MISSÃO DE OBSERVAÇÃO DA UNIÃO AFRICANA ÀS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 20 MARÇO DE 2016 NA REPÚBLICA DE CABO VERDE DECLARAÇÃO PRELIMINAR

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Transcrição:

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Tel +251-11-5517700 Fax. + 251-11-5517844 MISSÃO DE OBSERVAÇÃO DA UNIÃO AFRICANA ÀS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 20 MARÇO DE 2016 NA REPÚBLICA DE CABO VERDE DECLARAÇÃO PRELIMINAR I. INTRODUÇÃO De acordo com as relevantes disposições da Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governação e das orientações da União Africana para as missões de observação e monitoria de eleições de 2002, a Presidente da Comissão da União Africana (CUA), Sua Excelência Dr. Nkosazana Dlamini-Zuma, enviou uma missão de observação às eleições parlamentares de 20 de Março de 2016 na República de Cabo Verde. Esta Missão de Observação da União Africano (MOEUA) é a segunda que a União Africana envia à República de Cabo Verde. Liderada pela Sra. Zainabo Sylvie Kayitesi, ex-presidente da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP), de nacionalidade ruandesa, a MOEUA é composta de 20 observadores, incluindo parlamentares do Parlamento Pan-Africano, membros dos órgãos de administração eleitoral e membros de organizações da sociedade civil e dos direitos humanos. Estes observadores representam 12 países, a saber: Angola, Argélia, Burundi, Etiópia, Guiné-Bissau, Moçambique, República Democrática do Congo, Ruanda, Seychelles, Suazilândia, Togo e Tunísia. A missão é apoiada por uma equipa de peritos da Comissão da União Africana, do Parlamento Pan-Africano e do Instituto Eleitoral para a Democracia Sustentável em África (EISA). Presente na República de Cabo Verde desde 16 de Março, a MOEUA permanecerá no país até 24 de Março de 2016.

Através desta declaração, a MOEUA apresenta as suas conclusões preliminares e recomendações, baseadas na sua análise do quadro legal e regulamentar, nas suas consultas com os intervenientes no processo eleitoral e na observação da votação e contagem dos votos. A missão irá posteriormente publicar um relatório final contendo uma análise detalhada da condução do processo eleitoral na República de Cabo Verde. II. OBJECTIVOS E METODOLOGIA DA MISSÃO A MOEUA tem como objectivo avaliar a consistência, credibilidade e justeza das eleições de 20 de Março de 2016 na República de Cabo Verde, em consonância com as disposições pertinentes da Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governação, a Declaração da OUA/UA sobre os princípios que regem as eleições democráticas em África, as orientações da União Africana para missões de observação e monitoia de eleições e do Mecanismo Africano de Revisão de Pares. A avaliação do processo eleitoral também se baseia no quadro jurídico nacional em vigor para as eleições parlamentares na República de Cabo Verde. Durante a sua estada em Cabo Verde, o MOEUA reuniu-se com várias instituições nacionais. A 18 de Março de 2016, a MOEUA organizou uma sessão de orientação e fromação dos seus observadores sobre o quadro jurídico e o contexto político e eleitoral na República de Cabo Verde. As equipas de observadores foram destacadas, a 19 de Março de 2016, para quatro ilhas, nomeadamente Santiago, Santo Antão, São Nicolau e São Vicente. No dia da eleição, 8 equipas da MOEUA observaram a abertura das assembleias de voto, a votação, o encerramento e a contagem dos votos nos seguintes círculos eleitorais: Santiago Norte, Santiago Sul, Santo Antão, São Nicolau e São Vicente. III. RESULTADOS PRELIMINARES DE OBSERVAÇÃO ELEITORAL A. O Quadro Jurídico A Constituição de Cabo Verde consagra as liberdades e os direitos civis fundamentais. O direito de voto é reconhecido pela lei fundamental para todos os cidadãos maiores de 18 anos. A Constituição garante o direito de ser eleito, o princípio do sufrágio universal, livre, directo e secreto e o direito de não ser discriminado com base na raça, origem, sexo, língua, religião, situação socio-económica e as opiniões políticas e ideológicas. 2

O Código Eleitoral de Cabo Verde cria um quadro regulador para a organização de eleições transparentes e inclusivas. No entanto, a MOEUA constatou que os artigos 105 e 106, que regulamentam a actividade eleitoral dos meios de comunicação e o uso de músicos profissionais durante as campanhas eleitorais, foram submetidos à apreciação do Tribunal Constitucional, a pedido do Presidente da República, para fiscalizar a sua constitucionalidade. A MOEUA saúda Cabo Verde pelas disposições legais e o estabelecimento de mecanismos para a votação antecipada de pessoas em serviço e fora da sua residência habitual no dia da eleição, bem como de pacientes internados em hospitais e os prisioneiros. A MOEUA é da opinião que o quadro legal para as eleições de 20 de Março de 2016 é propício para o exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos caboverdianos, e está em conformidade com as normas internacionais relevantes nesta área, incluindo a Carta Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos e da Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governação. B. A Administração Eleitoral A MOEUA constatou que os membros da Comissão Nacional de Eleições (CNE) são seleccionados por maioria qualificada dos membros da Assembleia Nacional, o que reflecte um consenso das principais forças políticas. A CNE, de acordo com as conclusões da Missão, é vista por todos os actores do processo eleitoral como um órgão independente, qualificado e competente. C. O Recenseamento Eleitoral e os Cadernos de Eleitores A MOEUA nota com satisfação que o recenseamento eleitoral é um processo contínuo, com base na utilização de tecnologia biométrica. A Missão foi informada de que todos os eleitores tiveram o tempo necessário para consultar os cadernos eleitorais e requerer correções, se necessário. A MOEUA observou que os actores eleitorais confiam na integridade do processo de recenseamento eleitoral e dos cadernos de eleitores. Cabo Verde tomou as medidas necessárias para permitir que os seus cidadãos que vivem no exterior se registassem nos cadernos eleitorais. A MOEUA congratula-se com a inclusão deste segmento significativo da população no processo de recenseamento eleitoral. Cabo Verde é, portanto, parte do pequeno grupo de países africanos que trabalham para a inclusão e participação dos cidadãos que vivem no estrangeiro no processo eleitoral, apesar do custo financeiro que isso acarreta. No entanto, os 3

cadernos de eleitores na diáspora não foram atualizados em cinco países 1, privando assim alguns cidadãos cabo-verdianos residentes nesses países do direito ao voto. D. Apresentação de Candidaturas A Missão notou que todas os partidos políticos que apresentaram listas de candidatos aos tribunais foram autorizados a participar nas eleições. Algumas listas foram, no entanto, rejeitadas em alguns círculos eleitorais por causa de irregularidades. A Missão observou que o Tribunal Constitucional, respeitando o princípio da inclusão e da razoabilidade, decidiu restaurar o direito de participar das listas eleitorais que inicialmente tinham sido excluídas pelos tribunais inferiores por não cumprirem os requisitos relativos ao número mínimo de candidatos suplentes. E. A Participação das Mulheres A MOEUA notou a boa representação das mulheres nos órgãos de administração eleitoral. Observou, no entanto, a sub-representação das mulheres como candidatas e como líderes de partidos a nível nacional. Apenas 21% dos candidatos foram mulheres e as mulheres estiveram à cabeça de apenas 14,6% das listas. Apenas um dos seis partidos em contenda teve uma mulher como candidato ao cargo de primeiro-ministro. F. A Comunicação Social A Missão saúda as medidas legais tomadas para assegurar uma cobertura imparcial das eleições pela comunicação social e saúda os esforços dos meios de comunicação públicos para conceder aos partidos políticos concorrentes ampla cobertura, justa e equilibrada, das suas atividades de campanhas. A Missão também saúda os esforços da Autoridade de Regulação da Comunicação Social. G. A Campanha Eleitoral A campanha eleitoral foi, em geral, pacifica e em conformidade com as disposições legais sobre a matéria. O civismo da maioria dos apoiantes dos diferentes partidos políticos contribuiu para a atmosfera de calma observada pela MOEUA nos últimos dias da campanha eleitoral. Nenhum incidente de violência foi observado pelas equipas de observadores da UA ou relatado a elas. A Missão observou, no entanto, que queixas formais relativas à campanha foram submetidas à CNE. Elas estavam relacionadas com um programa de habitação patrocinado pelo governo, o uso de músicos profissionais em comícios de partidos e com a alegada falta de equilíbrio entre os partidos políticos na selecção e distribuição de membros das mesas das assembleias de voto, como previsto no Código Eleitoral. 1 Angola, Grã-Bretanha, Guiné-Bissau, Moçambique e Suécia. 4

A Missão elogia os órgãos de comunicação social pela transmissão gratuita, através dos tempos de antena, dos programas eleitorais dos partidos políticos. A missão observa, no entanto, que esta provisão legal aplica-se apenas aos partidos que concorrem em pelo menos 5 círculos eleitorais e, portanto, duas partidos não puderam utilizar os canais públicos para fazer chegar os seus programa aos eleitores. O MOEUA elogia todos os partidos políticos e candidatos por terem respeitado o fim da campanha a 18 de Março. H. A Participação da Sociedade Civil A Missão notou que a observação eleitoral pelos cidadãos cabo-verdianos não é permitida por lei, ao contrário melhores práticas democráticas no continente africano, e mesmo a observação internacional não é mencionada no Código Eleitoral. I. A Segurança do Processo Eleitoral Os actors do processo eleitoral expressaram à Missão a sua confiança na neutralidade e profissionalismo das forças de segurança. A Missão observou o profissionalismo com que a Polícia Nacional de Cabo Verde garantiu a segurança da distribuição dos materiais eleitorais e da campanha eleitoral. IV. OBSERVAÇÕES DO DIA DAS ELEIÇÕES A. Observações Gerais No dia 20 de Março, as equipas de observadores da UA visitaram um total de 106 assembleias de voto em 15 municípios. O ambiente ao redor das assembleias de voto foi pacífico e tranquilo e não houve nenhuma actividade de campanha visível num raio de 500 metros das assembleias de voto. O pessoal encarregado da segurança esteve presente de modo visível no exterior da maioria dos centros de votação. O seu comportamento foi profissional e sua presença discreta. Os observadores da UA e os delegados dos partidos puderam desempenhar as suas funções sem obstáculos ou interferência, excetpo em duas assembleias de voto na cidade da Praia, onde os presidentes das mesas não permitiram que observadores da UA observassem o processo de contagem. A missão observou, no entanto, que todos os delegados dos partidos políticos estavam na posse dos cadernos eleitorais, o que contribuiu para a transparência do processo. 5

Os membros das mesas das assembleias de voto estavam em geral bem formados e geriram bem todos os procedimentos. O segredo do voto foi garantido em todas as assembleias de voto observadas pela UA. A maioria das assembleias de voto visitadas foi acessível aos eleitores portadores de deficiência e estavam dispostas de forma a permitir uma votação ordeira. A Missão observou com satisfação a elevada participação das mulheres no dia da eleição. Por exemplo, 60% dos membros das mesas e 55% dos delegados dos partidos políticos nas assembleias de voto visitadas pela Missão eram mulheres. A Missão da UA saúda a elevada participação dos cabo-verdianos no dia da eleição, cuja taxa de participação foi estimada em 66%. B. Abertura das Assembleias de Voto Os procedimentos de abertura foi aplicados na maioria das assembleias de voto visitadas. Cerca de 65% das mesas de voto visitadas abriram a horas, em comparação com 35% que abriram tarde. A principal razão para o atraso na abertura foi o número insuficiente de membros da mesa à hora da abertura e a falta de algum material eleitoral, tal como cabines de votação e urnas. O número insuficiente de membros de mesa em algumas assembleias de voto na altura da abertura obrigou alguns presidentes de assembleias de voto a recrutar membros do público para substituir os membros em falta. Esses membros substitutos receberam uma rápida e curta formação antes da abertura da assembleia de voto. Os presidentes das assembleias de voto asseguraram-se de que as urnas estavam vazias e que, em seguida, foram devidamente seladas antes da votação. Em casos isolados, as urnas não foram seladas devidamente. Antes do início da votação, vários membros das mesas não tinham recebido informação sobre a deliberação da CNE instruindo todos os presidentes das assembleias de voto a assinar as boletins de voto no verso antes de entregá-los aos eleitores. O processo de contagem dos boletins de voto antes do início do processo de votação inicialização foi muito demorado e também contribuíu para a abertura tardia de algumas assembleias de voto. C. O Processo de Votação Após o início da votação, a MOEUA observou que todos os materiais eleitorais estavam disponíveis em todas as assembleias de voto visitadas em quantidades suficientes. 6

Em todas as mesas de voto observadas, os votos daqueles que votaram antecipadamente chegaram a horas, exceto numa Assembleia de voto, em que um envelope chegou tarde e foi, portanto, rejeitado nos termos da lei. A Missão observou um único caso de um eleitor que não foi autorizado a votar porque não tinha identificação. Todos os eleitores que eram portadores da sua identificação constavam dos cadernos eleitorais. Foi dada prioridade a pessoas portadoras de deficiência, aos idosos, às mulheres grávidas e àqueles que precisaram de assistência. No entanto, a Missão registou as seguintes deficiências: Em algumas assembleias de voto, os boletins de voto não foram assinados no verso; O procedimento para a aplicação da tinta indelével foi seguido de forma inconsistente - em alguns casos, a tinta foi aplicada antes do boletim de voto ser entregue ao eleitor, o que pode vir a resultar na anulação do boletim por causa de marcas de tinta; Em algumas assembleias de voto, os presidentes das mesas não verificaram se os dedos dos eleitores tinham ou não sido marcados com tinta indelével antes de entregar os boletins de voto; Muitos eleitores não conseguiram localizar seus locais de votação e tiveram que ser reencaminhado pelos membros da primeira assembleia de voto onde tentaram votar. D. Encerramento da Votação e Contagem dos Votos Todas as mesas observadas encerraram a horas e os procedimentos de contagem foram fielmente seguidos pelos membros das mesas. E. Processamento e Anúncio dos Resultados A Missão observou com grande satisfação o sistema eficaz, rápido e transparente de gestão dos resultados estabelecido pela CNE, DGAPE e NOSi. Ele permitiu o acompanhamento do processo de apuramento provisório em tempo real por todos os actors do processo eleitoral e pelo público em geral, através de várias plataformas de informação. V. CONCLUSÃO O MOEUA nota que as eleições parlamentares de 20 de Março em Cabo Verde tiveram lugar em conformidade com a Carta Africana sobre Democracia, Eleições e 7

Governação e outros instrumentos que regem as eleições democráticas em África, bem como com o quadro jurídico em vigor em Cabo Verde. A Missão também é da opinião que estas eleições foram transparentes, pacíficas, livres e justas e foram a expressão da vontade do povo de Cabo Verde. O MOEUA felicita os Órgãos de Administração Eleitoral da República de Cabo Verde pela forma independente, profissional e eficiente com que conduziram o processo eleitoral. A Missão elogia o povo e as forças políticas de Cabo Verde pela sua maturidade cívica e política, que levou a um processo pacífico, ordeiro e credível, e felicita-os pelo seu compromisso contínuo com a consolidação da democracia e da boa governação no país. VI. RECOMENDAÇÕES Com base nas constatações apresentadas acima, a MOEUA faz as seguintes recomendações: À Assembleia Nacional: No quadro de uma futura revisão do Código Eleitoral: o Incluir disposições explícitas para a actividade de observadores nacionais e internacionais; o Estabelecer o número mínimo de candidatos suplentes exigidos de acordo com o número de mandatos; o Adoptar medidas legais ou outras para garantir que um número significativo de mulheres sejam seleccionadas como candidatas e sejam eleitas como membros da Assembleia Nacional; o Estender os tempos de antena gratuítos a todos os partidos concorrentes. À Comissão Nacional de Eleições: Certificar-se do estrito cumprimento da exigência legal de garantir um equilíbrio entre os partidos políticos na seleção do pessoal das assembleias de voto; Garantir a pontualidade dos membros das assembleias de voto e também que os materiais eleitorais chegam a tempo para evitar a abertura tardia das assembleias de voto; Melhorar a formação do pessoal eleitoral para assegurar a consistência na aplicação dos procedimentos. 8

Aos Partidos Políticos: Aumentar o número de mulheres candidatas e colocá-las em posições nas listas onde sejam susceptíveis de serem eleitas. Praia, 21 de Março de 2016 Pela Missão, Sra Zainabo Sylvie Kayitesi Chefe da Missão 9