COMPRIMENTO TOTAL DO INTESTINO EM OVINOS DA RAÇA CORRIEDALE*

Documentos relacionados
TOPOGRAFIA DA ABERTURA DO DUCTUS PAROTIDEUS EM CARNEIROS DA RAÇA CORRIEDALE

COMPRIMENTO TOTAL DO INTESTINO EM BOVINOS AZEBUADOS

SÕBRE A PRESENÇA DE TRÈS DUCTOS EXCRETORES EM PANCREAS DE BOVINO AZEBUADO

VARIAÇÕES NO CO M PO RTAM ENTO D A T Ê N IA LIV R E, DO CÓLON F L U T U A N T E EM EQÜIDEOS *

ESTUDO A N A TÔ M IC O DAS LÂ M IN A S DO OMASO EM BOVINOS DA RAÇA NELO R E

DISTÂNCIA DO TORUS PYLORICUS À PAPILLA DUODENI MAJOR E DESTA À PAPILLA DUODENI MINOR EM BOVINOS DE ORIGEM EUROPÉIA E INDIANA

COMPRIMENTO TOTAL DO INTESTINO EM BOVINOS DE ORIGEM EUROPÉIA

Classificação das cordas tendíneas na valva atrioventricular esquerda em eqüinos quanto à origem e inserção

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ORIGEM E RAMIFICAÇÃO DAS ARTÉRIAS MESENTÉRICAS CRANIAL E CAUDAL, EM FETOS DE BOVINOS AZEBUADOS*

Oestudo da disposição dos vasos renais nos animais

Origens e ramificações das artérias mesentéricas cranial e caudal em fetos de caprinos da raça Saanen (Capra hircus Linnaeus, 1758)

ORLANDO MARQUES DA COSTA Professor Adjunto Universidade Federal do Rio de Janeiro

No vasto e pouco explorado campo da anatomia dos bovi_. nos azebuados, elegemos por tema de investigação o comportamento da

C O N TR IB U IÇ ÃO AO ESTUDO DA V A S C U LA R IZ A Ç Ã O A R T E R IA L DO RIM EM SUÍNOS DA R AÇ A LANDRACE

ABERTURA DO "DUCTUS PAROTIDICUS" NO BOVINO ( 1 )

REPARO À ORIGEM (INSERTIO SCAPULARIS) DO M. TERES MINOR NO CAVALO *

Origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em fetos de bovinos da raça Nelore

SOBRE O COMPORTAMENTO ANATÔM ICO DAS Chordae tendineae, EM RELAÇAO À VALVA ATRIOVENTRICULAR ESQUERDA, EM SUÍNOS DA RAÇA LAND RACE

Estudamos a origem das artérias celíaca e mesentérica. Origem das artérias celíaca e mesentérica cranial em bubalinos (Bubalus bubalis, L.

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS RAMOS A R TE R IA IS HILARES, JU STAH ILARES E E X TR A H ILA R E S EM RINS DE CAVALOS (EQUUS CABALLUS)

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS ELEMENTOS VASCULARES, ARTERIAIS E VENOSOS, DO HILO RENAL EM CÃES DA RAÇA PASTOR ALEMÃO

SOBRE A POSIÇÃO DO URETER NO HILO RENAL DE BOVINOS DA RAÇA HEREFORD

Comportamento das artérias extramurais do útero de cães sem raça definida (Canis familiaris - Linnaeus, 1758)

IRVÊNIA LUIZA DE SANTIS PRADA Professora Livre-Docente Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP

treferëncïa INTRODUÇÃO E LITERATURA

COMPRIMENTO TOTAL DO INTESTINO EM SUÍNOS SEM RAÇA DEFINIDA. MflTERIPL E METODO INTRODUCRO E LITERRTURR

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS RAMOS A R T ER IA IS E DAS R A ISES VENOSAS, H ILA R ES E EX TRAHILA RES, EM RINS DE CAPRINOS (Capra hircus)

Programa Analítico de Disciplina VET102 Anatomia dos Animais Domésticos

sumária e apresenta, inclusive, algumas controvérsias. Nickel et al. (1981) citam que este músculo é bem saliente no gato e freqüentemente ausente no

Programa Analítico de Disciplina VET103 Anatomia Veterinária II

Irrigação do timo de fetos caprinos da raça Saanen: estudo comparativo

SÕBRE A ORIGEM DO R A M U S D E S C E N D E N S SUBSINUOSUS

IRREGULARIDADES DA ANSA S P IR A L IS DO CÓLON EM CAPRIN OS *

INFLUÊNCIA DO PARTO NA PELVIMETRIA DE VACAS DA RAÇA GUZERÁ INFLUENCE OF THE PARTURIATIONS IN THE PELVIMETRY OF GUZERA COWS RESUMO

CON TR IBU IÇ ÃO AO ESTUDO DA IN E R V A Ç Ã O DO D IA FR A G M A EM EQÜINOS DA R A Ç A PURO SANGUE INGLÊS

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO SISTEMA EXCRETOR DO PÂNCREAS EM MUARES (EQUUS CABALLUS X EQUUS ASINUS)

MORFOLOGIA, TOPOGRAFIA E DISTRIBUIÇÃO DAS PAPILAS LINGUAIS VALADAS EM EQÜINOS (Equus caballus, LINNAEUS, 1758) SEM RAÇA DEFINIDA

Suprimento arterial dos lobos torácicos do timo em cães da raça Dogue Alemão

Contribuição ao estudo da vascularização arterial do testículo de búfalos da raça Murrah

A CONSTITUIÇÃO DA VEIA PORTA EM BOVINOS DA RAÇA N ELO R E THE CONSTITUTION OF THE PORTAL VEIN IN BOVINES OF NELORE BREED

IRRIGAÇÃO DAS GLÂNDULAS ADRENAIS EM SUÍNOS DA RAÇA MOURA IRRIGATION OF THE ADRENAL GLANDS IN SWINES OF THE MOURA RACE RESUMO

Estudo da vascularização arterial em corações de capivara (Hydrochaeris hydrochaeris - CARLETON, M. D. 1984)

Pontes de miocárdio em corações de javali. Myocardial bridges in wild boar heart

ORIGEM E RAMIFICAÇÃO DA ARTÉRIA MESENTÉRICA CRANIAL EM FETOS DE CÃES (Canis familiaris) DA RAÇA AMERICAN PIT BULL TERRIER

Biometria de pontes de miocárdio em muares (Equus caballus x Equus asinus Linnaeus 1758)

SUPRIMENTO SANGUÍNEO ARTERIAL PARA A GLÂNDULA TIREÓIDE EM CAPRINOS DA RAÇA SAANEN

7%4 46,67 16, ,33-7%& 36,67 13, ,00 - $7,( 43,33 23,33 13,33 10,00-80,00 10,00 $7,' 33,33 3, ,33 36,67 3,33 $&&( 6,67 3,33

SOBRE A ORIGEM E O NUMERO DOS RAMOS ARTERIAIS DESTINADOS AO TIMO, EM FETOS DE EQÜINOS S.R.D.

DIREITA 5,92 ± 1,81 6,21 ± 1,47 6,16 ± 1,66 ESQUERDA 7,14 ± 1,56 8,28 ± 2,70 7,66 ± 2,17

CONTRIBUIÇÃO A O ESTUDO DA V ASCU L A R I Z A Ç Ã O ARTERIAL DO RIM DE SUINOS (SUS SCROFA DOMESTICA - LINNAEUS, 1758)* INTR0DUÇR0 E L ITERRTURA

medidas de comprimento. Assim, nos suínos, ele apresenta-se entre 45 e 50 cm (CHAUVEAU et al., 1909), em torno de 120 cm (BRUNI; ZIMMERL, 1951), entre

ARTÉRIAS DOS ESTÔMAGOS DE FETOS DE BOVINOS DA RAÇA NELORE STOMACH ARTERIES IN NELORE BOVINES

Estudo comparativo sobre o suprimento arterial do estômago do queixada (Tayassu pecari) e do cateto (Tayassu tajacu) [Linnaeus, 1789]

SUPRIMENTO ARTERIAL DO TIMO EM CÃES SRD THE ARTERIAL SUPPLY OF THE THYMUS IN DOGS

Eulampio José da Silva Neto 1 & José Peduti Neto 2 RESUMO

fluência sobre o voltea:nento do colon cor.voluto de caprinos c no:-, sugestão, alias, contestada, relativamente aos últimos,

DADOS DE ALGUNS PARÂMETROS ANATÔMICOS DO APARELHO REPRODUTIVO DE OVELHAS DA RAÇA HAMPSHIRE DOWN E MESTIÇAS HAMPSHIRE DOWN-ILE DE FRANCE

CONTRIBUIÇÃO A O ESTUDO DO FU N ÍC U LO ESPERMÂT1C0 DE EQ Ü INO S DA RAÇA PURO SANGUE IN G LÊS

Systematization of the caudal vena cava in buffalos (Bubalus bubalis bubalis Simpson, 1945)

ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DOS NERVOS ISQUIÁTICOS EM FETOS DE BOVINOS AZEBUADOS

INTRODUÇÃO A presença do osso do pênis é uma característica de machos em muitas ordens de mamíferos, sendo que sua morfologia pode ser vista como uma

Publicação: São Paulo, 127 (238) Diário Oficial Poder Executivo Seção I, sexta-feira, 22 de dezembro de Páginas 364 e 365.

RAMIFICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS IMERVOS FRÊNICOS DIREITO E ESQUERDO NO DIAFRAGMA EM BÚFALOS DA RAÇA JAFFARABADI

OCORRÊNCIA DE PONTES DO MIOCÁRDIO EM SUÍNOS R IM MO

PARÂMETROS MÉTRICOS DA TRAQUEIA E SUAS CORRELAÇÕES COM O PERÍMETRO TORÁCICO, PESO E COMPRIMENTO CORPORAL DE CÃES

Exercícios Práticos de Anatomia Veterinária

Archives of Veterinary Science ISSN X OCORRÊNCIA E MORFOMETRIA DE PONTES DE MIOCÁRDIO EM CÃES

SUPRIM ENTO A R TE R IA L DO T1M O E M FETOS D E CAPRINOS SRD*

Anatomia do Sistema Disgestório

Aspectos morfológicos do funículo espermático de jumentos (Equus asinus Linnaeus, 1758) da raça Pêga

RAMIFICAÇÃO DOS NERVOS FRÊNICOS NO DIAFRAGMA DE CUTIAS (DASYPROCTA AGOUTI)

MATERIAL E MÉTODOS Utilizaram-se 30 fetos de suínos da raça Hampshire, sendo 10 fêmeas e 20 machos, doados após abortos espontâneos de fêmeas gestante

ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DE BOVINOS INDUBRASIL E SINDI: RESULTADOS PRELIMINARES

PLANO DE ENSINO Ensino Superior

ALOMETRIA DOS ÓRGÃOS DIGESTIVOS DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE FRANGOS DE CRESCIMENTO LENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas

ESTUDO MORFOLÓGICO DE SCHISTOSOMA MANSONI PERTENCENTES A LINHAGENS DE BELO HORIZONTE (MG) E DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP)

Origem e distribuição dos nervos isquiáticos em caprinos da raça Saanen

São clássicos e básicos os trabalhos de Bertelli2'3 (1984, e

DETERMINAÇÃO DO PÊSO VIVO EM VACAS DE RAÇA CARACÚ, ATRAVEZ DA MEDIDA DO PERÍMETRO TORÁCICO

Sistema digestório de ruminantes

EDITAL Nº 13/ STDARH - Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba

EDITAL Nº 15/ STDARH - Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba

MACROSCOPIA DA CAVIDADE OROFARÍNGEA DA CURICACA (THERISTICUS CAUDATUS) LUANA CÉLIA STUNITZ DA SILVA 1

Suprimento arterial dos intestinos do coelho da raça Nova Zelândia (Oryctolagus cuniculus)

Biologia. Identidade dos Seres Vivos. Sistema Digestório Humano Parte 1. Prof.ª Daniele Duó

Formação da veia porta-hepática em coelhos da raça Nova Zelândia Branco (Oryctolagus cuniculus Linnaeus, 1758)

CONTRIBUIÇÃO A O ESTUDO DO FUNÍCULO ESPERMATICO E M BOVINOS DA RAÇA NELO RE

probabilidade de 5%, diferença estatisticamente significativa entre as médias do número de artérias nas populações do frango sem raça definida e o da

ROTEIRO DE AULA PRÁTICA

CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO DO SISTEMA EXCRETOR DO FÍGADO EM ANIMAIS SILVESTRES. I. Vias bilíferas da girafa (Giraffa Camelopardalis)

Aula 01 Planejamento de uma pesquisa. Stela Adami Vayego - DEST/UFPR 1

DISCIPLINA DE ANATOMIA E FISIOLOGIA ANIMAL SISTEMA DIGESTÓRIO. Prof. Dra. Camila da Silva Frade

Arranjos configurados pelas vias bilíferas no fígado do avestruz (Struthio camelus)

DETERM INAÇÃO DO TEO R N O RM AL DE COLES TEROL TO T A L NO SÔRO SANGUÍNEO DE CAVA LOS P. S. I. DE CORRIDA

SESC - Cidadania Prof. Simone Camelo

Universidade Estadual de Ponta Grossa / Departamento de Zootecnia / Castro-PR. Palavras chaves: Avicultura, Lactobacillus sp, probióticos.

Topography of arterial and venous blood vessels in the kidneys of English Thoroughbred Horses

Estudo anatômico da porção intrapélvica do nervo isquiático em fetos de bovinos azebuados

ORIGENS E DISTRIBUIÇÕES DAS ARTÉRIAS MESENTÉRICAS CRANIAL E CAUDAL EM AVES (MATRIZES DE CORTE DA LINHAGEM ROSS)

Transcrição:

DEPARTAMENTO DE ANATOMIA DESCRITIVA DOS ANIM AIS DOMÉSTICOS Diretor: Prof. Pr. Orlando M. Paiva COMPRIMENTO TOTAL DO INTESTINO EM OVINOS DA RAÇA CORRIEDALE* (T H E LENGHT OF TH E IN TE S TIN E IN CORRIEDALE SHEEPS) I. L. DE SANTIS PRADA JOSÉ PEDUTI NETO Prof. Assistente Doutor Prof. Assistente VICENTE BORELLI Prof. Assistente Doutor INTRODUÇÃO Tendo apurado recentemente, ao estudar o comprimento total do intestino e de seus diferentes segmentos, em bovinos de origens indiana (P A IV A & BORELLI 1962) e européia (P A IV A, B0- RELLI & PEDUTI 1967), acentuadas diferenças, quer cotejando os dados obtidos nos dois grupos, entre si, quer comparando-os com as informações tratadísticas, aventamos a possibilidade de ocorrência semelhante, em outros animais. Assim, dentro da série de pesquisas em que se propõe aclarar o problema nas diversas espécies domésticas, valemo-nos já de oportunidade apresentada para tomar tais medidas em ovinos. Nos compêndios de Anatomia, os AA. registraram, particularizando o carneiro (CARAD O NNA 1930 e s.d.; M AY 1955; SCHUMMER & NICKEL 1960; SISSON & GROSSMANN 1965) ou, de modo geral, para os pequenos ruminantes (M A R T IN 1904; MONTANÉ & BOURDELLE 1917; LESBRE 1922; BRUNI & ZIMMERL 1930; M ARTIN & SCHAUDER 1935), ensinamentos quase sempre incompletos e imprecisos, a respeito do comprimento do intestino ou de seus tratos. Agruparemos adiante, em tabela, os dados, em metros, fornecidos nos livros consultados. Trabalho apresentado na X X V Conferência Anual da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária, realizada em Sáo Paulo, de 8 a 14 de setembro de 1970.

652 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 8 fase. 3, 1971 A U T O R E S INTESTINO DELGADO INTESTINO GROSSO Ceco Cólon Total Comprimento Total CARADONNA (1930 e s.d.) 23,0 25,0 M AY 0.25 0.30 SCHUMMER & NICKEL 18,0 35,0 0,25 0,42 3.5 7.5 A. Ö 00 22,0 43.0 SISSON & GROSSMANN 24,0 25,0 0,25 4.0 5.0 M ARTIN 18.0 24,0 0,25 0.30 MONTANÉ & BOURDELLE 25,0 5.0 6.0 LESBRE 23,0 25,0 6.0 7,0 BRUNI & ZIMMERL 23,0 25.0 6.5 7.0 M ARTIN & SCHAUDER 18.0 24.0 0,25 0,30 3,5 5.5 M ATE R IAL E MÉTODO Medimos o trato digestório, do toro pilórico à extremidade anal, de 50 carneiros machos, adultos, da raça Corriedale, sacrificados no Instituto Butantan de São Paulo. Uma vez aberta a cavidade abdominal e isolada a peça, em bloco, seccionávamos transversalmente o abomaso e a seguir, também o mesentério, ao longo da pequena curvatura do intestino, êste já separado do fígado, pâncreas e epiplo. Sempre nas cinco horas imediatas ao abate, procedíamos então às mensurações dos diferentes segmentos intestinais, colocando-os sôbre superfície plana e horizontal, cuidando ainda para não estirá-los ou deformá-los. Tomávamos ainda, na carcaça, o valor da distância entre a apófise espinhosa da primeira vértebra torácica e a articulação sacro-coccígea. Para o estudo estatístico dos resultados (* ), foram efetuados os cálculos de êrro da média e do coeficiente de variação, bem como a análise de correlação. * Realizado pelos Doutores Flávlo Prada e Joào Silva Marcondes Veiga, do Departamento de Produçáo Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de Sào Paulo.

Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 8 fase. 3, 1971 653 RESULTADOS Os resultados numéricos que assinalamos, ao medir o intestino na sua totalidadé e em seus diferentes segmentos, estão expressos no Quadro I, onde constam não só os achados individuais, como também as médias obtidas. QUADRO I O BS. N.o INTESTINO DELGADO (m ) INTESTINO GROSSO (m ) CECO (m ) CÓLON -f RETO (m ) TO TAL (Hl) COMPRIMENTO TOTAL (m ) CARCAÇA D ISTANCIA (m ) entre T, e S,C, 1 23,10 0,30 4,55 4,85 27,95 0,61 2 21,37 0,32 5,04 5,36 26,73 0,64 3 23,50 0,36 4.75 5,11 28,61 0,62 4 20,20 0,38 4,41 4,7Ü 24.99 0,63 5 21.54 0.40 5,45 5,85 27.39 0,55 6 24.90 0.41 5,97 6.38 31.28 0,61 7 21,36 0,35 6,23 6,58 27.94 0,66 8 20.40 0,30 5,12 5,42 25.82 0,59 9 27,42 0,36 4,78 5,14 32.56 0,58 10 21,05 0,29 5,26 5,55 26.60 0,64 11 27,55 0,33 6,37 6,70 34,25 0,60 12 21,42 0,27 5,64 5,91 27,33 0,64 13 18,37 0,26 4,26 4,52 22,89 0,63 14 24,10 0,32 5,13 5,45 29,55 0,59 15 27,85 0,35 5,43 5,78 33,63 0,62 16 28,65 0,39 5,90 6,29 34,94 0,59 17 25,15 0,41 5.60 6,01 31,16 0,60 18 23.20 0,23. 5,31 5,54 28,74 0,57 19 27,32 0,31 5,43 5,74 33,06 0,60 20 27,21 0.42 6,03 6,45 33,66 0,58 21 26,00 0,28 5,12 5.40 31,40 0,50 22 23,00 0,39 4,92 5.31 28,31 0,60 23 27,70 0,36 5,29 5,65 33,35 0,61 24 32.87 0,37 6,52 6,89 39,76 0,60 25 25,33 0,38 5,66 6,04 31,37 0,59 26 26,55 0,42 6,93 7,35 33.90 0,62 27 22.46 0,33 5,73 6.06 28.52 0,62 28 21,99 0,25 4,79 5,04 27,03 0,59 29 21.63 0.36 5,52 5,88 27,51 0,60 30 23.13 0,31 4,97 5,28 28,41 0,61 31 27,09 0.49 6,45 6,94 34,03 0.59 32 22.29 0,35 5,42 5,77 28.06 0,58 33 21.20 0.27 4.69 4,96 26,16 0,62 34 26.19 0.42 5,38 5,80 31,99 0,60 35 28.14 0.38 6,70 7,08 35,22 0,58 36 25,59 0,34 6,14 6,48 32,07 0,60 37 23,39 0,35 4.93 5.28 28.67 0,58 38 23.82 0,28 4,48 4.76 28.58 0,70 39 25,13 0,32 4.84 5,16 30,29 0.67 40 21.30 0,29 4.88 5,17 26,47 0,60 41 20,90 0,26 4,99 5,25 26,15 0,63 42 25.90 0,51 5,28 5,79 31,69 0,61 43 24.85 0,30 6,49 6,79 31.64 0,60 44 24.43 0,39 5,59 5,98 30,41 0,65 45 28,37 0,40 6.44 6,84 35,21 0.61 46 21,53 0,39 5,59 5,98 27,51 0,63 47 21.53 0,38 5,67 6,05 27,50 0,64 48 23.20 0,39 5,92 6,31 29,51 0.64 49 19,71 0,27 4.69 4.96 24,67 0,59 50 26,55 0,31 5,84 6,15 32,70 0,01 MÉ D IA 24,15 ± 0,41 0,35 ± 0,008 5,45 ± 0,09 5,70 ± 0,14 29,94 ± 0,48 0,61 ± 0,0045

654 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 8 fase. 3, 1971 O estudo estatístico dos resultados revelou não existir correlação entre o comprimento total do intestino e a distância que separa a apófise espinhosa da primeira vértebra torácica da junção sacro-coccígea. COMENTÁRIOS Dado o fato de não termos encontrado, na literatura consultada, trabalhos especializados sôbre o assunto desta pesquisa, estabeleceremos confronto dos nossos resultados apenas com as informações dos tratadistas, e com ressalvas, já que êsses AA. deixam de qualificar, quanto à raça, sexo, idade e número, os animais a que elas aludem* Assim, ao apurar a extensão total do intestino, em carneiros, à semelhança do efetuado para zebuínos (P A IV A & BO- R E L L I) e taurinos (P A IV A, BORELLI & PED UTI), surpreendemos, para a porção delgada, média de 24,15m, dado compreendido nos limites estabelecidos por CARADONNA (1930 e s.d. 23,0 a 25,0m), SCHUMMER & N IC K EL (18,0 a 35,0m), SISSON & GROSSMANN (24,0 a 25,0m), LESBRE (23,0 a 25,0m), BRUNI & ZIMMERL (23,0 a 25,0m), pouco inferior à medida anotada por MONTANÊ & BOURDELLE (25,0m) e ligeiramente acima do valor máximo assinalado por M ARTIN (18,0 a 24,0m) e M ARTIN & SCHAUDER (18,0 a 24,0m). Relativamente ao intestino grosso, encontramos média de 5,70m, situada portanto, na faixa de variação apontada por SCHUMMER & NICKEL (4,0 a 8,0m) mas, aouém do registrado por LESBRE (6,0 a 7,0m) e BRUNI & ZIMMERL (6,5 a 7,0m). Por outro lado, no atinente ao ceco, a média que surpreendemos, isto é, de 0,35m, também dentro do estimado por SCHUMMER & NICKEL (0,25 a 0,42m), mostra-se superior aos dados fornecidos por M AY (0,25 a 0,30m>, SISSON & GROSSMANN (0,25m), M ARTIN (0,25 a 0,30m), M ARTIN & SCHAUDER (0,25 a 0,30m). Já, quanto ao segmento integrado pelo cólon 4- reto, para o qual assinalamos média de 5,45m, foge-nos a possibilidade de confronto, pois os AA. consultados não esclarecem se as correspondentes medidas apontadas restringem-se, ou não, à primeira das citadas porções (SCHUMMER & NICKEL 3,5 a 7,5m, SISSON & GROSSMANN 4,0 a 5,0m, M AR TIN & SCHAUDER 5,0 a 6,0m, M AR TIN & SCHAUDER 3,5 a 5,5m). Considerando agora o comprimento total do intestino, cuja média avaliamos em 29,94m, percebemos que ela se acha compreendida entre os valores mínimo e máximo consignados por SCHUMMER & N IC K E L (22,0 a 43,0m). Cabe-nos, porém, ressaltar, serem bastante amplas as faixas de variação estabelecidas por êstes últimos AA., para a extensão dos diferentes tratos intestinais, razão pela qual, talvez, nossos dados estejam sempre nelas integrados.

Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 8 fase. 3, 1971 655 CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos ao avaliar o comprimento do intestino e de seus segmentos, em 50 ovinos machos, adultos, da raça Corriedale, chegamos às seguintes conclusões: 1. O intestino delgado alcança de 18,37m a 32,87m, com extensão média de 24,15m ± 0,41. 2. O ceco e o cólon + reto medem, respectivamente, de 0,23m a 0,51m, com valor médio de 0,35m ± 0,008 e, de 4,26m a 6,93m, com média de 5,45m * 0,09. 3. O intestino grosso atinge de 4,52m a 7,35m, com distância média de 5,70m ± 0,14. 4. O comprimento total do intestino varia de 22,89m a 39,76m, com média de 29,94m ± 0,48. 5. A extensão total do intestino não se correlaciona com a distância compreendida entre a apófise espinhosa da primeira vértebra torácica e a articulação sacro-coccigea, da carcaça. _ /U±. JTK. SUMMARY The AA. studied the lenght of various enteric tracts as well as the intestine in its full lenght in 50 male adult Corriedale sheeps, and achieved the following average: thin intestine... 24.15m ± 0.41 gross intestine... 5.70m * 0.14 caecum... 0.35m ± 0.008 colon and rectum... 5.45m ± 0.09 full lenght... 29.94m ± 0.48 There was no correlation between the full lenght of the intestine and the lenght of the carcasse. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUNI, A. C. & ZIMMERL, U. Anatomia degli animali domestici. v.2. Milano, Francesco Vallardi, 1930. CARADONNA, G. B. In ZIMMERL, U. Trattato di Anatomia veterinaria. v.2. Milano, Francesco Vallardi, 1930.

656 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 8 fase. 3, 1971 CARADONNA, G. B. In BOSSI, V.; CARADONNA, G. B.; SPAMPANI, G.; VARALDI, L. & ZIM M ERL, U. Trattato di Anatomia veterinaria. v.2. Milano, Francesco Vallardi, s.d. LESBRE, F. X. Précis d Anatomie comparée des animaux domestiques, v.l. Paris, J. B. Ballière et Fils, 1922. M ARTIN, P. Lehrbuch der Anatomie der Haustiere, v.2. Stuttgart, Schickhardt & Ebner, 1904. M ARTIN, P. & SCHAUDER, W. r Lehrbuch der Anatomie der Haustiere. Bd. 3, t. 2, 3 Auf. Stuttgart, Schickhardt & Ebner, 1935. MAY, N. D. S. The anatomy of the sheep. Brisbane, University of Quensland Press, 1955. MONTANÉ, L. & BOURDELLE, E. Anatomie régionale des animaux domestiques, v. 2. Paris, J. B. Baillière et Fils, 1917. PAIVA, O. M. & BORELLI, V. Comprimento total do intestino em bovinos azebuados [Trabalho apresentado à X V II Conferência Anual da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária, realizada em São Paulo, de 8 a 12 de Setembro de 1962], PAIVA, O. M.; BORELLI, V. & PEDUTI NETO, J. Comprimento total do intestino em bovino de origem européia. [Trabalho apresentado ao V Congresso Brasileiro de Anatomia, realizado em São Paulo, de 10 a 14 de julho de 1967], SCHUMMER, A. & NICKEL, R. In NICKEL, R.; SCHUMMER, A. & SEIFERLE, E. Lehrbuch der Anatomie der Haustiere, v. 2. Berlim, Paul Parey, 1960. SISSON, S. & GROSSMAN, J. D. Anatomia de los animales domésticos. Barcelona, Salvat Editores, 1965.