Magmas e formação de rochas ígneas

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Transcrição:

Magmas e formação de rochas ígneas

O que é um magma? Um fundido (geralmente silicatado) + cristais + gases (H 2 O, CO 2 SO 2, Cl, F, etc ), que é gerado no interior da Terra, provido de mobilidade. Quando um magma atinge a superfície e começa a fluir perde os seus componentes gasosos e transforma-se em lava. Magmatismo Domínio profundo Plutonismo À superfície - Vulcanismo

Como se formam os magmas? A maioria dos magmas é gerada por fusão parcial na astenosfera, mas este processo também pode ocorrer nos níveis mais superiores do manto ou na base da crosta (zonas inferiores da litosfera). Para compreender este processo, e a profundidade a que ele se verifica, devem terse em consideração três aspectos: (i) que a temperatura varia com a profundidade (necessária para fundir as rochas) - gradiente geotérmico (ii) que rochas têm pontos de fusão diferentes (iii) que as temperaturas de fusão das rochas dependem da pressão e do seu conteúdo em água - curvas de fusão

Grandes tipos de magmas Magmas primários ou ortomagmas e magmas secundários os fluidos seus derivados, que estão na origem das diversas rochas ígneas, designam-se por fracções magmáticas Ortomagmas origem muito profunda (manto superior, cristalização 700ºC a 1300 ºC, pobres em voláteis) Magmas basálticos Magmas secundários resultantes da fusão de materiais na base da crosta, cristalização 400ºC a 1000 ºC, mais ricos em voláteis Grande maioria dos magmas graníticos

Diversidade de magmas Os principais tipos de magmas são três: basáltico andesítico riolítico

B C A D Ambientes tectónicos nos quais ocorre formação de magmas: A Riftes oceânicos; B e D Zonas de subducção; C Ponto quente.

Magma basáltico contém cerca de 50% de SiO 2 e uma pequena quantidade de gases dissolvidos. Magma andesítico contém cerca de 60% de SiO 2 e bastantes gases dissolvidos. Magma riolítico contém cerca de 70% de SiO 2 e uma elevada quantidade de gases dissolvidos.

Magmas basálticos são expelidos principalmente ao longo dos riftes e dos pontos quentes; originam-se a partir das rochas do manto; ao nível dos riftes, a subida dos magmas relaciona-se com correntes ascendentes de materiais provenientes do manto, o peridotito; o peridotito tem uma composição semelhante à do basalto, mas mais rica em minerais ferromagnesianos; nos pontos quentes, ascendem plumas quentes oriundas do manto profundo, mesmo da zona de separação entre o manto e o núcleo terrestre; os pontos quentes são fontes de magma responsáveis pela extrusão de grandes quantidades de basalto, podendo constituir ilhas como as do Hawai.

Os basaltos têm uma textura que revela duas fases de formação: - uma durante a ascensão que possibilita a génese de cristais; - e, outra, mais rápida, já à superfície ou próximo dela, conducente à formação de cristais microscópicos e, por vezes, mesmo de algum material não cristalizado; - se a ascensão é muito rápida, pode não haver tempo para a cristalização, formando-se rochas com textura vítrea.

As duas principais rochas geradas a partir deste tipo de magma são os basaltos e os gabros. BASALTO GABRO Consolidação à superfície. Consolidação em profundidade. Composição mineralógica essencial: plagioclase, piroxenas e olivina.

Magmas andesíticos -formam-se em especial nas zonas de subducção; -relacionam-se com zonas altamente vulcânicas, tais como os Andes, América do Sul e Alasca; -nestas regiões, os referidos magmas são gerados por subducção de uma placa oceânica sob uma placa continental.

-a composição destes magmas depende da quantidade e da qualidade do material do fundo oceânico subductado; -este material inclui água, sedimentos e uma mistura com origem, quer na crosta oceânica, quer na crosta continental; -a água a temperaturas elevadas e sob pressões variáveis facilita a fusão dos materiais, originando magmas com composições diversas.

As rochas que, geralmente, se formam a partir deste magma são o andesito e o diorito. ANDESITO DIORITO Consolidação à superfície. Consolidação em profundidade. Composição mineralógica essencial: plagioclase,biotite e anfíbola.

Magmas riolíticos formam-se a partir da fusão parcial das rochas constituintes da crosta continental; estes magmas tendem a ser muito ricos em gases, resultando da fusão das rochas da crosta continental ricas em água e dióxido de carbono; durante a fusão das rochas continentais, os gases concentram-se no magma; a presença de água faz baixar o ponto de fusão dos minerais, no entanto a baixas pressões esse efeito deixa de se verificar, isto é, em zonas próximas da superfície.

As rochas que se formam neste tipo de ambiente geodinâmico são o granito e o riolito. RIOLITO GRANITO Consolidação à superfície. Consolidação em profundidade. Composição mineralógica essencial: quartzo, ortoclase e plagioclase.

Magma basáltico Magma andesítico Magma riolítico Origem Manto Crosta oceânica Crosta continental Crosta continental Características Magma fluido Pobre em sílica Temperatura 1200 ºC Magma pouco viscoso Riqueza média em sílica Magma viscoso Rico em sílica Temperatura 800 ºC Rochas formadas Gabro Basalto Diorito Andesito Granito Riólito Localização Zonas de riftes Zonas de fossas oceânicas Zonas de colisão de placas continentais

Diferenciação Magmática Processo através do qual um magma gera dois ou mais corpos com composições distintas. Os processos envolvidos na diferenciação magmática são: Cristalização fraccionada: os cristais mais densos que o magma têm tendência para precipitar na base da câmara magmática (cumulados) e os menos densos concentram-se nas partes superiores. Considera-se também a possibilidade da existência de filtragem sob pressão (filter pressing) em que o fundido é esprimido da polpa cristalina Assimilação: quando o magma envolve e funde as rochas com as quais contacta, modificando assim a sua composição química (é contaminado pelas rochas encaixantes) Mistura de magmas: contaminação de magmas diferentes, que poderão ser responsáveis pelo aparecimento de rochas de composição intermédia. Cristalização convectiva e cristalização in situ: ex. movimentos de convecção geram estruturas de fluxo e de arrastamento de cristais.

Cristalização fraccionada Os cristais separam-se do fundido Deposição gravítica de minerais densos Flutuação de minerais leves

Assimilação magmática Reacções com a rocha encaixante Calor gerado pela cristalização

Mistura de magmas Zonamento inverso em minerais Orlas de reacção

Como se formam as rochas ígneas a partir dos magmas? Quando o magma ascende para níveis menos profundos e começa a PERDER CALOR, os minerais começam a CRISTALIZAR. Como a cristalização é o processo inverso da fusão, conhecer os mecanismos através dos quais as rochas fundem é muito importante para compreender o seu modo de formação a partir de um magma. No geral, para a mesma composição de magma/rocha, os minerais que são mais REFRACTÁRIOS (fundem a maiores temperaturas) são os primeiros a cristalizar a partir dos magmas. Alguns minerais, precocemente formados, permanecem em contacto com o magma em arrefecimento, reagindo com ele e modificando a sua composição. Pelo contrário, outros minerais ao serem formados tem tendência para se separarem do magma, não reagindo com este, provocando assim uma modificação gradual da composição magmática (o magma fica mais pobre nos componentes consumidos pelos minerais em cristalização ex. torna-se mais rico em sílica).

Alta Temperatura Série descontínua Série contínua SÉRIES DE BOWEN Baixa Temperatura

Séries de Reacção de Bowen Cristalização Fraccionada Plagioclases + Ca Olivinas Piroxenas + Fe, Mg + Sílica, Al Anfíbolas Plagioclases + Na Biotite Moscovite Quartzo 100% sílica Feldspato alcalino (K)