Marcelo Rebelo de Sousa: quando a vitória se conquista antes da Campanha Eleitoral

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Transcrição:

: RELATÓRIO ESPECIAL Marcelo Rebelo de Sousa: quando a vitória se conquista antes da Campanha Eleitoral Lisboa, fevereiro 2016 Em colaboraçao com: BARCELONA BOGOTÁ BUENOS AIRES LIMA LISBOA MADRI MÉXICO MIAMI PANAMÁ QUITO RIO J SÃO PAULO SANTIAGO STO DOMINGO

1. INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇAO 2. A CAMPANHA EM NÚMEROS 3. ONE MAN SHOW : O CANDIDATO SEM OUTDOORS 4. UM PRECEDENTE ABERTO: COMO SERÃO AS CAMPANHAS NO FUTURO? QUAL A IMPORTÂNCIA DA REPUTAÇÃO DOS CANDIDATOS PRESIDENCIAIS? AUTORES Serei o mais contido possível nos gastos. A minha campanha eleitoral será única e exclusivamente financiada pela subvenção do Estado. Não aceitarei donativos de partidos, empresas ou particulares, apenas o trabalho e a colaboração de voluntários. As palavras de Marcelo Rebelo de Sousa no lançamento da sua candidatura à Presidência da República Portuguesa no início de novembro de 2015 antecipavam qual seria a sua grande aposta para a campanha eleitoral: ele próprio e a sua reputação pessoal, nascida da conjugação de uma exímia carreira académica, de uma longa atividade política e da constante presença no espaço mediático nacional. O que se passou nas últimas semanas em Portugal é de facto um case study: um candidato que se lançou na corrida, pela primeira vez na história democrática, sem cartazes nem propaganda, sem um hino ou uma bandeira, sem apoio ou máquina partidária, com apenas dois assessores que o ajudaram a confirmar uma vitória na primeira volta com 52 % dos votos dos portugueses. Levou, contudo, a imagem de credibilidade que astutamente tem criado ao longo dos últimos anos na esfera pública. Neste estudo elaborado em parceria com a CISION, analisamos o impacto da comunicação e da cobertura mediática dos vários candidatos e o fenómeno da vitória de Marcelo Rebelo de Sousa. Figura 1. Eleições Presidenciais em Portugal: percentagem de votos por candidato Marcelo Rebelo de Sousa 52 % António Sampaio da Nóvoa 22,89 % Marisa Matias 10,13 % Maria de Belém 4,24 % Edgar Silva 3,95 % Vitorino Silva 3,28 % Paulo de Morais 2,16 % Henrique Neto 0,84 % Jorge Sequeira 0,30 % Cândido Ferreira 0,23 % 3,95% 4,24% 3,28% 10,13% 0,84% 0,30% 2,16% 0,23% 22,89% 52% Fonte: Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna - www.presidenciais2016.mai.gov.pt 2

Marcelo Rebelo de Sousa assumiu o protagonismo nos meios de comunicação social e obteve o maior número de menções (26 %) 2. A CAMPANHA EM NÚMEROS No período pós-campanha que vivemos, olhamos para os números na esperança de que os números sejam relativamente reveladores, uma vez que em palavras e em mensagens os candidatos foram parcos. Uma análise aos dados elaborados pela CISION ao impacto mediático 1 de cada candidato, durante o período de 10 a 24 de janeiro de 2016, permite concluir que Marcelo Rebelo de Sousa assumiu o protagonismo nos meios de comunicação social e obteve o maior número de menções (26 %) - quase mais 8 pontos percentuais face ao segundo candidato com maior presença assinalada, António Sampaio da Nóvoa (que foi também o segundo mais votado). Este resultado explica-se pela capacidade de Marcelo em capitalizar a conversa pública em torno da sua figura e das suas ações, mas não significa que o candidato tenha sido proativo a lançar temas e propostas de debate. De facto, estes foram bastante reduzidos entre todos os candidatos. O terceiro lugar é ocupado por Maria de Belém Roseira, com sensivelmente 17 % da mancha mediática, mas que reflete em grande parte as polémicas em que foi envolvida, sobretudo no que diz respeito às subvenções vitalícias, já perto do dia das eleições, e que se traduziram numa notoriedade negativa refletida nos resultados eleitorais. Foi a terceira em visibilidade mediática mas acabou na quarta posição no que diz respeito aos votos dos portugueses (Figura 2). 1 OTS: Número de vezes que um artigo poderá impactar ou transmitir mensagem à sua audiência. O cálculo da OTS difere de meio para meio em função da sua relevância, audiência e horário de transmissão. Figura 2. Presença mediática dos candidatos durante o período 10-24 janeiro 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% António Cândido Sampaio Ferreira da Nóvoa Edgar Silva Henrique Jorge Marcelo Maria de Neto Sequeira Rebelo de Sousa Belém Roseira Marisa Matias Paulo Morais Vitorino Silva Fonte: Cision 3

Figura 3. Presença dos candidatos nas redes sociais durante o período 10-24 janeiro 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Fonte: Cision António Cândido Sampaio Ferreira da Nóvoa Edgar Silva Figura 4. Orçamento de campanha por candidato e número absoluto de votos conquistados Fonte: Tribunal Constitucional Henrique Jorge Marcelo Maria de Neto Sequeira Rebelo de Sousa Belém Roseira ORÇAMENTO DE CAM- NÚMERO DE VOTOS PANHA ELEITORAL (EM ) SAMPAIO DA NÓVOA 742.000 1.061.196 CÂNDIDO FERREIRA 60.000 10.576 EDGAR SILVA 750.000 182.978 HENRIQUE NETO 275.000 38.956 JORGE SEQUEIRA 123.500 13.768 MARCELO REBELO DE SOUSA 157.000 2.411.319 MARIA DE BELÉM ROSEIRA 650.000 196.695 MARISA MATIAS 454.659,5 469.507 PAULO DE MORAIS 93.000 99.966 VITORINO SILVA 50.000 152.082 Figura 5. Orçamento de campanha eleitoral (em ) Sampaio da Nóvoa Cândido Ferreira Edgar Silva Henrique Neto Jorge Sequeira Marcelo Rebelo da Sousa María de Belém Roseira Marisa Matías Paulo de Morais Vitorino Silva Marisa Matias Paulo Morais Vitorino Silva 01 00000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000 No universo das redes sociais, Maria de Belém Roseira foi a mais falada entre os cibernautas, mas também pelas piores razões, com a polémica sobre as subvenções vitalícias no foco das críticas e dos comentários nas redes sociais. Marcelo surge em segundo lugar e Marisa Matias em terceiro. Marisa Matias desenvolveu uma boa campanha na área digital, dirigida a um público jovem, muito participativo e presente nos social media. Já Marcelo apostou numa página de Facebook mas não esteve presente no Twitter (Figura 3). A importância da reputação de Marcelo é ainda evidente na discrepância entre os orçamentos das campanhas eleitorais de cada candidato e os seus resultados efetivos (como se pode ver na tabela e gráficos abaixo). António Sampaio da Nóvoa e Edgar Silva (o candidato do Partido Comunista que acabou por ser um dos grandes derrotados destas eleições) ficaram à frente em despesas orçamentadas (aproximadamente 750 mil euros), enquanto Marcelo previu um orçamento mais baixo: no total, 157 mil euros (Figuras 4 e 5). Fonte: Tribunal Constitucional 4

Sampaio da Nóvoa Cândido Ferreira Edgar Silva Henrique Neto Jorge Sequeira Marcelo Rebelo da Sousa María de Belém Roseira Marisa Matías Paulo de Morais Vitorino Silva 60000 10576 182978 275000 38956 123500 13768 157000 196695 99956 93000 50000 152082 3. ONE MAN SHOW : O CANDIDATO SEM OUTDOORS O Presidente da República eleito não precisou de investir em cartazes ou brindes para vencer o sufrágio. Centrou-se antes nas suas características próprias que, ao longo dos anos, transmitiu nos seus comentários semanais no prime time de programas de informação televisivos e que lhe garantiram uma notoriedade inigualável junto dos portugueses: uma grande capacidade de comunicação e de empatia, brilhantismo intelectual e participação ativa na vida política e cívica em Portugal. Relação entre orçamento de campanha (em ) e número de votos obtidos por candidato 0 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 742000 1061196 750000 650000 454659,5 469507 2411319 No que se refere aos temas da campanha, e com um staff de apenas 2 pessoas, Marcelo foi criterioso nas mensagens: falou em convicções e autenticidade, referiu a importância da criação de consensos e a capacidade para garantir a estabilidade que é necessária ao país. De resto, tratou-se de uma campanha fraca no debate público. Não se lançaram grandes temas de discussão, não surgiram acusações de relevo nem confrontos diretos. Marcelo foi simultaneamente corajoso e audaz pela larga independência que demonstrou e feliz por sair vencedor com novas formas de fazer política que tiveram uma expressão importante. Com um regime semipresidencialista, as campanhas para as Eleições Presidenciais em Portugal são tradicionalmente focadas nos candidatos enquanto figuras individuais e não tanto nos seus programas ou convicções políticas. As de 24 de janeiro foram inéditas porque juntaram a esta particu- Figura 6: Quanto investiram os candidatos para ganhar cada voto? O resultado deste exercício (divisão do orçamento total da campanha pelo número de votos) é curioso e ajuda, de certa forma, a ter uma ideia global da taxa de retorno que cada candidato obteve perante o investimento que fez. No caso do vencedor, Marcelo Rebelo de Sousa, o voto teve o "custo simbólico" de 6 cêntimos; Sampaio de Nóvoa pagou 70 cêntimos; e os votos mais caros foram os de Edgar Silva e Maria de Belém Roseira. Esta última teve de investir mas de 3 euros por cada voto. Orçamento de campanha (em ) Número de votos Fonte: Tribunal Constitucional e Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna 5

O vencedor das eleições foi astuto para criar, de forma sustentada e equilibrada, uma marca pública valiosa Marcelo Rebelo de Sousa em "Jornal das 8", na TVI Fonte: Cision laridade duas outras. Em primeiro lugar, o facto de grande parte dos candidatos serem independentes de partidos ou fações partidárias (pelo menos oficialmente) como foi o caso dos dois mais votados. Em segundo lugar, o facto de o principal candidato ser uma figura que marca presença nos meios de comunicação social portugueses há mais de 40 anos: primeiro em jornais e desde 2000 em programas semanais de comentário político (ultimamente com a duração de uma hora) na televisão mais vista do país em canal aberto. Basta dizer que quando anunciou a sua entrada na corrida, em outubro, recolhia 62 % das intenções de voto. Não se pode dizer que esta tenha sido uma campanha curta e que não tenha sido estrategicamente ponderada: o Presidente da República eleito conseguiu demostrar a importância de ser uma personalidade conhecida - ainda antes de discutir ideias e tendências políticas - e criou a equidistância necessária aos temas da atualidade e aos grandes partidos políticos do centro, para captar votos à esquerda e à direita. Marcelo admitiu não ter campanha porque não se candidatava ao Governo e disse que queria ser inovador na forma como ia gerir este processo. Em suma, o vencedor das eleições foi astuto para criar, de forma sustentada e equilibrada, uma marca pública valiosa, cujo investimento não requereu um grande esforço de comunicação política no momento decisivo de se candidatar à Presidência da República. Vejamos Marcelo como uma empresa tradicional: a marca já tinha sido criada, tinha valor de mercado e o produto apenas precisava ser submetido a um teste nacional. Por isso, a sua opção passou por trabalhar a relação com os seus principais stakeholders (os portugueses) e essa foi a principal razão pela qual saiu à rua: reforçar a proximidade que já existia embora antes mediada por um pequeno ecrã. Marcelo mostrou ser um verdadeiro one man show : percorreu o país de táxi, sem comitiva, sem uma máquina por trás e orgulhoso na sua campanha minimalista, como lhe chamou várias vezes. No domingo de eleições, quando proferia o discurso de vitória, não havia cores de campanha, nomes ou slogans: existia apenas Marcelo Rebelo de Sousa e várias bandeiras de Portugal hasteadas no plano de fundo. Por todos estes motivos, foi classificado como um verdadeiro fenómeno no cenário político português. 6

O fenómeno agora em análise abriu um precedente na comunicação e no marketing político e na história das campanhas eleitorais em Portugal. As arruadas, as bandeiras, os comícios e as caravanas continuarão a existir? 4. UM PRECEDENTE ABERTO: COMO SERÃO AS CAMPANHAS NO FUTURO? QUAL A IMPORTÂNCIA DA REPUTAÇÃO DOS CANDIDATOS PRESIDENCIAIS? A reputação é cada vez mais uma das principais ferramentas de criação de valor na nossa sociedade. Os políticos não devem descurar esta preocupação e o Professor Marcelo reúne um conjunto de características que jogam a seu favor: é um indivíduo bem-sucedido, com um excelente percurso académico, é acarinhado pelo eleitorado e transparece autoconfiança. A juntar a tudo isto, está o facto de se encontrar afastado de cargos políticos de âmbito nacional há algum tempo (havia sido Ministro dos Assuntos Parlamentares em 1982 e Secretário-Geral do Partido Social Democrata de 1996 a 1999), o que significa que não tem estado sob escrutínio público a este nível. Sabe-se que a dicotomia entre as convicções próprias e a tomada de decisões com a pressão de procurar eleitorado é uma das razões que afeta diretamente a reputação de um político. O fenómeno agora em análise abriu um precedente na comunicação e no marketing político e na história das campanhas eleitorais em Portugal. As arruadas, as bandeiras, os comícios e as caravanas continuarão a existir? As campanhas como sempre as conhecemos podem ter um fim anunciado? A inovação foi um trunfo que se revelou profícuo. As novas plataformas online mostram que a comunicação política começa cada vez mais a assumir rumos diferentes, que os debates estão radicados em novos pressupostos e que uma campanha minimalista também pode sair vencedora. Claro, desde que o itinerário tenha sido bem traçado e que a autenticidade do candidato seja consistente. As eleições presidenciais têm algo de concurso de personalidade e, nestas, podemos dizer que não ganhou apenas um político, ganhou uma estrela da televisão nacional. Por outro lado, se o voto tem por base a relação de confiança que se estabelece entre os candidatos e o eleitorado, apostar na construção da reputação tem de ser uma prioridade. Pelo que vimos, a estratégia funcionou. E este é um case study que vai de facto para os manuais dos comunicadores e de todos os profissionais empenhados em trabalhar a reputação. Glossário: Impacto mediático: Número total de OTS (opportunities to see) produzidas junto do público potencial, em função da audiência acumulada verificada; no caso dos media através de notícias, contabilizadas em função dos leitores, utilizadores de internet, ouvintes e telespectadores; nas redes sociais, referências espontâneas de indivíduos através de hashtags. A fonte no caso dos media são as audiências de cada órgão de comunicação social e no caso das redes sociais e rede de influência em cada indivíduo identificado, ponderada com a probabilidade média de impacto com as respetivas audiências, tendo em conta as características de cada canal social. Indica o potencial mediático da comunicação tendo em conta a pressão da mensagem junto dos públicos. A presença nos media de cada candidatura é avaliada em situações de protagonismo, sendo excluídas do estudo as notícias cujo protagonismo e dividido por um ou mais candidatos. 7

Autores Carlos Ruiz é director da LLORENTE & CUENCA Portugal. Especialista em Assuntos Públicos e comunicação política institucional, Carlos tem uma vasta experiência no relacionamento com as administrações públicas em Portugal, Espanha e América Latina. Trabalhou para o Ministério de Ambiente em Espanha e o Ministério dos Negócios Estrangeiros no Panamá. É licenciado em Humanidades e Jornalismo e tem uma pós-graduação em gestão de campanhas eleitorais e uma outra em resolução de conflitos internacionais. cruiz@llorenteycuenca.com Daniela Oliveira é consultora da LLORENTE & CUENCA Portugal. Licenciada em Jornalismo na ESCS e com um Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa, foi jornalista durante 4 anos na TVI e embarcou depois numa experiência internacional em comunicação promocional de economias emergentes, através da ASAP Worldwide, e coordenou projetos na Nigéria, Angola e Arménia. Antes de se juntar à LLORENTE & CUENCA esteve em Nova Iorque a desenvolver um estágio em comunicação externa no escritório da SRSG para a Violência contra as Crianças, da ONU. doliveira@llorenteycuenca.com 8

DIREÇAO CORPORATIVA José Antonio Llorente Sócio Fundador e Presidente jallorente@llorenteycuenca.com Enrique González Sócio e CFO egonzalez@llorenteycuenca.com Adolfo Corujo Corporativo de Talento, Organização e Inovação acorujo@llorenteycuenca.com Jorge Cachinero Diretor Corporativo de Inovação jcachinero@llorenteycuenca.com DIREÇAO ESPANHA E PORTUGAL Arturo Pinedo apinedo@llorenteycuenca.com Goyo Panadero gpanadero@llorenteycuenca.com DIREÇAO AMÉRICA LATINA Alejandro Romero Sócio e CEO América Latina aromero@llorenteycuenca.com Luisa García Sócia e CEO Região Andina lgarcia@llorenteycuenca.com José Luis Di Girolamo Sócio e CFO América Latina jldgirolamo@llorenteycuenca.com ESPANHA E PORTUGAL Barcelona María Cura Sócia e Diretora Geral mcura@llorenteycuenca.com Muntaner, 240-242, 1º-1ª 08021 Barcelona Tel. +34 93 217 22 17 Madrid Joan Navarro Sócio e Vice-presidente de Assuntos Públicos jnavarro@llorenteycuenca.com Amalio Moratalla Sócio e Diretor Sênior amoratalla@llorenteycuenca.com Lagasca, 88 - planta 3 28001 Madrid Tel. +34 91 563 77 22 Ana Folgueira Diretora Geral de Impossible Tellers ana@impossibletellers.com Diego de León, 22, 3º izq 28006 Madrid Tel. +34 91 438 42 95 Lisboa Madalena Martins Sócia mmartins@llorenteycuenca.com Tiago Vidal Diretor geral tvidal@llorenteycuenca.com MÉXICO, CENTROAMÉRICA E CARAÍBAS México DF Juan Rivera jrivera@llorenteycuenca.com Av. Paseo de la Reforma 412, Piso 14, Col. Juárez, Del. Cuauhtémoc CP 06600, México D.F. Tel. +52 55 5257 1084 Panamá Javier Rosado jrosado@llorenteycuenca.com Av. Samuel Lewis Edificio Omega - piso 6 Tel. +507 206 5200 Santo Domingo Iban Campo Diretor Geral icampo@llorenteycuenca.com Av. Abraham Lincoln 1069 Torre Ejecutiva Sonora, planta 7 Tel. +1 809 6161975 REGIÃO ANDINA Bogotá María Esteve Diretora geral mesteve@llorenteycuenca.com Carrera 14, # 94-44. Torre B of. 501 Tel. +57 1 7438000 AMÉRICA DO SUL Buenos Aires Pablo Abiad pabiad@llorenteycuenca.com Enrique Morad Presidente Conselheiro para o Cone Sul emorad@llorenteycuenca.com Daniel Valli Diretor Sénior de Desenvolvimento de Negócios Cone Sul dvalli@llorenteycuenca.com Av. Corrientes 222, piso 8. C1043AAP Tel. +54 11 5556 0700 Rio de Janeiro Yeray Carretero Diretor Executivo ycarretero@llorenteycuenca.com Rua da Assembleia, 10 - Sala 1801 RJ - 20011-000 Tel. +55 21 3797 6400 São Paulo Marco Antonio Sabino Sócio e Presidente Brasil masabino@llorenteycuenca.com Juan Carlos Gozzer Diretor geral jcgozzer@llorenteycuenca.com Rua Oscar Freire, 379, Cj 111, Cerqueira César SP - 01426-001 Tel. +55 11 3060 3390 RECURSOS HUMANOS Daniel Moreno Gerente de RH para Espanha e Portugal dmoreno@llorenteycuenca.com Marjorie Barrientos Gerente de RH para Região Andina mbarrientos@llorenteycuenca.com Karina Valencia Gerente de RH para América do Norte, Centroamérica e Caraíba kvalencia@llorenteycuenca.com Karina Sanches Gerente de RH para Cone Sul ksanches@llorenteycuenca.com Carlos Ruiz Diretor cruiz@llorenteycuenca.com Avenida da Liberdade nº225, 5º Esq. 1250-142 Lisboa Tel. + 351 21 923 97 00 ESTADOS UNIDOS Miami Erich de la Fuente edelafuente@llorenteycuenca.com 600 Brickell Ave. Suite 2020 Miami, FL 33131 T el. +1 786 590 1000 Lima Luisa García Socia y CEO Región Andina lgarcia@llorenteycuenca.com Av. Andrés Reyes 420, piso 7 San Isidro. Tel. +51 1 2229491 Quito Alejandra Rivas Diretora geral arivas@llorenteycuenca.com Avda. 12 de Octubre N24-528 y Cordero Edificio World Trade Center Torre B - piso 11 Tel. +593 2 2565820 Santiago de Chile Claudio Ramírez Sócio e Gerente Geral cramirez@llorenteycuenca.com Sergio Cortés Sócio. Fundador e Presidente da Cink scortes@cink.es Magdalena 140, Oficina 1801. Las Condes. Tel. +56 22 207 32 00 Calle Girona, 52 Bajos 08009 Barcelona Tel. +34 93 348 84 28

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