Agência de Notícias Brasil-Árabe - SP 29/12/2003-07:00 O paradisíaco litoral entre Recife e Maceió, protegido por barreira de corais O trecho de 250 quilômetros é um dos mais belos da extensa costa brasileira, com praias de águas mornas e cristalinas. Há atrações tanto para os adeptos do ecoturismo como para os que buscam melhor infra-estrutura de hospedagem. inácio frança Divulgação Inácio França Pontal de Maracaípe, em Pernambuco: preferido de surfistas e ecoturistas Recife - Quem já não imaginou a sensação de mergulhar nas águas rasas e cristalinas das paradisíacas ilhas do Caribe ou do Pacífico, freqüentemente retratadas pelas revistas e suplementos de jornais especializados em turismo? Repletos de expressões como "águas mornas", "areias finas" e "povo acolhedor", os textos que acompanham tais fotos estimulam ainda mais a imaginação dos leitores. Mas, para quem mora ou está visitando o Brasil, tudo isso pode se tornar realidade sem que seja preciso enfrentar longos vôos e cansativas conexões. O trecho de 250 quilômetros de litoral compreendido entre Recife e Maceió, capitais dos estados de Pernambuco e Alagoas, é protegido por uma barreira de corais - a segunda mais extensa do mundo, de acordo com os geólogos - que formam uma seqüência praticamente ininterrupta de praias tranqüilas, de água morna, rica em pescado, e emoldurada por extensos coqueirais. Um cenário que não existe em nenhuma outra região do país. Por causa do mar calmo, com ondas quase inexistentes que não representam perigo para as crianças, as praias dessa região são procuradas por famílias. Os manguezais e os trechos desabitados, mais comuns no norte de Alagoas, atraem os praticantes do turismo ecológico.
Mas há atrações para todos os gostos: os surfistas e praticantes de esportes náuticos, por exemplo, preferem os pontos onde a linha de arrecifes é interrompida. Seqüência de cartões postais O viajante que sai do Recife em direção a Maceió pela rodovia estadual PE-060 não demora a encontrar a beleza natural das praias protegidas pela barreira natural dos arrecifes. Ainda na Região Metropolitana do Recife, estão as praias do município do Cabo de Santo Agostinho (Paiva, Itapuama, Enseada dos Corais, Gaibu, Calhetas e Paraíso), quase todas urbanizadas, com várias opções de hotéis e restaurantes. A exceção é a praia de Calhetas, uma enseada protegida por uma colina tomada de coqueiros que, por conta do seu isolamento, é a preferida dos ambientalistas e do público "alternativo". O município pernambucano de Ipojuca, onde está situada a famosa Porto de Galinhas, possui a estrutura turística mais completa da região, além de praias com formações variadas. Na imensa piscina natural, que recebe o nome de praia do Muro Alto, predominam os resorts padrão cinco estrelas. Dois quilômetros ao sul localiza-se a praia do Cupe, com ondas fortes e hotéis recémconstruídos. Porto de Galinhas é a mais movimentada, urbanizada, repleta de pousadas, chalés para aluguel e bons restaurantes. Ao sul de Porto, voltam as ondas fortes de Maracaípe, paraíso dos surfistas e ecoturistas que fazem trilhas pelas margens do estuário do rio Serrambi. Os bancos de areia e os manguezais dos estuários do rio, aliás, garantem uma dose adicional de beleza para o turista apreciar. A praia dos Carneiros, na foz do rio Ariquindá, reúne elementos únicos, pois é voltada para o norte, para o próprio rio, e não para o mar, ao leste. Assim, ela é um misto de praia fluvial e marítima: com águas escuras e doces, que, na maré cheia, é invadida pelas águas salgadas do Atlântico. A paisagem é inusitada: lanchas velozes e velas coloridas passam no encontro do rio com o mar, tendo como paisagem o coqueiral, bancos de areia e uma capela branca construída em plena praia, no século 18, pelos antigos proprietários de uma fazenda de coco. No alto de um morro, uma cruz de pedra, instalada pelos portugueses como marco comemorativo de uma vitória contra os holandeses. Em direção ao sul de Pernambuco, a sucessão de praias nativas continua. Nos municípios de Barreiros e de Tamandaré, os engenhos de cana-de-açúcar e as fazendas de coco chegam até
o mar. As porteiras das propriedades impedem o acesso por terra dos banhistas, bom para os dispostos ecoturistas que, pela areia, fazem caminhadas por praias desertas, como a praia do Porto, Gravatá e Barra do Una. Deus é Brasileiro Ao chegar em Alagoas, a rodovia PE-060 recebe outras letras e números, passando a se chamar AL-101. Mas a mudança de nome não é a única diferença da estrada alagoana: no instante em que cruza a divisa dos dois estados, a rodovia acompanha a linha da costa, bem junto ao mar. Apesar de haver trechos de poucos quilômetros em que as fazendas e sítios atrapalham a visão do verde-esmeralda do Atlântico, na maior parte do tempo o viajante tem, de um lado, a visão dos coqueirais emoldurando o mar. Do lado oposto, vendedores de caju, manga, mangaba, pitanga, mel e doces caseiros, disputam a atenção dos turistas. Por causa de sua localização, essa estrada serviu de cenário para as cenas iniciais do filme "Deus é Brasileiro", de Cacá Diegues, estrelado por Antônio Fagundes. No lado alagoano, a linha de arrecifes não tem as interrupções e as águas são sempre calmas e rasas. Em Peroba, Ponta de Mangue, Barra Grande e Maragogi, é possível caminhar quase dois quilômetros mar adentro com a água pela cintura com a maré cheia. Com a maré seca, a água não ultrapassa a altura do joelho de uma pessoa adulta. Maragogi - que em língua indígena significa "rio dos Maracujás" - é a cidade mais ao norte do litoral alagoano. Sua estrutura não tem as dimensões de Porto de Galinhas, por exemplo, mas oferece várias opções para os turistas, desde bons restaurantes, resorts cinco estrelas e pousadas simples. Também há casas e chalés para aluguel nas praias mais afastadas. No município há um hotel-fazenda no local onde funcionava um engenho de açúcar desativado. A calma das águas rasas tem seu paralelo em terra. Como o litoral é menos povoado do que o de Pernambuco, o modo de vida das pequenas cidades e das aldeias de pescadores foi pouco alterado. Em Japaratinga e Porto de Pedras, duas cidades vizinhas separadas pelo limpo rio Manguaba, é possível comer pratos a base de frutos-do-mar cozinhados pelas esposas dos pescadores. As peixadas, os ensopados de arraia, os camarões fritos no alho e as caldeiradas são as opções mais comuns.
Se até em Japaratinga há uma razoável estrutura urbana e turística, nas pequenas cidades de Passo de Camaragibe e São Miguel dos Milagres - a 89 e 85 quilômetros de Maceió, respectivamente - predominam pousadas rústicas e praias desertas. Os penhascos e os arrecifes deixam ainda mais isoladas praias como Marceneiro e dos Morros, onde, em plena alta temporada de verão - de novembro a fevereiro - só é possível encontrar viajantes em carros com tração 4 x 4 ou em bugres. A pouco menos de 40 quilômetros de Maceió, na cidade de Paripueira, há um verdadeiro paraíso ecológico nos arredores do Projeto Peixe-Boi, do Ibama. O local abriga uma estação de adaptação desses mamíferos marinhos que, por sua docilidade, acabam sendo feridos por pescadores ou motores de lancha. Depois de uma temporada sob cuidados dos especialistas do Ibama, os animais são reintroduzidos na natureza, mas acabam não se afastando de Paripueira. O resultado disso é que as praias do lugar têm a maior população de peixe-boi do país. Assim, é bastante comum os turistas que freqüentam as praias de Sonho Verde e da Costa Brava nadarem ao lado de famílias inteiras desses enormes mamíferos. Serviço A temperatura média na região da Costa dos Corais (nome dado pelos alagoanos) ou Costa dos Arrecifes (como os pernambucanos chamam) é de 25º C. A época de chuvas na região vai de maio a agosto, quando as estradas de terra que dão acesso às praias ficam intransitáveis. O site do governos de Alagoas (www.agenciaalagoas.al.gov.br) possui links para várias páginas de turismo, algumas delas com telefones de hotéis e das prefeituras de todas as cidades do litoral. Também é possível obter informações na Secretaria de Turismo e Esportes de Alagoas - 55 82 315.1600 / 315.1603 e 315.1604 - este último número é o do Serviço de Receptivo. A Empresa Pernambucana de Turismo possui um site próprio (www.empetur.pe.gov.br) com números de telefones dos escritórios de Boa Viagem, da Casa da Cultura e do Centro de Convenções, aeroporto e Recife Antigo. Os contatos também podem ser feitos pelo endereço eletrônico empetur@empetur.com.br ou 55 81 3427-8000, mas o risco de ficar esperando na linha ouvindo uma secretária eletrônica é grande. Vôos - os aeroportos de Rio Largo (Maceió) e dos Guararapes (Recife) possuem vôos regulares
para a maioria das capitais brasileiras. Para o Recife, existe uma boa quantidade de vôos diretos, assim como vôos internacionais para cidades européias. http://www.anba.com.br/ www.inovsi.com.br