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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA PARANÁ. Autos n 5017394-39.2017.4.04.7000 Classificação no EPROC: Sigiloso (Interno Nível 4) Classificação no ÚNICO: Confidencial O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por seus Procuradores da República signatários, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, vem, em atenção à intimação constante no evento 10, manifestar-se conforme segue. Trata-se de pedido de MEDIDAS CAUTELARES de BUSCA E APREENSÃO CRIMINAL, PRISÃO PREVENTIVA, CONDUÇÃO COERCITIVA e BLOQUEIO DE BENS VIA BACENJUD em face de PEDRO AUGUSTO CORTES XAVIER BASTOS e outras pessoas físicas e jurídicas beneficiárias de transferências da conta ACONA de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES. No evento 5 foi requerida a decretação de medidas cautelares em face de JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, em razão de provas supervenientes que indicam que o mesmo é titular da offshore STINGDALE, também beneficiária de valores da ACONA, sendo que no evento 6 foi juntada nova documentação das contas no exterior Na decisão do evento 9 este Juízo deferiu parcialmente as medidas cautelares requeridas pelo MPF. Na ocasião, foi indeferido o pedido de prisão preventiva JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS e determinada a apresentação, pelo MPF, de documentos relevantes, nos seguintes termos: Relativamente à José Augusto Ferreira dos Santos, o MPF também pleiteou a decretação de sua prisão preventiva. Há quanto a ele prova, em cognição sumária, de que a conta em nome da off-shore Stingdale Holdings, da qual era o beneficiário, juntamente com o próprio João Augusto Rezende Henriques, teria recebido USD 1.100.000,00 em 25/05/2012 da conta da Acona International. Também há indícios, em cognição sumária, de que teria se envolvido em outros episódios de recebimento e intermediação de propinas em contratos públicos. Não obstante os fatos sugerirem risco à ordem pública, pela aparente prática profissional de crimes contra a Administração Pública, reputo necessário o aprofundamento das investigações em relação a ele, já que a conta Stingdale era, aparentemente, controlada também por João Augusto Rezende Henriques. Assim, indefiro, por ora, a prisão preventiva de José Augusto Ferreira dos Santos, sem prejuízo de reavaliação após a buscas e desde que haja novos requerimentos. ( ) 8. Deverá o MPF apresentar a este Juízo: a) cópia da integralidade do pedido de cooperação enviado pelas autoridades suíças para oitiva de Pedro Augusto Cortes Xavier, já que juntado no evento 1, anexo71, apenas parcialmente; 1 de 5

b) cópia da integralidade do processo transferido da Suíça ao Brasil relativamente a Ricardo Pernambuco Backheuser, já que juntado no evento 5, anexo31, apenas parcialmente. A juntada deverá ser efetuada antes do cumprimento dos mandados. Em relação a estes dois pontos, o manifesta-se nos seguintes termos. 1. Pedido de prisão temporária de JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS Na decisão do evento 9 este Juízo indeferiu o pedido de prisão preventiva do investigado JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, sob o fundamento de que é necessário o aprofundamento das investigações em relação a ele, já que a conta STINGDALE, da qual era beneficiário, era também controlada por JOÃO HENRIQUES. Apesar de não estarem presentes, por ora, os requisitos e fundamentos da prisão preventiva (art. 312, CPP), verifica-se que estão presentes, no caso, os requisitos para a prisão temporária do investigado, senão vejamos. Conforme ressaltado no parecer do evento 5, foi apurada que JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS manteve negócios com JOÃO AUGUSTO HENRIQUES e BRUNO LUZ no chamado projeto BITUBALE, que envolvia a PETROBRAS em uma negociação em Houston, Texas. Há evidências documentais do pagamento de propinas neste projeto. Com relação à offshore STINGDALE, FERREIRA DOS SANTOS admitiu em depoimento ter feito negócios com HENRIQUES envolvendo a offshore, da qual era cobeneficiário, juntamente com JOÃO AUGUSTO HENRIQUES e com o empresário administrador da SERVENG e da DELTA ENGENHARIA, ANANIAS VIEIRA DE ANDRADE. Apesar de FERREIRA DOS SANTOS ter negado a utilização desta offshore para propósitos ilícitos, foi apurado que a STINGDALE HOLDING recebeu USD 1,1 milhão da conta ACONA de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES em transferências feitas em 25/5/2012. Assim, há suspeitas concretas que a STINGDALE tenha sido utilizada para transacionar valores de propinas provenientes da compra do campo de Benin na PETROBRAS. Além disso, conforme foi objeto dos autos de nº 5048976-28.2015.4.04.7000, a partir de investigações envolvendo a empreiteira MENDES JUNIOR, identificou-se uma série de empresas que teriam simulado a prestação de serviços para tal empreiteira e para outras empresas envolvidas em desvios da PETROBRAS, tal expediente serviria apenas para propiciar o pagamento de vantagem indevida a agentes públicos. Dentre as investigadas, consta a IBATIBA ASSESSORIA, CONSULTORIA e INTERMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS LTDA, que tem como objeto social a atividade de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral e que faturou R$ 31.365.506,14 nos anos de 2010 a 2012, em grande parte de empreiteiras envolvidas no esquema apurado na Operação Lava Jato, a exemplo da MENDES JUNIOR, ANDRADE GUTIERREZ e OAS. Ocorre que, não obstante os vultuosos recebimentos, a IBATIBA, no período de 2010 e 2012, não declarou possuir qualquer funcionário e não efetuou qualquer pagamento a contribuintes individuais, sejam pró-labore ou autônomos, conforme se verifica a partir do 2 de 5

exame de suas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. Além disso, em todas as Declarações de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ apresentadas, a IBATIBA declarou não possuir funcionários ou custos referentes a despesas com pessoal. Não há também qualquer informação de que a empresa tenha contratado outra pessoa jurídica para fornecer mão de obra temporária ou terceirizada. Ora, levando em consideração que a empresa não dispõe de qualquer funcionário ou mesmo prestadores de serviços autônomos, e que não houve a contratação de Pessoa Jurídica prestadora de serviços, é manifestamente improvável que a IBATIBA efetivamente tenha prestado os serviços pelos quais foi contratada pelas empreiteiras MENDES JUNIOR, ANDRADE GUTIERREZ e OAS, que motivaram transferências de milhões de reais. Some-se a isso o fato de que os endereços cadastrados pela empresa são incompatíveis com endereços empresariais. O primeiro deles, referente ao período de 2010 a 2012, apresentase modesto se comparado ao faturamento relativo a esse período. Já o novo endereço apresenta características de um endereço residencial e, portanto, também incompatível com o funcionamento da empresa, conforme fotos constantes no parecer do evento 5. Importante ressaltar que, no período de 2010 e 2011, consta na DIPJ como sócio majoritário da IBATIBA o investigado JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, e como sócios minoritários seus filhos FÁBIO AUGUSTO GUIMARÃES FERREIRA DOS SANTOS e FELIPE GUIMARÃES FERREIRA DOS SANTOS. Já no período compreendido entre 2012 e 2013, consta como sócio majoritário da IBATIBA a sociedade FA2F PARTICIPAÇÕES LTDA, a qual possui como sócio-administrador FABIO AUGUSTO GUIMARÃES FERREIRA DOS SANTOS. Conforme quadro apresentado pela Receita Federal, o grande beneficiário dos rendimentos distribuídos a título de Lucros e Dividendos da IBATIBA é JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, e, em segundo plano, seus filhos, FÁBIO AUGUSTO e FELIPE. Foi apurado pela Receita Federal a incompatibilidade entre a movimentação financeira da IBATIBA e a receita bruta declarada nas DIPJ. Restou, assim, demonstrado que a IBATIBA ASSESSORIA, CONSULTORIA E INTERMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS LTDA não possuía mínimas condições de prestar os serviços pelos quais foi contratada, sendo possivelmente apenas uma empresa interposta utilizada pelas empreiteiras investigadas no âmbito da operação Lava Jato (MENDES JUNIOR, OAS, ANDRADE GUTIERREZ) para receber valores ilícitos, repassá-los a agentes corruptos do esquema criminoso. Também foi apurado o JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS é exadministrador do Banco BVA, que apareceu nas investigações relacionadas a JOSE CARLOS BUMLAI. Há suspeitas concretas que créditos feitos pelo BVA na conta de JOSE CARLOS BUMLAI se tratem de empréstimos fraudulentos concedidos pela instituição financeira, que se encontrava à beira da intervenção do Banco Central. Além disso, o BVA e JOSE AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS também são investigados na Operação Greenfield, que apura fraudes em fundos de pensão mediante a existência de aplicações mal sucedidas do fundo PETROS em fundos administrados pelo BVA. Em 2009, a PETROS investiu R$ 250 milhões no BVA, seguindo com altos investimentos nos anos seguintes até formar uma carteira de R$ 1 bilhão em investimentos 3 de 5

extramente problemáticos. Ao final, o BVA faliu com patrimônio líquido de R$ 600 milhões, enquanto só a PETROS aportou mais de R$ 1 bilhão na instituição financeira. Por fim, foi apurado que, em transferência de investigação promovida pelo Ministério Público da Confederação Suíça em face de RICARDO BACKHEUSER, também conhecimento como RICARDO PERNAMBUCO, executivo da CARIOCA CHRISTIANI NIELSEN ENGENHARIA, que o beneficiário econômico da conta PENBUR HOLDING S.A. é JOSE AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS. Assim, foi apurado que JOSE AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS é beneficiário econômico de duas offshores com contas na Suíça: 1) a STINGDALE HOLDING INC. Conta nº 71055026.2001 no BSI; 2) a PENBUR HOLDING S. A. Conta nº 11068761.2001 BSI. Como já salientado, a STINGDALE recebeu recurso provenientes da ACONA, de JOÃO AUGUSTO HENRIQUES. Já a PENBUR HOLDING S. A. foi a conta indicada por EDUARDO CUNHA a RICARDO PERNAMBUCO para o recebimento de propinas da obra do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Segundo as autoridades suíças, após receber valores das contas de RICARDO PERNAMBUCO, pôde-se verificar o escoamento de valores a diversas outras contas na Suíça e em outros países, envolvendo ao menos parcialmente pessoas culpadas no escândalo da Petrobras. Como visto, existem numerosos e contundentes indícios de crimes praticados por JOSE AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS que permitem, no mínimo, a decretação de sua prisão temporária. Ressalte-se que em relação a estes crimes é imprescindível o aprofundamento das investigações para melhor esclarecer a participação criminosa do requerido em crimes de associação criminosa, crimes contra o sistema financeiro nacional, estando presente, portanto, o requisito da prisão temporária previsto no art. 1º, inciso I, da Lei n 7.960/1989. O objetivo da medida é não perturbar a colheita da prova, mormente considerando que há evidências do envolvimento profissional do investigado com a prática de crimes. Por essas razões, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer, com base no art. 1, inciso I, da Lei n 7.960/1989, a prisão temporária de JOSE AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS. 2. Juntada de documentos Em atendimento à determinação deste Juízo na decisão do evento 9, o Ministério Público Federal promove a juntada: i) de cópia da integralidade do pedido de cooperação enviado pelas autoridades suíças para oitiva de Pedro Augusto Cortes Xavier (anexos 2, 3 e 4); ii) de cópia da integralidade do processo transferido da Suíça ao Brasil relativamente a Ricardo Pernambuco Backheuser (anexos 5, 6 e 7). Com relação aos documentos encaminhados em pendrive pelo Ministério Público da Confederação Suíça por ocasião da transferência do processo de Ricardo Pernambuco Backheuser, em razão do tamanho, da extensão e da complexidade de tais arquivos, o MPF 4 de 5

informar que encaminhará a este Juízo mídia digital (DVD-R) contendo a íntegra de tais documentos, para acautelamento na Secretaria desta 13ª Vara Federal de Curitiba/PR. 3. Dos pedidos: Diante do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer: i) a prisão temporária de JOSE AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS com base no art. 1, inciso I, da Lei n 7.960/1989; ii) a juntada de cópia da integralidade do pedido de cooperação enviado pelas autoridades suíças para oitiva de Pedro Augusto Cortes Xavier (anexos 2, 3 e 4) e de cópia da integralidade do processo transferido da Suíça ao Brasil relativamente a Ricardo Pernambuco Backheuser (anexos 5, 6 e 7). Deltan Martinazzo Dallagnol Orlando Martello Carlos Fernando dos Santos Lima Julio Noronha Athayde Ribeiro Costa Jerusa Burmann Vieceli Procuradora da República Antonio Carlos Welter Diogo Castor de Mattos Procurador República Laura Tessler Procuradora da República Roberson Henrique Pozzobon Paulo Roberto Galvão de Carvalho Isabel Cristina Groba Vieira Procuradora Regional da República Januário Paludo 5 de 5