ALESSANDRA A Flor do Sertão 1
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JOSÉ ARAÚJO ALESSANDRA A Flor do Sertão 3
Copyright 2015 - José Araújo Título Original: Alessandra A Flor do Sertão - Araújo, José Editor: José Araújo Revisão e diagramação: José Araújo Editoração Eletrônica: José Araújo Ilustrações: José Araújo Capa: José Araújo Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 1 Literatura brasileira 2 Romance 3 Ficção 1ª Edição - 2015 São Paulo Brasil 14x21 cm. 254 páginas ISBN: A reprodução de qualquer parte desta obra é vedada sem a prévia autorização do autor. 4
As dificuldades características dos sertões para os sertanejos, todos nós já conhecemos de longa data e estamos acostumados aos fatos, mais do que evidentes na vida dos habitantes destas regiões. O que mais nos aflige e nos apavora, é saber que essas dificuldades pelas quais passaram tantas gerações, ainda persistem, se renovam e se fortalecem, mesmo com toda a tecnologia e modernidade dos tempos atuais, fazendo com que procurem uma vida melhor nas cidades grandes. José Araújo 5
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INTRODUÇÃO A vida no sertão não é fácil, nunca foi. A população é composta de pessoas com as mãos calejadas pelo trabalho duro, a pele queimada pelo sol, a poeira impregnada em suas vestimentas, o vento seco e cortante, a busca pelo alimento, pela água, as crianças são amareladas, desnutridas, perdidas na secura incandescente do sol, com as mãos abertas a pedir uma gota de liquido qualquer, que amenize a sede de vida que as agoniza, pessoas que rogam a piedade do outro, de Deus, que as liberte do doloroso destino que lhe é marcado antes mesmo de nascer. A seca destrói a natureza, arrasa as plantações, os campos, mata o gado de fome e assim acaba com qualquer vestígio de humanidade que possa existir, devasta o mundo de sonhos, a vontade do homem sertanejo em se tornar vitorioso na sua terra natal. Ela faz definhar lentamente as esperanças das pessoas e as dificuldades as impelem a deixar 9
para trás, o pouco que tem na vida, para ir atrás de uma nova oportunidade na cidade grande, na esperança de terem uma vida melhor e poder ajudar os que ficam no sertão. Ao chegarem à cidade grande, descobrem para sua tristeza, que a coisa não é bem assim. Na selva de pedra, alguns conseguem e outros não e, foi com a esperança de conseguir, que Alessandra, a bela flor do sertão como era chamada quando chegou à cidade grande, deixou tudo para trás e partiu em busca da realização de seus sonhos, no Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa. 10
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Capítulo 1 Alessandra estava cansada, na verdade, sentia-se exausta e sem nenhuma motivação para sair de casa naquele belo dia de verão na cidade maravilhosa. Muitos anos depois de ter deixado Aquidabã, interior de Sergipe, no nordeste brasileiro, para tentar a vida na cidade grande, sua vida agora era outra, não tinha mais dificuldades financeiras, estava estabilizada após ter alcançado algumas metas mas, nos ultimos tempos, a rotina e monotonia eram uma constante insuportável em seu dia a dia. Dia após dia sua rotina era trabalho, casa, trabalho e nada mais. Ao chegar ao Rio de Janeiro, sem preparo, sua única chance de permanecer na cidade foi arrumar um emprego como doméstica. Durante anos trabalhou e dormiu no emprego. 13
Sua primeira empregadora a instalou no quarto de empregadas, pequeno, úmido e frio e foi nele que ela viveu boa parte de sua juventude. Apesar das dificuldades, Alessandra tinha um sonho. Queria fazer curso de Enfermagem e para isto, trabalhou como uma escrava durante o dia e estudou muito durante a noite até de madrugada, mas aos trancos e barrancos, finalmente coseguiu se formar. Daí em diante, sua vida iria mudar de forma radical. Depois de uma decepção amorosa em sua juventude, com um médico do hospital onde foi assumir seu primeiro emprego como enfermeira, nunca mais se envolveu sentimentalmente. Foi seu primeiro amor, um amor que surgiu de onde ela menos esperava e que até agora, mesmo sem saber por onde andaria seu amado, permanecia enrraizado em seu coração. Sem carinho, sem amor, dedicando sua vida apenas ao lado profissional, sentia-se realmente desmotivada ao menos para caminhar pelo calçadão de Copacabana naquela manhã. O dia amanheceu lindo. O céu azul, sem nuvens e o sol dando seu show matutino sobre a cidade, era um convite para ir à praia. 14
Ao longe, o Cristo Redentor no alto do Corcovado, de braços abertos, parecia oferecer aos cariocas e aos turistas, um abraço carinhoso. A Rua Republica do Perú onde ela morava e trabalhava agora, estava quase vazia. A maioria dos moradores já tinham ido para a beira do mar, que naquela manhã, estava calmo, perfeito para um mergulho. Alessandra estava ainda em seu quarto, indecisa, se aceitaria ou não um convite para ir à casa de alguns amigos da familia, para quem ela trabalhava como enfermeira particular. Ela estava absorta em seus pensamentos, quando uma batida na porta de seu quarto e despertou para o mundo real. Alessandra não sabia, mas aquela batida em sua porta, iria mudar sua vida para sempre e de uma maneira que ela jamais teria esperado que fosse acontecer. Aleeeeê? E ai? Tudo pronto? Vamos? - Perguntou uma voz alegre do lado de fora. Alessandra sorriu para si mesma e foi abrir a porta do quarto, deixando a bela e graciosa Amanda entrar, com toda a animação e alegria de uma adolescente feliz e sonhadora. 15