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Transcrição:

FORMAR-SE Senhoras e senhores, Há em muitas de nossas falas, quando terminamos um ciclo, algo que ocorre muito na cultura, algo que tem a profunda marca antropológica dos rituais: a celebração de uma passagem, que é algo que marca o fim de um período para o início de outro. E nessas ocasiões, a idéia de orgulho pelas conquistas fica bastante evidente. Neste dia, consolidamse muitos sonhos: a concepção de um Centro Universitário que forma sua primeira turma, para a mantenedora dessa instituição; um ciclo completo para vocês, alunos; a sensação de dever cumprido dos profissionais que colaboraram nos passos dos alunos para conseguirem alcançar esse grau em sua formação; e o anúncio à sociedade de mais um conjunto de profissionais habilitados pelo diploma ao exercício de uma função útil. Tudo isso deveria ser algo que nos elevasse a um sentido maior, não apenas o de uma passagem, como em todos os rituais humanos. A busca por nossa grandeza como pessoas não está unicamente em cumprir jornadas, em celebrarmos passagens, em completarmos ciclos. Devemos, antes de pensar em nosso triunfo, sentirmos a humildade de quem deve hoje servir aos demais, àqueles que não tiveram o privilégio de poderem obter sua formação escolar, àquelas outras pessoas que vivem à margem do mundo, longe do bem-estar que hoje nós podemos saborear. Temos que reconhecer que este Centro Universitário é apenas um local físico, uma propriedade de alguém que se dispôs a torná-la pública para uso de uma nobre função da sociedade, que é a aprendizagem. Mas, de nada adianta a idéia de centro universitário, de algo que concentre a busca pela expansão de

nossos cérebros por meio do conhecimento, se nós não dermos a nós um destino de servir aos mais necessitados. Temos a honra de abrir nossa condição de fornecer educação e chegar a um bom termo com a conclusão de mais um ciclo, que é agora o primeiro de nosso recém-criado Centro Universitário, mas devemos ter também a responsabilidade por oferecer o melhor de nós para os mais carentes. Os problemas enfrentados por nações menos desenvolvidas são imensos. Até nos países com grande condição de desenvolvimento humano, há situações de miséria, muitas vezes oculta pelas vitrines do cinema, que só mostram o lado mais ameno da vida, o eletrizante da ação cheia de luzes, mas que sabe que nem tudo é sonho realizado para todos. Crianças abandonadas, por exemplo, podem ser vistas até na Califórnia, bem ao lado da Disneylândia. O mundo definitivamente ainda não é o Paraíso que o sonho humano acalenta. A missão de um universitário graduado consubstancia-se no juramento que ele deve prestar ao receber seu diploma. As promessas que fará de servir à cultura, à educação e à ciência, com dedicação, zelo e profissionalismo, não devem jamais ser algo burocrático, frio, recitado apenas por recitar, para cumprir sem sentimento o obrigatório para receber o canudo. Não, jamais! Senhoras e senhores, jovens e pessoas que me ouvem, estamos aqui celebrando a nossa vocação de servirmos. O maior dos líderes deve ser o mais humilde dos servos. Hoje, muitas concepções de administração vêem, por exemplo, os melhores gerentes como aqueles que melhor servem a seus subordinados, no sentido de lhes trazerem o maior bemestar possível, a fim de que as empresas pensem uniformemente em crescer e amparar a todos. Ninguém pode ser deixado de lado. A vida deve ser vivida bem por todos. O sol efetivamente nasce todos os dias igualmente para cada um.

Não tomem minhas palavras como apelo demagógico a algo que não é possível. Se o grande Gandhi conseguiu a independência da Índia junto aos ingleses sem precisar de uma guerra sequer, sem levantar de sua parte a mão para empunhar o instrumento da violência contra os ingleses, por que não será possível que nós, seres pacíficos, civilizados, agora instruídos com um diploma, não possamos dar uma pequena contribuição nossa a um mundo melhor? A vida não está pronta, senhoras e senhores! O mercado enlatado que nos consome não pode unicamente nos querer provar a todo instante, como sempre tenta fazer, que é apenas possível ser feliz comprando bens de consumo. A vida não vem em fórmulas de viver, com instruções para uso, e pronto. Ela se torna digna ao termos atitudes dignas, ao buscarmos ajudar a quem de nós precisa, ao vivermos com solidariedade. A enorme emoção de vermos em nós pessoas de bem, não no refúgio egoísta de quem apenas pensa que é bom porque não faz mal a ninguém, vive sua vida e cuida de sua família, e o resto é com o governo, deveria ser a sensação de podermos servir. Se o nosso Centro Universitário busca sempre formar pessoas de bem, ele deve ocupar-se sempre em criar pessoas que sirvam ao bem-estar de todos. Instalações, equipamentos, profissionais, conforto, conhecimento, livros, horas de estudo, para algo maior devem servir do que simplesmente garantir nosso progresso individual. De nada adianta sobrevivermos no luxo se o mundo à nossa volta despenca. A maior segurança não são as grades, mas a satisfação do mundo à volta por poder comer, respirar em paz, sentir-se saudável, feliz e amado. Muito grande será nosso esforço daqui para frente. A dedicação que tivemos no tempo em que durou nosso curso, até chegarmos a esta conclusão, que é celebrada hoje, aqui, neste templo do saber que é este Centro Universitário, deverá ser multiplicada no diaa-dia de servir ainda mais a quem de nós necessite.

Tomemos o entusiasmo em nossos corações e mentes. Caminhemos em direção à necessidade do outro. As conseqüências serão a alegria de sentir-se bem ao fazer o bem. A alegria de crescer por fazer crescer. Assim, somente assim, conquistaremos muitos amigos, sólidos amores, fraternais abraços, eternos laços de confiança. Aquilo que o Centro Universitário ofereceu a esta primeira turma de formandos será maior em cada um de vocês, formandos, se souberem realizar seus sonhos não tentando diminuir o sonho de ninguém mais. Competir e vencer pode ser algo saudável, mas solidarizar-se é a verdadeira conquista. Ninguém nasce de apenas um ser. Duas vontades são necessárias e o terceiro ingrediente fundamental, que é o amor. Vençamos nosso egoísmo, nosso orgulho solitário, contemplemos a comunidade que nos espera, a sociedade que anseia por nosso esforço solidário. Façamos do bem nosso lema. Preservemos a história de civilização que conquistamos, a partir do momento em que os seres humanos começaram a aventurar-se fora de suas cavernas em busca do desconhecido. Que a aventura humana de conhecer, que apenas iniciamos a desbravar, não se esgote com apenas este diploma! Agora, o que nos espera é a responsabilidade pelo mundo melhor. Não subestimemos nossos esforços. Não diminuamos nosso diploma. Somos universitários formados. Somos pessoas com grau superior em vida. Somos gente que servirá a gente. Longe de termos a soberba pela conquista, celebremos a humildade saudável em poder chegar ao grau de conseguir, pela competência, saber servir dignamente a quem de nós necessite. Sejamos todos felizes em saber servir! Muito Obrigado!