DESEMPENHO DE MEDIDORES ACÚSTICOS DE VAZÃOEM SITUAÇÕES DE BAIXAS VELOCIDADES E ALTA TURBULÊNCIA.

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10.3 Métodos estatísticos

ABSTRACT INTRODUÇÃO RESUMO. validem, ou não, os critérios adotados.

Transcrição:

DESEMPENHO DE MEDIDORES ACÚSTICOS DE VAZÃOEM SITUAÇÕES DE BAIXAS VELOCIDADES E ALTA TURBULÊNCIA. Luiz H. Maldonado 1 & Paulo E. M. Gamaro 2 & Sydnei N. Ribeiro 3 Resumo Atualmente, a gestão dos recursos hídricos vem se tornando cada vez mais dependente de variáveis hidrológicas coletadas corretamente, como a vazão. Para se determinar uma vazão, diversos métodos podem ser aplicados, destacando o método acústico, que é preciso, rápido e seguro. Entretanto, deve-se entender as limitações e a correta aplicação do método. Assim, este trabalho objetiva-se analisar as medições acústicas em locais de medição problemáticas, como em baixas velocidades e alta turbulência. No Canal da Piracema, local de em baixas velocidades, foram realizadas medições com ADCPs com processamentos de pulso incoerente, coerente e broadband. Como resultado, os erros das velocidades dos equipamentos se aproximam da própria velocidade medida, gerando incertezas nos resultados, principalmente para pulsos incoerentes. No Iate Clube Cataratas, local de alta turbulência, cada travessia medida resultou em diferentes vazões/áreas, com covariâncias de 15 e 10%. Tal fato deve-se a problemática em se medir escoamentos não permanentes, com presença de vórtices e velocidades verticais. Assim, para as duas condições deve-se aumentar o número de travessias, para minimizar as incertezas, como no Canal da Piracema, ou modificar o local da seção de medição, como no Iate Clube Cataratas. Palavras-Chave ADCP, erro, vazão. ACOUSTIC DOPPLER CURRENT PROFILER PERFORMANCE IN LOW WATER VELOCICITES AND HIGH TURBULENCE. Abstract - Nowadays, the management of water resources is becoming increasingly dependent on hydrological variables collected correctly, as the flow. To determine the discharge, various methods can be applied, emphasizing the acoustic method, which is accurate, fast and safety. However, the users must understand the limitations and the correct application of the method. This work aims to analyze the discharge acoustic measurements with bias because the low velocities and high turbulence. In the Canal da Piracema, gauge stage with low water velocities, the discharges were measurements with ADCPs with pulse processing incoherent, coherent and "broadband". As a result, the "errors velocities" of equipment as approaching the own water velocity, creating uncertainties in results, particularly for incoherent pulses. On Iate Clube Cataratas, gauge stage wiht high turbulence, each measure transect resulted in different discharges / areas with covariance of 15 and 10%. This fact is due to problems in measuring non-steady flows, with presence of vortices and vertical velocities. Thus, for the two conditions must increase the number of transect to minimize the uncertainties, as in the Canal da Piracema, or change the location of the measurement section, as in the Iate Clube Cataratas. Keywords ADCP, errors, discharge. 1 Itaipu Binacional. Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos de Itaipu. Av. Tancredo Neves, n o 6.731. CEP 85856-970, Foz do Iguaçu/PR. Tel.: (45) 3520-3869. lhmaldo@itaipu.gov.br. 2 Itaipu Binacional. Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos de Itaipu. Av. Tancredo Neves, n o 6.731. CEP 85856-970, Foz do Iguaçu/PR. Tel.: (45) 3520-3864. pemg@itaipu.gov.br. ³ Itaipu Binacional. Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos de Itaipu. Av. Tancredo Neves, n o 6.731. CEP 85856-970, Foz do Iguaçu/PR. Tel.: (45) 3520-3857. noririb@itaipu.gov.br XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1

1. INTRODUÇÃO Atualmente, o gerenciamento dos recursos hídricos vem se tornando imprescindível à sociedade, face às condições adversas hidrológicas dos últimos anos, com estiagens prolongadas e cheias extremas. Entretanto, para gerenciar os recursos hídricos, deve-se entender o funcionamento das variáveis envolvidas no processo, como por exemplo, a quantificação de escoamentos, i.e., determinação das vazões. Segundo UNESCO-WMO-IAHS (1974), as medições de vazão se baseiam em medições realizadas, de certo modo, desde a época dos egípcios (1.400 a.c) e gregos (350 a.c.), implementadas no Renascimento, com os estudos de Leonardo da Vinci (1452-1519) e E. Mariotte (1620-1684), por intermédios de flutuadores e difundidas com o método convencional (e.g., molinete) no século XX. A partir da década de 1980, a United States Geological Survey (USGS) iniciou a aplicação dos medidores acústicos Doppler (ADCP) para medição de vazão, possibilitando que as medições fossem realizadas de forma mais rápida, segura e com coletas em eventos de cheia (Gamaro, 2012). Com os estudos comparativos em laboratórios (Shih et al., 2000) e em campo (Mueller, 2002), (Oberg e Mueller, 2007), (Gamaro, 2013), normas foram estabelecidas (ISO, 2005) e as medições acústicas passaram a ser aceitas como válidas na comunidade científica, e consequentemente no mercado consumidor. Além disso, com os ADCPs, novos trabalhos foram possibilitados de se realizar, como a determinação de histerese em eventos de cheias (Maldonado e Gamaro, 2013), avaliações dos impactos ocasionados por pilares de ponte nas direções dos vetores de velocidade à sua jusante (Gamaro et al., 2013), correção de curvas-chave em função de assoreamentos (Maldonado et al., 2014) e medições da carga de fundo pelo método de dunas em grandes rios (Gamaro et at. 2014). Entretanto, para operar os ADCPs é necessário que os usuários tenham conhecimentos nas áreas de hidráulica, acústica, computação e estatística. Como a evolução tecnológica ocorreu de forma mais rápida do que a capacitação dos profissionais envolvidos, os ADCPs deixaram de ser utilizados por alguns anos pelas entidades, muitas vezes por desconhecimento dos usuários. Assim, a partir de 2008 a 2010, os fabricantes dos ADCPs passaram a oferecer modelos com configurações automáticas e de simples entendimento, o que possibilitou a disseminação do equipamento acústico. Entretanto, como todo método, as medições acústicas apresentam limitações, tanto em função do modelo utilizado, com seu adequado procedimento de operação/coleta, assim como quanto às condições hidráulicas do rio a ser medido. Segundo Gamaro (2013), diversos cuidados devem ser tomados pelos operados dos equipamentos acústicos, para se garantir uma coleta adequada, como: velocidade da embarcação ser menor ou igual à velocidade da água, a vazão medida deve ser maior que a vazão extrapolada, calibrar a bússola do equipamento, realizar um número par de travessias, medir a distância até a margem (trena eletrônica ou no cabo), entre outras. Além disso, em relação a escolha da seção de medição, algumas recomendações para realizar medições de vazão com os equipamentos convencionais (ISO, 2007) são sugeridas para as medições de vazão com os medidores Doppler, como: seção de medição com canal uniforme e retilíneo; vetores velocidades paralelos entre si e perpendiculares à seção; margens e leitos estáveis no tempo; evitar vórtices, remansos e velocidades próximos à zero; local de fácil acesso; e caso o local situar próximo a pontes é aconselhável que a seção esteja localizada à montante, com algumas exceções. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2

Apesar dos ADCPs corrigirem as direções dos vetores velocidades, condições de escoamentos não permanentes são desfavoráveis para as medições acústicas de vazão, pois cada vez que é realizada uma travessia com o ADCP, o escoamento apresentará uma condição hidráulica diferente entre as travessias. Como o medidor realiza medições de velocidade, profundidade e vazão de modo instantâneo para cada vertical, os escoamentos não permanentes resultarão em vazões medidas acumuladas com valores discrepantes para cada travessia. Além disso, quando o escoamento apresenta baixas velocidades, os valores das velocidades medidas pelos ADCPs estão próximos ao erro do equipamento, resultando, entre as travessias, altos valores de desvio padrão de vazões. Assim, o objetivo do trabalho é analisar as medições acústicas de vazão (com ADCP) em condições hidrológicas extremas, como alta turbulência e baixas velocidades, situações problemáticas para aquisição de dados. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Área de Estudo O local de estudo situa-se no rio Paraná, na estação de Iate Clube Cataratas, código 64925100, latitude - 25 33'22,77", longitude 54 35'27,12" e cota 101 m. Neste local, são realizadas medições de vazão para o curso de medidores acústicos, ministrados pela equipe da Itaipu Binacional, local com profundidades próximas de 60m e com alta turbulência. O segundo local de estudo situa-se no Canal da Piracema da Itaipu Binacional, trecho do Canal de Iniciação. O canal recebe águas do rio Brasília e do reservatório da Itaipu, desaguando no rio Belo Vista. Neste local, há um comporta à jusante, para controlar o nível d água do reservatório de descanso de peixes que existe à montante, tornando o local com baixas velocidades. 2.2 Metodologia 2.2.1. Medidores acústicos de vazão (ADCP) Os medidores acústicos de vazão (ADCP) utilizam o efeito Doppler para a medição da velocidade d água. Para isso, o equipamento emite um pulso acústico e o compara com o retorno do eco, resultante do contato da onda acústica com as partículas em suspensão na água. A mudança da frequência emitida e recebida é proporcional à velocidade relativa entre as partículas e o ADCP, processo conhecido como efeito Doppler. Entretanto, para medir este efeito Doppler há três tipos de processamentos dos sinais acústicos: pulso incoerente (narrowband), pulso a pulso coerente e broadband (Gamaro, 2012). O processamento pelo pulso incoerente narrowband é realizado medindo o efeito Doppler de modo direto, através de um pulso único e relativamente longo. Isto resulta em um método com incertezas relativamente grandes (Gamaro, 2012). Em vista disso, para minimizar as incertezas, alguns fabricantes aumentaram a taxa de emissão desse tipo de pulso para até 70Hz, como o caso do equipamento modelo ADP-M9, da Sontek. O processamento pelo pulso broadband é realizado medindo-se a mudança de fase ou a variação do tempo entre dois pulsos consecutivos emitidos pelo ADCP. Esta técnica foi aperfeiçoada, visando uma redução das incertezas, como nos modelos WHRG, da RDI (Simpson, 2001). Como a patente deste tipo de processamento venceu em 2010, este processamento foi implementado em outros ADCPs. Assim, no presente trabalho foi utilizado três modelos de ADCP, sendo um com processamento broadband e pulso coerente (ADCP WHRG 600kHz) e dois com o algoritmo SmartPulse, processo capaz de testar os três processamentos de forma preliminar ( broadband, pulso incoerente e pulso a pulso/coerente ) para aplicar o processamento que apresentar o melhor resultado para a medição de cada vertical (ADP-M9 e S5) (Figura 1). XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3

2.2.2. Canal da Piracema Figura 1 ADCPs, modelos ADP-M9, S5 e WHRG 600kHz. No canal da Piracema, trecho do Canal de Iniciação, há uma comporta à jusante e as profundidades estão na ordem de 1 a 2m e as velocidades são próximas ou inferiores a 15 cm.s -1. Assim, foi utilizado o medidor ADP-M9 e S5, com processamento pulso incoerente e com algoritmo SmartPulse ativado, nesta condição de velocidades baixas, para avaliar a magnitude do erro da velocidade medida pelo ADCP durante uma travessia. Para o cálculo da velocidade, o ADCP necessita de apenas três feixes acústicos (três dimensões, x, y z), porém os fabricantes optam por um quarto feixe redundante, usado para calcular o erro da velocidade, resultante da componente da velocidade medida para cada conjunto de feixes acústicos (Gamaro, 2013). Quanto menores os valores do erro da velocidade, mais homogêneo é o volume d água medido, i.e., não há mudança de direção e intensidade dos vetores de velocidade nos cones acústicos, e mais precisa é a velocidade medida pelo efeito Doppler com o ADCP (Simpson, 2001). Assim, foram realizadas medições de vazão no Canal da Piracema para as seguintes vazões: 0,31 m³.s -1 (25/09/2014), 1,19 m³.s -1 (22/05/2015) e 2,31 m³.s -1 (17/09/2012) (Figura 2). Além disso, foram extraídos os valores da variável erro da velocidade para cada medição e comparada com as velocidades medidas da água. 2.2.2. Iate Clube Cataratas Na estação de Iate Clube Cataratas foram realizadas medições de vazão em condição de alta turbulência (escoamento não permanente), com ocorrência de remanso nas margens, vórtices superiores a 1 m de diâmetro, e presença de velocidades verticais. Como o ADCP realiza coletas de velocidades da água de modo instantâneo, os vetores velocidades medidos variam de modo que cada travessia (somatório das vazões medidas nas células e nas áreas extrapoladas) apresenta uma condição hidráulica diferente entre as travessias realizadas em momentos sub/sequentes. Assim, foram realizadas medições de vazão no rio Paraná, na Estação de Iate Clube Cataratas nos dias 06/08/2013 e 19/08/2014, com os modelos de ADCP ADP-M9 e ADCP WHRG 600kHz (Figura 2) e analisadas as variações das vazões medidas, assim como as áreas medidas e vetores velocidades (intensidade e direção). Figura 2 Medições de vazão: (a) Iate Clube Cataratas; (b) Canal da Piracema. 3. RESULTADOS 3.1. Baixas velocidades Com as medições das vazões no Canal da Piracema, dia 25/09/2014, ADP-M9 com pulso incoerente e SmartPulse, foram obtidas as velocidades e vazões, conforme Figuras 3 e 4. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4

Figura 3 Velocidades medidas no Canal da Piracema, dia 25/09/2014, com ADP-M9: pulso incoerente e com SmartPulse, respectivamente. Velocidade (m/s) Velocidade (m/s) 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0-0.1-0.2-0.3-0.4 171 161 151 141 131 121 111 101 Emin Emax Emedio Vm Vmin Vmax 0.40 0.35 0.30 0.25 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00-0.05 1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101111121131141151161171181191201211221231241251261271-0.10 Emin Emax Emedio Vm Vmin Vmax Figura 4 Velocidades medidas média (V m ), mínima (V min ) e máxima (V max ) e os erros das velocidades média (E medio ), máximo (E max ) e mínimo (E min ) no Canal da Piracema, dia 25/09/2014, com ADP-M9: Pulso incoerente e Smartpulse, respectivamente. Considerando as mesmas condições hidrológicas, no Canal da Piracema, para o dia 25/09/2014 (Figura 3), as vazões resultantes com ADP-M9, com pulso incoerente e SmartPulse foi de 0,31 m³.s -1 e 0,23 m³.s -1, respectivamente. Nesta condição, com velocidades d água inferiores a 15 cm.s -1, o pulso incoerente superestimou as velocidades, resultando em uma média de 13 cm.s -1, valor três vezes superior a média obtida com o SmartPulse (4 cm.s -1 ). Além disso, as velocidades absolutas máximas medidas foram de 59 cm.s -1, enquanto que com o SmartPulse foram de 7,5 cm.s -1, fato acompanhado de uma maior variação das direções dos vetores velocidade. Analisando os erros das velocidades, medidos pelos feixes acústicos com pulso incoerente (Figura 4), foram obtidos valores na faixa de 12,4 a -10,5 cm.s -1. Assim, as velocidades medidas com este tipo de processamento (13 cm.s -1 ) estão na mesma ordem de grandeza que o próprio erro, o que gera incertezas de até 100%. Com o algoritmo SmartPulse, os erros de velocidade medidos foram de 0,7 a -0,8cm.s -1, valores 15% inferiores às velocidades medidas (4 cm.s -1 ). Este tipo de medição indica pequenas incertezas e vazões mais confiáveis que as medidas anteriormente. Com as medições das vazões no Canal da Piracema, dia 22/05/2015, com ADP-M9 com pulso incoerente e 17/09/2012, ADP-M9, SmartPulse, foram obtidas velocidades e vazões, conforme Figuras 5 e 6. 91 81 71 61 51 41 31 21 11 1 Figura 5 Velocidades medidas com ADP-S5 (pulso incoerente) no dia 22/05/2015 (0 a 0,6 m.s -1 ) e com ADP-M9 (SmartPulse) no dia 17/09/2012 (0 a 0,3 m.s -1 ). XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5

0.8 Velocidade (m/s) 0.6 0.4 0.2 0.0 191-0.2 181 171 161 151 141 131 121 111 101 91 81 71 61 51 41 31 21 11 1-0.4 Emin Emax Vm Emedio Vmin Vmax 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0-0.1-0.2-0.3-0.4 121 111 101 91 81 71 61 51 41 31 21 11 1 Figura 6 Velocidades medidas e os erros das velocidades no Canal da Piracema: dia 22/05/2015 (ADP-S5 e pulso incoerente) e 17/09/2012 (ADP-M9 e SmartPulse). Nos dias 22/05/2015 e 17/09/2012, as vazões medidas com o ADP-S5 (pulso incoerente) e ADP-M9 ( SmartPulse ) foram de 1,2 m³.s -1 e 2,3 m³.s -1, respectivamente. Com o pulso incoerente (Figura 5), as velocidades medidas pelo ADP-S5 foram em média 10 cm.s -1, enquanto que os erros das velocidades medidas pelos feixes acústicos foram de 7 a -8 cm.s -1. Assim, as velocidades medidas com este tipo de processamento (10 cm.s -1 ) estão na mesma ordem de grandeza que o próprio erro, o que gera incertezas de até 100%. Com o SmartPulse (Figura 6), as velocidades medidas foram em média 20 cm.s -1, enquanto que os erros das velocidades medidas pelos feixes acústicos foram de 1,8 a -1,7 cm.s -1. Assim, este tipo de medição indica pequenas incertezas e vazões confiáveis. Assim, comparando todas as travessias realizadas em cada data (Tabela 1), nota-se que para baixas velocidades, deve-se realizar um maior número de travessias, para minimizar os erros presentes, principalmente quando o processamento dos pulsos for do tipo incoerente. No caso do dia 22/05/2015, quando foram realizadas apenas quatro travessias, o desvio padrão (DP) foi de 0,17 m³.s -1 ou covariância (CV) de 14%, enquanto que com dezesseis travessias o DP foi para 0,11 m³.s -1 e CV para 9%. Além disso, nota-se que é de suma importância ativar a opção SmartPulse, pois os desvios padrões (DP) e a covariância (CV) entre as travessias tornam-se inferiores aos valores obtidos com o pulso incoerente. Tabela 1 Vazões medidas no Canal da Piracema, com baixas velocidades d água. Nº travessias Q média DP CV Data Equipamento Processamento [unid] [m³.s -1 ] [m³.s -1 ] [%] 25/09/2014 ADP-M9 Pulso incoerente 4 0.226 0.106 46.9 25/09/2014 ADP-M9 SmartPulse 4 0.251 0.017 6.7 17/09/2012 ADP-M9 SmartPulse 4 2.328 0.039 1.7 22/05/2015 ADP-S5 Pulso incoerente 4 1.209 0.174 14.4 22/05/2015 ADP-S5 Pulso incoerente 16 1.233 0.113 9.2 3.2. Altas turbulências Emin Emax Emedio Vm Vmin Vmax Com as medições de vazão realizadas na Estação de Iate Clube Cataratas, nas datas de 06/08/2013 e 19/08/2014, com os equipamentos ADP-M9 e ADCP WHRG 600kHz, notam-se grande variações das vazões medidas, assim como nas áreas e velocidades médias (Figuras 7 e 8). XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6

Q (m³/s) A (m²) Figura 7 Vazões (Q) e áreas medidas com os ADCPs ADP-M9 e WHRG 600kHz, na Estação de Iate Clube Cataratas para o dia 06/08/2013. Q (m³/s) A (m²) 19,000 18,000 17,000 16,000 15,000 14,000 13,000 12,000 11,000 10,000 9,000 8,000 7,000 15,000 14,000 13,000 12,000 11,000 10,000 9,000 8,000 7,000 08:44 09:33 09:39 10:14 10:20 10:46 11:11 11:22 11:54 12:03 12:33 14:32 14:36 14:39 15:11 15:18 Hora:Minutos Q_ADP-M9 Q_WHRG 600 Area_WHRG 600 Area_ADP-M9 08:55 09:48 10:09 10:43 10:52 11:28 11:47 12:12 12:23 13:02 14:33 14:44 15:13 15:21 Hora:Minutos Q_WHRG 600 Q_ADP-M9 Area_WHRG 600 Area_ADP-M9 Figura 8 Vazões (Q) e áreas medidas com os ADCPs ADP-M9 e WHRG 600kHz, na Estação de Iate Clube Cataratas para o dia 19/08/2014. Nos dias das medições ocorreram variações ascendentes horários do nível d água (16,09 a 17,55m em 2013 e 11,4 a 13,70m para 2014), porém não explicam as oscilações das vazões e áreas. Para 2013, as vazões variaram de 43 a -37% da média (12.161 m³.s -1 ), com desvio padrão de 1.927 m³.s -1 (covariância de 15%) e para o ano de 2014, as vazões variaram de 18 a -28% da média (10.066 m³.s -1 ), com desvio padrão de 1.083 m³.s -1 (covariância de 10,7%). A variação das vazões é explicada pelo escoamento ser não permanente, sendo que para cada travessia, o ADCP mede as velocidades em momentos hidráulicos diferentes, como identificado nas Figuras 9 e 10. 19,000 17,000 15,000 13,000 11,000 9,000 7,000 15,000 14,000 13,000 12,000 11,000 10,000 9,000 8,000 7,000 Figura 9 Vetores e direções das velocidades medidas (100 a 300º) com o ADP-M9. Figura 10 Vetores e direções das velocidades medidas (100 a 300º) com o ADCP WHRG-600 na Estação de Iate Clube Cataratas. 4. CONCLUSÕES A partir das medições de vazão com os medidores acústicos Doppler de vazão (ADCP) foi possível identificar que nos locais onde há baixas velocidades ou altas turbulências, é necessário atenção dos usuários, mesmo quando aplicados os medidores acústicos automáticos. A escolha do local da seção de medição é fundamental para uma precisa medição de vazão. No caso do Canal da Piracema, quando foi utilizado o processamento do pulso incoerente em baixas velocidades, os erros das velocidades tem a mesma magnitude das velocidades medidas da água, XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7

gerando incertezas nos resultados. Deste modo, deve-se realizar um número maior de travessias para minimizar esta incerteza. Além disso, com o SmartPulse ativado e funcionando, foi possível realizar medições de altas precisões nas mesmas condições de baixas velocidades. Para o caso de locais com alta turbulência, como na seção de Iate Clube Cataratas, grandes desvios de vazões (+43 a -37% da vazão média para 2013) ocorreram entre as travessias, não sendo possível muitas vezes garantir uma medição confiável. Neste caso, deve-se alterar o local da medição de vazão para um local onde ocorram escoamentos mais próximos do permanente. Assim, medições de vazão com medidores acústicos tem se tornado imprescindível para a operação de redes fluviométricas, porém suas limitações devem ser conhecidas e os procedimentos devem ser aplicados, para minimizar problemas como o exposto no trabalho. AGRADECIMENTO Os autores agradecem à equipe da Hidrologia de Campo (OPSH.DT) da Itaipu Binacional, pela realização dos trabalhos de campo, que são de suma importância para a área de Hidrometria. REFERÊNCIAS GAMARO, P.E.M., Medidores Acústicos Doppler de Vazão, IB.,ISBN978-85-85263-07-2, 2012; GAMARO, P.E.M., Medição de vazão em Bacias Hidrográficas Brasileiras utilizando Medidores acústicos Doppler-ADCP. Tese de Doutorado, 2013, Cascavel, Brasil; GAMARO, P.E.M., MALDONADO, L.H., CASTRO, J.L. Análise da interferência de pilares de ponte em escoamentos na seção de medição localizada à jusante. Caso de Novo Porto Dois, anais do Simpósio Brasileiro de Rec. Hídricos, Bento Gonçalves, 2013; GAMARO, P,E.M., MALDONADO, L.H., CASTRO, J.L. Aplicação do método das dunas para determinação da carga de fundo no rio Paraná, anais do XI ENES, João Pessoa, PB, 2014; ISO, International Standard Organization, Hydrometry - Measurement of liquid flow in open channels using current meters or floats, nº 748, 2007; ISO, International Standard Organization, Hydrometry - Measuring river velocity and discharge with acoustic Doppler profilers, nº 24154, 2005; MALDONADO, L.H., GAMARO, P.E.M.. Métodos de correção de vazões em tramos superiores de curvas-chave e para o caso de Histerese, anais do Simp. Bras. de Rec. Hídr., Bento G., 2013; MALDONADO, L.H., GAMARO, P.E.M., SANTOS, J.M., MARTINS, F.A. Alteração de curvachave devido a assoreamento, anais do XI ENES, João Pessoa, PB, 2014; MUELLER, D.S. Field assessment of Acoustic-Doppler based discharge measurements in Hydraulic Measurements and Experimental Methods, 2002, Reston, VA, USA; OBERG, K., MUELLER, D.S., Validation of Streamflow Measurements Made with Acoustic Doppler Current Profilers in Journal of Hydraulic Engineering, Vol 133, Nº 12, 2007; SHIH, H.H., PAYTON, C., SPRENKE, J., MERO, T., Towing Basin Speed Calibration of Acoustic Doppler Current Profiling Instruments in Joint Conference on Water Resource Engineering and Water Resources Planning and Management 2000, Reston, VA, USA, ASCE 2000; SIMPSON, M.R. Discharge Measurements Using a Broad-Band Acoustic Doppler Current Profiler, U.S. Geological Survey, Sacramento, CA, 2001; UNESCO-WMO-IAHS, Three century of scientific hydrology, Tercentenary of Scientific Hydrology, Paris, 9-12 September, 1974. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8