DIVERSIDADE DA AVIFAUNA DO PARQUE ECOTURÍSTICO E ECOLÓGICO DE PEDRAS GRANDES, SANTA CATARINA, BRASIL

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Transcrição:

Universidade do Extremo Sul Catarinense Unidade Acadêmica de Humanidades, Ciências e Educação Curso de Ciências Biológicas - Bacharelado DIVERSIDADE DA AVIFAUNA DO PARQUE ECOTURÍSTICO E ECOLÓGICO DE PEDRAS GRANDES, SANTA CATARINA, BRASIL ALEXANDRE BIANCO CRICIÚMA, novembro de 2008

ALEXANDRE BIANCO DIVERSIDADE DA AVIFAUNA DO PARQUE ECOTURÍSTICO E ECOLÓGICO DE PEDRAS GRANDES, SANTA CATARINA, BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas no curso de Ciências Biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense. Linha de pesquisa em Zoologia, com ênfase em Ornitologia. Área de concentração: Manejo e Gestão de Recursos Naturais Orientador: Prof. MSc.Claudio Ricken CRICIÚMA, novembro de 2008

BANCA EXAMINADORA Prof. Msc. Claudio Ricken - (Universidade do Extremo Sul Catarinense) - Orientador Prof. Dr. Jairo José Zocche (Universidade do Extremo Sul Catarinense) Profa. Dra. Birgit Harter Marques - (Universidade do Extremo Sul Catarinense)

3

4 RESUMO A perda e fragmentação de habitats são atualmente, as principais ameaças a conservação da biodiversidade. As aves podem ser consideradas boas indicadoras para a compreensão dos efeitos da perda de habitats. E o conhecimento da avifauna regional é de extrema importância para formulações de projetos de manejo e conservação dos remanescentes florestais. A partir deste pressuposto foi realizado levantamento qualitativo e quantitativo da comunidade de aves em um fragmento de Floresta Ombrófila Densa Submontana no Parque Ecológico e Ecoturísco de Pedras Grandes (S 28 29 04 e W 49 15 24), sul de Santa Catarina entre outubro de 2007 a setembro de 2008. Para o estudo qualitativo foi utilizado o método Exaustivo onde se busca o maior numero de espécies possível e para o quantitativo foi utilizada a metodologia de Pontos de Escuta. Foram analisados a freqüência de ocorrência, diversidade de espécies de aves, eqüitabilidade, categorias tróficas e estrato preferencial das aves. Foram registradas 135 espécies, sendo 42 endêmicas do bioma Mata Atlântica. O levantamento quantitativo registrou 119 espécies em 1553 contatos com uma média de 21,57 contatos/amostra. O índice pontual de abundância (I.P.A) apresentou variação de 0,01(um contato) a 0,82 (59 contatos) com uma média de 0,18 (equivalente a 13contatos/espécie). O índice de diversidade de Shannon-Wiener variou entre 3,55 em junho de 2008 e 4,06 em novembro de 2007. A eqüitabilidade média durante o período de amostragem foi 0,95 mantendo-se constante. A categoria trófica mais representativa em relação ao total de espécies foi a dos insetívoros com (50,4%), seguida pela dos frugívoros (18,5%), onívoros (16,3%), carnívoros (7,4%), nectarívoros (5,9%) e detritívoros com (1,5%). A relação das categorias tróficas com o estrato vegetal utilizado demonstrou que os onívoros foram mais representativos no dossel com 66,7%, seguidos por frugívoros 40%. A categoria mais abundante no estrato intermediário foi a dos nectarívoros com 87,5% e a dos insetívoros com 45,6%. Aves ocupantes do estrato vertical foram todas insetívoras. Já as aves que utilizavam o solo foram representadas principalmente pelos carnívoros. Foi constatado que no Parque Ecológico e Ecoturístico de Pedras Grandes foram registradas 20,8 % do total de espécies registradas para o estado de Santa Catarina, além da presença de seis espécies consideradas ameaçadas de extinção, demonstrando a importância do P.E.E.P.G. para conservação da avifauna, principalmente, aquelas mais exigentes em relação ao ambiente. Palavras chave: Avifauna, Mata Atlântica, fragmentação, categorias tróficas, diversidade.

5 AGRADECIMENTOS Sou Grato: Primeiramente ao prof. M.Sc. Cláudio Ricken quem me deu a oportunidade e incentivo para iniciar meus estudos no mundo da Ornitologia. Aos colegas da biologia e parceiros de acampamento, Georg, Gustavo, Marcelo, Fábio, Luiz Fernando e Ismael. Aos amigos de longa data Saudoso Siloca, zé Alano, Vorna Alex e Qjoso Guilherme que sempre deram apoio ao modo de vida que eu sigo! Ao pessoal da Empresa Ecótono Assessoria Ambiental, Rodrigo, Cláudio e Fernando Carvalho por toda a colaboração e auxílio com relatórios ou em campo. A Gio pela paciência, compreensão e amor nesta busca pelos meus objetivos! E principalmente aos meus pais, irmãos e familiares que são a base desta caminhada, sempre estando presentes na minha evolução como ser.

6 LISTA DE FIGURAS Fig. 1: Localização da área de estudo. Fonte CARVALHO (2007).... 11 Fig. 2: A área do parque foi dividida em seis sub-áreas; sub-área A - floresta secundaria (área de baixada), sub-área B - floresta secundaria, sub-área C - borda, sub-área D - ambiente aquático, sub-área E - campo e sub-área F - eucaliptos que se encontrava conectado ao parque.... 12 Fig. 3: Números cumulativos e absolutos de espécies observadas mensalmente no P.E.E.P.G., entre outubro de 2007 a setembro de 2008. Sp/C número de espécies cumulativo; Sp/P.S número absolutos de espécies por saída.... 22 Fig. 4: Curva cumulativa de espécies de todo o P.E.E.P.G Construída através do método de rarefação. D/P Desvio Padrão e R/E riqueza estimada.... 23 Fig. 5: Curva cumulativa das espécies divididas em pontos de amostragem no P.E.E.P.G através do método de rarefação. Sub-área A - floresta secundaria (área de baixada), Sub-área B - floresta secundaria, Sub-área C - borda, Sub-área D - ambiente aquático, Sub-área E - campo e Sub-área F - eucaliptos que se encontrava conectado ao parque. D/P Desvio Padrão e R/E riqueza estimada.... 24 Fig. 6: Abundância das espécies de aves no P.E.E.P.G. por meio do índice pontual de abundância (IPA), em classes de freqüência relativa, entre outubro de 2007 a setembro de 2008.... 26 Fig. 7: Variação mensal do índice de diversidade (H ) e eqüitabilidade na comunidade de aves no P.E.E.P.G. entre os meses de outubro de 2007 e setembro de 2008.... 27 Fig. 8: Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 37 Fig. 9: Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 38 Fig. 10: Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC. Foto: Georg Henrique Beckman.... 38 Fig. 11: Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 39 Fig. 12: Cathartes aura (Linnaeus, 1758), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 39 Fig. 13: Coragyps atratus (Bechstein, 1793), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 40 Fig. 14: Elanoides forficatus (Linnaeus, 1758), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 40 Fig.15: Milvago chimachima (Vieillot, 1816), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 41 Fig. 16: Gallinula chloropus (Linnaeus, 1758), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 41 Fig. 17: Vanellus chilensis (Molina, 1782), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 42 Fig. 18: Jacana jacana (Linnaeus, 1766), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 42 Fig. 19: Columbina talpacoti (Temminck, 1811), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC. Foto: Georg Henrique Beckman.... 43 Fig. 20: Phaethornis eurynome (Lesson, 1832), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 43 Fig. 21: Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 44 Fig. 22: Trogon surrucura (Vieillot, 1817), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 44

7 Fig. 23: Ramphastos dicolorus (Linnaeus, 1766), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 45 Fig. 24: Piculus aurulentus (Temminck, 1821), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC... 45 Fig. 25: Myiornis auricularis (Vieillot, 1818), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 46 Fig. 26: Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC. Foto: Georg Henrique Beckman.... 46 Fig. 27: Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 47 Fig. 28: Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 47 Fig. 29: Attila rufus (Vieillot, 1819), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 48 Fig. 30: Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 48 Fig. 31: Carpornis cucullata (Swainson, 1821), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 49 Fig. 32: Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 49 Fig. 33: Progne tapera (Vieillot, 1817), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC. Foto: Georg Henrique Beckman.... 50 Fig. 34: Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC. Foto: Georg Henrique Beckman.... 50 Fig. 35: Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 51 Fig. 36: Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 51 Fig. 37: Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 52 Fig. 38: Carduelis magellanica (Vieillot, 1805), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.... 52

8 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Famílias e espécies de aves registradas no P.E.E.P.G. segundo a lista do (CBRO, 2007). Freqüência de ocorrência; status (R) residente, (MR) migratório regionalmente; (I.P.A) índice pontual de abundância; (C.T.) categorias tróficas; (E.V) estrato de preferência das aves segundo Motta (1990). (E.M.A) endêmico da mata atlântica; (*) espécies quase-ameaçadas de extinção.... 18 Tabela 2: Freqüência de ocorrência (%) da comunidade de aves no P.E.E.P.G.... 21 Tabela 3: Diferenças estatísticas dos índices de diversidade de aves utilizando o Teste t entre as seis sub-áreas amostradas no método quantitativo. Os campos grafados em cinza representam os valores que foram considerados significativamente diferentes para um grau de confiança de 95% (p < 0,025).... 28 Tabela 4: Categorias tróficas na comunidade de aves em termos de riqueza e abundância no P.E.E.P.G. entre os meses de outubro de 2007 e setembro de2008. (NP) não-passeriformes, (P) passeriformes, e (T) totais.... 29 Tabela 5: Categorias tróficas e estratos de preferência utilizados pelas aves no P.E.E.P.G. entre outubro de 2007 a setembro de 2008.... 31

9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 9 2 OBJETIVO... 10 3 MATERIAIS E MÉTODOS... 10 3.1 Área de Estudo... 10 3.2 Levantamento da Avifauna... 12 3.2.1 Levantamento qualitativo ou exaustivo... 13 3.2.2 Levantamento quantitativo... 13 3.3 Categorias tróficas... 14 3.4 ANÁLISE DE DADOS... 14 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES... 15 4.1 Levantamento exaustivo:... 15 4.2 Levantamento quantitativo... 25 4.3 Índice Pontual de Abundância... 25 4.4 Diversidade... 26 4.5 Teste t... 27 4.6 Categorias tróficas... 29 4.7 Estrato de preferência ocupado pelas aves observadas... 31 5 CONCLUSÕES... 32 6 REFERÊNCIAS... 34 7 APÊNDICE... 37 7.1 Espécies fotografadas no Parque Ecológico e Ecoturístico de Pedras Grandes, Santa Catarina, Brasil.... 37

9 1 INTRODUÇÃO A classe Aves (Chordata: Vertebrata) inclui mais de 9.000 espécies distribuídas em todo o mundo e se constitui no grupo mais homogêneo de vertebrados (SICK, 1997). E o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos tem registrado 1801 espécies de aves no Brasil (CBRO, 2007). Santa Catarina apresentava 596 espécies (ROSÁRIO, 1996). Entretanto com o aumento de pesquisas cientificas no estado hoje são documentadas cerca de 650 espécies de aves (PIACENTINI et al.,2006). A Mata Atlântica é conhecida mundialmente pela sua imensa biodiversidade, número de espécies endêmicas e grau de ameaça (MYERS et al., 2000). Cobria originalmente cerca de 1.350.000 km 2 (SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2002), numa faixa paralela à costa entre os Estados do Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul (SECRETÁRIA DE ESTADO E MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1996). Nas regiões sul e sudeste essa floresta se estendia pelo interior, chegando até a província de Misiones, no norte da Argentina. Desde o início da colonização portuguesa foi o bioma brasileiro que mais sofreu alterações provocadas pela ocupação humana, apresentando atualmente menos de 8% da área florestal original (SOS MATA ATLÂNTICA /INPE, 2002). Grande parte destes remanescentes está distribuída em diversos pequenos fragmentos (METZGER, 2000) e é composta por florestas secundárias em diferentes estágios de regeneração (VIANA; TABANEZ, 1996). E apesar de todo o histórico de alterações apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies, sendo 188 endêmicas e 104 ameaçadas de extinção (MARINI; GARCIA, 2005). E destas, apenas 8,5% ocorrem em habitats alterados (GOERCK, 1997), de modo que várias espécies são muito sensíveis a distúrbios ambientais. A contribuição das matas secundárias para a manutenção destas espécies ainda é pouco conhecida. Aleixo (1999) e Protomastro (2001) demonstraram que matas secundárias podem abrigar uma diversidade de aves similar às matas primárias, no entanto as espécies mais sensíveis desaparecem ou tornam-se raras. O avançado processo de substituição de florestas por ambientes antropizados, associado ao fato de que muitas das espécies não ocorrem em habitats perturbados ou nas florestas secundárias, colocam o grupo como um dos mais ameaçados do planeta (BROOKS; BALMFORD 1996).

10 Esse cenário extremamente preocupante em relação à conservação da Mata Atlântica e de sua avifauna, faz urgente a tomada de ações concretas visando à manutenção e recuperação dos remanescentes de floresta. Neste sentido o conhecimento científico é fundamental para o embasamento de planos de manejo, sendo que no caso da Mata Atlântica, listagens de espécies muitas vezes são as únicas informações disponíveis. Apesar de comumente utilizarem métodos pouco comparáveis e esforços desiguais, essas listagens são valiosas para a compreensão dos padrões de distribuição das espécies auxiliando na elaboração de planos de conservação e manejo de áreas. Sabendo que no Parque Ecológico e Ecoturístico de Pedras Grandes (P.E.E.P.G) não existe nenhum trabalho cientifico com relação a avifauna. 2 OBJETIVO Este trabalho tem por objetivo informar sobre a composição, riqueza, abundância, eqüitabilidade, categorias tróficas e o estrato vegetal utilizado pela avifauna no Parque Ecoturístico e Ecológico de Pedras Grandes, Santa Catarina a partir do levantamento qualitativo e quantitativo. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Área de Estudo O presente trabalho foi realizado no Parque Ecoturístico e Ecológico de Pedras Grandes, situado no Extremo Sul Catarinense, na microrregião de Tubarão, perto da divisa do município de Pedras Grandes com o município de Urussanga; trata-se de uma área de sete hectares pertencentes ao município de Pedras Grandes (Fig. 1). A coordenada geográfica central do parque, obtida por GPS é S 28 29 04 e W 49 15 24 e uma altitude que varia de 315m a 332m.

11 Fig. 1: Localização da área de estudo. Fonte CARVALHO (2007). A classificação do clima segundo Köppen é do tipo Cfa subtropical úmido, uma vez que a temperatura média do mês mais frio é inferior a 18ºC e superior a -3ºC. Pertence ao tipo úmido sem estação seca definida, pois não existe índice pluviométrico inferior a 60 mm mensais. (KÖPPEN, 1948) O relevo local é representado por elevações côncavo-convexas, composto por morros, tabuleiros, elevações com cume acentuado e fundo de vale. O Parque em sua maior parte é coberto por Floresta Ombrófila Densa Submontana em diferentes estádios sucessionais, com entorno predominantemente ocupado por pomares, plantações de Pinus sp e Eucaliptus sp, atividade agropastoril e fragmentos isolados. O núcleo de vegetação florestal está conectado com outros fragmentos florestais do entorno por meio de corredor representado por uma faixa alongada de vegetação florestal (CARVALHO, 2007). Anteriormente à sua fundação, que data do ano de 1995, a área era de domínio privado. Nesse período houve o corte seletivo de madeira em algumas áreas, já em outras, como o vale e margens do riacho que cortam longitudinalmente o Parque, a vegetação apresenta-se mais preservada, com a presença de essências florestais nobres de grande porte (CARVALHO, 2007). Atualmente, o PEEPG pertence à prefeitura Municipal de Pedras Grandes e encontra-se abandonado tornando-se susceptível a exploração de fauna e flora.

12 3.2 Levantamento da Avifauna A área do parque foi dividida em seis sub-áreas; sub-área A - floresta secundaria (área de baixada), sub-área B - floresta secundaria, sub-área C - borda, sub-área D - ambiente aquático, sub-área E - campo e sub-área F - eucaliptos que se encontrava conectado ao parque. (Fig. 2) Fig. 2: A área do parque foi dividida em seis sub-áreas; sub-área A - floresta secundaria (área de baixada), subárea B - floresta secundaria, sub-área C - borda, sub-área D - ambiente aquático, sub-área E - campo e sub-área F - eucaliptos que se encontrava conectado ao parque. O levantamento da avifauna foi realizado de outubro de 2007 a setembro de 2008. Sendo utilizados dois métodos de pesquisa, levantamento qualitativo ou exaustivo e pontos fixos (VIELLIARD; SILVA 1990). As aves foram identificadas pelo método direto ou visual, sempre com a utilização de binóculos 12 x 50 mm, ou por meio de suas vocalizações. Estas foram gravadas com gravador OLYMPUS DIGITAL WAVE PLAYER e quando possível as

13 aves foram fotografadas com maquina OLYMPUS FE-150. Quando uma espécie foi observada apenas na amostragem quantitativa esta foi adicionada a lista qualitativa. A ordem sistemática e a nomenclatura das espécies de aves utilizadas seguem Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos CBRO (2007). 3.2.1 Levantamento qualitativo ou exaustivo O levantamento exaustivo teve por finalidade estabelecer lista mais completa possível da avifauna em uma determinada área de estudo. Tal levantamento não mede a abundância das espécies, mas se constitui da base de identificação das espécies, de seus ciclos biológicos e de suas preferências ambientais (VIELLIARD; SILVA 1990). O roteiro de registros das espécies de aves vistas ou ouvidas seguiu a lista do (CBRO, 2007) na forma de planilha de campo. Os dados da planilha foram transcritos para o programa Excel do Microsoft Office para expressar freqüência de ocorrência. Para o levantamento das aves foi realizada uma saída a campo por mês, durante doze meses, sendo percorridas trilhas estabelecidas nas seis áreas de amostragem procurandose cobrir a maior área possível dos mesmos. A extensão de cada trilha variou entre 350 e 700 m e estavam distantes aproximadamente 200 m uma das outras. Os dias das saídas foram escolhidos conforme a disponibilidade do observador. Foram percorridos também, estradas e pequenos cursos de água que margeiam ou cortam os fragmentos a fim de se amostrar as bordas, taquarais e ambientes ripários, eventualmente não contemplados no sistema de trilhas. Com isso, acredita-se que foi possível amostrar porções representativas destes fragmentos. As 12 saídas a campo foram realizadas sempre pelo mesmo observador (n=1). O esforço amostral foi de 120 h de observação, com 10 horas de observação por mês. O cálculo de freqüência de ocorrência seguiu Vielliard; Silva (1990). Somente foi considerado o número de visitas onde a espécie foi registrada, sendo esse índice expresso em porcentagem. Os coeficientes de riqueza foram determinados com a utilização do software Past (HAMMER, O.; HARPER, D. A. T.; RYAN, P. D. 2001). 3.2.2 Levantamento quantitativo Para o levantamento quantitativo da avifauna foi utilizada a metodologia por pontos de escuta idealizada por Blondel; Ferry; Frochot; (1970) para regiões temperadas e adaptada por Viellard; Silva (1990) para regiões tropicais. Para este levantamento foram realizadas 12 saídas a campo, uma por mês, onde foram amostradas as seis sub-áreas. Dois pontos foram determinados em cada área totalizando

14 12 pontos, com duração de 30 minutos cada, no período matutino (inicio 10 minutos antes do nascer do sol independente da estação do ano) sendo seis horas por saída, totalizando 72 horas de esforço amostral. Todos os pontos estavam eqüidistantes 200m entre si e foram sorteados antes de cada amostragem (VIELLIARD; SILVA 1990). Os dados das planilhas foram transcritos para o software Past (HAMMER, O.; HARPER, D. A. T.; RYAN, P. D. 2001) programado para expressar riqueza, abundância, os índices pontuais de abundância, diversidade e a significância estatística dos resultados de diversidade por meio do teste t de student. 3.3 Categorias tróficas O modelo utilizado para categorias tróficas seguiu Motta (1990), sendo considerados: insetívoros (INS), dieta composta por ¾ ou mais de insetos e outros artrópodes; onívoros (ONI), dieta composta por insetos, artrópodes e frutos em proporções similares; frugívoros (FRU), dieta composta por ¾ ou mais de frutos, grãos e sementes; nectarívoros (NEC), dieta composta principalmente por néctar, mas também outros insetos e artrópodes; carnívoros (CAR), dieta composta por ¾ ou mais de vertebrados vivos; detritívoros (DET), dieta composta por ¾ ou mais de matéria orgânica em decomposição. Para a classificação do estrato de preferência das aves foram consideradas apenas aves amostradas visualmente e sua denominação seguiu aquela listada por Motta (1990): solo (SL) espécies que utilizam preferencialmente o solo como local para forrageamento; intermediário (IN) espécies que utilizam preferencialmente o estrato acima do solo até próximo à copa ou que utilizam o sub-bosque para forrageamento; superior (SU) espécies que forrageiam preferencialmente na copa ou acima dela; vertical (VR) espécies que forrageiam verticalmente nos estratos vegetais. 3.4 ANÁLISE DE DADOS Os coeficientes de riqueza e abundância e diversidade de espécies (Shannon- Wiener) foram determinados com a utilização do programa Past (HAMMER, O.; HARPER, D. A. T.; RYAN, P. D. 2001). A freqüência de ocorrência das espécies amostradas no levantamento qualitativo foi expressa em porcentagem e determina a proporção dos dias em que cada espécie foi observada, em relação com ao número total de dias de amostragem (VIELLIARD; SILVA

15 1990). Esse índice pode indicar o status (ocasional, residente ou migrante) da espécie de acordo com o valor obtido. A abundância específica foi calculada através do índice pontual de abundância (IPA) que indica a abundância de cada espécie em função do seu coeficiente de conspicuidade, por meio do número de contatos visuais e ou auditivos e o número total de amostras Blondel; Ferry; Frochot; (1970). A abundância de cada espécie foi calculada através do Índice Pontual de Abundância (IPA) que é igual ao número de contatos obtidos dividido pelo número de pontos de contagem (ALEIXO; VIELLIARD, 1995). Seguindo a orientação dos autores citados ao lado os IPA foram convertidos para uma escala de freqüência relativa, considerando as seguintes classes: espécie rara (IPA até 0,1); espécie escassa (IPA entre 0,11 e 0,2); espécie incomum (IPA entre 0,21 e 0,3); espécie comum (IPA entre 0,31 e 0,5); espécie muito comum (IPA maior que 0,5). 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Levantamento exaustivo: Para a avaliação qualitativa a partir do método exaustivo foi registrado um total de 135 espécies no Parque Ecoturístico e Ecológico de Pedras Grandes, pertencentes a 44 famílias sendo 21 de não-passeriformes e 23 de passeriformes. As famílias de passeriformes mais representativas foram Tyrannidae com 22 espécies, Thraupidae com 10 espécies e Furnariidae com nove espécies. A família mais representativa entre os não-passeriformes foi trochilidae com sete espécies (Tab.1). Do total de espécies registradas 47 pertencem a táxons de não-passeriformes e 88 a táxons de passeriformes sendo que 42 são endêmicas da Mata Atlântica. Seis espécies são consideradas globalmente ameaçadas ou quase-ameaçadas de extinção, sendo estas endêmicas do bioma Mata Atlântica (BENCKE et al., 2006) Myrmotherula unicolor (Ménétriès, 1835), Scytalopus indigoticus (Wied, 1831), Hemitriccus orbitatus (Wied, 1831), Carpornis cucullata (Swainson, 1821), Cyanocorax caeruleus (Vieillot, 1818) e Thraupis cyanoptera (Vieillot, 1817). Algumas espécies foram citadas como raras para o estado por Rosário (1996) M. unicolor (Ménétriès, 1835) (choquinha-cinzenta), Sclerurus scansor (Ménétriès, 1835) (virafolha), porem citada comum na ilha de Santa Catarina por (NAKA et al., 2001) Nonnula rubecula (Spix, 1824) (macuru). Há apenas três registros atuais para o estado (PIACENTINI et al. 2006), Hemitriccus orbitatus (Wied, 1831) esta espécie com quatro registros para o

16 estado (ZIMMERMANN et al., 2003), e Xenops rutilans (Temminck, 1821) com sete registros para o estado PIACENTINI et al. (2006). Segundo a lista do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2007) não foram observadas espécies migratórias. Porém outros autores como Belton (1994), Develey; Endrigo (2004) e Frisch; Frisch (2005) citam algumas espécies que são migratórias regionalmente ou residentes de verão. E corroborando com os autores podemos observar 13 espécies, Elanoides forficatus (Linnaeus, 1758), Empidonomus varius (Vieillot, 1818), Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868), Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776), Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776), Myiarchus swainsoni (Cabanis & Heine, 1859) Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766), Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819), Progne tapera (Vieillot, 1817) e Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817). Frisch; Frisch (2005) ainda mencionam a migração de outras espécies como, Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818), Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) e Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766). Segundo estes autores S. icterophrys chega ao sul do Brasil em outubro e desaparece em março quando migra para Venezuela, mas esta espécie foi observada também nos meses de abril e maio na área de estudo e no mês de julho na cidade de Urussanga, SC. Frisch; Frisch (2005) citam, ainda, que a migração de S. caerulescens é mais acentuada em anos que o inverno na região sul do Brasil é mais intenso. Isto pode estar relacionado com a escassez de sementes de plantas da família Poaceae, que são à base da dieta destas aves. V. jacarina obteve maior freqüência de ocorrência que S. caerulescens talvez por procurar sementes, também, no solo, fato menos observado em S. caerulescens. Odontophorus capueira (Spix, 1825) conhecido popularmente como uru foi visualizado na área do Parque nos anos de 2005 e 2006, (obs. pessoal), porém não foi registrado durante os 12 meses desta pesquisa. Não foram feitas saídas noturnas, fato que pode explicar não terem sido observadas aves carnívoras noturnas, representadas pelas corujas das famílias Tytonidae e Strigidae. Frugívoros da família Psittacidae não foram registrados no P.E.E.P.G. Também não foram observadas espécies de aves exóticas na área de estudo. Algumas espécies foram observadas apenas fora da área de estudo e por isso não constam na lista de espécies: Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758), Brotogeris tirica (Gmelin, 1788), Athene cunicularia (Molina, 1782), Agelaioides badius (Vieillot, 1819). Estas espécies são características de áreas antropizadas e, possivelmente, podem estar utilizando a pequena área sem vegetação no parque.

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18 Tabela 1. Famílias e espécies de aves registradas no P.E.E.P.G. segundo a lista do (CBRO, 2007). Freqüência de ocorrência; status (R) residente, (MR) migratório regionalmente; (I.P.A) índice pontual de abundância; (C.T.) categorias tróficas; (E.V) estrato de preferência das aves segundo Motta (1990). (E.M.A) endêmico da mata atlântica; (*) espécies quase-ameaçadas de extinção. Táxons F.O. (%) status I.P.A C.T. E.V. E.M.A TINAMIDAE Gray, 1840 Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) 91.67 R 0,24 frugívoro solo Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) 50 R 0,06 frugívoro solo ANATIDAE Leach, 1820 Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) 75 R 0,33 carnívoro CRACIDAE Rafinesque, 1815 Ortalis guttata (Spix, 1825) 66.67 R 0,14 onívoro superior X PODICIPEDIDAE Bonaparte, 1831 Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766) 8.33 R 0,01 carnívoro ARDEIDAE Leach, 1820 Butorides striata (Linnaeus, 1758) 8.33 R 0,01 carnívoro solo Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) 33.33 R 0,04 insetívoro solo THRESKIORNITHIDAE Poche, 1904 Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823) 16.67 R 0,07 onívoro solo CATHARTIDAE Lafresnaye, 1839 Cathartes aura (Linnaeus, 1758) 50 R 0,11 detritívoro superior Coragyps atratus (Bechstein, 1793) 83.33 R 0,31 detritívoro superior ACCIPITRIDAE Vigors, 1824 Buteo brachyurus (Vieillot, 1816) 8.33 R 0,01 carnívoro superior Elanoides forficatus (Linnaeus, 1758) 16.67 MR 0,04 insetívoro superior Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) 91.67 R 0,14 carnívoro superior FALCONIDAE Leach, 1820 Caracara plancus (Miller, 1777) 8.33 R 0,01 carnívoro solo Milvago chimachima (Vieillot, 1816) 25 R 0,04 carnívoro Superior RALLIDAE Rafinesque, 1815 Aramides saracura (Spix, 1825) 75 R 0,33 onívoro Solo X Gallinula chloropus (Linnaeus, 1758) 91.67 R 0,18 onívoro Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) 25 R onívoro Solo CHARADRIIDAE Leach, 1820 Vanellus chilensis (Molina, 1782) 58.33 R 0,24 onívoro Solo JACANIDAE Chenu & Des Murs, 1854 Jacana jacana (Linnaeus, 1766) 91.67 R 0,39 carnívoro Solo COLUMBIDAE Leach, 1820 Columbina picui (Temminck, 1813) 8.33 R 0,01 frugívoro Solo Columbina talpacoti (Temminck, 1811) 75 R 0,14 frugívoro Solo Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) 25 R 0,07 frugívoro Solo Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855) 100 R 0,35 frugívoro Solo CUCULIDAE Leach, 1820 Crotophaga ani (Linnaeus, 1758) 33.33 R 0,15 insetívoro intermediário Guira guira (Gmelin, 1788) 33.33 R 0,13 insetívoro intermediário Piaya cayana (Linnaeus, 1766) 91.67 R 0,18 onívoro Superior Tapera naevia (Linnaeus, 1766) 33.33 R 0,04 insetívoro intermediário APODIDAE Olphe-Galliard, 1887 Chaetura meridionalis (Hellmayr, 1907) 50 R 0,33 insetívoro Superior Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) 8.33 R 0,06 insetívoro Superior TROCHILIDAE Vigors, 1825 Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) 25 R 0,04 nectarívoro intermediário

19 Amazilia lactea (Lesson, 1832) 8.33 R 0,01 nectarívoro intermediário Amazilia versicolor (Vieillot, 1818) 8.33 R 0,04 nectarívoro intermediário Aphantochroa cirrochloris (Vieillot, 1818) 8.33 R nectarívoro intermediário X Florisuga fusca (Vieillot, 1817) 25 R 0,13 nectarívoro intermediário X Phaethornis eurynome (Lesson, 1832) 58.33 R 0,17 nectarívoro intermediário X Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) 100 R 0,39 nectarívoro intermediário X TROGONIDAE Lesson, 1828 Trogon rufus (Gmelin, 1788) 16.67 R 0,03 onívoro Superior Trogon surrucura (Vieillot, 1817) 100 R 0,17 onívoro Superior X ALCEDINIDAE Rafinesque, 1815 Ceryle torquatus (Linnaeus, 1766) 33.33 R 0,03 carnívoro Superior BUCCONIDAE Horsfield, 1821 Nonnula rubecula (Spix, 1824) 16.67 R 0,01 insetívoro Superior RAMPHASTIDAE Vigors, 1825 Ramphastos dicolorus (Linnaeus, 1766) 91.67 R 0,24 onívoro Superior X PICIDAE Leach, 1820 Celeus flavescens (Gmelin, 1788) 25 R 0,04 insetívoro Vertical Colaptes campestris (Vieillot, 1818) 25 R 0,13 insetívoro Solo Piculus aurulentus (Temminck, 1821) 16.67 R 0,03 insetívoro Vertical X Picumnus temminckii Lafresnaye, 1845 25 R 0,01 insetívoro Vertical X Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) 91.67 R 0,22 insetívoro Vertical X THAMNOPHILIDAE Swainson, 1824 Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823) 66.67 R 0,11 insetívoro intermediário Hypoedaleus guttatus (Vieillot, 1816) 75 R 0,10 insetívoro Superior X Myrmeciza squamosa (Pelzeln, 1868) 100 R 0,15 insetívoro Solo X Myrmotherula unicolor (Ménétriès, 1835)* 25 R insetívoro intermediário X Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) 66.67 R 0,13 insetívoro intermediário X Thamnophilus caerulescens (Vieillot, 1816) 100 R 0,35 insetívoro intermediário Thamnophilus ruficapillus (Vieillot, 1816) 33.33 R 0,07 insetívoro intermediário CONOPOPHAGIDAE Sclater & Salvin, 1873 Conopophaga lineata (Wied, 1831) 58.33 R 0,10 insetívoro intermediário X RHINOCRYPTIDAE Wetmore, 1930 Scytalopus indigoticus (Wied, 1831)* 16.67 R 0,01 insetívoro Solo X Scytalopus speluncae (Ménétriès, 1835) 50 R 0,03 insetívoro Solo X FORMICARIIDAE Gray, 1840 Chamaeza ruficauda (Cabanis & Heine, 1859) 8.33 R insetívoro Solo X SCLERURIDAE Swainson, 1827 Sclerurus scansor (Ménétriès, 1835) 16.67 R 0,01 insetívoro intermediário X DENDROCOLAPTIDAE Gray, 1840 Dendrocincla turdina (Lichtenstein, 1820) 33.33 R 0,03 insetívoro Vertical X Dendrocolaptes platyrostris Spix, 1825 33.33 R insetívoro Vertical Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) 75 R 0,15 insetívoro Vertical Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) 91.67 R 0,11 insetívoro Vertical X FURNARIIDAE Gray, 1840 Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) 100 R 0,21 insetívoro intermediário X Cichlocolaptes leucophrus (Jardine & Selby, 1830) 8.33 R 0,01 insetívoro intermediário X Furnarius rufus (Gmelin, 1788) 25 R 0,08 insetívoro Solo Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) 50 R 0,08 insetívoro Solo Philydor atricapillus (Wied, 1821) 50 R 0,08 insetívoro intermediário X Philydor rufum (Vieillot, 1818) 8.33 R insetívoro intermediário Synallaxis spixi (Sclater, 1856) 100 R 0,29 insetívoro intermediário Synallaxis ruficapilla (Vieillot, 1819) 83.33 R 0,19 insetívoro intermediário X Xenops rutilans (Temminck, 1821) 16.67 R 0,01 insetívoro Superior TYRANNIDAE Vigors, 1825

Attila phoenicurus (Pelzeln, 1868) 33.33 R 0,11 insetívoro Superior Attila rufus (Vieillot, 1819) 100 R 0,31 insetívoro intermediário X Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) 91.67 R 0,17 insetívoro Superior Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) 16.67 R onívoro Superior Elaenia parvirostris (Pelzeln, 1868) 33.33 R 0,07 onívoro Superior Empidonomus varius (Vieillot, 1818) 16.67 MR 0,01 insetívoro intermediário Hemitriccus orbitatus (Wied, 1831)* 8.33 R insetívoro Superior X Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) 8.33 MR 0,01 insetívoro intermediário Leptopogon amaurocephalus (Tschudi, 1846) 8.33 R insetívoro intermediário Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) 25 R 0,07 insetívoro superior Mionectes rufiventris (Cabanis, 1846) 16.67 R 0,01 insetívoro intermediário X Myiarchus swainsoni (Cabanis & Heine, 1859) 8.33 MR insetívoro intermediário Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) 16.67 MR insetívoro intermediário Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) 33.33 MR 0,08 insetívoro superior Myiornis auricularis (Vieillot, 1818) 8.33 R 0,03 insetívoro intermediário X Phylloscartes ventralis (Temminck, 1824) 25 R 0,03 insetívoro superior Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) 100 R 0,53 onívoro superior Platyrinchus mystaceus Vieillot, 1818 41.67 R 0,04 insetívoro intermediário Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) 75 R 0,13 insetívoro intermediário Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) 33.33 MR 0,07 insetívoro superior Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) 75 R 0,29 insetívoro superior Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 41.67 MR 0,19 insetívoro superior COTINGINAE Bonaparte, 1849 Carpornis cucullata (Swainson, 1821)* 100 R 0,19 frugívoro superior X PIPRIDAE Rafinesque, 1815 Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) 100 R 0,64 frugívoro intermediário X TITYRIDAE Gray, 1840 Pachyramphus castaneus (Jardine & Selby, 1827) 8.33 R onívoro superior Schiffornis virescens (Lafresnaye, 1838) 100 R 0,50 frugívoro intermediário X VIREONIDAE Swainson, 1837 Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) 100 R 0,26 insetívoro superior Hylophilus poicilotis Temminck, 1822 41.67 R 0,07 insetívoro intermediário X Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) 58.33 MR 0,19 insetívoro superior CORVIDAE Leach, 1820 Cyanocorax caeruleus (Vieillot, 1818)* 58.33 R 0,07 onívoro superior X HIRUNDINIDAE Rafinesque, 1815 Progne tapera (Vieillot, 1817) 25 MR 0,14 insetívoro superior Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) 66.67 R 0,56 insetívoro superior Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) 8.33 MR insetívoro superior TROGLODYTIDAE Swainson, 1831 Troglodytes musculus (Naumann, 1823) 100 R 0,43 insetívoro intermediário TURDIDAE Rafinesque, 1815 Platycichla flavipes (Vieillot, 1818) 25 R 0,03 onívoro superior Turdus albicollis (Vieillot, 1818) 100 R 0,40 onívoro intermediário Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850) 58.33 R 0,24 onívoro intermediário Turdus rufiventris (Vieillot, 1818) 100 R 0,31 onívoro intermediário COEREBIDAE d'orbigny & Lafresnaye, 1838 Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) 50 R 0,15 nectarívoro superior THRAUPIDAE Cabanis, 1847 Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) 91.67 R 0,53 frugívoro superior Habia rubica (Vieillot, 1817) 100 R 0,49 insetívoro intermediário Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) 16.67 R frugívoro superior X Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) 100 R 0,50 frugívoro intermediário X Tangara cyanocephala (Statius Muller, 1776) 91.67 R 0,82 frugívoro superior X 20

21 Tangara seledon (Statius Muller, 1776) 16.67 R 0,10 frugívoro superior X Tersina viridis (Illiger, 1811) 8.33 R 0,01 onívoro superior Thraupis cyanoptera (Vieillot, 1817)* 91.67 R 0,26 frugívoro superior X Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) 75 R 0,24 frugívoro superior Trichothraupis melanops (Vieillot, 1818) 16.67 R 0,03 frugívoro intermediário EMBERIZIDAE Vigors, 1825 Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) 83.33 R 0,54 frugívoro intermediário Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) 33.33 MR 0,19 frugívoro intermediário Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) 66.67 MR 0,15 frugívoro intermediário Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) 83.33 R 0,29 frugívoro solo CARDINALIDAE Ridgway, 1901 Saltator similis (d'orbigny & Lafresnaye, 1837) 83.33 R 0,43 frugívoro intermediário PARULIDAE Wetmore, et al.(1947) Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) 100 R 0,79 insetívoro intermediário Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) 83.33 R 0,21 insetívoro intermediário X Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) 100 R 0,49 insetívoro superior Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) 100 R 0,32 insetívoro intermediário FRINGILLIDAE Leach, 1820 Carduelis magellanica (Vieillot, 1805) 58.33 R 0,08 frugívoro superior Euphonia pectoralis (Latham, 1801) 100 R 0,36 frugívoro superior X Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) 91.67 R 0,28 frugívoro superior ICTERIDAE Vigors, 1825 Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) 8.33 R 0,01 onívoro superior Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) 8.33 R onívoro superior A freqüência de ocorrência das espécies de aves no Parque Ecoturístico e Ecológico de Pedras Grandes foi distribuída em cinco classes (Tab.2). Tabela 2: Freqüência de ocorrência (%) da comunidade de aves no P.E.E.P.G. Classes de porcentagem até 24% 25 a 50% 51 a 75% 76 a 99% 100% Total Número de espécies: 37 37 20 19 22 135 Porcentagem relativa: 27,40% 27,40% 14,80% 14,10% 16,30% 100% As espécies com freqüência de ocorrência igual a 100% correspondem a 16,3% das amostras, tais como juriti-pupu, Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855), beija-flor-de-testavioleta, Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788), surucuá-variado, Trogon surrucura (Vieillot, 1817), papa-formiga-de-grota, Myrmeciza squamosa (Pelzeln, 1868), barranqueiro-de-olhobranco, Automolus leucophthalmus (Wied, 1821), capitão-de-saíra, Attila rufus (Vieillot, 1819), corocochó, Carpornis cucullata (Swainson, 1821), tiê-do-mato-grosso, Habia rubica (Vieillot, 1817), e ferro-velho, Euphonia pectoralis (Latham, 1801). Já as espécies com freqüência de ocorrência de 8,33% (uma observação) até 50% (seis observações) correspondem em porcentagem relativa a 54,8% (Tab. 2). Segundo KARR

22 (1977), espécies ocasionais são difíceis de interpretar, podendo ser raras por estarem em seu limite de tolerância fisiológica, devido a algum fator ambiental ou físico, e ou porque o recurso da qual dependem é raro na região. Donatelli et al, (2007) citam que vários fatores podem ser a causa dessa baixa freqüência: espécies pouco conspícuas (de difícil observação), que possuem vocalização discreta ou que pouco vocalizam; espécies de ocorrência ocasional, que não são típicas do ambiente em estudo; espécies migratórias, e ou porque os remanescentes florestais não tem condições de manter a população por escassez de recursos alimentares. Não ouve grande variação no número de espécies registradas mensalmente (Fig. 3). Ocorreu uma queda do número de espécies em novembro, provavelmente, a chuva que ocorreu no dia da saída a campo influenciou de forma negativa na amostragem, sendo que muitas espécies diminuem a intensidade de vocalizações e a movimentação pelos habitats. Segundo Donatelli et al., (2004) setembro é o mês em que se inicia a atividade reprodutiva da maioria das aves no hemisfério sul. E pode ser notado um acréscimo no número de espécies a partir do mês de agosto com posterior declínio a partir do mês de março quando muitas espécies reduzem a intensidade de vocalizações, iniciam a muda de penas e as espécies migratórias deixam o sul do país. Fig. 3: Números cumulativos e absolutos de espécies observadas mensalmente no P.E.E.P.G., entre outubro de 2007 a setembro de 2008. Sp/C número de espécies cumulativo; Sp/P.S número absolutos de espécies por saída. A curva cumulativa de espécies de toda a área do P.E.E.P.G. através do método de rarefação demonstra estar próxima da estabilização (Fig. 4). No entanto, se observarmos as curvas obtidas em cada ponto amostral, pela mesma metodologia, podemos observar que o

23 ponto A, foi o que mais se aproximou da estabilização. Os demais pontos, principalmente, o C e o D indicam a necessidade de mais horas de amostragem para que riqueza estimada e o desvio padrão se aproximem da estabilização (Fig. 5) Willis; Oniki (1981) apud Donatelli et al., 2004 afirmam que a curva estabilizaria com 200 horas de amostragem e mesmo assim poder-se-ia encontrar novas espécies. Naturalmente estes autores referem-se a espécies ocasionais e não-residentes, migratórias e visitantes sazonais (DONATELLI et al., 2004). O número de espécies registradas em cada saída a campo variou de 83 em dezembro de 2007 a 59 em junho de 2008. Sendo que apenas no mês de dezembro pode constatar-se 61,48% das espécies. Fig. 4: Curva cumulativa de espécies de todo o P.E.E.P.G Construída através do método de rarefação. D/P Desvio Padrão e R/E riqueza estimada.

Fig. 5: Curva cumulativa das espécies divididas em pontos de amostragem no P.E.E.P.G através do método de rarefação. Sub-área A - floresta secundaria (área de baixada), Sub-área B - floresta secundaria, Sub-área C - borda, Sub-área D - ambiente aquático, Sub-área E - campo e Sub-área F - eucaliptos que se encontrava conectado ao parque. D/P Desvio Padrão e R/E riqueza estimada. 24

25 4.2 Levantamento quantitativo Nos 12 meses de levantamento quantitativo foram realizadas 72 amostras, sendo registradas 119 espécies e 1553 contatos com uma média de 21,57 contatos/amostra. VIELLIARD; SILVA (1990) obtiveram uma média de 20 contatos por amostra, em 110 amostras. ALEIXO; VIELLIARD (1995) registraram uma média de 23,2 contatos/amostra. DONATELLI et al (2004) obtiveram em 12 meses 12,7 contatos/amostra. O número máximo de espécies registradas em uma única sub-área foi registrado no mês de novembro de 2007 na sub-área A onde foi observado um total de 29 espécies. O número mínimo de espécies foi registrado na sub-área D no mês de maio de 2008 onde apenas uma espécie foi observada. 4.3 Índice Pontual de Abundância O índice pontual de abundância apresentou variação de 0,01(1 contato) a 0,82 (59 contatos) com uma média de 0,18 (equivalente a 13 contatos/espécie) A abundância das espécies através do I.P.A em classes de freqüência relativa demonstra que 51 espécies tem baixa abundância, até 7 contatos e são dispostas na classe de espécies raras equivalendo a 42,86% das espécies (Fig. 6). Na classe de espécies escassas foi registrado um total de 28 espécies equivalendo a 23,53% das espécies. Na classe de espécies incomuns foi registrado um total de 14 espécies equivalendo a 11,76% das espécies. Para a classe de espécies comuns foi registrado um total de 19 espécies equivalendo a 15,97% das espécies. Para a classe de espécies consideradas muito comuns com mais de 36 contatos, foi registrado um total de sete espécies equivalendo a 5,88% do total amostrado.

26 Fig. 6: Abundância das espécies de aves no P.E.E.P.G. por meio do índice pontual de abundância (IPA), em classes de freqüência relativa, entre outubro de 2007 a setembro de 2008. Em termos ecológicos pode-se dizer que poucas espécies são abundantes na área de estudo e a grande maioria apresenta pequena abundância. Pode ainda ser observado um padrão semelhante ao da floresta tropical onde se tem um elevado número de espécies e um pequeno número de indivíduos (DONATELLI et al, 2004). Com exceção de algumas espécies que foram mais abundantes, como: Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766), Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793), Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817), Dacnis cayana (Linnaeus, 1766), Tangara cyanocephala (Statius Muller, 1776), Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) e Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830). Observou-se que no Parque Ecoturístico e Ecológico de Pedras Grandes que 88,15% do total de espécies registradas na amostragem qualitativa foram detectadas na amostragem quantitativa. Este alto grau de similaridade dos métodos de amostragem pode estar relacionado à pequena área do Parque, cerca de sete hectares. 4.4 Diversidade O gráfico da variação mensal do índice de diversidade na comunidade de aves evidencia um alto índice de diversidade, superior a 3,9 nos meses de outubro, novembro e fevereiro, com pequena queda nos meses de dezembro, janeiro (Fig.7). Uma possível explicação seria a diminuição nas atividades das aves que estão em alguma fase reprodutiva (postura, incubação, cuidados com a prole, dentre outros) em que normalmente um membro do casal se desloca com mais freqüência que o outro (DONATELLI et al, 2004). A queda a partir do mês de março poderia ser explicada pelo fim do período reprodutivo das aves,

27 diminuição das atividades de vocalização e talvez diminuição no deslocamento das mesmas (DONATELLI et al, 2004). Este padrão é observado até o mês de julho, voltando ao pico em agosto e setembro. A eqüitabilidade demonstrou variação mínima no mês de junho (0,90) até (0,97) em agosto, o que nos indica que a distribuição das espécies amostradas em cada ponto foi constante e equilibrada. Sendo que no mês de junho foi observado um bando de T. cyanocephala (Statius Muller, 1776) composto de 12 indivíduos, o que influenciou a eqüitabilidade deste mês. (Fig. 7). Fig. 7: Variação mensal do índice de diversidade (H ) e eqüitabilidade na comunidade de aves no P.E.E.P.G. entre os meses de outubro de 2007 e setembro de 2008. 4.5 Teste t A tabela 3 lista os testes t realizados para as diversidades totais (H ) nas diferentes sub-áreas de amostragem. As sub-áreas A, B e C não demonstraram diferença estatística significativa, resultados que pode ser explicado pelo fato das sub-áreas A e B serem relacionados com a área de floresta secundária e a bub-área C com a borda da mata. As subáreas A, B e C foram considerados estatisticamente diferentes das sub-áreas D (ambiente aquático), E (campo) e F (eucaliptos). As sub-áreas E e F foram consideradas significativamente semelhantes. Ainda é importante lembrar que no mês de maio de 2008 foi realizado o corte da área com eucalipto, influenciando ainda mais na significância entre as áreas. A sub-área D referente ao ambiente aquático não possui significância estatística com nenhum dos demais pontos. Fato que já era esperado, visto que a maioria das espécies que ocupam este ambiente são dependentes de áreas alagadas.

28 Tabela 3: Diferenças estatísticas dos índices de diversidade de aves utilizando o Teste t entre as seis sub-áreas amostradas no método quantitativo. Os campos grafados em cinza representam os valores que foram considerados significativamente diferentes para um grau de confiança de 95% (p < 0,025). SUB- ÁREA A S= 66 H'=3,7488 VAR=0,0020243 SUB-ÁREA B SUB-ÁREA C SUB-ÁREA D SUB-ÁREA E SUB-ÁREA F T p T p t P T p T P 0,82951 0,40711-0,76844 0,4425 10,139 1,6384 x 10-20 7,5286 1,9243x10-13 4,7079 4,0978x10-6 SUB- ÁREA B S= 65 H'=3,6945 VAR=0,0022634-1,5612 0,11897 9,418 2,3383E -18 6,5643 1,1489x10-10 3,954 9,8276x10-5 SUB- ÁREA C S= 68 H'=3,7987 VAR=0,002193 10,576 5,3984x10-22 8,115 2,9464x10-15 5,2638 2,9225x10-7 SUB- ÁREA D S= 29 H = 2,8144 VAR=0,0064696-4,4223 1,4019x10-5 -5,3706 1,6523x10-7 SUB- ÁREA E S= 42 H =3,2359 VAR=0,0026169-1,6421 0,10167 SUB- ÁREA F S= 43 H =3,373 VAR=0,0043488

29 4.6 Categorias tróficas Os resultados das categorias tróficas são mostrados na tabela 4, onde primeiramente é ilustrada a distribuição das categorias tróficas de acordo com a riqueza registrada no levantamento qualitativo ou exaustivo. Em seguida a tabela ilustra exclusivamente as categorias tróficas das aves registradas no levantamento quantitativo. Sendo as duas partes da tabela comparadas com o intuito de saber se a composição das categorias tróficas alterou entre os levantamentos qualitativo e quantitativo. Tabela 4: Categorias tróficas na comunidade de aves em termos de riqueza e abundância no P.E.E.P.G. entre os meses de outubro de 2007 e setembro de2008. (NP) não-passeriformes, (P) passeriformes, e (T) totais. Categorias Insetívoro Carnívoro Frugívoro Onívoro Nectarívoro Detritívoro Total NP 13 9 6 10 7 2 47 % de NP 27.7 19.1 12.8 21.3 14.9 4.3 100 Riqueza P 55 0 19 12 1 0 87 % de P 63.2 0 21.8 13.8 1.2 0 100 T 68 9 25 22 8 2 135 % T 50,4 7.4 18.5 16.3 5.9 1,5 100 NP 12 8 6 10 6 2 44 % de NP 27.3 18.2 13.6 22.7 13.6 4.5 100 Abundância P 47 0 18 9 1 0 75 % de P 62.3 0 23.4 13 1.3 0 100 T 59 8 24 19 7 2 119 % T 49.6 6.7 20.2 16 5.9 1.7 100 Observando a tabela 4 fica evidente que a categoria trófica mais representativa é a dos insetívoros com 50,4% do total de espécies detectadas no levantamento qualitativo, sendo em sua maior parte passeriformes. As espécies frugívoras vêm em seguida com 18,5%; apresentando maior porcentagem que as onívoras com 16,3% do total. As carnívoras representam uma pequena porção 7,4% do total e todas são espécies não-passeriformes. As nectarívoras representadas pelos beija-flores e por apenas uma espécie de passeriforme Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) mostram representatividade de 5,9% do total. A categoria trófica de menor representatividade foi a dos detritívoros representados pelos urubus com 1,5% do total de espécies. Segundo BIERREGAARD; STOUFFER (1997), ambientes com categorias tróficas equilibradas possuem maior porcentagem de aves insetívoras, seguida de frugívoras, onívoras, carnívoras, nectarívoras e detritívoras, comum em matas tropicais preservadas. As matas subtropicais demonstram o mesmo padrão. Constatou-se que a grande maioria das

30 espécies de aves insetívoras são passeriformes 62,3%, sendo a família Tyrannidae a mais representativa nesta categoria. Em relação às aves frugívoras constatou-se que o número de espécies passeriformes é 9,8% superior as não-passeriformes. Tal fato indica que frugívoros de grande porte são escassos na área do parque representados apenas por espécies de médio porte como Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) e Crypturellus tataupa (Temminck, 1815). Em relação aos onívoros, os não-passeriformes tiveram porcentagem mais significativa. Os resultados para a abundância seguem o mesmo padrão que os obtidos para a riqueza com os insetívoros passeriformes sendo mais representativos. Os frugívoros foram mais bem representados pelos passeriformes, principalmente, os de pequeno porte da família Thraupidae, os frugívoros não-passeriformes foram representados pelos integrantes das famílias Tinamidae e Columbidae. Espera-se que espécies de maior tamanho corporal, ou mais dependentes de maiores áreas para obtenção de recursos sejam as mais afetadas (WILLIS, 1979). Em comunidades onde grandes aves dispersoras foram extintas ou são raras, como a desse estudo, o recrutamento de plantas com frutos grandes pode ser afetado negativamente (SILVA; TABARELLI, 2000). Os onívoros mais representativos foram os não-passeriformes como Ortalis guttata (Spix, 1825) espécie que não é indicadora de área preservada, e os representantes da família Trogonidae, Trogon rufus (Gmelin, 1788) e Trogon surrucura (Vieillot, 1817) que são aves que tem preferência pelo interior da mata. As demais categorias tróficas, como a dos carnívoros obtiveram um baixo valor percentual, pois estas aves têm preferência por áreas abertas. Os nectarívoros obtiveram a mesma porcentagem nos estudos de riqueza e abundância 5,9% do total. Os detritívoros registrados eram observados pousados em árvores ou sobrevoantes sobre a área.

31 4.7 Estrato de preferência ocupado pelas aves observadas As informações referentes à estratificação ficaram restritas a observações visuais diretas, aves registradas apenas por vocalizações, e espécies que utilizaram apenas o ambiente aquático não foram agrupadas por estrato. Este procedimento é utilizado com a intenção de saber como esta disposta à categoria trófica em relação à estratificação. A tabela 5 mostra os resultados. Tabela 5: Categorias tróficas e estratos de preferência utilizados pelas aves no P.E.E.P.G. entre outubro de 2007 a setembro de 2008. Frugívoro (%) Carnívoro (%) Onívoro (%) Insetívoro (%) Nectarívoro (%) Superior 40,0 57,1 66,7 30,9 12,5 100 Intermediário 32,0-14,3 45,6 87,5 - Solo 28,0 42,9 19,0 11,8 - - Vertical - - - 11,8 - - Nº de espécies Detritívoro (%) 25 7 21 68 8 2 As aves onívoras foram mais representativas no estrato superior com porcentagem de 66,7% do total, fato este que, segundo Donatelli et al. (2004) sugere que a borda esta adentrando na área de mata, como ocorre em áreas degradadas sujeitas a intervenção humana (desmatamento periférico). Alterações ambientais podem levar a uma tendência de aumento de aves onívoras e possivelmente de insetívoras menos especializadas e decréscimo de frugívoras e insetívoras mais especializadas (WILLIS, 1979). Algumas espécies caracterizam esta afirmação como Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822), Elaenia parvirostris (Pelzeln, 1868) e Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766). As aves insetívoras que preferem estrato intermediário representam 45,6% e como citam BIERREGAARD; STOUFFER (1997), as aves de estrato intermediário são aquelas que permanecem nos fragmentos e por esta razão são vulneráveis as alterações provindas do meio externo. Os insetívoros especialistas de estrato vertical compreendem as famílias Picidae e Dendrocolaptidae e representaram 11,8 % do total de espécies insetívoras. A preservação é essencial para a existência das aves insetívoras de estrato vertical, já o reflorestamento com eucaliptos e pinus não favorece a existência de pica-paus e arapaçus, o mesmo acontecendo com as capoeiras nativas, nas quais faltam árvores maiores para a instalação de seus ninhos (SICK, 1997). Os Dendrocolaptidae estão entre os passeriformes mais abundantes em matas neotropicais, sobretudo em florestas primarias; entretanto em matas secundárias

32 empobrecidas, com reduzido número de espécies vegetais e de árvores maiores e velhas seu número reduz-se significativamente (SICK, 1997). Com relação às nectarívoras 87,5% das espécies utilizavam o estrato intermediário, e que segundo BIERREGAARD; STOUFFER (1997), integrantes da família Trochilidae podem sofrer influência do tamanho da área, necessitando de áreas maiores para dispersão. No caso das espécies frugívoras obtiveram maior representatividade no estrato superior. Ressaltando a presença de Carpornis cucullata (Swainson, 1821), sendo observado apenas um casal em toda área de estudo. Trata-se de uma espécie endêmica da Mata Atlântica (BENCKE et al, 2006), indicando a existência de áreas relativamente preservadas, uma vez que seus hábitos mais seletivos demandam ambientes florestais mais diversificados e pouco alterados (SANTOS; CADEMARTORI, 2007). 5 CONCLUSÕES O registro de 135 espécies de aves, incluindo 42 endêmicas do bioma Mata Atlântica, a presença de seis espécies ameaçadas de extinção e 13 espécies que realizam movimentos migratórios justifica a importância do Parque Ecológico e Ecotustístico de Pedras Grandes, como instrumento de conservação da diversidade de aves brasileiras e, especificamente espécies regionais e/ou ameaçadas, servindo de abrigo àquelas oriundas de outras localidades em sua área de influência, sendo fundamental o esforço na manutenção da maior área possível de cobertura vegetal nestas áreas remanescentes. A diversidade da avifauna e o número de categorias tróficas parecem estar diretamente ligados ao estádio sucessional da vegetação, ao tamanho do fragmento e seu grau de isolamento, sendo que a fragmentação do ambiente estudado parece que afetar principalmente as espécies que necessitam de grandes áreas, raras e de baixa densidade populacional. Porém a presença de espécies que ocupam o interior de mata, espécies de alto valor cinegético, espécies altamente sensíveis a distúrbios antrópicos e espécies das famílias Dendrocolaptidae, Furnariidae, Formicariidae, Rinocriptidae, são evidências do bom estágio de conservação da área florestada, mas também, refletem a influência da conexão com outros fragmentos nas proximidades. Os dados referentes aos tamanhos populacionais de muitas aves aqui apresentados são um importante ponto de partida para um monitoramento em longo prazo das aves do

33 Parque. Um monitoramento contínuo da avifauna na área de estudo seria extremamente importante para melhor compreender os padrões de distribuição das espécies e sua relação com os corredores de vegetação que ligam o parque a outros fragmentos. Em curto prazo, a intensa fiscalização dos ecossistemas, a manutenção dos corredores já existentes e criação de novos deverão ser suficientes para impedir a modificação da estrutura e diversidade da avifauna desse local.

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37 7 APÊNDICE 7.1 Espécies fotografadas no Parque Ecológico e Ecoturístico de Pedras Grandes, Santa Catarina, Brasil. Fig. 8: Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.

38 Fig. 9: Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC. Fig. 10: Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC. Foto: Georg Henrique Beckman.

39 Fig. 11: Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC. Fig. 12: Cathartes aura (Linnaeus, 1758), P.E.E.P.G., Pedras Grandes, SC.