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Sobre os autores. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0.

Considerações finais

Transcrição:

Considerações finais Ana Carolina Sperança-Criscuolo SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros SPERANÇA-CRISCUOLO, AC. Considerações finais. In: Funcionalismo e cognitismo na sintaxe do português: uma proposta de descrição e análise de orações subordinadas substantivas para o ensino [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 161-164. ISBN 978-85-68334-45-4. Available from SciELO Book <http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A principal motivação deste trabalho foi a problemática relacionada ao ensino de gramática, em função do mau desempenho linguístico dos alunos na produção e na compreensão de textos e a consequente ideia equivocada de que o estudo da gramática não contribui ou é desnecessário para um melhor uso da língua. A partir disso, decidiu-se proceder a um estudo pelo qual se pudesse mostrar que a gramática é fundamental na interação entre Falante e Ouvinte, e a sintaxe constitui o eixo dessa interação (embora não opere isoladamente, mas em interação com a semântica e com a pragmática, a sintaxe do enunciado é o elemento que materializa a intenção do Falante e que serve de ponto de partida ao Ouvinte na compreensão dessa intenção; sendo assim, é nesse sentido que se fala em sintaxe como eixo da interação F-O). O objetivo principal que se estabeleceu, tendo em vista a escolha de um fenômeno sintático, foi apresentar uma descrição (de natureza funcionalista- -cognitivista) do processo de subordinação substantiva que pudesse facilitar o ensino/aprendizagem da sintaxe, no sentido de dar ferramentas aos professores/alunos para melhorar o nível de leitura e produção de textos (em quaisquer modalidades comunicativas). Com base nos pressupostos do funcionalismo, especificamente da Gramática Funcional (Dik, 1989, 1997) e da Gramática Dis-

162 ANA CAROLINA SPERANÇA-CRISCUOLO cursivo-funcional (Hengeveld; Mackenzie, 2008), procurou-se mostrar que a língua é, essencialmente, um instrumento de comunicação social, e deve ser assim estudada. Logo, a heterogeneidade de seus usuários e dos contextos de uso não possibilita vê-la de maneira restrita como acontece nos manuais de gramática tradicional que servem de base ao ensino. Ao contrário, a língua torna-se adequada às necessidades comunicativas do Falante, assumindo diferentes funções pragmáticas. No que diz respeito aos pressupostos da Linguística Cognitiva (que, também de natureza funcional, considera a língua como resultado da interação do homem com o ambiente/contexto que o cerca), foi possível observar que o processo cognitivo de Integração Conceptual (Fauconnier; Turner, 2002), subjacente à maneira como o indivíduo conceptualiza diversos elementos ao seu redor e constrói sentidos, também possibilita explicar conceptualizações do domínio discursivo que se refletem na organização da língua, sendo a gramática também definida em função dessas conceptualizações. Nos termos de Bybee (2010), esse processo pode ser integrado a um processo cognitivo de domínio geral relacionado com outras áreas da cognição. Foram estudadas as orações subordinadas substantivas que servem de argumentos de verbos dicendi, verbos de atividade mental e da construção predicativa ser + adjetivo, devido a sua maior frequência no corpus, ou seja, as orações subordinadas substantivas objetivas diretas e subjetivas. O uso dos princípios da Gramática Funcional possibilitou, principalmente, uma melhor compreensão da relação entre o predicador (oração principal) e a natureza semântica dessas orações encaixadas (subordinadas), aspectos também importantes na proposta da Gramática Discursivo-Funcional. Essa teoria, por sua vez, permitiu a observação de características mais abrangentes dessas construções, tendo em vista a consideração de que a gramática (Componente Gramatical) é determinada pelas intenções do Falante (Componente Conceitual) e pelo contexto (Componente Contextual), de alguma forma codificados na estrutura linguística. No entanto, apenas o Componente Gramatical (que se organiza hierarquicamente nos níveis Interpessoal, Repre-

FUNCIONALISMO E COGNITIVISMO NA SINTAXE DO PORTUGUÊS 163 sentacional, Morfossintático e Fonológico) é apresentado na teoria e, nesse sentido, acredita-se que as contribuições da Linguística Cognitiva, tais como associadas à descrição das orações, oferecem sugestões pertinentes na compreensão das relações que se estabelecem entre os componentes Gramatical e Conceitual (no qual se situam as intenções, experiências e conceptualizações do Falante). A conversa entre as duas abordagens, funcionalista e cognitivista, revelou-se bastante produtiva. Considerando-se a funcionalidade das orações substantivas estudadas, a partir das construções predicadas por verbos dicendi o Falante, primeiramente, integra ao seu texto a voz do outro, direta (discurso direto) ou indiretamente (discurso indireto), o que contribui para uma maior confiabilidade da informação e/ou preservação da sua face, uma vez que divide seu espaço (e a responsabilidade pela informação) com o outro. No texto literário, esse é um recurso que garante maior expressividade à narrativa e, ao mesmo tempo, maior distanciamento do narrador. Em segundo lugar, o Falante pode integrar a própria voz ao seu texto, no presente, passado ou futuro, dando ênfase (Eu disse que ele iria embora) ou atenuando um ato de fala que possa ser mal recebido por seu interlocutor (Retire-se Peço que se retire). Os verbos de atividade mental, por sua vez, qualificam o conteúdo expresso na oração subordinada em termos do conhecimento ou comprometimento do Falante/Outro (da certeza à dúvida). As construções com esses verbos podem aparecer com o sujeito/experienciador explícito (Eu acho que), indeterminado (Pensam que) ou apagado (Sabe-se que), de acordo com as intenções do Falante. Logo, também atuam diretamente no nível das relações interpessoais, modalizando os enunciados. O predicador ser + adjetivo constitui um recurso de que o Falante dispõe para impessoalizar o enunciado ao manifestar sua opinião acerca de algo, garantindo seu distanciamento (Acho interessante É interessante). Além disso, essa construção permite ao Falante expressar inferências, intenções, crenças e valores a partir de suas experiências (É bom, É necessário, É prudente, É evidente).

164 ANA CAROLINA SPERANÇA-CRISCUOLO Pela observação do funcionamento dessas orações nos textos analisados, é possível concluir que constituem adaptações da língua em função das necessidades comunicativas do Falante, cujo objetivo principal é manter uma melhor interação possível com o Ouvinte. Em muitos casos, a informação contida na oração subordinada pode ser expressa diretamente. Contudo, o Falante opta por uma construção em que esse conteúdo é, de alguma maneira, qualificado (seja em relação à expressão da sua fonte de origem ou em relação à opinião do enunciador), e essa qualificação é codificada, entre outras maneiras, nas construções complexas, pela escolha do tipo de predicador da oração principal. Os diversos elementos envolvidos na constituição da língua, bem como em seu uso e sua dinamicidade, possibilitam caracterizá- -la como um sistema adaptativo complexo (nos termos de Bybee, 2010) que é, ao mesmo tempo, estruturado e variável, em função do contexto, dos usuários, da cultura. Por isso, uma abordagem apenas formal da língua de fato não possibilita a apreensão desse fenômeno como um todo. Quanto ao ensino da gramática, especificamente da sintaxe, acredita-se que o trabalho com a funcionalidade dos elementos linguísticos é o melhor caminho para levar o aluno a desenvolver/ melhorar suas habilidades linguísticas (tanto na produção quanto na compreensão de textos), o que implica a associação desses elementos às intenções do Falante e aos contextos de uso. Espera-se que este trabalho tenha, de fato, contribuído para uma melhor compreensão do processo de subordinação substantiva com os predicadores estudados (como um fenômeno linguístico e como um reflexo de aspectos da própria cognição) e, nesse sentido, constitua de maneira mais concreta uma sugestão para a mudança no ensino da sintaxe dessas orações e para a abordagem da gramática de forma geral.