3ª Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro - 2012 Textos Selecionados FIEB Escola: EEFMT Profª. Maria Theodora Pedreira de Freitas Título:Um bocado do meu bairro Gênero: Crônica Autor: Paulo Ricardo Moraes Silveira Junior Série: 8ª série / 9º Professor Orientador: Gibson James Pereira Rodrigues Um bocado de meu bairro Bem que eu me lembro de uma velhinha sentada às cinco e meia da tarde do sábado, fazendo de sua cadeira de vime o seu céu. Clemência a Seu Malaquias! Rodando de cima a baixo, com seu carrinho-de-mão, suportando o sol ardente que teima em castigar suas costas, incansavelmente. É calor, não chove há algum tempo por aqui. Sabe, nunca descobri o que aquele curioso sujeito carrega em seu carrinho-de-mão. É figura peculiar: sempre com o seu mesmo e alegre sorriso e o chapéu de pano azul, sobe e desce as ladeiras do bairro, distribuindo bom-dia, geralmente sem resposta. Creio que o que carrega é apenas a felicidade de poder ser o Seu Malaquias e o carrinho-de-mão é só desculpa, seu mistério particular, secretamente partilhado com os moradores do bairro. O pai que volta do trabalho, arrastando-se pelas calçadas cruas, vestidas de buracos que não são capazes de abrigar a vergonha deste homem, que traz no bolso apenas alguns trocados e na cabeça, o suor. O duro suor que em pouco cessará, amenizado pelo abraço quente, sempre quente, de seu filho e o puro beijo de sua mulher, que o aguarda desde que sumira pelas esquinas, engolido pela cidade, às cinco da manhã, à procura de trabalho. E não me esqueço do campinho de terra. Ó, campinho de terra... Quantas histórias, quantas vitórias...! Lembro-me de quando tinha exatos onze anos, sem saber o que querer e o que dever fazer para ser eu mesmo, jogado pelos campinhos a marcar, apenas marcar. Por marcar mesmo. Gols! Bons
tempos... Agora não é mais que um elegante palco para o nada. Palco para que o vento passe. E passe de novo, e de novo. Queria eu ter onze anos outra vez, só para poder sentir cada partícula de terra subir, num ligeiro levante, a invadir minha pele, invadir meu corpo e ter febre no dia seguinte e ficar de castigo e fingir que a febre se arrastará até segunda, para servir de motivo de falta na escola. Hoje Seu Duda fecha às seis. Hoje é sábado. É um senhor simpático, que mesmo sempre de óculos, insiste em baixar levemente a cabeça e olhar por cima destes. Ousa manter essa mania, mas é essa mania que o faz Seu Duda. E é isso que torna os postes, postes. E é isso que torna as ruas, ruas. E é isso que torna o meu bairro, o meu bairro. E toda essa afinidade faz com que o bêbado vagueie pelas ruas de meu bairro, numa dança que só ele sabe dançar, deleitando-se com sua pinga barata e sem rótulo. De alma caridosa. Mas é sábado. Pelo que me lembro, um dia festivo! Ouço fogos de artifício por motivos que desconheço, buzinas desafinadas à porta de minha casa e o grito da criança na casa ao lado, por não querer ir tomar banho. A criança berra, mas é sábado, e seu grito apenas é mais um instrumento que se une a essa eterna festa que é meu bairro ou apenas é sábado, e ele não quer saber de banho... E a velhinha continua sentada, fazendo de sua cadeira de vime o seu céu. E levita, pensando ser domingo...
Escola: EEFMT Profª. Dagmar Ribas Trindade Título: Todo lugar; lugar Nenhum Gênero: Crônica Autor: Guilherme Augusto Santos Série: 1ª série Ensino Médio Professor Orientador: Wagner Santos Araújo Todo lugar; lugar Nenhum O dia em questão, já não importa. Sei que era um dia de semana, e o clima era agradável. Dobrei a esquina e lá ao fundo, do lado esquerdo da rua estava ela... Por fora, amarela. Por dentro, branco perolado. Tem mais de trinta anos e nem por isso é velha. Acho-a na verdade nova e bem atraente. O jardim complementa a fachada da casa. A linda casa que chamo de lar há cerca de oito anos. Mas, será que talvez você acredite que eu não vivo aqui? Já faz algum tempo que penso assim. Faz realmente um bom tempo que eu já penso assim. Eu não vivo aqui, eu não vivo lá. Num mundo tão grande é impossível me demilitar a um espaço tão pequeno quanto uma simples casa. A única certeza em relação ao local em que vivo, é que vivo na Terra, já que seria "impossível" sair dela. Eu decidi que vivo em todo lugar e em lugar nenhum. Obviamente, o carinho por essa antiga casa amarela permanecerá, talvez, para sempre. Mas eu sei que lá no fundo, eu anseio mais, muito mais. Ver mais coisas, conhecer mais gente e viver mais, muito, muito mais. Estou chegando em "casa", a mochila pesa, o uniforme é quente e estou com fome, mas isso nunca me impediria de parar e esperar só mais um pouco. Afinal, tal casa que fez parte da minha vida deve ser contemplada. Pois a qualquer momento posso ir para todo lugar ou a lugar nenhum. Nem mesmo esta casa, que meu avô e avó moraram pode me deter de partir, mas decido que, talvez, possa fazer dela meu porto bandeira. Não a casa material, afinal, ela vai cair um dia, seja pelo tempo, seja pela força. O que ficará será a essência e só ela. Os bons momentos aqui formados. Momentos que, assim como eu, pertencem a lugar nenhum e a todo lugar.
Escola: EEFMT Profª. Dagmar Ribas Trindade Título: Canção Da Minha Terra Gênero: Poesia Autor: Vitória Fernandes Severino Série: 4ª série / 5º ano Professor Orientador: Débora Cristina Santos Ferraz Canção Da Minha Terra Minha terra tem raízes, De um povo hospitaleiro, Tem pessoas virtuosas, Talento de brasileiro. Minha terra é lugar, De paz e tranquilidade, De belezas e encantos, De justiça e igualdade. Nosso povo tem um brilho, E um olhar de gratidão, Um trabalho conquistado, Com luta e dedicação. Minha cidade tem praças, Onde canta o Bem-te-vi, Percebemos mais encanto, Quando voam por aqui. No idoso tem exemplo, Na criança, inocência, Aqui aprendemos mais, Com respeito e reverência. A terra que me refiro, É minha cidade que cresce, É esteio para o jovem, Que cada vez mais resplandece. No lugar onde vivo,
Tenho mais dignidade, Oferece-me respeito, Pelas oportunidades. Não há em outro lugar, O prazer que sinto aqui. Minha terra tem praças, Onde canta o Bem-te-vi. Não permita Deus, que eu busque, Futuro em outro lugar, Sem que desfrute os primores, Desta terra exemplar. Não permita que eu cresça, Num berço longe daqui, Sem que eu ouça de novo, O canto do Bem-te-vi.