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Transcrição:

IPEF n.9, p.47-55, 1974 VARIAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA PRODUZIDA PELA Araucaria angustifolia (BERT.) O. KUNTZE EM FUNÇÃO DOS ANÉIS DE CRESCIMENTO SUMMARY Mário Bogdol Rolim * Mário Ferreira ** This present work is a study of the variation of basic density of Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze, from the pith to the bark. For this experiment, two male and two female trees were used, all from artificial stands in Capão Bonito, São Paulo state. The results give us the conclusion that the basic density, even 15 years old, growth from the pith to the bark, whose growth is pronounced until 9 years and less pronounced beggining this age. 1. INTRODUÇÃO A silvicultura moderna tem como objetivo principal o acréscimo volumétrico de produção a fim de atender à demanda cada vez maior de madeira. Esse aumento volumétrico de produção está ligado à qualidade da madeira e, atualmente, sabe-se que uma das melhores formas de se avaliá-la é por intermédio de sua densidade, uma vez que ela se correlaciona diretamente com as propriedades físico-mecânicas da madeira. As características da madeira produzida em povoamentos implantados diferem daquela produzida em plantações naturais. Sob espaçamentos amplos há a tendência das coníferas em apresentar anéis de crescimento mais largos, originando madeira de baixa densidade, principalmente nos primeiros anéis de crescimento próximo à medula da árvore. Neste trabalho procurou-se verificar a variação interna da densidade da madeira de árvores de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze oriundas de plantações com 15 anos de idade. Através do estudo da madeira dos anéis anuais de crescimento, procurou-se determinar a variação da densidade no sentido medula-casca. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Nestes últimos anos, numerosos estudos sobre densidade básica média de coníferas têm sido realizados. Os principais objetivos são o estabelecimento de métodos de amostragem e variações da densidade básica em função do clima, do solo, da espécie, da origem da semente, da Idade do vegetal e de outros fatores. MADDERN (1965) afirma que há forte tendência para se supor que a densidade básica pode ser determinada através de amostras retiradas de um ponto fixo dos caules. * Aluno-monitor junto ao Departamento de Silvicultura da ESALQ - USP ** Professor Livre Docente do Departamento de Silvicultura da ESALQ - USP

Em seu estudo sobre a variação da densidade da madeira de várias espécies de pinheiros mexicanos, ZOBEL (1965) utilizou amostras tomadas ao nível do DAP. O autor mencionou numerosos trabalhos sobre Pinus sp em que os valores encontrados para densidade básica naquele nível representam a densidade média da árvore. Com efeito, a tendência atualdos métodos de amostragem tem sido a coleta de amostras tomadas ao nível do DAP da árvore, ou seja, 1,30 m acima do nível do solo, através da utilização de sondas Pressler. DADSWELL (1957) afirma que, em madeira obtida de plantações ou de povoamentos naturais de angiospermas ou de gimnospermas, a densidade aumenta no sentido medula-casca, atingindo um valor constante após um certo número de anos. De fato, há, para coníferas jovens ou adultas, uma tendência altamente significativa de aumento da densidade básica na direção radial. da medula para a casca (SPURR e HSIUNG. 1954; YANDLE. 1956). BANZATTO et alii (1968) estudando a densidade básica média de 20 árvores do sexo masculino e 20 árvores do sexo feminino de Araucaria anguslifolia (Bert.) O. Kuntze oriundas de povoamentos naturais situados em Clevelândia, Paraná, não encontraram entre sexos diferenças significativas. AMARAL et alii (1971) estudaram a variação da densidade básica média de amostras de madeira retiradas ao nível do DAP das árvores de Araucaria anguslifolia (Bert.) 0. Kuntze, em cinco posições no sentido medula-casca. Os autores utilizaram 18 árvores do sexo masculino e 18 do sexo feminino oriundas de povoamentos naturais e, não considerando os anéis de crescimento envolvidos. Encontraram para os valores médios um aumento da densidade no sentido medula-casca. 3.1. Material 3. MATERIAL E MÉTODOS As amostras de madeira estudadas foram obtidas de árvores de povoamentos implantados de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze situados no Parque Getúlio Vargas em Capão Bonito, Estado de São Paulo e pertencentes ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Para o estudo, foram tomadas amostras de madeira de 4 árvores escolhidas ao acaso, sendo 2 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, árvores estas pertencentes a um talhão com 15 anos de idade, sob espaçamento original de 2 X 2 m. Arvore masculina n. o 1, DAP = 33,8 cm Arvore masculina n. o 2, DAP = 23,0 cm Arvore feminina n. o 1, DAP = 21,4 cm Arvore feminina n. o 2, DAP = 25,8 cm 3.2. Métodos 3.2.1. Obtenção das amostras

De cada árvore foi retirada, através da utilização da sonda Pressler (com 11 mm de diâmetro) e cinturão especial, uma amostra de madeira ao nível do DAP (1,30 m acima do nível do solo) no sentido medula-casca e segundo a direção norte-sul. Obtidas as amostras, estas foram identificadas, acondicionadas em sacos plásticos e levadas ao laboratório onde foram armazenadas em câmara frigorífica. 3.2.2. Determinação dos anéis de crescimento. Para a determinação dos anéis de crescimento, as amostras retiradas da câmara frigorífica foram umidecidas até a saturação. A seguir, foram elas observadas sob uma fonte de luz onde os anéis evidenciados foram marcados. Após essa operação, as amostras foram seccionadas e numeradas segundo os anéis de crescimento. 3.2.3. Determinação da densidade básica. A determinação da densidade básica dos anéis de crescimento foi feita pelo Método do Máximo Teor de Umidade (SMITH, 1954; FOELKEL et alii, 1971). Para isso, os anéis de crescimento seccionados foram submersos em água, sob vácuo, até atingirem a saturação e, em seguida, foi determinada a densidade básica pela expressão: 1 d b = Pm - Pas + Pas 1 Gs onde: Pm = peso ao ar, da madeira dos anéis seccionados e saturados (precisão de 0,001 g). Pas = peso seco a (105 ± 3 C) da madeira dos anéis seccionados, após secagem em estufa até peso constante. (precisão de 0,001 g). Gs = densidade da «substância madeira» é 1,53 g/cm 3, a expressão fica: 1 d b = Pm - Pas - 0,346 Pas 4. RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA 4.1. Resultados Obtidos

QUADRO I - Densidade básica média da madeira de 4 árvores (2 do sexo masculino e 2 do sexo feminino) de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze, em função dos anéis de crescimento, expressa em g/cm 3 no sentido médula - casca: 4.2. Análise estatística Anel n o Dens. Bás. Média 1 0,371 2 0,363 3 0,366 4 0,375 5 0,390 6 0,409 7 0,404 8 0,440 9 0,459 10 0,478 11 0,487 12 0,501 13 0,506 14 0,522 15 0,521 Os dados do Quadro I foram analisados e relacionados estatisticamente através de regressão por polinômios ortogonais. Quadro II - Análise da regressão, por polinômios ortogonais, dos dados referentes ao Quadro I: Causa da Variação G. L. S. Q. Q. M. F Regressão linear 1 0,048682 0,048682 11,196412** Regressão quadrática 1 0,000098 0,000098 0,022539n.s. Desvios da regressão 12 0,052171 0,004348 Tratamentos (14) (0,100951) (0,007211) (27,109023)** Resíduo 15 0,003989 0,000266 Total 29 0,104940 ** significativo ao nível de 1% de probabilidade n.s. Não significativo

Figura I - Gráfico da variação da densidade básica média de 4 árvores de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze em função dos anéis de crescimento: A seguir, os incrementos na densidade média dos anéis de crescimento foram confrontados através do teste de Tukey. QUADRO III - Confronto pelo teste de Tukey das densidade básicas médias dos anéis de crescimento

DMS a 5% = 0,068 * significativo ao nível de 5% DMS a 1% = 0,083 ** significativo ao nível de 1% 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES 5.1. Discussão dos resultados A análise por polinômios ortogonais revelou alta significância para regressão linear e não significância para regressão quadrática. Calculada a regressão linear, esta foi expressa por: y = 0,334 + 0,013 x. onde: y = densidade básica média em g/cm 3 x = posição do anel de crescimento no sentido medula-casca. O coeficiente de correlação obtido foi r = 0.982 que, testado através do teste de Tukey, revelou significância ao nível de 0.1% de probabilidade. Pelo teste de Tukey observou-se que não houve diferença significativa entre as densidades básicas médias até o 7. 0 ano. O 8. o anel diferiu significativamente ao nível de 5% de probabilidade dos 3 primeiros anéis. O 9. 0 anel diferiu significativamente ao nível de 5% do 5. 0 anel e ao nível de 1% dos 4 primeiros anéis. O 10. 0 anel diferiu significativamente do 6. 0 e do 7. 0 anel ao nível de 5% e dos 5 primeiros anéis ao nível de 1 %. O 11. 0 anel apresentou diferença significativa ao nível de 5% com relação ao 6. 0 anel e ao nível de 1% com relação aos anéis 1. 2. 3. 4. 5 e 7. O 12. 0 e o 13. 0 anéis diferem significativamente dos 7 primeiros anéis ao nível de 1%. O 14. 0 e o 15 anéis apresentaram diferença significativa contra os 7 primeiros anéis ao nível de 1% e contra o 8. 0 anel ao nível de 5%. Não houve diferença significativa entre as densidades básicas médias dos anéis produzidos a partir do 9. 0 ano. Isso significa que, a partir desse ponto, o aumento na densidade tende a ser menos pronunciado, fato este que se deve, talvez, à formação de madeira adulta a partir dessa idade. Como pode-se notar, os dados apresentados no Quadro I revelaram, para os primeiros anéis, uma densidade relativamente baixa (0,36) para a espécie Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze, quando comparada aos últimos anéis (0,52). Os dados de densidade dos últimos anéis são comparáveis aos dados de densidade de madeira de árvores adultas de povoamentos naturais. Aparentemente, a madeira originária de plantações artificiais apresenta maior variação nos primeiros anéis de crescimento, comparada à de povoamentos naturais, conforme dados obtidos por AMARAL et alii (1971). Deve-se, contudo, considerar que os

autores, em seu trabalho, não analisaram a variação da densidade em função dos anéis de crescimento. Seria aconselhável estender o estudo da variação da densidade básica dos anéis de crescimento para árvores de povoamentos artificiais com idade superior a 15 anos, a fim de se constatar o seu comportamento a partir dessa idade. 5.2. Conclusões Com base na análise destes resultados podemos concluir que: a) em povoamentos implantados de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze há uma variação de densidade básica no sentido medula-casca. b) essa variação seguiu, até a idade de 15 anos, um efeito acentuadamente linear, cuja equação foi y = 0,334 + 0,013 x, crescendo da medula para a casca. c) o aumento da densidade básica da madeira observado foi acentuado até 9 anos de idade, havendo, a partir daí, uma tendência para que esse aumento na densidade fosse menos pronunciado. 6. RESUMO O presente trabalho é um estudo da variação da densidade básica da madeira obtida em plantações artificiais de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze no sentido medulacasca. Para isso, utilizou-se 4 árvores, sendo 2 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, oriundas de plantações situadas em Capão Bonito - SP. Os resultados obtidos permitem-nos concluir que a densidade básica, até 15 anos de idade, cresce no sentido medula-casca, sendo esse crescimento acentuado até 9 anos e menos pronunciado a partir dessa idade. 7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AMARAL, A. C. B. et ali i (1971). Variação da densidade básica da madeira produzida pela Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze no sentido medula-casca em árvores dos sexos masculino e feminino. IPEF, Piracicaba {2/3): 119-27. BANZATTC, A. C. et alii (1969). Variação da densidade básica da madeira da Araucaria angustifolia (Bert.) C. Kuntze. O Solo, Piracicaba (2): 43-5. DADSWELL, H. E. (1957). Tree growth characteristics and their influence on wood struture and properties. Brit. Commonwealth Forestry, Conf. Seventh Contin. Australia and N ew Zealand, 19 p. FOELKEL, C. E. B. et alii (1971). Métodos para determinação da densidade básica de cavacos para coníferas e folhosas. IPEF, Piracicaba (2/3): 65-74. MADDERN. J. H. (1965). The heritability of wood densit. International Union Forest. Research Organization, meeting section 41, Melbourne, v. 2, 20 p.

SMITH, D. M. (1954). Maximum moisture content method for determining specific gravity of small wood samples. Madison, U. S. Forest Products Laboratory. 8 p. (Report number 2014). SPURR, S. H. & HSIUNG, W. (1954). Grow rate and specific gravity in conifers. J. Forestry, 52 (3): 191-200. YANDLE, D. O. (1956). Statistical evaluation of the effect of age on specific gravity in loblolly pine. Madison, Forest Products Laboratory. (FPL -2049). ZOBEL. B. J. (1965). Variation in specific gravity and tracheid lenght for several species of mexicans pine. Silvae Genetica. Frankfurt, 14 (1): 1-36.

IPEF n.9, p.1-129, 1974

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