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Transcrição:

Variabilidade espacial dos constituintes bio-ópticos e comparação de produtos de cor do oceano in situ e MODIS-Aqua na plataforma e talude do Espírito Santo (ES) Natalia de Moraes Rudorff 1 Milton Kampel 1 Larissa PatrícioValério 1 Marcelo Franco de Oliveira 1 Fabio Dall Cortivo 1 Maria Laura Zoffoli 1 Leandro Rodrigues de Freitas 2 1 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Caixa Postal 515-12227-010 - São José dos Campos - SP, Brasil {nmr, milton, larissa, fabio.cortivo, lzoffoli}@dsr.inpe.br, marcelo.franco@cptec.inpe.br 2 Petrobras S.A. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Avaliação e Monitoramento Ambiental CENPES/PDEDS/AMA Caixa Postal 15515-20031-912 - Rio de Janeiro - RJ, Brasil rodriguesf@petrobras.com.br Abstract. The present work presents a characterization of the distribution of the bio-optical properties and a comparison of in situ and satellite data for the offshore and shelf waters of Espírito Santo, Southeast Brazilian coast. The goal was to identify some of the processes governing the distribution of the optically active constituents and potential areas that may constrain the application of Case 1 ocean color products. Different models were compared to indicate a least biased one for the study region. The in situ data was obtained from a series of oceanographic cruises coordinated by CENPES-PETROBRAS, during the austral winter of 2013 (AMBES project). Satellite data was obtained from MODIS-Aqua daily products. The OC3M empirical model showed a greater dispersion (0,69 R 2 ) than the semi-analytical models GIOP and GSM (R 2 0,69 and 0.72), but with lower percent difference (44%, compared to 45 and 53%, respectively). The QAA had a lower overall performance, but still close to the other models (0,51 R 2 and 55% bias). Errors were explained by both uncertainties in satellite and in situ data and bio-optical variability of the region. To improve the retrieval of ocean color products a regionally adjusted GIOP model is likely the most adequate approach for the region, especially with influence of the Doce and Vitória river plumes, and bottom resuspension in windy events. Palavras-chave: ocean-color remote sensing, in situ and satellite match-ups, southeast Brazilian coast, sensoriamento remoto da cor do oceano, comparações in situ e satélite, costa sudeste brasileira. 1. Introdução O monitoramento sinóptico de fenômenos de mesoescala na plataforma e talude, bem como dos processos costeiros na interface continental, é essencial para entender o ambiente marinho e as mudanças decorrentes de processos climáticos e antropogênicos. O sensor Moderate Resolution Spectroradiometer (MODIS) a bordo da plataforma Aqua é um sensor de cor do oceano que oferece dados diários desde 2002, com resolução nominal de 1,1 km. Os principais produtos de cor do oceano são a concentração de clorofila-a da superfície do mar (CSM) e os coeficientes de absorção do fitoplâncton e da matéria orgânica colorida, dentre outros (IOCCG, 2006). Desde o primeiro mapa global de CSM, o sensoriamento remoto orbital têm se mostrado revolucionador e promissor no conhecimento e monitoramento dos processos oceanográficos. No entanto, a maior parte dos modelos é calibrada para águas Caso 1 (Morel e Prieur, 1977) onde o fitoplâncton deve ser dominante e os produtos de degradação, i.e, matéria orgânica dissolvida colorida (MODC) e particulada (detritos), covariam com o mesmo (IOCCG, 2000). Portanto, a aplicação destes produtos em regiões específicas, principalmente costeiras com presença de fontes externas i.e., plumas de rios e resuspensão de fundo, precisa ser verificada para o uso adequado. Com base nisso, o presente trabalho 0925

apresenta uma análise da distribuição dos constituintes bio-ópticos e a comparação de dados in situ e de satélite na região do talude e plataforma continental do Espírito Santo (ES). O propósito é estudar os processos que governam a distribuição dos constituintes e avaliar quais produtos MODIS-Aqua de cor do oceano são adequados para o monitoramento dos processos costeiros e meteo-oceanográficos na região de estudo. 2. Metodologia de Trabalho 2.1 Área de estudo A área de estudo localiza-se na plataforma continental e talude do ES, litoral sudeste da costa brasileira, entre 18-21 o S e 41-37 o O (Figura 1). Ao norte está o Banco de Abrolhos e a leste a Cadeia Vitória Trindade. A topografia da plataforma aliada à mudança na direção da linha de costa promove uma hidrodinâmica local que favorece a formação de sistemas ciclônicos como o Vórtice de Vitória (VV), que possui um papel importante na biologia e hidrografia da região (Schimid et al., 1995; Gaeta et al., 1999). RJ MG ES Rio Doce BA Banco de Abrolhos Cadeia Vitória-Trindade 50 m 100 m 250 m 500 m 750 m 1000 m 1250 m 1500 m 2000 m 2500 m 3000 m 3500 m 4000 m 4500 m Figura 1. Estações de coleta das campanhas AMBES na plataforma e talude do Espírito Santo, sobrepostas ao mapa batimétrico do 2009 World Ocean Atlas (ODV v.4.6) (Schlitzer, 2014). A plataforma é dominada em superfície pela Água Costeira (AC) e o talude pela Água Tropical (AT) transportada pela Corrente do Brasil (CB) (Miranda e Castro, 1981). A extensa plataforma do Banco de Abrolhos favorece a resuspensão de sedimentos aumentando a produtividade e turbidez nesta área, principalmente em eventos associados à intensificação dos ventos, como na passagem de sistema frontais (frentes frias vindo de sul) (Segal et al., 2008; Zoffoli et al., 2012). A descarga de rios de pequeno e médio porte também influencia no transporte de nutrientes, promovendo uma maior produtividade na plataforma, bem como, no aporte de matéria orgânica dissolvida e particulada e sedimentos em suspensão. O principal rio que deságua na costa do ES é o Rio Doce que possui uma descarga média de 525 m 3 /s nos meses de maio-outubro (outono-inverno) (ANA, 2014). 2.2 Coleta de dados in situ Os cruzeiros da campanha de água do projeto AMBES 11 foram realizados entre 27/07 e 07/09/2013. Foram amostradas 40 estações oceanográficas na plataforma e talude do ES com 1 Projeto de Caracterização Regional da Bacia do Espírito Santo e porção norte de Campos, sob coordenação do Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES). 0926

coleta de dados radiométricos e bio-ópticos in situ (Figura 1). Os dados radiométricos foram medidos com um espectrorradiômetro Fieldspec Hand-Held (ASD, Analytical Spectral Devices). As amostras de água para análise da concentração de clorofila-a (Cla) e absorção do material particulado (a p ) foram coletadas na superfície (1 m) com um sistema de garrafas Niskin. As amostras foram imediatamente filtradas no laboratório úmido do navio em filtros GF/F (Glass fiber filters) de 0,7 µm de porosidade. Após a filtragem as amostras foram preservadas em nitrogênio líquido (-196 o C) até a análise em laboratório. A Cla foi analisada com um espectrofluorímetro segundo o método de Welschmeyer (1999) (com 40% de dimetil-sulfeto e 60% de acetona para a extração dos pigmentos). a p foi analisada segundo Mitchell et al. (2003) com espectrofotômetro de duplo feixe e esfera integradora. A absorção do detritos (a d ) foi determinada após a despigmentação da amostra com hipoclorito de sódio. A absorção do fitoplâncton (a phy ) foi estimada pela diferença entre a p e a d. Para cada estação foram coletadas duplicatas e estimada a média para cada parâmetro. O espectrorradiômetro ASD toma medidas hiperespectrais acima da água e opera na faixa do visível ao infravermelho próximo (350-1075 nm). A reflectância de sensoriamento remoto (R rs ) é determinada da seguinte forma: (1) onde L T é a radiância total emergente da água medida à 45º zenital (ɵ) e 137º azimutal em relação ao plano solar (ɸ); L céu é a radiância descendente do céu (a 45º do zênite solar) e ρ é fator de reflectância da superfície do mar ajustado para a intensidade de vento, ângulo de visada do sensor e ângulo zenital solar (Mobley, 1999). L pl é a radiância da placa de referência Spectralon (100% de reflectância) e Fc é o fator de calibração da placa de campo. Para corrigir os resíduos de contaminação da reflexão do céu na superfície da água foi aplicada uma correção com a subtração da R rs em 800 nm (Mueller et al. 2002). Foram tomadas 3 medidas para cada estação e a R rs final foi obtida pela média depois da eliminação dos espectros ruidosos (com valores muito acima do esperado para o tipo de água amostrado). A R rs in situ foi usada para estimar a CSM com o modelo OC3Mv6 (O Reilly, et al., 2000) a fim de comparar o desempenho do modelo derivado com dados in situ e MODIS-Aqua. 2.3. Dados MODIS-Aqua Os produtos de cor do oceano do sensor MODIS-Aqua foram obtidos a partir da base Ocean Color da National Aeronautics and Space Administration (NASA) (http://oceancolor.gsfc.nasa.gov/). Foram baixados dados diários correspondentes ao período de coleta do AMBES2013. Os dados L1A foram processados para L2 em ambiente SeaDAS 7.1. Os pontos correspondentes às estações de coleta foram extraídos de uma janela de 3x3 pixels (Bailey e Werdell, 2006) centrada na coordenada da estação, com ±1 dia de espaçamento temporal a fim de ampliar a malha amostral, reduzida pela cobertura de nuvens. Os produtos usados para a comparação com os dados in situ foram a CSM derivada do modelo empírico OC3M (O Reilly, 2000) e a absorção do fitoplâncton derivada dos modelos semi-analíticos Garver-Siegel-Maritorena (GSM) (Maritorena et al., 2002), Quasi-Analytical Algorithm (QAA) (Lee et al., 2002) e Generalized Inherent Optical Properties (GIOP) (Werdell et al., 2013). Imagens de CSM (OC3M, MODIS-Aqua) e temperatura da superfície do mar (TSM, do sensor AVHRR, NOAA-16, 18 e 19) também foram adquiridas no banco de dados da Divisão de Satélites Ambientais do INPE/CPTEC (http://satelite.cptec.inpe.br/oceano/) para auxiliar na caracterização ambiental e da distribuição dos constituintes ópticos. 0927

3. Resultados e Discussão As imagens de CSM MODIS-Aqua adquiridas durante as campanhas do AMBES mostraram uma distribuição da Cla determinada predominantemente pela presença do aporte de rios e resuspensão do fundo nas áreas mais rasas da plataforma, e secundariamente pelo gradiente de TSM (Figura 2). As águas mesotróficas da Água Costeira da plataforma (~0,5 mg/m 3 ) contrastam com as águas oligotróficas do talude (<0,1mg/m 3 ), da Água Tropical transportada pela CB. A área com maior Cla foi (> 2mg/m 3 ) encontrada próximo à Foz do Rio Doce indicando a influência desse sistema na produtividade da plataforma com o aporte de nutrientes, bem como a provável mistura de outros constituintes opticamente ativos (COAs) como detritos e MOCD, causando superestimações no OC3M (IOCCG, 2000). A produtividade dos ecossistemas de corais no Banco de Abrolhos (ao norte) e resuspensão de fundo nesta porção estendida da plataforma também favorece uma maior CSM no setor norte da plataforma. Ao sul, as águas mais frias provenientes das ressurgências locais com formações ciclônicas na quebra de plataforma também parecem aumentar a CSM neste setor. Figura 2. Mapa de CSM (OC3M) MODIS-Aqua (à direita) e de TSM AVHRR (satélite NOAA-16,18,19) (esquerda) do dia 02/09/2013, durante o AMBES. A distribuição da Cla in situ também apresentou um gradiente fortemente determinado pela presença dos rios na plataforma (Figura 3). No entanto, ao contrário do mapa de CSM (Figura 2), a maior Cla (>1,5 mg/m 3 ) foi encontrada próximo e ao sul do estuário de Vitória e não do Rio Doce. Isso sugere que a mistura óptica da pluma do Rio Doce causa uma superestimação do OC3M alterando o padrão real da distribuição da CSM na plataforma do ES. No caso, os rios Vitória e Itapemirim (ao sul) parecem ter uma influência maior na produtividade da plataforma, provavelmente em decorrência do estado de eutrofização principalmente do Rio Vitória que está cercado do maior adensamento populacional do ES (ANA, 2014). Já outras feições foram mais compatíveis entre a CSM a Cla (observadas em datas próximas) como o gradiente batimétrico bem demarcado, com a maior Cla concentrada na plataforma até a isóbata de ~200m e um ponto de maior Cla (0,5 mg/m 3 ) nas águas mais profundas do talude provavelmente associado à presença do Vórtice de Vitória com ressurgênica da Água Central do Atlântico Sul (ACAS). 0928

Figura 3. Mapa de distribuição da Cla in situ (à direita) e da absorção do fitoplâncton em 443nm (a phy 443) durante o AMBES (26/07-07/09) (interpolado por krigeagem). A absorção do fitoplâncton (a phy 443) apresentou uma distribuição semelhante à da Cla, porém foi possível notar algumas diferenças que podem estar relacionadas às diferentes comunidades fitoplanctônicas presentes na plataforma e talude do ES (durante as campanhas) (Figura 3). A proporção a phy 443/Cla (unidades m 2 /mgcla) dá uma ideia da dominância do tamanho do grupo fitoplanctônico dominante da área. Onde esta proporção foi relativamente maior, como ao norte da foz do Rio Doce (0,075 m 2 /mgcla) é provável que esta área estivesse dominada por grupos menores de cianobactérias e clorofíceas, enquanto que para as áreas com valores proporcionalmente menores (ao sul do estuário de Vitória, com 0,035 m 2 /mgcla) as comunidades deveriam ser dominadas por grupos maiores de diatomáceas e dinoflagelados (Ciotti et al., 2002). Essa diferença nas proporções de a phy 443/Cla é decorrente dos efeitos de sombreamento dos pigmentos que reduz a capacidade de absorção em células maiores com maior adensamento intracelular. Esta relação sugere que o sistema estuarino de Vitória apresenta uma influência importante não somente na produtividade, mas também na distribuição dos grupos fitoplanctônicos na plataforma do ES. A distribuição do a d 443 foi próxima da Cla (R 2, 0,56), mas também houve algumas diferenças nas proporções de a d 443, principalmente relacionada ao aporte de rios e resuspensão de fundo. A razão a d /a p da plataforma foi o dobro em relação ao talude (0,37 e 0,16, respectivamente). O maior valor desta razão foi na foz do Rio Vitória com 0,80 reforçando a influência desse sistema no aporte orgânico para a plataforma. As áreas próximas ao Rio Doce e Rio Vitória e mais rasas da plataforma apresentam, portanto, a maior complexidade óptica da plataforma do ES. Na comparação dos produtos de cor do oceano MODIS-Aqua o modelo OC3M apresentou um desempenho razoável para a estimativa de Cla em toda área amostrada (plataforma e talude) com R 2 de 0,69 e com 0,33 mg/m 3 de erro médio quadrático (EMQ) (Figura 4 e Tabela 1). Este desempenho foi próximo ao encontrado por Kampel et al. (2009) para o OC3M na bacia de Campos (com 0,36 mg/m 3 de EMQ). O modelo aplicado a dados de R rs in situ apresentou um desempenho um pouco melhor com R 2 de 0,72 e com 0,26 de EMQ, devido à menor influência de ruídos (i.e., ambientais e do sensor) na R rs estimada por satélite. No entanto, o bias absoluto do OC3M in situ foi igual ao OC3M MODIS-Aqua com 44% (Tabela 1). Essa diferença entre a Cla medida in situ e o OC3M é dada pelas incertezas nas 0929

medidas tanto de Cla como de R rs (in situ e de satélite), bem como a variabilidade bio-óptica e mistura de diferentes COAs (Szeto et al., 2011; Rudorff et al., 2013). Nas áreas mais rasas e próximas aos rios a mistura óptica foi maior aumentando as incertezas do OC3M, mas vale ressaltar que as incertezas também foram altas nas áreas oligotróficas do talude, decorrentes de outras fontes de incerteza (como mostra a dispersão em todo gradiente de Cla, Figura 4). Para resolver o problema da influência dos outros COAs, os modelos semi-analíticos podem ser mais adequados para águas opticamente complexas (Caso 2 (Morel e Prieur, 1977)). De modo geral estes modelos apresentaram uma menor dispersão, mas com um bias alto de subestimação na determinação do a phy 443 (Figura 4 e Tabela 1). Retirando a estação A1 que foi logo na desembocadura do Rio Itapemirim (ao sul), o R 2 torna-se mais alto para todos os modelos (e.g., 0.82 para o QAA). Devido ao caráter sistemático destes erros, a subestimação dos modelos semi-analíticos (-41 a -50%) foi possivelmente relacionada a uma superestimação do a phy 443 medido in situ, já que o método utilizado (com hipoclorito de sódio) tende a ser mais eficiente que métodos tradicionais (com metanol, por exemplo) (Mitchell et al., 2002) que são usados na calibração destes modelos. Outra fonte de variabilidade bio-óptica que deve ter aumentado a dispersão principalmente para o GSM e GIOP é em relação às diferentes proporções de a phy 443/Cla, pois estes modelos utilizam valores médios globais fixos para esta proporção. De fato os pontos que mais desviaram da reta da regressão linear foram as estações costeiras que apresentaram maior variabilidade de a phy 443/Cla. Outros parâmetros como a inclinação espectral do detritos+mocd e do retroespalhamento das partículas também podem ser fontes de erros nesses modelos já que eles são parametrizados com dados globais (IOCCG, 2006). Modis Aqua QAA aphy443 (/m) Modis Aqua OC3M (mg/m3) 10 1 OC3M in situ Série1 OC3M MODIS y = 0,9392x + 0,0191 0.1 R² = 0,69 0.1 1 10 in situ Cla (mg/m3) 0.20 0.15 0.10 0.05 y = 0.1871x + 0.0107 R² = 0.5141 0.00 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 in situ aphy443 (/m) a) Modis Aqua GSM01 aphy443 (/m) 0.20 c) y = 0.4208x + 0.0062 R² = 0.7249 d) 0.15 Modis Aqua GIOP aphy443 (/m) 0.20 0.15 0.10 0.05 0.10 0.05 y = 0.437x + 0.0028 R² = 0.6931 0.00 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 in situ aphy443 (/m) 0.00 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 in situ aphy443 (/m) Figura 4. Comparação do OC3M obtido com dados de R rs in situ (N=29) e MODIS-Aqua (N=21) com os dados de Cla in situ (a), comparação do a phy 443 obtido dos modelos GSM (b), QAA (c) e GIOP (d), com os dados MODIS-Aqua vs. as medidas in situ (N=24). b) 0930

Tabela 1. Diferença média normalizada (bias), erro médio quadrático (EMQ) e coeficiente de determinação (R 2 ) entre os valores modelados OC3M obtidos com a R rs in situ (N=29) e R rs MODIS-Aqua (N=21), com os valores de Cla medidos in situ, bem como entre os valores de a phy 443 modelados com o GIOP, GSM e QAA aplicados a dados MODIS-Aqua, com os valores de a phy 443 medidos in situ no AMBES 2013 (N=24). Bias Relativo (%) Bias Absoluto (%) EMQ R 2 OC3M in situ -38,31 44,0 0,26 0,72 OC3M MODIS -8,32 44,0 0,33 0,69 a phy 443 GIOP -41 45 0,036 0,73 a phy 443 GSM -50 53 0,038 0,69 a phy 443 QAA -52 55 0,048 0,51 4. Conclusões As águas da plataforma e talude do ES apresentaram uma complexidade óptica moderada com influência de aportes de rios de pequeno e médio porte, principalmente os rios Doce, Vitória e Itapemirim. Ao norte, a extensa plataforma do Banco de Abrolhos com ecossistemas de corais e a resuspensão de fundo associada a ventos intensos, aumentam a CSM. Sistemas ciclônicos como o Vórtice de Vitória e ressurgências locais, aumentam a CSM no setor sul da plataforma do ES. Tanto para as águas da plataforma como para o talude o modelo OC3M apresentou incertezas moderadas-altas associadas a ruídos nos dados de R rs (in situ e de satélite) e à complexidade óptica do ambiente, primeiramente devido a influência dos rios e resuspensão de fundo, e secundariamente devido às variabilidades menores, por exemplo, relacionadas aos grupos fitoplanctônicos. Os modelos semi-analíticos melhoraram as estimativas para toda a área de estudo, mas apresentaram também incertezas relacionadas aos erros nas medições e à variabilidade secundária (e.g., do a phy 443/Cla). O modelo GIOP tem um conceito diferenciado por ser generalizado e permitir ao usuário ajustar melhor os parâmetros específicos. Este modelo, portanto tem o potencial de melhorar os produtos de cor do oceano para a plataforma e talude do ES com o ajuste regional. Programas de coleta in situ devem ser estimulados para formar uma base robusta capaz de realizar o ajuste para esta e outras regiões costeiras do Brasil a fim de obtermos produtos mais adequados para o monitoramento dos processos costeiros e meteo-oceanográficos. Agradecimentos Fonte Financiadora CENPES-PETROBRAS Termo de Cooperação 0050.0066309.11.9 INPE/FUNCATE. Referencias Bibliográficas ANA, Agência Nacional de Águas. Disponível em: <http://www.ana.gov.br>, 03/Set/2014. Bailey, S. W.; Werdell, P. J. A multi-sensor approach for the on-orbit validation of ocean color satellite data products. Remote Sensing of Environment, v. 102, n. 1-2, p. 12 23. 2006. Ciotti, A. M.; Lewis, M. R.; Cullen, J. J. Assessment of the relationships between dominant cell size in natural phytoplankton communities and the spectral shape of the absorption coefficient. Limnology and Oceanography, v. 47, n. 2, p. 404 417, 2002. Gaeta, S. A.; J. A. Lorenzzetti; L. B. Miranda; S. Susini-Ribeiro; M. Pompeu. The Vitória Eddy and its relation to the phytoplankton biomass and primary productivity during the austral 1995. Arch. Fish. Marine Research., 47, 253-270, 1999. 0931

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