PROJETO PROGRAMA PILOTO PARA A MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS GERADOS POR RESÍDUOS PERIGOSOS



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Ministério do Meio Ambiente PROJETO PROGRAMA PILOTO PARA A MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS GERADOS POR RESÍDUOS PERIGOSOS Documento 3 GESTÃO DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO USADO EM OFICINAS AUTOMOTIVAS Pernambuco 2006

Sumário PRÓLOGO 4 INTRODUÇÃO 6 1 OPERAÇÕES DE TROCA DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO 8 1.1 Óleo Lubrificante Automotivo 8 1.1.1 Funções e propriedades do óleo lubrificante automotivo 10 1.1.2 Classificação dos óleos lubrificantes automotivos 11 1.2 Aditivos 12 1.3 Óleo Lubrificante Automotivo usado ou contaminado 13 1.3.1 Setores geradores de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado 14 2 EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE 15 2.1 Efeitos Nocivos à Saúde Ocupacional 15 2.2 Efeitos Nocivos ao Meio Ambiente 17 2.2.1 Principais resíduos gerados na troca de óleo lubrificante automotivo 18 3 GERENCIAMENTO DO ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO USADO 20 3.1 Ambiente de Trabalho 21 3.2 Embalagens 26 3.3 Armazenamento 26 3.4 Transporte 27 2

3.4.1 Placas de sinalização para transporte de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado 28 3.4.2 Empresas coletoras de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado 28 3.5 Destinação 29 3.6 Aspectos Econômicos 30 4 AÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA NA GESTÃO DE ÓLEOS LUBRIFICANTES AUTOMOTIVOS 32 4.1 Melhorias no Processo no Troca no Óleo Lubrificante Automotivo32 4.2 Introdução de Novas Tecnologias 33 5 BIBLIOGRAFIA 35 6 ANEXO 38 6.1 ANEXO I: Legislação Aplicável 38 6.2 ANEXO II: Diagnóstico Local 40 6.3 ANEXO III: Glossário 41 6.4 ANEXO IV: Perguntas e Respostas 43 3

PRÓLOGO A Convenção da Basiléia sobre o controle dos movimentos transfronteriços dos resíduos perigosos e sua eliminação foi adotada em março de 1989, entrando em vigor em 1992 e conta, atualmente, com a adesão de 168 Partes (Parties to the Basel Convention). Esta Convenção trata de proteger a saúde do homem e o meio ambiente dos riscos que impõem os resíduos perigosos. Com esta finalidade, a Convenção expõe três estratégias que consistem em reduzir ao mínimo a geração de resíduos, tratá-los em um lugar o mais próximo possível de onde foi gerado e diminuir os movimentos internacionais de resíduos perigosos. A Convenção estabelece, em seus Anexos, as categorias de resíduos a serem controladas, detalhando as correntes de resíduos e os constituintes, os resíduos que requerem uma consideração especial, uma descrição das características de periculosidade, as operações de eliminação de resíduos e uma lista de resíduos perigosos e não perigosos. Além disso, a Convenção define como perigosos todos aqueles resíduos que o país de exportação, importação ou de trânsito estabeleça em sua legislação interna como tal. O Centro Coordenador da Convenção da Basiléia de Capacitação e Transferência de Tecnologia na Região da América Latina e Caribe (CRCB-Ur), foi estabelecido no Uruguai no final de 1996. Este Centro tem a responsabilidade, entre outras, de coordenar programas de alcance regional com relação ao intercâmbio de comunicação e informação, desenvolvimento de capacidades em áreas como legislação, capacitação e transferência de tecnologia para o manejo ambientalmente adequado e econômico de resíduos perigosos. O CRCB-Ur apresentou, como uma das suas atividades (A4) para o biênio 2003-2004, o estabelecimento de um Projeto com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), no Brasil, na linha de ação concernente ao desenvolvimento de sinergias e no programa Tecnologias Limpas. A escolha do Centro Nacional de Tecnologias Limpas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio Grande do Sul (CNTL-SENAI/RS) foi pautada na sua qualificação na área de Produção Mais Limpa. Desde 1995, 4

o CNTL integra a Rede de Centros Nacionais de Produção Mais Limpa da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) constituindose na instituição suporte de expertise para a Rede Brasileira de Produção Mais Limpa. O Programa Piloto para Minimização dos Impactos Gerados por Resíduos Perigosos faz parte das ações de implementação do Plano Estratégico da Convenção de Basiléia, para uma gestão ambientalmente saudável de resíduos perigosos e outros resíduos sujeitos à Convenção. O objeto do Programa abrange os seguintes pontos da Declaração de Basiléia: prevenção, minimização e gestão adequada dos resíduos, levando em consideração os aspectos sociais, tecnológicos e econômicos; promoção e uso de Tecnologias e Produção Mais Limpa, tendo por finalidade a prevenção e minimização de resíduos; desenvolvimento dos Centros Regionais para treinamento e transferência de tecnologia; O presente documento é parte integrante do projeto Programa Piloto para a Minimização dos Impactos Gerados por Resíduos Perigosos e propõe uma metodologia para viabilizar um diálogo entre diversos atores envolvidos na busca de soluções para a não geração, o tratamento e a disposição final adequada de resíduos perigosos. Esta metodologia será aplicada no Brasil, através de um projeto piloto realizado nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pernambuco. Os critérios para a seleção desses estados consideraram a existência de Centros de Produção Mais Limpa implantados e a experiência iniciada em inventários de resíduos em âmbito estadual. 5

INTRODUÇÃO Processos de troca de óleo lubrificante automotivo estão presentes na maioria das atividades de manutenção preventiva realizadas em oficinas automotivas, postos combustíveis, garagens, serviços portuários, ferroviários e aeroportuários. A falta de informações sobre a periculosidade destes óleos, aliada aos elevados custos para coleta e transporte, especialmente no Brasil, pelas dimensões continentais, tornou-se um fator preocupante, principalmente para as empresas de pequeno porte. No estado de Pernambuco, as oficinas automotivas são as maiores geradoras de óleos lubrificantes usados, e evidenciam a ausência de conhecimentos necessários para o manejo adequado desses óleos, justificando, desta forma, a realização de um estudo mais aprofundado sobre o assunto. Este contexto norteou a construção do presente Guia, cuja abordagem contempla a gestão destes resíduos perigosos. O desenvolvimento do tema considera os aspectos tecnológicos, toxicológicos e ambientais das operações de troca de óleos lubrificantes automotivos, visando o estabelecimento de estratégias de prevenção, a fim de reduzir os impactos ambientais, custos de gerenciamento, danos à saúde e ao meio ambiente, além de disponibilizar informações a respeito das formas de tratamento e disposição adequados para esses resíduos. Os óleos lubrificantes se contaminam, durante sua utilização, com produtos orgânicos de oxidação e outros materiais, produto do desgaste dos metais e outros sólidos, reduzindo sua qualidade. Quando a quantidade desses contaminantes é excessiva, o lubrificante já não cumpre o seu papel e deve ser substituído. Esses são os chamados óleos lubrificantes usados ou contaminados e devem ter a destinação ambientalmente adequada a fim de evitar a contaminação e preservação os recursos naturais. No Brasil, segunda a Resolução nº 362/05 do CONAMA, esses resíduos devem ser recolhidos para rerrefino. Neste Guia é apresentada uma revisão sobre: as atividades de troca de óleo lubrificante automotivo; os tipos de óleos lubrificantes utilizados; efeitos nocivos à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente e as ações de 6

Produção mais Limpa para minimização da geração de óleos lubrificantes usados, provenientes desta atividade. O Guia é dirigido aos usuários de óleos lubrificantes, serviços e trabalhadores que efetuam a troca destes óleos, consultores, universidades e instituições de ensino, instituições governamentais, comunidades e iniciativa privada e aborda estratégias que permitem reduzir o impacto ambiental. Objetivos deste documento: a) caracterizar os tipos de óleos lubrificantes mais utilizados e descartados em oficinas automotivas, postos combustíveis, garagens e outros serviços. b) construir uma ferramenta de fácil consulta que contenha as medidas e tecnologias de prevenção aplicáveis, que permitam minimizar o impacto dos óleos lubrificantes usados sobre o meio ambiente, bem como apresentar formas de manuseio e destino adequados. c) alertar os responsáveis por estas atividades e trabalhadores para as questões da prevenção da poluição e implementação de tecnologias mais limpas, como forma de obterem vantagens competitivas em mercados de exigência crescente; d) apresentar as vantagens de natureza técnica, ambiental e econômica que advêm da aplicação das tecnologias ou das medidas de prevenção e redução de resíduos na fonte; e) Identificar os riscos que se apresentam durante o processo de troca de óleo lubrificante automotivo e sua destinação, bem como sugerir práticas que permitam que o próprio trabalhador possa controlá-los enquanto realiza sua tarefa. É um documento de fácil consulta que resume as melhores práticas, medidas e tecnologias relativas ao processo de manuseio e troca de óleos lubrificantes, tendo em conta os aspectos técnicos, de saúde e de natureza ambiental. 7

1 OPERAÇÕES DE TROCA DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO As operações de troca de óleo lubrificante automotivo no cárter de motores são processos passíveis de geração de contaminantes ao meio ambiente e disseminadores de doenças ocupacionais, quando não realizadas em condições apropriadas. O atrito dos pistões dentro do motor e o calor gerado, causam o desgaste do óleo lubrificante automotivo, exigindo sua substituição em certo período. Durante o uso, os óleos lubrificantes vão perdendo suas características originais. Além disso, parte do óleo lubrificante automotivo é queimada no próprio motor, devendo ser reposto. Antes do término da vida útil, todo o óleo lubrificante automotivo deve ser substituído, originando, desta forma, o resíduo óleo lubrificante automotivo usado e outros resíduos contaminados. No processo de troca, todo o óleo lubrificante automotivo deve ser drenado para um tanque de acúmulo, para posterior reaproveitamento. As formas adequadas de reciclagem do óleo lubrificante automotivo usado, dependem da legislação em vigor e da viabilidade técnica e econômica, desde que aprovadas pelo Órgão Ambiental competente. A Figura 1 apresenta o fluxograma de troca de óleo lubrificante automotivo. 1.1 Óleo Lubrificante Automotivo Os óleos lubrificantes automotivos são substâncias utilizadas para lubrificar e aumentar a vida útil do motor. Os óleos lubrificantes básicos (principal constituinte do óleo lubrificante automotivo acabado), em função da fonte ou do processo pelo qual são produzidos, podem ser classificados, como: óleos lubrificantes básicos minerais: obtidos através da destilação e do refino do petróleo sendo classificados em parafínicos ou naftênicos, dependendo do tipo de hidrocarboneto predominante em sua composição; 8

OPERAÇÕES - ETAPAS OPERAÇÕES - ETAPAS OPERAÇÕES - ETAPAS OPERAÇÕES - ETAPAS 1.ABERTURA DO CAPÔ 2.RETIRAR TAMPA DE ABASTECIMENTO DE ÓLEO E VARETA DE NÍVEL 3.RETIRAR PARAFUSO DO CARTER 4.ESCOAR ÓLEO USADO OPERAÇÕES - ETAPAS OPERAÇÕES - ETAPAS OPERAÇÕES - ETAPAS OPERAÇÕES - ETAPAS 8.VERIFICAR NÍVEL DO ÓLEO 7.FECHAR TAMPA DE ABASTECIMENTO DO ÓLEO 6.ABASTECER COM ÓLEO NOVO 5.RECOLOCAR PARAFUSO DO CARTER Figura 1: Fluxograma de troca de óleo lubrificante automotivo 9

óleos lubrificantes básicos sintéticos: produzidos através de reações químicas, obtendo-se produtos com propriedades adequadas às funções lubrificantes; óleos lubrificantes compostos ou semi-sintéticos: constituídos pela mistura de dois ou mais tipos de óleos básicos. Em geral, os básicos sintéticos têm, como vantagens sobre os básicos minerais, maior estabilidade térmica e à oxidação, melhores propriedades a baixas temperaturas e menor volatilidade. Em contrapartida, os básicos minerais são muito mais baratos do que os sintéticos. 1.1.1 Funções e propriedades do óleo lubrificante automotivo Óleo lubrificante automotivo tem como principal função evitar o contato direto entre superfícies metálicas, reduzindo o atrito e suas conseqüências como a geração de calor excessivo, o desgaste, ruídos e vibrações no cárter. As principais funções dos óleos lubrificantes automotivos são: lubrificar refrigerar limpar e manter limpo o motor proteger o motor contra corrosão, desgaste e formação de ácidos no interior do mesmo auxiliar na vedação da câmara de combustão As principais propriedades dos óleos lubrificantes automotivos são: viscosidade - mede a dificuldade com que o óleo lubrificante automotivo escorre (escoa). Quanto mais viscoso for um lubrificante (mais grosso), mais difícil de escorrer, portanto, será maior a sua capacidade de manter-se entre duas peças móveis, fazendo a lubrificação das mesmas. A viscosidade dos lubrificantes não é constante, ela varia com a temperatura. Quando esta aumenta, a viscosidade diminui e o óleo lubrificante automotivo escoa com mais facilidade; índice de viscosidade - mede a variação da viscosidade com a temperatura;

densidade - indica o massa de um volume de óleo lubrificante automotivo a uma determinada temperatura. É importante para indicar se houve contaminação ou deterioração de um lubrificante. 1.1.2 Classificação dos óleos lubrificantes automotivos Várias são as classificações, sendo que as principais são: SAE (Society of Automotive Engineers) e API (American Petroleum Institute). a) Classificação SAE: estabelecida pela Sociedade dos Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos, classifica os óleos lubrificantes pela sua viscosidade, que é indicada por um número. Quanto maior este número, mais viscoso é o lubrificante e são divididos em três categorias: Óleos lubrificantes de Verão: SAE 20, 30, 40, 50, 60 Óleos lubrificantes de Inverno: SAE 0W, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W Óleos lubrificantes multiviscosos (inverno e verão): SAE 20W-40, 20W- 50, 15W-50 Obs.: a letra "W" vem do inglês "winter" que significa inverno. b) Classificação API: é a mais aceita internacionalmente e estabelece uma codificação que, em geral, é constituída por duas letras. A primeira letra pode ser S ou C e representa a aplicação automotiva: S (Spark Ignition ou Service) -refere-se a óleos lubrificantes para motores de veículos leves a gasolina ou álcool, C (Compression Ignition ou Commercial) - refere-se a óleos lubrificantes para motores do ciclo DIESEL (veículos pesados). A segunda letra indica o desempenho do óleo lubrificante automotivo em relação ao tipo do motor. Utiliza as letras alfabéticas conforme o tipo do veículo. 11

O rótulo dos lubrificantes automotivos contém as classificações SAE e API do produto comercializado. O consumidor deve seguir a recomendação do fabricante do veículo, que está impressa no manual do proprietário. 1.2 Aditivos Os aditivos são substâncias empregadas para melhorar ou conferir aos óleos lubrificantes básicos (principal constituinte do óleo lubrificante automotivo acabado), propriedades adequadas a um lubrificante. O óleo lubrificante automotivo é comercializado com a formulação completa e os aditivos são parte integrante de sua composição e variam conforme a finalidade indicada. Pode-se dividir os aditivos utilizados em óleos lubrificantes automotivos, pela função que exercem (Quadro 1). Quadro 1 - Função dos aditivos TIPO DE ADITIVO Antioxidantes (ditiofosfatos, fenóis, aminas) Detergentes/Dispersantes (sulfonatos, fosfonatos, fenolatos) Anticorrosivos (ditiofosfatos de zinco e bário, sulfonatos) Antiespumantes (siliconas, polímeros sintéticos) Rebaixadores de ponto de fluidez Melhoradores de índice de viscosidade FUNÇÕES retardar a oxidação dos óleos lubrificantes, que tendem a oxidar-se quando em contato com o ar impedir a formação de depósitos de produtos de combustão e oxidação, mantendo-os em suspensão, sendo retirados pelos filtros ou quando da troca de óleo lubrificante automotivo neutralizar os ácidos que se formam durante a oxidação e que provocam a corrosão de superfícies metálicas reduzir a formação de espumas pois os óleos lubrificantes agitados e contaminados tendem a formar espuma ao entrar no sistema de lubrificação reduzir a tendência ao congelamento, mantendo sua fluidez sob baixas temperaturas Reduzir a tendência de variação da viscosidade com a variação de temperatura Com o tempo de uso, os elementos aditivos do óleo lubrificante automotivo são destruídos fisicamente ou ficam presos a outras substâncias químicas. Enquanto efetuam a proteção do motor, eles são alterados quimicamente, modificando suas características. 12

1.3 Óleo Lubrificante Automotivo usado ou contaminado São constituídos de moléculas inalteradas do óleo lubrificante automotivo acabado (produto formulado a partir de óleos lubrificantes básicos), produtos de degradação do óleo lubrificante automotivo básico, ácidos orgânicos ou inorgânicos originados por oxidação, água originária da câmara de combustão dos motores, hidrocarbonetos leves (combustível não queimado), hidrocarbonetos polinucleares aromáticos (PNA), restos de aditivos (fenóis, compostos de zinco, de cloro, de enxofre ou de fósforo), partículas metálicas, ocasionadas pelo desgaste das peças em movimento e outros contaminantes. A Figura 2 apresenta o fluxograma do manejo do óleo lubrificante automotivo no Brasil, conforme legislação em vigor. Refinaria Óleo Básico Restaurante Óleo Lubrificante Acabado Restaurante Óleo Lubrificante Acabado Consumidor Importador Óleo Básico Óleo Lubrificante Acabado Produtores/ distribuidores Óleo Básico Rerrefinado Revenda Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado Óleo Lubrificante. Usado ou Contaminado (OLUC) Coletor Rerrefino Outros Fins desde que devidamente licenciados pelo OEMA Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado Figura 2. Manejo de óleo lubrificante automotivo no Brasil Fonte: ANP/adaptado IBAMA O rerrefino e a coleta devem ser realizados por empresas cadastradas na ANP (Agência Nacional do Petróleo). A Portaria ANP N 127/99 determina que 30,00 % do volume de óleo lubrificante automotivo comercializado no Brasil seja 13

coletado e destinado ao rerrefino. O rerrefino é um processo industrial que transforma o óleo lubrificante automotivo usado em óleo lubrificante básico, principal matéria-prima na fabricação do óleo lubrificante acabado. O Brasil consome, anualmente, cerca de 1.000.000 metros cúbicos (m 3 ) de óleo lubrificante automotivo acabado e gera 350.000 m 3 de óleo lubrificante automotivo usado. Dados relativos a 2004 revelam que a coleta nesse ano foi de 240 milhões de litros, portanto, em torno de 24,0%. O volume de óleo lubrificante automotivo usado coletado possibilitou, em 2004, a fabricação de 170 milhões de litros de óleo lubrificante automotivo básico rerrefinado (Compromisso Empresarial para Reciclagem CEMPRE, 2006) O óleo lubrificante automotivo usado é utilizado para inúmeras aplicações ilegais, tais como: queimado em substituição ao óleo combustível, em correntes de motosserra, despejados diretamente na rede pública de esgotos ou na rede de drenagem pluvial, em corpos hídricos ou no solo. Embora proibida no Brasil, a queima é uma forma comum de desvio dos óleos lubrificantes usados, coletados por empresas não licenciadas. 1.3.1 Setores geradores de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado No Brasil, o local preferencial para a troca do óleo lubrificante automotivo varia de um estado para outro, conforme o hábito cultural da região. Os prestadores de serviços que, por sua atividade de manutenção de veículos, geram óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado, são considerados geradores, uma vez que realizam a troca de óleo lubrificante automotivo. O manuseio inadequado e problemas de vazamento na armazenagem ou na movimentação dos óleos lubrificantes retirados dos veículos possuem elevado potencial de poluição. Gerador de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado é toda pessoa física ou jurídica que, em decorrência de sua atividade, gera óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado. A maior geração de óleos lubrificantes automotivos usados ou contaminados, origina-se em: 14

oficinas automotivas; postos combustíveis garagens; aeroportos; e embarcações. Na maioria dos postos de combustíveis, onde há troca de óleo lubrificante automotivo, e oficinas automotivas autorizadas existem controles e procedimentos para a realização dessa atividade, com o objetivo de minimizar os impactos ambientais e à saúde ocupacional. 2 EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE 2.1 Efeitos Nocivos à Saúde Ocupacional Os óleos lubrificantes automotivos usados contêm produtos resultantes de sua deterioração, tais como; compostos oxigenados (ácidos orgânicos e cetonas), compostos aromáticos polinucleares de viscosidade elevada, resinas e lacas. Além dos produtos de degradação, estão presentes no óleo lubrificante automotivo usado os aditivos que foram adicionados ao básico no processo de formulação de óleo lubrificante automotivo. Os compostos químicos existentes nos óleos lubrificantes usados, principalmente os metais pesados, produzem efeitos diretos sobre a saúde humana e vários deles são cancerígenos. O contato e a exposição aos óleos lubrificantes provocam lesões na pele. Estas afecções se devem à natureza irritante destes produtos, assim como ao caráter agressivo de muitas substâncias que integram a formulação dos mesmos. Portanto necessária a supervisão e o acompanhamento do pessoal e dos trabalhos realizados no setor, através da verificação in loco do controle de dados, de relatórios, das especificações e das informações que são determinantes na indicação de equipamentos de proteção individual apropriado. Sob condições normais de uso, os óleos lubrificantes não apresentam maiores riscos à saúde devido sua constituição química original. O risco à saúde do trabalhador depende da relação homem-produto, que é minimizado quando as instruções de segurança são seguidas corretamente. Mecânicos e 15

auxiliares que são expostos ao óleo lubrificante automotivo ou ao óleo lubrificante automotivo usado de cárter, devem evitar o contato prolongado na pele e a inalação de gases. Os efeitos sobre a saúde dependem dos contaminantes presentes no óleo lubrificante automotivo e variam conforme a marca e o tipo de óleo lubrificante automotivo, do combustível utilizado no veículo, das condições operacionais do motor e do tempo ou da quilometragem entre as trocas de óleo lubrificante automotivo. Os maiores riscos à saúde ocupacional, durante a troca do óleo lubrificante automotivo, ocorrem em condições severas, como as apresentadas no Quadro 2. Quadro 2: Riscos à saúde ocupacional e ações corretivas Risco Ação Corretiva Inalação: os vapores de óleo lubrificante Remover a vítima para local arejado. automotivo agem deprimindo o sistema Procurar assistência médica nervoso podendo causar irritação das imediatamente, levando o rótulo do vias respiratórias, náuseas, dor de produto, sempre que possível. cabeça, tontura, vertigem e confusão mental. Ingestão: quando ingerido, o principal risco é a pneumonia química e o edema pulmonar, conseqüentes do desvio para a traquéia por influência da aspiração. Contato com a pele: Pode provocar irritação da pele, principalmente pela continuidade e pelo tempo do contato. Contato com os olhos: Pode provocar irritação da conjuntiva, em caso de contato. Não provocar vômito. Se a vítima estiver consciente, lavar a sua boca com água limpa em abundância e fazê-la ingerir água. Procurar assistência médica imediatamente, levando o rótulo do produto, sempre que possível. Retirar imediatamente roupas e sapatos contaminados. Lavar a pele com água em abundância, por pelo menos 20 minutos, preferencialmente sob o chuveiro de emergência. Procurar assistência médica imediatamente, levando o rótulo do produto, sempre que possível. Lavar os olhos com água em abundância, por pelo menos 20 minutos, mantendo as pálpebras separadas. Usar de preferência um lavador de olhos. Procurar assistência médica imediatamente, levando o rótulo do produto, sempre que possível. Ações preventivas: especificar, adquirir, implantar como obrigatório e fiscalizar sistematicamente o uso de creme protetor da pele para todos os envolvidos em atividades com óleo lubrificante automotivo; rever os EPIs relacionados sempre que houver troca de função; 16

capacitar os trabalhadores sobre os riscos das áreas e meios de controle disponíveis; nunca limpar partes do corpo com óleos lubrificantes; procurar imediatamente os primeiros socorros quando acontecerem cortes ou arranhões; relatar ao superior qualquer forma de distúrbio na pele; manter chuveiros de emergência e lavador de olhos disponíveis. nunca deixar que as roupas de trabalho fiquem embebidas em óleo; No Quadro 3 estão descritas as recomendações de EPIs pela atividade desempenhada: Quadro 3: Recomendações de EPIs pela atividade desempenhada ATIVIDADE Encarregado de Oficina, Mecânico Frentista, operador e auxiliar EPIs Luva de Raspa Luvas impermeáveis Óculos de Segurança ou protetor facial Botina de Segurança com Biqueira de Aço Creme Protetor da Pele Óleo-Resistente Macacão de algodão Luva de Raspa Luva impermeável Óculos de Segurança ou protetor facial Botas de Borracha Creme Protetor da Pele Óleo-Resistente Macacão de algodão 2.2 Efeitos Nocivos ao Meio Ambiente Os óleos lubrificantes não se dissolvem na água, não são biodegradáveis, formam películas impermeáveis que impedem a passagem do oxigênio e destroem a vida, tanto na água como no solo, e espalham substâncias tóxicas que podem ser ingeridas pelos seres humanos de forma direta ou indireta. Os hidrocarbonetos saturados contidos nos óleos lubrificantes não são biodegradáveis. No mar, o tempo de eliminação de um hidrocarboneto pode ser de 10 a 15 anos. Apenas 1 litro de óleo lubrificante automotivo contamina 1.000.000 de litros de água e 5 litros de óleo lubrificante automotivo, se for 17

despejado sobre um lago por exemplo, seria suficiente para cobrir uma superfície de 5.000 m 2 com um filme oleoso, danificando gravemente o desenvolvimento da vida aquática, além da bioacumulação de metais pesados. A melhor maneira do usuário de veículo automotivo evitar o desperdício e a poluição por óleo lubrificante automotivo, é fazer a troca em local especializado e licenciado para este fim, onde o óleo lubrificante automotivo usado deve ser adequadamente recolhido e encaminhado para o destino adequado, conforme legislação ambiental vigente. 2.2.1 Principais resíduos gerados na troca de óleo lubrificante automotivo Além do óleo lubrificante automotivo usado, durante as operações de troca, é comum a geração de outros resíduos contaminados, uma vez que todo material contaminado com óleo lubrificante automotivo, adquire classificação de resíduo perigoso. Principais resíduos que podem ser gerados durante a troca de óleo lubrificante automotivo: Óleo lubrificado automotivo usado e contaminado; Embalagens contaminadas; Filtros usados e contaminados; Panos, estopas, trapos, areia, serragem e EPIs contaminados com óleo. O óleo lubrificante automotivo usado é resultante da deterioração parcial do produto acabado, que se reflete na formação de compostos, tais como, ácidos orgânicos, compostos aromáticos polinucleares (potencialmente carcinogênicos), resinas e lacas, além de outros contaminantes, que potencializam o risco em relação ao produto acabado. a) Contaminação da água Se os óleos lubrificantes usados forem despejados na rede pública, de esgoto ou pluvial, ou diretamente no corpo hídrico, devido à sua elevada Demanda Química de Oxigênio (DQO), retiram da água o oxigênio dissolvido 18

necessário à manutenção do ecossistema aquático, dificultando o intercâmbio de oxigênio com a atmosfera. Apenas um litro de óleo lubrificante automotivo pode comprometer até mil metros quadrados de superfície de água, com a formação de um filme na superfície, dificultando as trocas gasosas e gerando sérios danos à flora e à fauna aquática. Esta contaminação é devido à capacidade do óleo lubrificante automotivo de se espalhar, com muita facilidade, na superfície da água. O óleo lubrificante automotivo, também, pode aumentar em quatro vezes o seu potencial poluente, por formar emulsão com a água e persistir por longos períodos no ambiente. O óleo lubrificante automotivo pode causar intoxicação na fauna aquática pela presença de compostos como o tolueno, o benzeno e o xileno, entre outros ou agir obstruindo fisicamente os tecidos, causando asfixia e danos subletais, por impregnar na pele, nas brânquias ou em outras partes vitais e acessórias. Outro risco comum é o impedimento da realização de diversas funções metabólicas da fauna aquática, como respiração, alimentação, excreção, homeostase, localização e movimentação (como as nadadeiras de peixes), entre outras limitações. b) Contaminantes do ar A utilização do óleo lubrificante automotivo usado como combustível, só ou misturado com fuel-oil, causa graves problemas de contaminação, os quais só podem ser minimizados pela adoção de processos sofisticados de tratamento para depurar os gases resultantes que se apresentam contaminados com compostos de cloro, fósforo, enxofre, presentes no óleo lubrificante automotivo, os quais devem ser depurados por via úmida. A combustão não controlada de apenas 5 litros de óleo lubrificante automotivo usado, ou misturada com fuel-oil, tornaria tóxico um volume de ar equivalente ao que respira um adulto ao longo de 3 anos de sua vida. As instalações destinadas a queimar óleo lubrificante automotivo usado devem possuir um sistema depurador de gases eficiente, que são onerosos. Outra alternativa é submeter o óleo lubrificante automotivo usado a um 19

tratamento químico de refino para eliminar previamente seus contaminantes, passando necessariamente pelo licenciamento do órgão de controle ambiental. O óleo lubrificante automotivo também é poluente em veículo com motor desregulado, onde ocorre permeabilidade do óleo lubrificante automotivo do compartimento do cárter para a câmara de combustão. Um dos sinais mais evidentes de que o veículo está liberando níveis de poluição acima do normal é a emissão de fumaça pelo escapamento. c) Contaminação do solo O derrame de óleo lubrificante automotivo usado no solo pode contaminar as águas superficiais e subterrâneas num período que depende da permeabilidade do solo, das características e do volume do óleo lubrificante automotivo derramado. Os hidrocarbonetos saturados contidos no óleo lubrificante automotivo usado não são biodegradáveis. Recobrem o solo de uma película impermeável que destrói o húmus vegetal e, por tanto, a sua fertilidade. 3 GERENCIAMENTO DO ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO USADO O Quadro 4 apresenta os resíduos provenientes do processo de troca de óleo lubrificante automotivo e estratégias de gerenciamento. Quadro 4 Resíduos e estratégias de gerenciamento Resíduos Óleos lubrificantes usados e sem condições de uso Embalagens de óleo lubrificante automotivo Peças e ferramentas Estratégias de Gerenciamento Acondicionado em tambores sobre bacia de contenção (conforme figura 7) e local livre de intempéries. Encaminhamento para empresa licenciada para reciclagem de óleos lubrificantes ou rerrefino Separação Esgotamento do óleo lubrificante automotivo residual Disposição final: Aterro de Resíduos Perigosos, licenciados Encaminhamento para empresa licenciada para reciclagem de embalagens contaminadas Eliminação dos contaminantes: limpeza das peças com recolhimento do fluido de limpeza 20