COMERCIALIZAÇÃO E INSPEÇÃO DA CARNE BOVINA NA BAHIA

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Transcrição:

COMERCIALIZAÇÃO E INSPEÇÃO DA CARNE BOVINA NA BAHIA Ardson José Leal* A Cidade de Salvador foi fundada em 29 de março de 1549, pelo primeiro Governador Geral do Brasil, Thomé de Souza. O primeiro estabelecimento de comercialização da carne na Bahia foi um açougue construído por Luís Dias, mestre de obra português, o qual edificou, em 1552, o conjunto Câmara e Cadeia da Cidade hoje a atual Câmara de Vereadores na Praça Municipal. Um dos seus quarteirões foi ocupado por um açougue onde eram comercializadas as carnes, frutas e verduras. Pelo que se sabe, essas carnes não eram inspecionadas para serem consumidas, e não consta a construção de matadouro para abates de animais, no projeto de edificação de Salvador. As obras do açougue foram executadas pelo pedreiro Belchior Gonçalves, o qual recebeu como pagamento 6.880 reais em 26/02/1552. Quando D. João, Príncipe regente, aqui aportou em 1808 com sua Corte e os seus serviçais, não trouxera médico veterinário em sua comitiva. Em Portugal, àquela época, não havia Escola de Veterinária, porque somente em 26 de março de 1845, foi criada a Escola de Veterinária de Lisboa, sob a direção do Ministério da Guerra. A expansão urbana da cidade do Salvador e o crescimento da população deslocaram a comercialização da carne do açougue localizado no Edifício da Câmara e Cadeia, para o lado direito da ladeira de São Bento, onde estavam localizadas várias barracas que comercializavam carnes e vísceras. Isso se deu em virtude do abate de animais ser realizado na roça do Convento, que dava para a Rua da Vala, na Barroquinha. Nesta rua corria um rio que recebeu o nome de Rio das Tripas, onde eram lavadas as vísceras dos animais abatidos. Essa prática permaneceu por muitos anos, até ser editada em 1 de Junho de 1868 a Lei Provincial, que tinha por objetivo higienizar a Capital, proibindo o abate de animais em fundo de quintais principalmente de ovinos, caprinos e suínos. Para solucionar esse problema, o Senhor Castro Rebelo, negociante e homem público de prestígio, juntou-se aos irmãos Ariani, para serem fiadores de Elseário Pinto, um cidadão pouco conhecido, que foi privilegiado com um contrato, assinado em 16 de julho de 1869, para construir um matadouro localizado na Fazenda Retiro. Esse contrato teria validade de vinte anos e o prazo de dois anos para a construção do matadouro. *Acadêmico Titular Fundador da Academia Baiana de Medicina Veterinária

Ao empresário cabiam várias responsabilidades, entre elas, manter às suas custas um médico para assistir as matanças e enterrar, em cemitério feito em lugar aprovado pela Câmara, carnes reconhecidamente infectadas. Assim tem início a inspeção sanitária da carne na Bahia, realizada por médico, no Matadouro do Retiro, a partir de 1871, porque ainda não havia no Brasil médico veterinário nesta época. Esse fato poderá ser comprovado em uma tese defendida pelo médico Narciso da Silva, na Faculdade de Medicina da Bahia, onde cita o Relatório do ano de 1889, apresentado pelo diretor do Matadouro do Retiro, o médico Dias Coelho, onde registra que dos 2.000 bois abatidos naquele ano houve 431 condenações. Outra responsabilidade do empresário era que o gado que desse entrada no matadouro teria que ter 24 horas de descanso antes de ser abatido. Após vinte anos de exploração, o estabelecimento, com tudo que nele existisse pertenceria à Câmara Municipal, independente de qualquer indenização, razão pela qual, o Matadouro do Retiro era propriedade do Município do Salvador, até a sua desativação como veremos mais a diante. A expedição do Regulamento do novo órgão denominado Serviço de Inspeção de Fábricas de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, cujo Decreto de Criação de n 11.662, de 27 de Janeiro de 1915, bastante detalhado, foi o primeiro diploma de Inspeção e Fiscalização da Carne no Brasil. Vale salientar que, no Paraná, em Curitiba, em 31 de Julho de 1912, foi criado o cargo de Veterinário, encarregado de fiscalizar a matança do gado no Matadouro Municipal daquela cidade, tendo sido encarregado da fiscalização, o veterinário italiano Constantino Stropa, formado em Milão. Na Itália, em 1789, todos os animais abatidos, eram inspecionados por médicos veterinários nos matadouros da época. A primeira Escola de Veterinária em Turim data de 1769. A ela seguiram-se a de Pádua 1774, Bolonha 1783, Milão 1789, Modena 1791. Já no século XVIII existiam sete Escolas de Veterinária na Itália. Afora o registro de 1912, ainda não havia veterinário no Brasil, na Inspeção e Fiscalização e até mesmo no Ministério da Agricultura. A inspeção e fiscalização da carne de bovinos, era praticada por médicos que inclusive chefiaram as atividades criadas em 1915, e continuaram por algum tempo prestando seus valiosos serviços. Entre esses profissionais são destacados os médicos: Alcides da Rocha Miranda, Paulo Figueiredo Parreira Horta, Aleixo de Vasconcelos, e Franklin de Almeida, este o primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária. Na Bahia, desde a inauguração do Matadouro Municipal do Retiro, nas últimas décadas do século XIX, a inspeção era também praticada por médicos como já foi assinalado.

Em 1918, Dr. Antonio Muniz então governador da Bahia, em despacho com o Inspetor Itinerante J. Araújo Góes, médico do Ministério da Agricultura, manda lavrar o Decreto n 18.621 de 5 de julho de 1918, disciplinando a aplicação das exigências do Legislativo Federal, e resolve manter médicos como Delegados de Higiene, os quais atuavam em dezessete matadouros municipais. Este Decreto tinha como objetivo a aplicação das exigências do Legislativo Federal, na Inspeção e Fiscalização da carne bovina, nos matadouros da época, visando à possibilidade do Brasil, exportar carne bovina para os aliados na Europa, após a declaração de guerra à Alemanha pelo Presidente Wenceslau Brás. Entre esses matadouros estavam os do Retiro em Salvador, de Feira de Santana, Jequié, Alagoinhas, Mata de São João (Amado Bahia), e outros que sobreviveram até 1950. No matadouro do Retiro em Salvador, os médicos Dias Mendes, Raimundo Abreu, Eduardo Sá Oliveira e Agnaldo do Amaral Ferrão Muniz, ainda permaneciam inspecionando a carne até 1941 quando, em concurso público, ingressaram os primeiros Médicos Veterinários, inspetores de carne no Matadouro Municipal do Retiro, que foram: Manoel Pinheiro Reis Filho, Osvaldo Alves de Carvalho, Manoel Inácio da Silva, permanecendo o médico Agnaldo Muniz de Aragão como Diretor por mais algum tempo, sendo substituído pelo médico veterinário Manoel Pinheiro Reis Filho. Em 1956, foram contratados para servirem como inspetores no Matadouro Municipal do Retiro, os médicos veterinários Ardson José Leal e José Machado Mutti Pedreira diplomados na primeira turma de médicos veterinários da Bahia. Até a década de 50, não havia na Bahia, matadouros frigoríficos, eram todos simplesmente matadouros, construídos nos modelos europeus do século XIX. Em 1954, no governo Antonio Balbino, foi construído o Matadouro Frigorífico S.A. (MAFRISA), inaugurado em 1957, em Feira de Santana, sendo o primeiro Matadouro Frigorífico da Bahia, com inspeção Federal. No governo Lomanto Junior, na Reforma Administrativa do Estado da Bahia, em 1966, foi criado o Departamento de Promoção Agropecuária (DPAP) em substituição ao Departamento de Produção Animal (DPA) na Secretaria da Agricultura. No DPAP foi criada a Divisão de Inspeção e Fiscalização de Produtos de Origem Animal (DIFIPOA) dando início à estadualização da fiscalização dos produtos de origem animal na Bahia, nas regiões onde não houvesse estabelecimento com Inspeção Federal, conforme determina a Legislação especifica.

Após essa Reforma Administrativa do Governo Lomanto Junior, a Secretaria da Agricultura assume através da DIFIPOA a responsabilidade da Inspeção e Fiscalização dos Matadouros que não tinham Inspeção Federal. Nesta época, o Matadouro do Retiro com Inspeção Municipal, não oferecia condições mínimas de higiene para abate de bovinos destinados ao consumo humano. Era um quadro vergonhoso para os foros de civilização de Salvador. O então diretor do DPAP, médico veterinário Ardson José Leal, em audiência com o Senhor Prefeito de Salvador, Nelson Oliveira, que tendo em vista, a exposição da situação precária do Matadouro do Retiro, resolve interditar o referido estabelecimento, fato foi muito comentado em jornais da época. Para que Salvador não sofresse um colapso no abastecimento de carne, o então diretor DPAP sugeriu a reativação do Frigorífico São Francisco localizado em Simões Filho. A idéia foi aprovada, constituindo-se uma Empresa de Economia Mista, com a denominação de Frigorífico Matadouro S.A. (FRIMASA) da qual faziam parte a Prefeitura de Salvador, o Estado da Bahia, a Prefeitura de Simões Filho e os acionistas do antigo Frigorífico São Francisco. Assim constituído passou a funcionar o FRIMASA com inspeção médica veterinária da DIFIPOA, da Secretaria da Agricultura. Salvador, em sua periferia suburbana, registrava pequenos matadouros de abate sem inspeção médica veterinária, que foram relacionados e obrigados a uma reforma para que atendessem as medidas de ordem higiênicas e técnicas, passando a serem inspecionados por médicos veterinários da DIFIPOA. Estava definitivamente implantada a estadualização da inspeção e fiscalização dos produtos de origem animal, permitindo o início do combate à matança clandestina, isto é, carne sem abate inspecionado. Medidas especiais foram adotadas como a proibição da venda de carne em barracas nas feiras livres. Uma campanha de esclarecimento dos consumidores foi desencadeada, mostrando os perigos para a saúde com o consumo da carne clandestina, não alcançando, contudo o êxito prático esperado. Esse problema, independente das medidas de polícia praticadas, só será solucionado quando for alcançado um bom nível de educação alimentar da população, destacando-se as donas de casa rainhas dos lares baianos, Se não houvesse consumo para essas carnes clandestinas, assim também de outros produtos de origem animal, como leite e seus derivados, esse problema estaria resolvido. Em 1983, no Governo João Durval, a Inspeção Estadual de Produtos de Origem Animal da Bahia, passa a ser da responsabilidade do então Instituto Biológico da Bahia (IBB).

No segundo Governo de Antonio Carlos Magalhães, no ano de 1994, a Fiscalização dos Produtos de Origem Animal é incorporada à Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário (EBDA),. Em 1997, no Governo Paulo Souto, volta a Inspeção e Fiscalização de Produtos de Origem Animal, ao Departamento de Defesa Agropecuária, integrando a estrutura administrativa e técnica no âmbito da Secretaria da Agricultura. No Governo César Borges, em 1999 a Inspeção e Fiscalização de Produtos de Origem Animal passa a ser da responsabilidade da autarquia criada com o nome de Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), que no momento assim permanece cumprindo o deu dever de preservar a saúde dos consumidores desses produtos essenciais à alimentação, com a dedicação dos profissionais médicos veterinários inspetores de carne e de todos os produtos de origem animal. No momento, procura-se melhorar a qualidade das carnes consumidas através da construção de Matadouros Frigoríficos, e Matadouros Municipais, que são inspecionados pela ADAB, tendo em vista evitar a comercialização clandestina (carne sem inspeção) no interior do Estado, que se estima em torno de 48%. Vale destacar a ação dedicada, enérgica e o louvável desempenho da ADAB. Temos certeza que em breve alcançaremos o refinamento de gosto, dos consumidores estrangeiros, que só consomem a carne que exportamos dentro dos padrões técnicos e sanitários que estão acostumados a consumir. A mudança de costume alimentar de um povo, não dá pulo, mas cresce paulatina e progressivamente no tempo e no espaço. Se partirmos do açougue de 1552, aos nossos dias, com certeza que assinalaremos uma crescente, porém lenta melhoria na inspeção e comercialização da carne na Bahia. Podemos comprovar este fato pelo número de estabelecimentos de abate, matadouros frigoríficos e matadouros municipais inspecionados. ESTABELECIMENTOS MUNICÍPIO INSPEÇÃO Criacisal Simões Filho Estadual Frigorífico Santo Antônio de Santo Antônio de Jesus Estadual Jesus- Frigosaj Matadouro Municip. de Vitória Vitória da Conquista Estadual da Conquista Matadouro Municipal de Ruy Barbosa Ruy Barbosa Estadual Unifrango Simões Filho Estadual Fricapri Jequié Estadual Matadouro de Paulo Afonso Paulo Afonso Estadual Frigopar Teixeira de Freitas Estadual Costa Andrade Inhambupe Estadual Matadouro João Santos Santa Bárbara Estadual Campo do Gado Feira de Santana Estadual Frimatos Inhambupe Estadual Geomar Simões Filho Estadual Unifrigo Jequié Federal

Frifeira São Gonçalo Federal Frisa Teixeira de Freitas Federal Baby Bode Feira de Santana Federal Fribarreiras Barreiras Federal Frimasa Salvador Federal Mafrio Itapetinga Federal Fonte: Superintendência Federal de Agricultura da Bahia e ADAB. Levou tempo, é verdade, mas hoje há uma consciência dos governos Federal, Estadual e Municipal da necessidade de assegurar um consumo da carne inspecionado por médicos veterinários capacitados ao bom desempenho desse objetivo. Não temos dúvida, que em breve teremos o padrão de comercialização de consumo da carne igual ao do primeiro mundo, se os governos Federal, Estadual e Municipal prestigiarem com mais ênfase, essa importante atividade. Fig. 38 Matadouro da cidade de Alagoinhas (frente).

Fig. 39 Matadouro da cidade de Alagoinhas (fundo). Fig.40 Matadouro da cidade de Amado Bahia, Mata de São João.

Fig. 41 - Matadouro Frigorífico de Feira de Santana (FRIMASA).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAGÃO, Lam. O Feudo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 601p. HISTÓRIA DA MEDICINA VETERINÁRIA NO BRASIL. Brasília: Conselho Federal de Medicina Veterinária, 2002. 228p. SAMPAIO, C. N. 50 anos de Urbanização: Salvador, da Bahia no século XIX. Rio de Janeiro:Versal, 2005. 294p.