físicas e mecânicas das chapas produzidas para, a partir daí, comparar seu desempenho com chapas comerciais produzidas com partícuas de Pinus Eiottii (Pinus eiottii) e de Eucaipto (Eucayptus sp) e evidenciar as possibiidades de emprego das chapas de partícuas de Agaroba em apicações anáogas às chapas comerciais. Materiais e Métodos No desenvovimento da parte experimenta do trabaho foi empregada madeira da espécie Agaroba, fornecida peo Instituto Brasieiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), regiona de Nata, RN, em toretes entre 15 e 20 cm de diâmetro e entre 120 e 150 cm de comprimento. Empregou-se o adesivo à base de uréia formadeído, o mais usua na indústria de produtos derivados da madeira. O fabricante indicou que a densidade do adesivo pode variar entre 1,05 e 1,13 g/cm 3, que seu ponto de ebuição está em torno de 100 o C e que seu ph varia entre 7,4 e 7,8. As partícuas, Figura 3, foram obtidas empregandose uma desengrossadeira e um moinho, até atingirem comprimento entre 1 e 5 mm e argura de até 2 mm. Logo depois de obtidas, as partícuas foram coocadas em estufa, à temperatura entre 40 e 50 o C, até acançarem umidade em torno de 12%, indicada para a produção das chapas, de acordo com Dias (2005). Acançada a umidade de 12% para as partícuas, iniciou-se o processo de encoagem e subseqüente prensagem. Na prensa utiizada, as pacas foram aquecidas até a temperatura atingir 130 o C e o tempo de prensagem foi de 10 minutos, Figura 4. Estes parâmetros foram adotados de acordo com as recomendações de Dias et a. (2005) a respeito dos parâmetros usados peas fábricas de chapas de madeira agomerada. Foram produzidas, no tota, doze chapas com espessura nomina de 10 mm. Optou-se pea fabricação de chapas com densidade entre 0,9 e 1 g/cm 3, equivaente à da espécie Agaroba. Registra-se que ta densidade é um pouco superior à das chapas comerciais, que atingem até 0,8 g/cm 3, de acordo com informações dos fabricantes. Concuída a fase de produção, as chapas foram armazenadas por 72 horas e, em seguida, evadas para ixamento e corte, Figura 4. Os corpos-de-prova foram confeccionados na oficina do LaMEM/SET, como iustrado na Figura 5. De cada uma das chapas produzidas (dimensões nominais 400 400 10 mm) foi extraído um corpo-deprova para a determinação de cada propriedade considerada. Todos os procedimentos de ensaio obedeceram às recomendações da ASTM D 1037 Standard Test Methods for Evauating Properties of Wood-Based Fiber and Partice Pane Materias (1996), utiizando-se para ta as máquinas universais, demais equipamentos e acessórios disponíveis no Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira (LaMEM), do Departamento de Engenharia de Estruturas (SET), Escoa de Engenharia de São Caros (EESC). Figura 3 Desengrossadeira, moinho e partícuas.

EMPREGO DA ALGAROBA (Prosopis juifora) NA PRODUÇÃO DE CHAPAS... 53 Figura 4 Acabamento e chapas prontas. Foram determinadas as seguintes propriedades: porcentagem de inchamento (a 2 e a 24 horas); porcentagem de absorção de água (a 2 e a 24 horas); móduo de resistência na fexão estática (MOR); móduo de easticidade na fexão estática (MOE). Para efeito de comparação, também foram considerados os resutados dos ensaios reaizados em corposde-prova retirados de 24 chapas de madeira agomerada, de espessura nomina de 10 mm, adquiridas no comércio de São Caros. Doze dessas chapas haviam sido produzidas com partícuas de Pinus Eiottii (Pinus eiottii) e doze, com partícuas de Eucaipto (Eucayptus sp.). Apresentação e Discussão dos Resutados Neste item são apresentados e discutidos os resutados dos ensaios reaizados para a determinação das propriedades físicas e mecânicas anteriormente mencionadas. Inchamento e absorção de água Nas Tabeas 1 e 2 estão apresentados os resutados da porcentagem de inchamento (2 e 24 horas) e da porcentagem de absorção de água (2 e 24 horas) para as chapas comerciais produzidas com partícuas de Pinus Eiottii, com partícuas de Eucaipto e com partícuas da espécie Agaroba. Da anáise dos resutados é possíve destacar: Para o inchamento, vaor médio, as chapas de Agaroba tiveram desempenho semehante às chapas comerciais de Pinus e igeiramente superior às de Eucaipto; no tocante aos coeficientes de variação, as chapas de Agaroba apresentaram resutados que permitem admitir a reguaridade do processo de produção em aboratório. Para a absorção 2 horas, as chapas de Agaroba tiveram desempenho semehante às comerciais de Pinus; nas outras situações, superaram as chapas comerciais de referência. Móduo de resistência (MOR) e móduo de easticidade (MOE) na fexão Na Tabea 3 estão apresentados os resutados obtidos de MOR e de MOE para as chapas comerciais produzidas com partícuas de Pinus Eiottii, com partícuas de Eucaipto e com partícuas da espécie Agaroba. Figura 5 Confecção dos corpos-de-prova.

54 NASCIMENTO & LAHR Tabea 1 Porcentagem de inchamento depois de 2 horas e de 24 horas de imersão em água. Amostra Inchamento 2 horas (%) Inchamento 24 horas (%) Pinus Eucaipto Agaroba Pinus Eucaipto Agaroba 1 13 10 6 25 25 12 2 6 7 6 14 20 15 3 8 9 8 17 23 17 4 7 8 7 14 21 13 5 6 7 7 14 20 17 6 6 8 7 15 20 15 7 5 11 8 14 24 18 8 4 10 9 14 21 14 9 8 10 7 17 19 20 10 6 9 9 15 23 16 11 7 7 8 14 22 18 12 10 11 7 13 21 14 Média (%) 7,2 8,9 7,4 15,3 21,6 15,8 D.Padrão (%) 2,4 1,5 1,0 3,2 1,8 2,3 CV (%) 0,33 0,17 0,14 0,21 0,08 0,15 Tabea 2 Porcentagem de absorção depois de 2 horas e de 24 horas de imersão em água. Amostra Absorção de água 2 horas (%) Absorção de água 24 horas (%) Pinus Eucaipto Agaroba Pinus Eucaipto Agaroba 1 11 25 12 24 44 16 2 11 20 15 24 44 18 3 13 23 15 29 43 17 4 14 21 13 30 52 19 5 16 20 16 32 36 19 6 13 20 15 27 38 19 7 12 24 16 25 48 18 8 11 21 14 26 44 17 9 16 19 16 30 40 20 10 15 23 14 28 50 16 11 14 22 18 25 53 19 12 13 21 14 26 45 16 Média (%) 13,3 21,6 14,8 27,1 44,8 17,8 D.Padrão (%) 1,8 1,8 1,6 2,6 5,3 1,4 CV (%) 0,14 0,08 0,11 0,10 0,12 0,08

EMPREGO DA ALGAROBA (Prosopis juifora) NA PRODUÇÃO DE CHAPAS... 55 Amostra Tabea 3 Vaores de MOR e MOE. MOR (MPa) MOE (MPa) Pinus Eucaipto Agaroba Pinus Eucaipto Agaroba 1 26 27 31 3932 4204 6146 2 24 25 36 3945 4020 5781 3 25 24 33 3528 3769 4714 4 25 22 36 3373 3510 5727 5 27 24 33 3658 4254 4989 6 23 27 32 3853 3849 4754 7 22 26 42 3487 4237 5821 8 23 20 29 3602 3164 5617 9 23 22 32 3371 3390 7241 10 25 19 32 3941 2989 6165 11 23 19 37 3534 2929 6665 12 22 24 35 3522 3703 6675 Média (%) 24,0 23,3 34,0 3646 3668 5858 D.Padrão (%) 1,6 2,9 3,4 218 475 784 CV (%) 0,07 0,12 0,10 0,06 0,13 0,13 Da anáise dos resutados, é possíve destacar: As chapas comerciais produzidas com partícuas de Pinus Eiottii e as produzidas com partícuas de Eucaipto apresentam MOR e MRF inferiores aos das chapas de Agaroba. Este resutado poderia ser esperado, uma vez que as densidades das chapas comerciais não superam 0,8 g/cm 3 e as chapas de Agaroba apresentaram densidade média de 0,95 g/cm 3. As chapas produzidas com partícuas de Agaroba apresentaram coeficiente de variação que permitem admitir a reguaridade do processo de produção em aboratório. As chapas de Agaroba, provavemente, poderão acançar vaores médios de MOR e MOE equivaentes aos das chapas comerciais consideradas se determinados, especificamente, parâmetros como tempo e temperatura de prensagem, bem como quantidade de adesivo empregada. Concusões Os resutados obtidos permitem concuir: A Agaroba, espécie de reforestamento na região de caatinga do Nordeste do Brasi, apresenta potencia para ser utiizada na fabricação de chapas de partícuas de madeiras homogêneas agregando vaor em sua apicabiidade. É possíve produzir, em aboratório, chapas de partícuas homogêneas (CPH) com vaores médios e variabiidade de propriedades equivaentes às chapas fabricadas em escaa industria e com densidade variando de 0,9 a 1,0 g/cm 3. Assim, os usos das CPH de Agaroba podem ser anáogos aos das chapas comerciais fabricadas com partícuas de Pinus Eiottii e com partícuas de Eucaipto. Referências Bibiográficas AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS ASTM 1037. Standard test methods for evauating properties of wood-based fiber and partice pane materias. Phiadephia, 1996. p. 137-166. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: Projeto de Estruturas de madeira. Rio de Janeiro, 1997. 68 p. CAMPELO, C. R. Agarobeira: aternativa para o semiárido brasieiro. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 39. 1988.

56 NASCIMENTO & LAHR DIAS, F. M. Apicação de resina poiuretana à base de mamona na fabricação de painéis de madeira compensada e agomerada. São Caros, 2005. 151 f. Tese (Doutorado) EESC, IFSC, IQSC, Universidade de São Pauo. DIAS, F. M.; NASCIMENTO, M. F.; MARTINEZ- ESPINOSA, M.; ROCCO LAHR, F. A.; VALARELLI, I. D. Reation between the compaction rate and physica and mechanica properties of particeboards. Materias Research, v. 8, n. 3, p. 329-333, 2005. LIMA, J. L. S. Pantas forrageiras das caatingas: usos e potenciaidades. Pernambuco: Associação de Pantas do Nordeste (PNE), EMBRAPA, 1996. 44 p. MALONEY, T. M. Modern Particeboard & Dry-Process Fiberboard Manufacturing. San Francisco, 1977. 672 p. NASCIMENTO, M. F. Chapas de partícuas homogêneas: madeiras do nordeste do Brasi. São Caros, 2003. 143 f. Tese (Doutorado) EESC, IFSC, IQSC, Universidade de São Pauo. PIRES, I. E.; FERREIRA, C. A. Potenciaidade do Nordeste do Brasi para reforestamento. São Pauo, 1983. 445 p. SILVA, H. D. Comportamento de essências forestais nas regiões áridas e semi-áridas do Nordeste: resutados preiminares. EMBRAPA-DID, 1980. 25 p. TONISSI, J. L. Madeira e seus derivados na construção civi. São Caros, 1985. 137 f. Dissertação (Mestrado) Escoa de Engenharia de São Caros, Universidade de São Pauo.