UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RICARDO BECK A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS EM RELAÇÃO AO REGISTRO DE NOMES DE DOMÍNIO NA INTERNET NO BRASIL



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Transcrição:

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RICARDO BECK A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS EM RELAÇÃO AO REGISTRO DE NOMES DE DOMÍNIO NA INTERNET NO BRASIL CURITIBA 2014

A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS EM RELAÇÃO AO REGISTRO DE NOMES DE DOMÍNIO NA INTERNET NO BRASIL CURITIBA 2014

RICARDO BECK A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS EM RELAÇÃO AO REGISTRO DE NOMES DE DOMÍNIO NA INTERNET NO BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Said Staut Júnior. CURITIBA 2014

TERMO DE APROVAÇÃO RICARDO BECK A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS EM RELAÇÃO AO REGISTRO DE NOMES DE DOMÍNIO NA INTERNET NO BRASIL Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, de de 2014. Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografia Universidade Tuiuti do Paraná Orientador: Prof. Dr. Sérgio Said Staut Júnior Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito Professor: Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito Professor: Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

AGRADECIMENTOS A minha esposa e filhas pela paciência que tiveram comigo ao longo deste curso por todo amor e afeto indescritíveis, que seria injusto tentar expressar tal sentimento em simples palavras. Ao meu orientador, Prof. Dr. Sérgio Said Staut Júnior por sua sabedoria e paciência dedicadas a esse trabalho. Aos meus sinceros amigos que fiz nesta faculdade que guardarei em meu coração e na minha memória como parte da minha vida.

Se queremos progredir não devemos repetir a história, mas fazer uma nova história. Ghandi

RESUMO O presente trabalho procura mostrar os conflitos no tocante ao registro de nomes de domínio no Brasil, compreendendo as divergências encontradas nas diversas formas de se garantir o direito do nome registrado, seja pelas resoluções apresentadas pela entidade, Comitê Gestor de Internet no Brasil, CGI.br, responsável pela Internet no Brasil, seja pela constituição de marcas seguindo a lei nº 9.279/96, também referenciada como Lei de Propriedade Industrial. Para tanto é apresentado breve histórico da Internet, discorrendo sobre sua evolução e abordando a forma de endereçamento na Internet baseada no modelo de referência TCP/IP, suas características de endereçamento e referência, em seguida entendendo as formas e procedimentos de registro e concluindo com as formas de resolução de eventuais conflitos e litígios, ocasionados em virtude do pleito pelo direito de registro de nomes de domínio na Internet. Palavras-chave: Internet, registro de nomes de domínios, registro de marcas, Comitê Gestor da Internet no Brasil, Lei de Propriedade Industrial.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 8 2. A INTERNET E SEU SISTEMA DE ENDEREÇAMENTO.... 10 2.1. O SURGIMENTO DA INTERNET... 10 2.1.1. Natureza Jurídica da Internet no Brasil... 12 2.1.2. Dos princípios indicadores da constituição de nomes de domínios... 14 2.2. A ESTRUTURA DOS NOMES DE DOMÍNIOS... 16 2.2.1. A liberação dos gtld s... 20 2.3. ENTIDADE RESPONSÁVEL PELO REGISTRO NO BRASIL... 21 2.4. RESPONSABILIDADE PELO REGISTRO DE DOMÍNIOS... 22 3. LITIGIOS ENVOLVENDO NOMES DE DOMÍNIO... 25 3.1. O DOMÍNIO ENQUANTO PROPRIEDADE... 25 3.1.1. O instituto da usucapião... 26 3.2. PRÁTICAS ABUSIVAS ENVOLVENDO NOMES DE DOMÍNIO... 27 3.2.1. A prática do cybersquatting... 27 3.2.2. O typosquatting... 28 3.3. A RELAÇÃO ENTRE DOMÍNIO E MARCA... 29 3.3.1. Definição de marca... 30 3.3.2. Formas de registro de domínios... 32 3.3.2.1. Marca registrada antes do domínio... 32 3.3.2.2. Marcas de grande prestígio... 33 4. RESOLUÇÃO DE CONFLITOS... 36 4.1. REGRAS APLICÁVEIS AOS NOMES DE DOMÍNIOS... 36 4.1.1. O SACI-Adm... 36 4.1.2. A Lei nº 9279/96 (Lei da Propriedade Industrial)... 37 4.2. RESOLUÇÃO DE CONFLITOS... 40 4.2.1. Procedimentos para interpor a disputa... 41 4.2.1.1. Da legitimidade para ingressar na disputa... 42 4.3. CÂMARAS DE ARBITRAGEM... 43 4.3.1. Segurança jurídica... 43 4.3.1.1. Associação Brasileira da Propriedade Intelectual ABPI... 44 4.3.1.2. Câmara de Comércio Brasil-Canadá CCBC... 44

4.3.1.3. World Intellectual Property Organization - WIPO... 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 45 REFERÊNCIAS... 47

8 1. INTRODUÇÃO Atualmente a Internet faz parte da sociedade, com o grande diferencial de não possuir fronteiras físicas e aproximar diferentes culturas pelo mundo, bastando um simples clique, neste contexto não há como definir um proprietário deste ambiente, o ciberespaço já é considerado patrimônio comum da Humanidade não podendo ser objeto de algum tipo de apropriação privada ou controle soberano, de forma a propiciar exclusividade a uma empresa ou povo. É pacífico o entendimento que a Internet tem importância fundamental como meio de divulgação, comunicação e disseminação de informações, apresentando a cada dia novas formas de comunicação, cada vez mais rápidos e eficientes em seu propósito. Geraldo Frazão de Aquino Junior 1, ensina que: a principal característica do mundo virtual é a intangibilidade, ou seja, não faz parte do mundo físico, não é formada por matéria, mas sim, por bits e bytes. É portanto, uma nova percepção de uma realidade escapa ao mundo que tem existência física, palpável, fazendo-nos ser atores em um palco que não se realiza, mas é real. Cada vez mais as pessoas utilizam a Internet como primeira opção na pesquisa de produtos, solução de dúvidas, busca de experiências e de pessoas, curiosidades, além de fornecer inúmeros meios de comunicação, envolvendo textos, som e imagem, fornecendo imensurável poder de ação e resposta. Resta incontestável o valor de um nome de endereço na Internet, visto publicamente por todo o mundo, gerando e estimulando novas formas de negócio e aumentando a rentabilidade de empresas e comodidade para os consumidores. Porém como a quantidade de informações e oferta de produtos é praticamente infinita, faz-se necessária e velha relação entre pessoas, com a indicação de endereços e sugestões de métodos de busca e novas ferramentas. Com certeza empresas que se prezem, neste mundo capitalista, globalizado e cibernético, deve criar estratégias a fim de ficar a frente dos seus concorrentes, investindo pesadamente em sua identidade no mundo digital. 1 AQUINO JÚNIOR, Geraldo Frazão de. Contratos eletrônicos: a boa-fé objetiva e a autonomia da vontade. Curitiba: Juruá, 2012. P. 103

9 Obviamente os recursos computacionais da Internet não trazem apenas benefícios e facilidades para a sociedade, também é fruto de novas discussões e discordância entre as partes, muitas vezes motivadas pelos oportunistas e até mesmo pelas diferentes perspectivas, uma vez que, mesmo a Internet sendo uma só, os países ainda possuem sua individualidade e padrões de conduta políticosociais. O objetivo principal deste estudo não é a análise mundial da relação dos nomes de domínio, mas sim uma análise acerca da forma de registro e resolução de litígios oriundos de conflitos entre nomes de domínios, identificações alfanuméricas de locais na Internet, denominados websites, no Brasil. Para tanto será apresentado o desenvolvimento histórico da Internet, bem como sucinta explicação sobre seus padrões de funcionamento e endereçamento, baseados no modelo de referência TCP/IP, entendido como um conjunto de protocolos com a finalidade de padronizar a comunicação entre computadores na Internet. Neste estudo faz-se necessária a análise dos fatores jurídicos envolvidos no registro de nomes de domínios no Brasil, analisando desde a natureza jurídica dos nomes de domínios, princípios, legislação e normas que regulam e estruturam a criação de nomes de referência para endereços virtuais. Principalmente em relação a marca, amparada por lei federal, que abre discussão para verificação de direito aos nomes de domínio, bem como a utilização de outros institutos, com a finalidade de garantir a manutenção de endereço eletrônico. Para tanto serão analisados os procedimentos que, de certa forma, podem criar discordância e conflitos envolvendo o registro e finalidade dos nomes de domínios, como o caso de registro de nome de domínio anterior ao registro da marca com base na Lei de Propriedade Industrial. Destarte serão apresentadas as formas de resolução de conflitos por meio de câmaras de mediação e arbitragem, definidas como uma tendência mundial para resolução de conflitos, desde que contratados como forma de solução de litígios entre as partes, no intuito de apresentar uma forma célere de resolução de conflitos.

10 2. A INTERNET E SEU SISTEMA DE ENDEREÇAMENTO. 2.1. O SURGIMENTO DA INTERNET A origem da Internet ocorre em detrimento da guerra fria, surgindo nos Estados Unidos com fins militares, na ocasião era desenvolvido um sistema onde era observada a descentralização das informações, ou seja, caso parte do país fosse atacado tal situação não influenciaria no conjunto de dados como um todo, até então não existia uma central de informações única. Esse sistema de interligação de redes, composta basicamente por computadores militares era denominada ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network), desenvolvida pela ARPA atualmente denominada DARPA (Defense Advanced Projects Research Agency). Segundo o próprio DARPA 2 A DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) foi criada em 1958 para evitar surpresa estratégica de impactar negativamente a segurança nacional dos EUA e criar surpresa estratégica para adversários dos Estados Unidos por manter a superioridade tecnológica das forças armadas dos EUA. Em seguida o sistema começou a ser integrado nas universidades espalhadas pelos Estados Unidos, na forma de compartilhamento de informações e pesquisa. Em virtude do grande crescimento estrutural da ARPANET, foi necessária a sua divisão em duas áreas: a MILNET com fins exclusivamente militares e a ARPANET seguindo com operações universitárias, ou seja, atendendo questões civis. Já por volta do ano de 1987, quando cogitada a possibilidade de utilização da rede para fins comerciais, foi então que a NSF (National Science Foundation), agência governamental que promove a pesquisa e educação nos Estados Unidos, estruturou recursos técnicos baseados em conexões de fibra óptica e satélites, formando o que foi definido como backbone, ou em português, espinha dorsal, 2 DARPA, (Defense Advanced Research Projects Agency). Disponível em: <http://www.darpa.mil/our_work/>. Acesso em: 09 ago. 2014.

11 ligando de forma anárquica diversos computadores, em assim sendo, sem um dono específico. Desta feita, surge a Internet, expressão derivada da composição das palavras Interconnected Networks, um conjunto de redes conectadas. Neste momento já era observado o modelo de referência TCP/IP, um padrão de comunicação que determinava várias regras a fim de padronizar a ligação entre diversas redes, neste conjunto de protocolos o IP (internet protocol) tinha função fundamental, como nos dias de hoje, identificando os computadores conectados. O IP consiste em um protocolo de identificação de pontos na grande estrutura de rede, a comunicação é realizada por meio de pacotes que trafegam entre estes endereços, por exemplo, um computador provendo informações na Internet possui um endereço IP, assim como os computadores que estão em busca de informações, também conectados à Internet, possuem também um endereço IP, que os identificam. O formato do endereço IP pode ser baseado no padrão IPv4, com a seguinte aparência 200.14.35.67, porém em virtude da crescente disponibilidade da Internet para diversos tipos de dispositivos, como aparelhos celulares, fez-se necessário o desenvolvimento de um novo padrão para atender a necessidade de mais combinações de endereços, neste caso o padrão IPv6, que aumenta de 32 para 128 bits de possibilidades de combinações. Fazendo uma analogia, o endereço IP é como o CEP que utilizamos para identificar locais, para irmos até o mercado saímos da nossa casa que possui um CEP, passamos por diversos outros CEP s e finalmente encontramos o CEP do mercado, portanto entendemos que o CEP vai nos nortear no deslocamento, o mesmo para a Internet, por este motivo dizemos que o IP é um protocolo roteável ou seja, apresenta o caminho que devemos seguir. Porém não decoramos os CEP s de destino, utilizamos nomes de ruas como referência, o mesmo ocorre com os endereços IP s de identificação de websites, recebem um nome de identificação, denominado nome de domínio. Em virtude do crescimento da Internet, vários países começaram a criar estruturas físicas e lógicas a fim de utilizar a nova tecnologia, entre estas estruturas foram desenvolvidos backbones nos países interessados, a fim de integralizar seu meio acadêmico. No Brasil fora desenvolvida a RNP (rede nacional e pesquisas), de certa forma equivale a NSF (National Science Foundation), anteriormente referenciada.

12 Ao analisarmos a história da RNP temos 3 : A RNP foi criada em setembro de 1989 pelo então Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Seu objetivo era construir uma infraestrutura nacional de rede internet de âmbito acadêmico. A Rede Nacional de Pesquisa, como era chamada em seu início, tinha também a função de disseminar o uso de redes no país. Em paralelo à implantação de sua primeira rede, em 1992, que alcançou 10 estados e o Distrito Federal, a RNP dedicou-se a tarefas diversas, tais como divulgar os serviços internet à comunidade acadêmica através de seminários, montagem de repositórios temáticos e treinamentos, estimulando a formação de uma consciência acerca de sua importância estratégica para o país e se tornando referência em aplicações de tecnologias internet. Por volta do ano de 1995, após alguns atrasos, o serviço de Internet no Brasil foi aberto ao usuário não acadêmico, com a liberação do acesso comercial, a Internet no Brasil passou a experimentar um crescimento exponencial, seguindo tendências internacionais. 2.1.1. Natureza Jurídica da Internet no Brasil Não é certa a natureza jurídica da Internet no Brasil, esclarece Iso Chaitz Scherkerkewitz (2014, p.21): Infelizmente o mundo jurídico ainda não possui uma uniformidade de regras aplicáveis, o que acaba, diante da globalização, gerando grande dúvidas na solução dos problemas apresentados por esta nova realidade. Apesar de a Internet ter seu início no Brasil em meados de 1989, conforme analisado anteriormente, do ponto de vista jurídico a Internet surge no Brasil em 1995, neste ano fora publicada uma nota conjunta dos Ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia, a Norma 004/95 4, apresentando determinações sobre o uso de meios da rede pública de telecomunicações para acesso à Internet. 3 RNP (Rede Nacional de Pesquisas). Disponível em:< http://www.rnp.br/institucional/nossa-historia>. Acesso em: 09 de ago. 2014. 4 Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Disponível em: <http://legislacao.anatel.gov.br/normas-do-mc/78-portaria-148>. Acesso em: 09 ago. 2014.

13 A referida norma esclarece o conceito de Internet como sendo: Internet: nome genérico que designa o conjunto de redes, os meios de transmissão e comutação, roteadores, equipamentos e protocolos necessários à comunicação entre computadores, bem como o software e os dados contidos nestes computadores. Corroborando com o crescimento da Internet no Brasil fez-se necessária a criação, no ano de 1995, o CGI (Comitê Gestor da Internet No Brasil), por meio da Portaria 5 Interministerial nº 147 6, que apresenta suas atribuições, dentre as quais observadas em seu artigo 1º, incisos V e VII infra citados. Art. 1. Criar o Comitê Gestor Internet do Brasil, que terá como atribuições: V coordenar a atribuição de endereços IP (Internet Protocol) e o registro de nomes de domínios; VIII deliberar sobre quaisquer questões a ele encaminhadas. Além das referidas atribuições, a presente portaria também apresenta os membros do CGI.br, assim descrito em seu artigo 2º. Art. 2. O Comitê Gestor será composto pelos seguintes membros, indicados conjuntamente pelo Ministério das Comunicações e Ministério da Ciência e Tecnologia: I um representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, que o coordenará; II um representante do Ministério das Comunicações; III um representante do Sistema Telebrás; IV um representante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq; V um representante da Rede Nacional de Pesquisa; VI um representante da comunidade acadêmica; VII um representante de provedores de serviços; VIII um representante da comunidade empresarial; e IX um representante da comunidade de usuários do serviço Internet. É evidente a evolução da Internet no Brasil e em outros países do mundo, devido à crescente estruturação, são observados conflitos oriundos de tal sistema, principalmente do ponto de vista jurídico, conforme ensina Patricia Peck Pinheiro (2009, p.19-20) 7 : 5 A Portaria é ato administrativo normativo que visa à correta aplicação da lei, devendo o edital observância tanto à lei, quanto aos atos que "expressam em minúcia o mandamento abstrato da lei, e o fazem com a mesma normatividade da regra legislativa, embora sejam manifestações tipicamente administrativas" (MEIRELLES, 2002). 6 PORTARIA, Interministerial. Disponível em:<http://cgi.br/portarias/numero/147>. Acesso em: 12 set. 2014. 7 PINHEIRO, Patrícia Peck, Direito Digital, 3ª edição, São Paulo, Saraiva, 2009. p. 19 20.

A complexidade de tal sistema, do ponto de vista jurídico, está nas relações resultantes dessa interação, principalmente as relações comerciais... Todas essas relações entre pessoas e empresas passam a exigir novas regras, princípios, regulamentos, assim como possibilitam a aplicação de antigos princípios que continuam tão atuais para o Direito como o eram em sua origem. (PINHEIRO, 2009, p. 19-20). 14 Do ponto de vista do registro de nomes de domínio é de fundamental importância a análise de como os sítios, normalmente denominados sites ou websites, são registrados e estruturados, nesta análise não há como deixar de comparar as relações de registro de endereços na Internet com o conceito legal de registro de marcas. Uma vez que os nomes de domínio acabam identificando empresas e marcas no ambiente virtual, em assim sendo, os nomes de domínio acabam possuindo caráter econômico, certo que relacionam e referenciam empresas no meio cibernético. Destarte nos ensina e esclarece o professor Sérgio Said Staut Junior: A compreensão dos institutos jurídicos e suas implicações, na realidade, não pode estar distanciada, por isso, do estudo e da reflexão a respeito das (diferentes) temporalidades e localidades em que foram pensados e idealizados estes (diferentes) direitos. A reflexão acerca do Direito deve estar atenta à realidade e consciente do ambiente econômico, político e cultural em que foi constituído. 8 2.1.2. Dos princípios indicadores da constituição de nomes de domínios Apesar de apresentar-se como um assunto que tende a obviedade é importante salientar do ponto de vista jurídico, alguns princípios que norteiam tal procedimento de criação de nomes de domínio na Internet. Esclarece sobre tais princípios, Hugo Daniel Lança Silva 9, tomando de início o princípio da verdade que visa inibir o registro com o mero intuito fraudulento de enganar ou induzir ao erro internautas, atualmente um dos grandes problemas do meio digital refere-se à autenticidade, por mais que novos mecanismos sejam criados a fim de inibir ou garantir que pessoas ou empresas realmente são quem dizem ser, sempre há uma forma de burlar o sistema. No registro de nomes de domínio a má-fé é evidenciada, por exemplo, no registro de determinado endereço visando apenas extorquir valores do real interessado pelo registro, em assim sendo 8 STAUT JÚNIOR, Sérgio Said, Direitos Autorais: entre as relações sociais e as relações jurídicas, Curitiba, Moinho do Verbo, 2006, p. 31. 9 As Leis da Sociedade de Informação Responsabilidade dos Internet Service Provider. Disponível em: <http://www.apdsi.pt/uploads/news/id511/hugo%20lan%c3%a7a%20silva_leis%20portuguesas%20n a%20si_3014_20051205.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2014.

15 o falso solicitante acaba por exigir valores para liberação e transferência do domínio, uma vez que o procedimento para resolução por vias legais é caro e moroso. Afora este precisamos destacar também o princípio da licitude, uma vez que determinadas resoluções e leis devem ser respeitadas e seguidas, mesmo com uma série de normas não é fácil de localizar situações ilícitas, o registro é lícito até que a parte que detém o real direito venha a interpor e exigir, pelos meios credenciados para dirimir eventuais conflitos, a transferência dos direitos de determinado endereço na Internet, mas isso precisa ser analisado caso a caso. Um terceiro princípio é o da capacidade distintiva, uma vez que não é possível o monopólio de determinada expressão que acaba sendo considerada patrimônio comum de todos. Como pode ser possível a autorização do registro de determinada expressão que é de referência universal, tal dificuldade está na definição destes termos, uma vez que não há como existir um rol taxativo, imaginando a quantidade de significados e idiomas que encontramos. Mais uma vez as situações precisam de análise aprofundada de forma a definir o que é, ou não, patrimônio comum de todos. Ainda impende destacar o princípio da obrigatoriedade, uma vez que o simples registro a fim de reservar o endereço ou até mesmo com o efeito de matalo evitando que outras pessoas venham a utilizar, se for o caso do registro de um nome de domínio que ele tenha seu fundo real, conforme exemplifica Fransceschelli 10, que o registro de marcas se transforme num cemitério de marcas. Em uma análise profunda determinada empresa poderia congelar diversos nomes a fim de proteger interesses e até mesmo atuar de forma indevida com eventuais concorrentes. Por fim, o princípio da exclusividade ou novidade absoluta, evitando assim a possibilidade de constituição de nomes de domínio que não gerem confusão com outro previamente registrado. Uma vez que o público atual da Internet não é composto por pessoas especialistas em Informática, detendo a capacidade de observar pormenores que levam a elucidação do real proprietário do domínio, pessoas comuns utilizam os sistemas de navegação e são, sem dúvidas, induzidas ao erro. Cada vez mais com a popularidade da Internet, observamos todo o tipo de 10 FRANCESCHELLI, Cimiteri e fantasmi di marchi, RDI, 1974, I, p. 5 e ss.

16 público acessando o ciberespaço e com isso a falta de critério e atenção no acesso pode gerar danos, portanto as relações entre os diversos nomes de domínio devem ser analisadas e ponderadas antes da autorização da sua criação. 2.2. A ESTRUTURA DOS NOMES DE DOMÍNIOS Conforme previamente analisado, todo computador conectado à Internet possui um endereço numérico que o identifica, denominado endereço IP (internet protocol). Como trata-se de um endereço numérico não é de fácil memorização, para tanto surge o sistema de nomes de domínios, a fim de relacionar o número com um conjunto de letras, facilitando a memorização e acesso por parte do usuário. A respeito de endereçamento IP e a respectiva relação com os nomes de domínio, esclarece Miguel Almeida Andrade(2004) 11 : A enorme quantidade de informação que se encontra acessível na Internet está alojada em computadores. Todos esses computadores têm um endereço que, na terminologia técnica, se designa por endereço IP (Internet Protocol) e que indica a sua localização no ciberespaço. Para ter acesso à informação alojada em determinado computador, o internauta deverá, portanto, dirigir-se ao endereço respectivo. Este é constituído por algarismos agrupados em quatro números separados por pontos, todos eles inferiores a 256, por exemplo, 123.45.67.89 no caso de o protocolo de endereçamento ser o IPv4, ou por um conjunto de algarismos e letras, por exemplo, 1ABC:2300::/45, no caso de aquele protocolo ser o IPv6. Num e noutro caso a analogia com os números de telefone é fácil de estabelecer. Por ser difícil atribuir-lhes sentido lógico, expressões deste tipo são difíceis de memorizar. Por essa razão, todos os sítios onde se alberga a informação disponibilizada na Internet são baptizados com um nome o nome de domínio que é, normalmente, uma expressão alfabética, embora possa também ser uma expressão alfanumérica (ANDRADE, 2004, p.12). Segundo o site registro.br 12, domínio é: 11 ANDRADE, Miguel Almeida. Nomes de Domínio na Internet A Regulamentação dos Nomes de Domínio sob.pt, Centroatlântico.pt, Portugal, 2004, p.12. 12 Departamento do NIC.br responsável pelo registro de domínios.br. Disponível em:<http://www.nic.br/index.shtml > Acesso em: 20 ago. 2014.

É um nome que serve para localizar e identificar conjuntos de computadores e serviços na Internet. O nome de domínio foi concebido com o objetivo de facilitar a memorização desses endereços, pois sem ele, teríamos que memorizar uma sequência grande de números, e dar flexibilidade para que o operador desses serviços altere sua infraestrutura com maior agilidade. Juntamente com este sistema faz-se necessário um sistema de tradução, denominado DNS (domain name system), sistema de nomes de domínios. Com a finalidade de converter textos em endereços e vice-versa, dessa forma não necessitamos decorar longas sequencias de números, bastando memorizar conjuntos de letras. Segundo Kurose (2008). 17 O DNS foi criado a partir da necessidade existente de traduzir os complicados números IP para um tipo de mais alto nível, que poderia ser relembrado com facilidade por pessoas comuns. Com certeza foi um ponto de apoio para o crescimento exponencial que a rede sofreu. Sua criação data do ano de 1983 pelo americano Paul Mockapetris, que fez o trabalho a pedido de Jonathan Postel, um grande personagem que esteve presente na criação da ARPANET. 13 Não há o que falar de nomes de domínio sem antes mencionar o ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers), órgão mundial responsável por estabelecer regras do uso da Internet, criado, nos Estados Unidos, em 1998, com a finalidade de manter a Internet segura, estável e interoperacional, segundo o site da ICANN A ICANN coordena estes identificadores únicos a nível mundial. Sem esta coordenação, não existiria uma única Internet global. Tal facilidade deve respeitar determinadas regras, senão vejamos: as terminações de domínios após o nome do endereço, são denominadas TLDs (top level domains), em português encontramos pela terminologia DPN, ou seja, Domínio de Primeiro Nível, por exemplo, observamos caracteres no endereço que apresentam o seu nicho, por exemplo,.gov governamental,.mil militar,.com comercial, entre outros. Porém como observado um nome de domínio possui, quando não registrado pela entidade responsável nos Estados Unidos, um conjunto de letras que indica o país de registro, são os denominados cctlds (country-code top-level domains), ou 13 DNS, Redes de Computadores. Disponível em: <http://pt.wikibooks.org/wiki/redes_de_computadores/dns>. Acesso em: 09 ago. 2014.

18 seja, domínios de topo com o código de país, podemos encontrar tipos como.br Brasil,.uk United Kingdown, ou seja, os países que integram o Reino Unido,.jp Japão. É curioso observar que cctld s como uma Estado da Polinésia, Tuvalu possui código.tv, muitas empresas de televisão registraram seus sites com esta entidade a fim de manter um domínio específico com sua atividade, uma vez que as siglas TLD s são nomes determinados, que devem se encaixar com a especificidade da empresa ou pessoa solicitante do registro. A definição dos cctld s são baseadas em uma norma ISO 3166 14, que define as letras representativas dos territórios, existem exceções com o caso do Reino Unido, que não segue a norma, caso contrário usaríamos a sigla GB e não UK, esclarece Miguel Almeida Andrade (2004) 15 A excepção é o TLD UK, correspondente ao Reino Unido. O código definido pela norma ISO referida para aquele país é GB e não UK. Tal disparidade justifica-se por o TLD ter sido definido em momento anterior ao da adopção daquela norma como identificador dos domínios de topo de incidência territorial. (ANDRADE, 2004, p.17). Cabe observar também que, mesmo que um site possua o cctld.br não quer dizer que o referido sítios esteja armazenado em um servidor no Brasil, como a Internet, do ponto de vista técnico, não possui fronteiras, o conteúdo pode ser armazenado em outros servidores espalhados pelo mundo, isso leva a análise de duas situações: a localização do conteúdo e o país que registrou o site. Portanto antes armazenar ou site ou de registrar um domínio por outra entidade que não a responsável pela internet e registro no seu país é importante observar que a legislação aplicada, mesmo de forma análoga é do país que está efetuando o registro, esclarece Patrícia Peck Pinheiro 16 (2009): 14 ISO 3166 é um padrão internacional para códigos de país e códigos para as suas subdivisões. O objetivo da ISO 3166 é definir códigos internacionalmente reconhecidos de letras e / ou números que podemos usar quando nos referimos aos países e subdivisões. No entanto, não define os nomes dos países - esta informação vem de fontes das Nações Unidas (Terminologia Boletim nomes de países e do país e das regiões de Estatística Use mantidas pelas Divisões Estatísticas das Nações Unidas). Disponível em:<http://www.iso.org/iso/country_codes.htm> Acesso em: 10 set. 2014. 15 MIGUEL ANDRADE DE ALMEIDA, Nomes de Domínio na Internet, A regulamentação dos nomes de domínio sob.pt, Centro Atlântico.pt, Portugal, 2004, p.17. 16 PINHEIRO, Patrícia Peck, Direito Digital, 3ª edição, São Paulo, Saraiva, 2009. p. 39.

Na Internet, muitas vezes não é possível reconhecer facilmente de onde o interlocutor está interagindo. Muitos sites têm terminação.com, se o sufixo de país, o que significa que teoricamente estão localizados nos Estados Unidos. Só que vários deles apenas estão registrados nos Estados Unidos e não têm nenhuma existência física nesse país. Uma tendência mundial é assumir definitivamente o endereço eletrônico como localização da origem ou efeito do ato. Assim, se uma empresa brasileira registra um site como.com, em vez de.com.br, pode ter de se sujeitar às leis de diversos países no caso de questões internacionais. (PINHEIRO, 2009, p. 39). 19 Além da situação dos TLD s e cctld s é importante considerar que não são todos os nomes que são permitidos na escolha do nome de domínio, algumas regras são estabelecidas pelo país detentor da autoridade pelo registro de novos domínios, por exemplo, no Brasil não são permitidas algumas situações e opções no momento do registro. Analisando a Resolução CGI.br/RES/2008/008/P 17 do Comitê Gestor da Internet no Brasil, que tecnicamente esclarece em seu artigo 3º: Art. 3º - Define-se como Domínio de Primeiro Nível, DPN, os domínios criados sob o cctld.br, nos quais disponibilizam-se registro de subdomínios segundo as regras estabelecidas nesta Resolução. Um nome de domínio escolhido para registro sob um determinado DPN, considerando-se somente sua parte distintiva mais específica, deve: I. Ter no mínimo 2 (dois) e no máximo 26 (vinte e seis) caracteres; II. Ser uma combinação de letras e números [a-z;0-9], hífen [-] e os seguintes caracteres acentuados [à, á, â, ã, é, ê, í, ó, ô, õ, ú, ü, ç]; III. Não ser constituído somente de números e não iniciar ou terminar por hífen; IV. O domínio escolhido pelo requerente não deve tipificar nome não registrável. Entende-se por nomes não registráveis aqueles descritos no único do artigo 1º, desta Resolução. Parágrafo único - Somente será permitido o registro de um novo domínio quando não houver equivalência a um domínio pré-existente no mesmo DPN, ou quando, havendo equivalência no mesmo DPN, o requerente for a mesma entidade detentora do domínio equivalente. Estabelece-se um mecanismo de mapeamento para determinação de equivalência entre nomes de domínio, que será realizado convertendo-se os caracteres 17 Resolução CGI.br/RES/2008/008/P. Disponível em: <http://www.cgi.br/resolucoes/documento/2008/008>. Acesso em: 09 ago. 2014.