FITOTOXICIDADE DE TRATAMENTOS HERBICIDAS PARA A CULTURA DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) Luis Alberto Aguillera 1, Alexandre Jacques Bottan 1, Sebastião Carneiro Guimarães 2. (1) Engenheiro Agrônomo, pesquisador do Departamento Técnico da Cooperfibra. (2) Engenheiro Agrônomo, Dr., professor da UFMT/FAMEV. RESUMO No cultivo do algodoeiro herbáceo nenhum fator de produção pode ser negligenciado, entre os quais assume papel relevante o manejo das plantas daninhas. A importância dessas espécies está ligada à redução que provocam na quantidade e qualidade da produção, ao aumento nos custos de produção ou aos danos dos métodos de controle à cultura e ao ambiente. O método químico, muito utilizado nos programas de manejo das plantas daninhas, não tem seu potencial de dano à cultura bem estudado. Em Mato Grosso tem ocorrido sintomas de fitotoxicidade de herbicidas nos algodoais, em alguns casos muito evidentes, levando à necessidade de replantio da cultura. Em outros casos os sintomas desaparecem durante o ciclo, não sendo possível concluir sobre perdas de rendimento porque toda a área recebe o mesmo tratamento herbicida, não existindo uma área testemunha para comparação. Assim, visando conhecer o efeito de 22 tratamentos herbicidas quanto à seletividade para o algodoeiro, foram conduzidos dois experimentos na Fazenda Adriana, no município de Campo Verde. Para maior precisão na avaliação da fitotoxicidade deixou-se uma parcela capinada manualmente ao lado de cada parcela tratada com os herbicidas. Foram avaliados os sintomas visuais de fitotoxicidade dos tratamentos herbicidas, a altura das plantas e o rendimento de algodão em caroço. Um período prolongado de seca provocou redução e desuniformidade na emergência das plântulas do algodoeiro, restringindo a abrangência das conclusões. Houve grande diferença ente os tratamentos quanto aos sintomas visuais de fitotoxicidade, que foram mais drásticos quando continham o herbicida diuron aplicado em pós-emergência total. Com intensidade menor, o herbicida trifloxysulfuron também causou sintomas típicos de fitotoxicidade. A altura de planta foi pouco alterada pelos tratamentos, ocorrendo redução quando se utilizou, em pós-emergência, em alguns casos, diuron, trifloxysulfuron e pyrithiobac. O rendimento de algodão em caroço foi reduzido em dois tratamentos com diuron e um com trifloxysulfuron, ambos em pós-emergência, com valores entre 9,6 e 15,2%.
2 INTRODUÇÃO O algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch.), espécie cultivada no estado de Mato Grosso, é uma cultura fisiologicamente muito complexa, e os resultados de sua produção dependem da interação de muitas variáveis bióticas e abióticas. Dentre os fatores bióticos, o componente representado pelas plantas daninhas, que nascem espontaneamente nas áreas agrícolas, tem grande importância no manejo do algodoal, seja pelos prejuízos causados ao rendimento caso elas não sejam controladas, seja pelos impactos dos métodos de controle. No manejo das plantas daninhas, o que se faz normalmente é a utilização conjunta de várias estratégias de controle de forma a minimizar o efeito negativo de práticas isoladas. Um importante componente nesse manejo é a própria cultura, que ocupando o espaço físico e mobilizando recursos disponíveis para o crescimento vegetal oferece forte competição com as plantas daninhas. No algodoeiro, entretanto, a necessidade fitotécnica de manter espaçamentos largos e de regular o crescimento das plantas dificulta sobremaneira as práticas de controle das plantas daninhas, deixando uma carga muito grande para ser suprida por outros métodos de intervenção. Desses, o método químico, representado pelo uso de herbicidas, tem sido importante ferramenta para o cultivo do algodoeiro em sistemas de exploração em grande escala. Não obstante essa importância, existe pouca disponibilidade de ingredientes ativos seletivos para a cultura com espectro de ação suficiente para controlar a diversidade de espécies daninhas que ocorrem nos campos de cultivo. Nesse contexto, os cotonicultores são obrigados a utilizarem herbicidas com seletividade marginal para a cultura e também produtos não seletivos aplicados de forma de dirigida. Como a seletividade decorre de uma complexa interação entre o herbicida, a planta e o ambiente, o uso de herbicidas não seletivos ou com seletividade marginal sempre conduzem a uma situação de risco de perda de rendimento, nem sempre possível de ser identificada pelo produtor. Assim, torna-se necessário avaliar a segurança desses tratamentos químicos para o algodoeiro em condições controladas, utilizando a metodologia científica.
3 Entre os herbicidas registrados para o algodoeiro, existem boas alternativas quanto à seletividade e eficiência de controle para as plantas daninhas de folhas estreitas (da família Poaceæ = gramíneas). No entanto, para o manejo químico das espécies de folhas largas (dicotiledôneas + trapoerabas + tiriricas), as opções de herbicidas são limitadas, tanto em termos de espectro de ação como de seletividade. Para controlar esse grupo de plantas daninhas têm sido mais utilizados os ingredientes ativos diuron, cyanazine, alachlor, s-metolachlor, pendimethalin, clomazone, MSMA e dois novos produtos seletivos para aplicação em pósemergência total: pyrithiobac e trifloxysulfuron (BELTRÃO, 1996; MELHORANÇA e BELTRÃO, 2001; OLIVEIRA Jr. et al., 2002; TAKIZAWA, 2000). Além desses herbicidas, vários outros, não seletivos, são aplicados em pós-emergência dirigida (CONGRESSO..., 2002; CONSTANTIN et al., 2002; SILVA et al., 2002; YASBECK et al., 2002). Um problema sempre levantado quando se faz referência ao uso de herbicidas na cultura do algodão é a possibilidade de fitotoxicidade. Nos plantios comerciais no estado de Mato Grosso têm sido observados sintomas visuais de fitotoxicidade, alguns muito evidentes e cujas perdas econômicas são de fácil diagnóstico, como no caso da necessidade de replantio, e outros sobre os quais pairam dúvidas sobre reduções na quantidade e qualidade da produção. Como a fitotoxicidade é resultante de uma complexa interação entre o herbicida, a planta e as condições ambientais (WELLER, 2000), seus efeitos podem ser muito variáveis, sobretudo em condições de seletividade marginal, devendo-se ter muita cautela em extrapolar os resultados de pesquisa. Um complicador adicional, provavelmente conseqüência dessa seletividade marginal, são as interações que têm sido observadas entre os herbicidas e outros produtos usados na cultura, cujos efeitos se manifestam no aumento da fitotoxicidade em alguns casos e redução em outros (ALLEN e SNIPES, 1995; MARTINHO et al., 2002; SNIPES e SEIFERT, 2003). Portanto, é necessário conhecer o comportamento fitotóxico dos tratamentos herbicidas em diferentes condições, e este trabalho teve por objetivo o avaliar a segurança de diferentes tratamentos herbicidas utilizados na cultura do algodoeiro, nas condições reinantes na região produtora de Campo Verde.
4 MATERIAL E MÉTODOS Foram conduzidos dois experimentos na Fazenda Adriana, no município de Campo Verde, em área tradicional de produção de algodão, sob Latossolo Vermelho-Escuro, na safra 2003/04. O plantio foi realizado em 20/12/2003 utilizando-se a variedade FiberMax 966, com densidade média de 11 sementes por metro. A adubação seguiu as recomendações adotadas na propriedade e se constituiu de: 500 kg/ha de superfosfato simples a lanço em pré-plantio, 250 kg/ha de cloreto de potássio a lanço em pré-plantio, 30 kg/ha de Borogran a lanço em pré-plantio, 250 kg/ha de adubo formulado 07-40-00 + 5% de enxofre no sulco de plantio, uma adubação em cobertura de 100 kg/ha de sulfato de amônio e duas com 150 kg/ha de uréia. As unidades experimentais (parcelas) foram constituídas por cinco linhas da cultura, com 6 m de comprimento, e receberam os tratamentos segundo o delineamento experimental de blocos casualizados, com seis repetições. A área útil das parcelas, onde foram realizadas as avaliações, foi representada pelas duas linhas centrais, descartando-se 0,5 m nas extremidades superior e inferior. Os blocos tinham seu maior comprimento no sentido das linhas de plantio, uma vez que a heterogeneidade no ambiente experimental tem sido verificada com maior intensidade entre essas linhas. Para reduzir o erro experimental e aumentar a precisão do experimento, foi utilizado um tratamento padrão, sem aplicação de herbicida (capinado manualmente), ao lado de cada parcela tratada, permitindo a análise dos dados segundo o modelo de parcelas subdivididas. Nesse modelo, os tratamentos herbicidas constituíram as parcelas e a condição aplicado ou não aplicado as subparcelas. Para a aplicação dos herbicidas foi utilizado um pulverizador costal equipado com barra de seis bicos de jato plano 10.02, espaçados de 0,5 m, com pressão constante de 360 kpa e volume de calda de 200 litros/ha, utilizando-se água como veículo de distribuição. As aplicações foram realizadas em três épocas distintas conforme o tratamento: a) logo após o plantio para os produtos de préemergência, b) 20 dias após o plantio (09/01/04) para os produtos de pósemergência MSMA, diuron, s-metolachlor e primeira dose do pyrithiobac e c) 31 dias
5 após o plantio (20/01/04) para a segunda dose do pyrithiobac e a dose única de trifloxysulfuron. Os tratamentos estudados são apresentados nas Tabelas 1 e 2, e as características dos herbicidas na Tabela 3. As parcelas foram mantidas livres de plantas daninhas durante todo o ciclo da cultura para isolar os efeitos de fitointoxicação daqueles de competição e alelopatia. TABELA 1. Tratamentos avaliados no experimento 1. Pré-emergência Dose do ia* Pós-emergência Dose do ia* T1 s-metolachlor+diuron 0,58 + 0,80 kg/ha - - T2 - - trifloxysulfuron 7,5 g/ha T3 - - pyrithiobac 2 X 42 g/ha T4 - - MSMA 1,58 kg/ha T5 - - diuron 0,80 kg/ha T6 - - s-metolachlor 0,96 kg/ha T7 s-metolachlor+diuron 0,58 + 0,80 kg/ha trifloxysulfuron 7,5 g/ha T8 s-metolachlor+diuron 0,58 + 0,80 kg/ha pyrithiobac 2 X 42 g/ha T9 s-metolachlor+diuron 0,58 + 0,80 kg/ha MSMA 1,58 kg/ha T10 s-metolachlor+diuron 0,58 + 0,80 kg/ha diuron 0,80 kg/ha T11 s-metolachlor+diuron 0,58 + 0,80 kg/ha s-metolachlor 0,96 kg/ha * Ingrediente ativo TABELA 2. Tratamentos avaliados no experimento 2. Pré-emergência Dose do ia* Pós-emergência Dose do ia* T1 clomazone+diuron 0,9 + 0,8 kg/ha - - T2 - - trifloxysulfuron 7,5 g/ha T3 - - pyrithiobac 2 X 42 g/ha T4 - - MSMA 1,58 kg/ha T5 - - diuron 0,8 kg/ha T6 - - s-metolachlor 0,96 kg/ha T7 clomazone+diuron 0,9 + 0,8 kg/ha trifloxysulfuron 7,5 g/ha T8 clomazone+diuron 0,9 + 0,8 kg/ha pyrithiobac 2 X 42 g/ha T9 clomazone+diuron 0,9 + 0,8 kg/ha MSMA 1,58 kg/ha T10 clomazone+diuron 0,9 + 0,8 kg/ha diuron 0,8 kg/ha T11 clomazone+diuron 0,9 + 0,8 kg/ha s-metolachlor 0,96 kg/ha * ingrediente ativo
6 TABELA 3. Características dos herbicidas usados na formulação dos tratamentos. Nome Comercial Ingrediente ativo Formulação Concentração DualGold s-metolachlor Concentrado emulsionável 960 g/l Karmex diuron Granulado dispersível 800 g/kg Envoke trifloxysulfuron Granulado dispersível 750 g/kg Staple 280 CS pyrithiobac Solução aquosa 280 g/l Volcane MSMA Concentrado solúvel 790 g/kg Gamit clomazone Concentrado emulsionável 500 g/l Em cada experimento foram avaliadas as seguintes características: a) notas visuais de fitotoxicidade para essa avaliação foi utilizada escala de notas, variando de 0 (sem sintomas) a 100 (morte das plantas), conforme conceitos apresentados na Tabela 4. Os dados foram coletados aos 15, 30 e 45 dias após a aplicação dos herbicidas de pós-emergência total. As avaliações para os herbicidas de pré-emergência ficaram prejudicadas pelo forte efeito das condições de seca sobre a emergência das plântulas do algodoeiro, não sendo possível isolar os efeitos climáticos dos efeitos dos herbicidas; b) altura de planta realizada do nível do solo à gema terminal do ramo principal, por ocasião da pré-colheita; c) rendimento de algodão em caroço foi obtida a massa de grãos + fibras, em todas as plantas da área útil da parcela. O estande inicial não pode ser avaliado em razão dos problemas climáticos do início do ciclo, já citados. Os dados foram submetidos à análise de variância, segundo o modelo de parcelas subdivididas, e as médias de tratamento comparadas pelo teste de Skott & Knott, com um nível de significância de 20% para o erro tipo I.
7 TABELA 4. Escala de notas para avaliação dos sintomas visuais de fitotoxicidade. CONCEITO NOTAS DESCRIÇÃO Muito leve 0 a 5 Sintomas fracos ou pouco evidentes. Nota zero quando não se observam quaisquer alterações na cultura. Leve 6 a 10 Sintomas nítidos, de baixa intensidade. Moderada 11 a 20 Sintomas nítidos, mais intensos que na classe anterior. Aceitável 21 a 35 Preocupante 36 a 45 Sintomas pronunciados, no entanto totalmente tolerados pela cultura. Sintomas mais drásticos que na categoria anterior, mas ainda passíveis de recuperação, e sem expectativas de redução no rendimento econômico. Alta 46 a 60 Muito alta 61 a 100 Danos irreversíveis, com previsão de redução no rendimento econômico. Danos irreversíveis muito severos, com previsão de redução drástica no rendimento econômico. Nota cem para morte de todas as plantas da parcela. RESULTADOS E DISCUSSÃO A ocorrência de um período prolongado de seca após a semeadura do algodoeiro proporcionou redução e desuniformidade na emergência das plântulas. Esse fato sugere cautela na generalização dos resultados, porque a fitotoxicidade é fortemente influenciada pelas condições climáticas e/ou pelo estádio de desenvolvimento das plantas próximo à época de aplicação dos herbicidas. Notas visuais de fitotoxicidade Nos dois experimentos, os tratamentos herbicidas tiveram comportamento diferenciado quanto às notas de fitotoxicidade, nas três avaliações, conforme pode ser verificado na Figura 1 (experimento 1) e na Figura 2 (experimento 2).
8 Notas altas de fitotoxicidade foram atribuídas aos tratamentos que tinham o ingrediente ativo diuron aplicado em pós-emergência total, com valores que chegaram a 50, situação na qual se espera reduções no rendimento físico da cultura. Em razão da desuniformidade na emergência das plântulas, face aos problemas climáticos já relatados, na época da aplicação de pós-emergência havia plantas em diferentes estádios de desenvolvimento, e algumas das mais novas morreram como resultado da aplicação do diuron. As plantas do algodoeiro iniciaram um processo lento de recuperação dos sintomas de fitotoxicidade, que ainda eram muito nítidos aos 45 dias após a aplicação, época da última avaliação, com notas significativamente superiores àquelas atribuídas aos outros tratamentos. 45 Fitotoxicidade (%) 30 15 0 DualGold+diuron (PRÉ) Envoke () Staple () MSMA () diuron () DualGold () PRÉ+Envoke PRÉ+Staple PRÉ+MSMA PRÉ+diuron Fito 15 DAT Fito 30 DAT Fito 45 DAT PRÉ+DualGold FIGURA 1. Notas de fitotoxicidade, atribuídas a diferentes tratamentos herbicidas, no experimento 1. DAT - dias após a aplicação do tratamento. Os sintomas de fitotoxicidade nos demais tratamentos (sem uso de diuron em pós) foram classificados dentro das categorias muito leve, leve, moderada ou aceitável, onde não se prevê prejuízos ao rendimento da cultura. Dentro desse grupo, os tratamentos em pós-emergência com o herbicida trifloxysulfuron foram os mais fitotóxicos, e os com s-metolachlor os menos fitotóxicos.
9 52 Fitotoxicidade (%) 39 26 13 0 Gamit+diuron (PRÉ) Envoke () Staple () MSMA () diuron () DualGold () PRÉ+Envoke PRÉ+Staple PRÉ+MSMA Fito 15 DAT Fito 30 DAT Fito 45 DAT PRÉ+diuron PRÉ+DualGold FIGURA 2. Notas de fitotoxicidade, atribuídas a diferentes tratamentos herbicidas, no experimento 2. DAT - dias após a aplicação do tratamento. Altura de plantas e rendimento de algodão em caroço. A altura de plantas e o rendimento de algodão em caroço tiveram, em média, valores maiores no experimento 1, onde foi também observado maior efeito dos tratamentos herbicidas. A altura de plantas variou de 110 a 125 cm no experimento 1 (Figura 3) e de 94 a 104 cm no experimento 2 (Figura 4), enquanto que para o rendimento de algodão em caroço esses valores foram de 261,0 a 307,8 @/ha no experimento 1 (Figura 5) e de 222,3 e 272,2 @/ha no experimento 2 (figura 6). Embora de pequeno valor, reduções na altura das plantas foram constatadas quando se usou, em pós-emergência total, diuron e trifloxysulfuron no experimento 1 e pyrithiobac no experimento 2. Interessante observar que essas diferenças, para diuron e trifloxysulfuron, só ocorreram nos tratamentos em que não houve aplicação de herbicidas de pré-emergência, e para pyrithiobac somente onde esses foram utilizados. Não se pode, somente a partir desses ensaios, fazer maiores inferências sobre essa interação entre tratamentos de pré e pós-emergência. No
10 entanto, a ocorrência desses resultados sugere a importância de estudos mais detalhados para esses casos. 125 Altura de planta (cm) no experimento 1 115 105 95 85 75 65 55 Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Envoke () Staple () MSMA () diuron () DualG () 125 115 105 95 85 75 65 55 Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test DualG+diuron (PRÉ) PRÉ+Envoke PRÉ+Staple PRÉ+MSMA PRÉ+diuron PRÉ+DualG FIGURA 3. Altura de planta em algodoeiros tratados com diferentes tratamentos herbicidas no experimento 1. Coluna em vermelho indica redução da altura de planta pelo tratamento herbicida. Aplic - parcelas onde o tratamento herbicida foi aplicado. Test - parcelas ao lado, sem aplicação de herbicida, capinadas manualmente.
11 100 Altura de planta (cm) no experimento 2 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Envoke () Staple () MSMA () diuron () DualG () 105 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test DualG+diuron (PRÉ) PRÉ+Envoke PRÉ+Staple PRÉ+MSMA PRÉ+diuron PRÉ+DualG FIGURA 4. Altura de planta em algodoeiros tratados com diferentes tratamentos herbicidas no experimento 2. Coluna em vermelho indica redução da altura de planta pelo tratamento herbicida. Aplic - parcelas onde o tratamento herbicida foi aplicado. Test - parcelas ao lado, sem aplicação de herbicida, capinadas manualmente. Reduções de maior interesse foram observadas no rendimento de algodão em caroço quando foram utilizados, em pós-emergência total, diuron nos
12 experimentos 1 e 2 (Figuras 5 e 6) e trifloxysulfuron no experimento 1 (Figura 5), cujos valores variaram entre 9,6 e 15,2%. Os danos do diuron só ocorreram na ausência de herbicidas de pré-emergência, sendo o contrário para o trifloxysulfuron. Essa indicação de interação entre herbicidas de pré e pós-emergência foi consistente com aquela verificada para altura de plantas somente no caso do herbicida diuron. 310 Rendimento de algodão em caroço (@/ha) no experimento 1 290 270 250 230 210 Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Envoke () Staple () MSMA () diuron () DualG () 310 290 270 250 230 210 Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test DualG+diuron (PRÉ) PRÉ+Envoke PRÉ+Staple PRÉ+MSMA PRÉ+diuron PRÉ+DualG FIGURA 5. Rendimento de algodão em caroço em função de diferentes tratamentos herbicidas no experimento 1. Coluna em vermelho indica redução do rendimento pelo tratamento herbicida. Aplic - parcelas onde o tratamento herbicida foi aplicado. Test - parcelas ao lado, sem aplicação de herbicida, capinadas manualmente.
13 270 Rendimento de lagodão em caroço (@/ha) no experimento 2 260 250 240 230 220 210 200 Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Envoke () Staple () MSMA () diuron () DualG () 270 260 250 240 230 220 210 200 Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test Aplic Test DualG+diuron (PRÉ) PRÉ+Envoke PRÉ+Staple PRÉ+MSMA PRÉ+diuron PRÉ+DualG FIGURA 6. Rendimento de algodão em caroço em função de diferentes tratamentos herbicidas no experimento 2. Coluna em vermelho indica redução do rendimento pelo tratamento herbicida. Aplic - parcelas onde o tratamento herbicida foi aplicado. Test - parcelas ao lado, sem aplicação de herbicida, capinadas manualmente. A análise dos resultados desse projeto nos permite inferir que há diferença entre os tratamentos herbicidas quanto à seletividade para o algodoeiro, podendo haver, em alguns casos, redução no rendimento da cultura de até 15% quando se aplica diuron a 800 g ia/ha em pós-emergência total. O herbicida trifloxysulfuron, de introdução recente no mercado, necessita de maiores avaliações quanto à
14 segurança de uso no algodoeiro, uma vez que, em um dos quatro tratamentos que participou houve redução no rendimento da cultura. Como a tolerância de uma cultura a um tratamento herbicida depende de vários fatores como atributos do solo, estádio de desenvolvimento à época da aplicação, condições fisiológicas da planta e eventos climáticos, a formação de convicção sobre seletividade e restrições de uso depende da análise de grande número de resultados de pesquisa, obtidos em diferentes condições. No entanto, a ocorrência de uma única situação em que esses tratamentos causam prejuízos, como no presente projeto, constitui-se em informação muito valiosa para o estabelecimento dos critérios de recomendação. Embora as condições sob as quais os tratamentos foram avaliados não são as reinantes na maioria das situações de campo, elas ocorrem com maior ou menor intensidade dependendo da precipitação à época de semeadura, e quando se configura esse quadro os resultados se aplicam. Resultados nessas condições são difíceis de encontrar na literatura, o que torna a informação obtida muito importante. A constatação de redução de rendimento com a avaliação de apenas alguns tratamentos, e em somente dois ensaios, indica que esses estudos devam ter continuidade para que o uso de herbicidas no algodoeiro em Mato Grosso seja uma prática eficiente e econômica no controle das plantas daninhas, sem causar prejuízos à quantidade e qualidade da produção. CONCLUSÕES O algodoeiro apresenta tolerância diferenciada aos tratamentos herbicidas. O herbicida diuron, aplicado em pós-emergência total, na dose de 800 g ia/ha, provoca sintomas drásticos de fitotoxicidade nas folhas e, em alguns casos, reduz a altura das plantas e o rendimento de algodão em caroço.
15 O herbicida trifloxysulfuron, aplicado em pós-emergência total, na dose de 7,5 g ia/ha, provoca sintomas moderados de fitotoxicidade e, em alguns casos, reduz a altura de plantas e o rendimento do algodão em caroço. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN, R.; SNIPES, C.E. Interactions of foliar insecticides applied with pyrithiobac. Weed Technology, v. 9, n.3, p. 512-517, 1995. BELTRÃO. N.E.M. Manejo de malezas en algodón. In: LABRADA, R.; CASELEY, J.C.; PARKER, C. Manejo de Malezas para Países en Desarrollo. Roma: FAO, 1996. (Estudio FAO Producción y Protección Vegetal - 120). Disponível em: http://www.fao.org/docrep/t1147s/t1147s00.htm. Acesso em: 25/05/2003. CONGRESSO Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, 23., 2002, Gramado. Resumos... Londrina: SBCPD/EMBRAPA Clima Temperado, 2002. 850 p. CONSTANTIN, J.; OLIVEIRA JR., R.S.; FAGLIARI, JR.. MAROCHI JR., O. Eficácia do herbicida prometryne aplicado em pós-emergência para o controle de planta daninhas na cultura do algodoeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS E PLANTAS DANINHAS, 23., 2002, Gramado. Resumos... Londrina: SBCPD/EMBRAPA Clima Temperado, 2002. p.480. MARTINHO, L.; BACHIETA, A.L.; SOARES, J.E. Compatibilidade das combinações do herbicida trifloxysulfuron-sodium com alguns dos principais inseticidas na cultura do algodão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS E PLANTAS DANINHAS, 23., 2002, Gramado. Resumos... Londrina: SBCPD/EMBRAPA Clima Temperado, 2002. p. 460. MELHORANÇA, A.L.; BELTRÃO N.E.M. Plantas daninhas: importância e controle. In: EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE. Algodão: tecnologia de produção. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste; Embrapa Algodão, 2001, p. 227-237. OLIVEIRA JR., R.S.; CONSTANTIN, J.; FAGLIARI, JR.; MAROCHI JR., O. Avaliação da eficácia do herbicida trifloxysuluron-sodium para o controle de ervas de folhas largas em pós-emergência na cultua do algodoeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS E PLANTAS DANINHAS, 23., 2002, Gramado. Resumos... Londrina: SBCPD/EMBRAPA Clima Temperado, 2002. p.479. SILVA, W.; COBUCCI, T.; PORTELA, C.M. Redução da interferência de plantas daninhas com herbicidas na cultura do algodão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS E PLANTAS DANINHAS, 23., 2002, Gramado. Resumos... Londrina: SBCPD/EMBRAPA Clima Temperado, 2002. p.483.
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