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Transcrição:

Projecto de Lei n.º 502/XIII/2.ª Estabelece a obrigatoriedade da presença de inspector sanitário em determinados actos venatórios Exposição de motivos A preocupante proliferação de enfermidades presentes em várias espécies, passíveis de transmissão aos seres humanos, torna imperativa a intensificação de controlo sanitário de carnes obtidas nas actividades cinegéticas, de modo a proporcionar aos consumidores, sejam eles os próprios caçadores ou terceiros, um nível de segurança alimentar superior. A realidade é que neste momento não existe uma adequada análise post mortem das peças de caça, pelo que urge desenvolver as condições higiénio-sanitárias que assegurem uma efectiva garantia sanitária da carne decorrente da actividade cinegética. A Federação Nacional dos Caçadores e Proprietários advoga que nos encontramos perante uma gritante falta de controlo sanitário de uma vasta panóplia de doenças que afectam javalis, coelhos e veados (entre outros), o que na opinião da entidade identificada põe sistematicamente em causa a saúde pública. Os operadores responsáveis pela actividade relativa à colocação no mercado de animais caçados (ou parte deles) obedecem (ou deveriam obedecer) às disposições constantes no Regulamento n.º 852/2004 de 29 de Abril relativo à higiene dos géneros alimentícios e às premissas presentes na Secção IV do Anexo III do Regulamento n.º 853/2004. A Portaria n.º 74/2014 de 20 de Março regulamenta os parâmetros que devem ser observados aquando do fornecimento directo ao consumidor final ou ao comércio a retalho que abastece directamente o consumidor final de artigos de produção primária. 1

A verdade é que, não raras vezes, estes requisitos legais são incumpridos, pondo em causa a saúde pública. Em termos legais há uma grande disparidade de tratamento entre a produção de animais para a indústria da carne e o consumo de animais provenientes de caça selvagem. No primeiro caso há um conjunto de regras higieno-sanitárias apertado e é necessário um controlo da rastreabilidade dos animais em causa. No caso da caça nada disso é necessário. É claro que durante a vida dos animais não poderia ser de outra forma, já que estes últimos são animais selvagens e vivem em liberdade, mas no momento da sua morte e que, portanto, precede o seu consumo, deve haver uma maior exigência do que aquela que existe actualmente. Só se assim se pode garantir a saúde pública. A título de exemplo, em Espanha, o Decreto n.º 230/2005 de 11 de Outubro estatui, além da obrigatoriedade da presença de inspectores credenciados em todos os actos venatórios, a imposição de encaminhamento dos animais abatidos para uma sala de desmancha autorizada para serem observados por um inspector sanitário. Actualmente em Portugal apenas é obrigatória a presença de um inspector naquelas que são consideradas zonas de risco para a tuberculose, o que só acontece em 19 concelhos portugueses. Nos restantes casos após a batida, por exemplo, há a divisão das espécies e cada um segue o seu caminho. Recordamos que há uma série de doenças que afectam os animais e são transmissíveis às pessoas, como é o caso da já mencionada tuberculose mas também brucelose, triquinose ou hidatidose. A transmissão destas doenças pode ocorrer precisamente pelo consumo da carne de animais infectados, daí ser tão importante a avaliação da carcaça do animal após o acto venatório. Assim, consideramos que a solução espanhola é aquela que melhor assegura a defesa da saúde pública e por isso deverá ser adaptada à realidade portuguesa. Assim, nos termos constitucionais e regimentais aplicáveis, o Deputado do PAN apresenta o seguinte projecto de lei: 2

Artigo 1º Objecto Estabelece a obrigatoriedade da presença de inspector sanitário em acto venatório, bem como o encaminhamento de carne proveniente da caça com fim comercial para sala de desmancha de carnes devidamente legalizada. Artigo 2º Alterações à Lei n.º 173/99 de 21 de Setembro É aditado o artigo 26.º-A e alterado o artigo 34.º da Lei n.º 173/99 de 21 de Setembro, com as alterações introduzidas pelos decretos-lei n.º 159/2008, de 08/08 e 2/2011 de 06/01, os quais passam a ter a seguinte redação: «Artigo 26.º - A Inspecção sanitária 1- É obrigatória a presença de um inspector sanitário, nomeado pela autoridade sanitária competente, em todos os actos venatórios de caça maior. 2- As peças de caça maior que sejam destinadas ao consumo comercial devem ser reencaminhas para salas de desmancha de carnes devidamente licenciadas. Artigo 34.º [ ] 1 - [ ]: a) [ ]; 3

b) [ ]; c) [ ]; d) [ ]; e) A infracção ao disposto no artigo 26.º-A. 2 - [ ]: a) [ ]; b) [ ]; c) De 5000$00 a 750000$00 no caso das alíneas b), c), d) e e), sendo de 9000000$00 o montante máximo da coima aplicável às pessoas colectivas. 3 - [ ].» Artigo 4.º Regulamentação A presente lei é regulamentada no prazo de 90 dias. Artigo 5.º Entrada em vigor A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação. 4

Assembleia da República, Palácio de S. Bento, 17 de Abril de 2017 O Deputado André Silva 5