ANÁLISE DA INCORPORAÇÃO DE MÁRMORE DA MINA BREJUÍ CURRAIS NOVOS/RN NA MASSA CERÂMICA

Documentos relacionados
APROVEITAMENTO DE REJEITOS DA MINA BREJUÍ NA INDÚSTRIA CERÂMICA.

Incorporação do Rejeito da Mina Bodó em Cerro Corá/RN Obtenção de Revestimento Cerâmico

ADIÇÃO DE RESÍDUO DE SCHEELITA DA MINA BODÓ EM CERRO CORÁ/RN NA COMPOSIÇÃO DE MATERIAIS CERÂMICOS

APLICAÇÃO DE RESÍDUOS DE GIPSITA EM FORMULAÇÕES DE MASSAS CERÂMICAS

NOBRE & ACCHAR (2010) APROVEITAMENTO DE REJEITOS DA MINERAÇÃO DE CAULIM EM CERÂMICA BRANCA

CARACTERIZAÇÃO DE UMA ARGILA CONTAMINADA COM CALCÁRIO: ESTUDO DA POTENCIABILIDADE DE APLICAÇÃO EM MASSA DE CERÂMICA DE REVESTIMENTO.

Caracterização química e mineralógica de resíduos de quartzitos para uso na indústria cerâmica

ANÁLISE COMPARATIVA DAS ARGILAS COLETADAS EM ARÊS/RN E URUAÇÚ/RN PARA A FABRICAÇÃO DE REVESTIMENTO CERÂMICO

CERÂMICA INCORPORADA COM RESÍDUO DE ROCHAS ORNAMENTAIS PROVENIENTE DA SERRAGEM DE BLOCOS UTILIZANDO TEAR MULTIFIO: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MATERIAIS CERÂMICOS A PARTIR DE RESÍDUOS DE LAPIDÁRIOS

Introdução. Palavras-Chave: Reaproveitamento. Resíduos. Potencial. Natureza. 1 Graduando Eng. Civil:

CARACTERIZAÇÃO TECNOLOGICA E MINERALOGICA DAS MINERALIZAÇÕES DE AREIA DO RIO GRANDE DO NORTE

ESTUDOS PRELIMINARES DO EFEITO DA ADIÇÃO DA CASCA DE OVO EM MASSA DE PORCELANA

CARACTERIZAÇÃO TECNOLOGICA E MINERALOGICA DAS MINERALIZAÇÕES DE AREIA DO RIO GRANDE DO NORTE

AVALIAÇÃO DA POROSIDADE APARENTE E ABSORÇÃO DE ÁGUA DA MASSA CERÂMICA PARA PORCELANATO EM FUNÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE CAULIM.

CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE GRANITO VISANDO UTILIZAÇÃO COMO MATERIAL ALTERNATIVO

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE CALCÁRIO EM TIJOLOS CERÂMICOS *

DANTAS et al. (2010) UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS NA PRODUÇÃO DE CERÂMICA BRANCA

ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DE MÁRMORE EM PÓ EM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL AO AGREGADO MIÚDO PARA PRODUÇÃO DE ARGAMASSA

ROCHAS ORNAMENTAIS FELDSPATO E QUARTZO

INFLUÊNCIA DA INCORPORAÇÃO DO REJEITO DO MINÉRIO DE MANGANÊS DE CARAJÁS-PA E FILITO DE MARABÁ-PA EM CERÂMICAS VERMELHAS

UTILIZAÇÃO DOS REJEITOS DO CAULIM E FELDSPATO NA FABRICAÇÃO DE PISO CERÂMICO

Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC Hangar Convenções e Feiras da Amazônia - Belém - PA 8 a 11 de agosto de 2017

FORMULAÇÃO DE MASSA CERÂMICA PARA FABRICAÇÃO DE TELHAS

REJEITO DE CAULIM DE APL DE PEGMATITO DO RN/PB UMA FONTE PROMISSORA PARA CERÂMICA BRANCA. Lídia D. A. de Sousa

Avaliação da reatividade do metacaulim reativo produzido a partir do resíduo do beneficiamento de caulim como aditivo na produção de argamassa

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO FINO DA SERRAGEM DE QUARTZITO PARA OBTENÇÃO DE REVESTIMENTO CERÂMICO. L. F. P. M. Nóbrega (1), M. M.

ENSAIOS FÍSICOS DE CORPOS CERÂMICOS COM ADIÇÃO DE ARENITO AÇU PHYSICAL TESTING OF CERAMIC BODIES WITH SANDSTONE AÇU

CARACTERIZAÇÃO DA APLICAÇÃO DO ARENITO AÇU NA MASSA CERÂMICA. L. F. P. M. Nóbrega (1), M. M. Souza (2), Y. S. Gomes (3), D. L.

Influência do Teor de Calcário no Comportamento Físico, Mecânico e Microestrutural de Cerâmicas Estruturais

Avaliação da Potencialidade de Uso do Resíduo Proveniente da Indústria de Beneficiamento do Caulim na Produção de Piso Cerâmico

Anais do 50º Congresso Brasileiro de Cerâmica

AVALIAÇÃO DA ADIÇÃO DO PÓ DE RESÍDUO DE MANGANÊS EM MATRIZ CERÂMICA PARA REVESTIMENTO

Considerações sobre amostragem de rochas

REJEITO DE CAULIM DE APL DE PEGMATITO DO RN/PB UMA FONTE PROMISSORA PARA CERÂMICA BRANCA

ESTUDO DO APROVEITAMENTO DO REJEITO DE MARMORARIA EM UMA MASSA ARGILOSA

Benefícios do Uso de Feldspato Sódico em Massa de Porcelanato Técnico

ANÁLISE DA VIABILIDADE DA INCORPORAÇÃO DO PÓ DE DESPOEIRAMENTO SIDERÚRGICO EM CERÂMICA VERMELHA

INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO SOBRE AS PROPRIEDADES DE MASSA DE REVESTIMENTO CERÂMICO POROSO

DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE GRANITO VISANDO O USO EM MASSAS CERÂMICAS

UTILIZAÇÃO DE REJEITO DE MINÉRIO SULFETADO DE COBRE EM CERÂMICA ESTRUTURAL*

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DE CAULIM DO ESPÍRITO SANTO VISANDO APLICAÇÃO INDUSTRIAL

APROVEITAMENTO DO REJEITO DE PEGMATITO PARA INDÚSTRIA CERÂMICA

INCORPORAÇÃO DA ESCÓRIA DO FORNO PANELA EM FORMULAÇÃO CERÂMICA: ESTUDO DAS ZONAS DE EXTRUSÃO

ROCHA ARTIFICIAL PRODUZIDA COM PÓ DE ROCHA E AGLOMERANTE POLIMÉRICO AGUIAR, M. C., SILVA. A. G. P., GADIOLI, M. C. B

GODEIRO, et al (2010) CARACTERIZAÇÃO DE PRÉ-CONCENTRADO DO REJEITO DE SCHEELITA DA MINA BREJUÍ EM CONCENTRADOR CENTRÍFUGO

Estudo da Reutilização de Resíduos de Telha Cerâmica (Chamote) em Formulação de Massa para Blocos Cerâmicos

MINERAL É uma substância inorgânica ocorrendo na natureza, mas não necessariamente de origem inorgânica (ex: petróleo e âmbar), a qual tem

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE GRANITO NA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTO CERÂMICO

PROJETO SEARA ESTUDOS DE CARACTERIZAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE AMOSTRA DE ITABIRITO FRIÁVEL

Eixo Temático ET Educação Ambiental

EFEITO DA ADIÇÃO DO RESÍDUO DE POLIMENTO DE PORCELANATO NAS PROPRIEDADES DE BLOCOS CERÂMICOS

ANÁLISE MICROESTRUTURAL DE CORPOS CERÂMICOS COM A ADIÇÃO DE ARENITO AÇU

CARACTERIZAÇÃO COMPARATIVA DE FELDSPATOS USADOS COMO FUNDENTE NA INDÚSTRIA CERÂMICA

DETERMINAÇÃO DA ABSORÇÃO DE ÁGUA EM PRODUTOS CERÂMICOS FORMULADOS COM ADIÇÃO DE CINZAS DA LÃ DE OVINOS

Caracterização de matérias-primas cerâmicas

MCC I Cal na Construção Civil

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DA UTILIZAÇÃO DE ARENITO AÇU NA MASSA CERÂMICA PARA REVESTIMENTO

Uso da Técnica de Dilatometria no Estudo do Efeito da Adição de Resíduo de Caulim na Massa de Porcelanato

ESTUDO COMPARATIVO DE MASSAS CERÂMICAS PARA TELHAS PARTE 2: PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS

Formulação de Massas Cerâmicas para Revestimento de Base Branca, Utilizando Matéria-prima do Estado Rio Grande do Norte.

AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE PEDRA CARIRI EM MASSAS DE TIJOLOS DE CERÂMICA VERMELHA*

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, GRANULOMÉTRICA E MINERALÓGICA DO REJEITO PROVENIENTE DO BENEFICIAMENTO DE MOSCOVITA

Efeito da Adição de Calcita Oriunda de Jazida de Argila em Massa de Cerâmica de Revestimento

VALORIZAÇÃO DA CINZA DE CALDEIRA DE INDÚSTRIA DE TINGIMENTO TÊXTIL PARA PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS SUSTENTÁVEIS

CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUO DE MÁRMORE PARA FABRICAÇÃO DE ROCHA ARTIFICIAL

COMPARAÇÃO ENTRE BLOCOS CERÂMICOS PRODUZIDOS EM FORNOS HOFFMAN E CAIEIRA *

Processos de Concentração de Apatita Proveniente do Minério Fósforo- Uranífero de Itataia

ESTUDO DA VIABILIDADE DA INCORPORAÇÃO DO RESÍDUO FINO DO CAULIM NA CONCEPÇÃO DE FORMULAÇÕES DE PORCELANATOS

20º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 04 a 08 de Novembro de 2012, Joinville, SC, Brasil

O CONHECIMENTO DAS MATÉRIAS-PRIMAS COMO DIFERENCIAL DE QUALIDADE NAS CERÂMICAS OTACÍLIO OZIEL DE CARVALHO

ANÁLISE DAS PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DOS PRODUTOS DA CERÂMICA VERMELHA DA CIDADE DO APODI

II CARACTERIZAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS PARA REUSO DE LODO DE ETE EM PRODUTOS CERÂMICOS

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA SERRAGEM DE CALCÁRIO ORNAMENTAL PARA A PRODUÇÃO DE REVESTIMENTO CERÂMICO

EXTRAÇÃO DE CONTAMINANTES PROVENIENTE DE PLANTA DE COMINUIÇÃO DE QUARTZO

Avaliação da Absorção de Água de Porcelanas Triaxiais com Substituição Parcial de Feldspato por Quartzo

APROVEITAMENTO DOS FINOS DE PEDREIRA DO MUNICÍPIO DE TRACUATEUA/PA CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA

Uso de Areia de Fundição como Matéria-prima para a Produção de Cerâmicas Brancas Triaxiais

ESTUDO DA APLICAÇÃO DE RESÍDUOS DE ARDÓSIA COMO FONTE DE MAGNÉSIO PARA SÍNTESE DE FERTILIZANTES MINERAIS

INFLUÊNCIA DOS TIPOS DE MATÉRIAS-PRIMAS E DAS CONDIÇÕES DE QUEIMA NA COR DO SUPORTE CERÂMICO

Tecnol. Mecânica: Produção do Ferro

APROVEITAMENTO DE RESÍDUO DA ETAPA DE LAPIDAÇÃO DE VIDRO EM CERÂMICA VERMELHA

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE Curso de Tecnologia em Cerâmica Trabalho de Conclusão de Curso

ANÁLISE ESTATÍSITICA DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CORPOS CERÂMICOS CONTENDO RESÍDUO MUNICIPAL

OBTENÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS PELOS PROCESSOS DE PRENSAGEM E LAMINAÇÃO UTILIZANDO RESÍDUO DE GRANITO RESUMO

EFEITO DA ADIÇÃO DE VIDRO SOBRE PROPRIEDADES DE QUEIMA DE UMA ARGILA VERMELHA

INCORPORAÇÃO DE LAMA VERMELHA IN NATURA E CALCINADA EM CERÂMICA VERMELHA

Banco de Boas Práticas Ambientais. Estudo de Caso. Reaproveitamento de Resíduo Torta de ETE

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUO DA CERÂMICA VERMELHA SUBMETIDAS A DIFERENTES CONDIÇÕES DE QUEIMA

Fundentes: Como Escolher e Como Usar

Argilas e processamento de massa cerâmica

POTENCIAL MINERAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DE ESCÓRIA GRANULADA DE ACIARIA PARA FABRICAÇÃO DE PEÇAS DE CERÂMICA VERMELHA*

AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DA LAMA PROVENIENTE DO PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DE MÁRMORES COMO MATÉRIA-PRIMA EM CERÂMICA VERMELHA.

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DE UM PROTOMINÉRIO DE MANGANÊS DA REGIÃO DE CORRENTINA NA BAHIA

INCORPORAÇÃO DE LAMA DE ALTO FORNO EM CERÂMICA VERMELHA PARA PRODUÇÃO DE TELHAS*

REVESTIMENTOS CERÃMICOS SEMIPOROSOS OBTIDOS COM ADIÇÃO DE FONOLITOS EM MASSAS ARGILOSAS CAULINÍTICAS *

Prof. Marcos Valin Jr. Prof. Marcos Valin Jr. O que é AGREGADO? Agregados. Prof. Marcos Valin Jr. 1

Potencial de Substituição de Cimento por Finos de Quartzo em Materiais Cimentícios

LIXIVIAÇÃO ÁCIDA DE PRÉ-CONCENTRADO DE SCHEELITA UTILIZANDO ÁCIDO CLORÍDRICO

Transcrição:

ANÁLISE DA INCORPORAÇÃO DE MÁRMORE DA MINA BREJUÍ CURRAIS NOVOS/RN NA MASSA CERÂMICA D. S. U. de Farias 1 ; M. M. de Souza 2 ; A. B. D. de Almeida 3 ; T. C. de Lima 4 ; L. B. Mendes 5 ; L. F. P. de M. Nóbrega 6 Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte1, 2, 3, 4, 6 Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte 5 Rua das Perdizes, 7979 Pitimbu, Natal/RN debora_suf_00@hotmail.com RESUMO A Mina Brejuí, em Currais Novos RN, possui atividade basicamente relacionada à extração de scheelita, enquanto o mármore da região não é devidamente aproveitado. Visando prestar uma utilidade à rocha carbonática tão abundante na Região Seridó, este trabalho busca avaliar, a partir da caracterização química e outros testes, sua adição na massa cerâmica. Para a análise, a amostra foi coletada, cominuída, peneirada a #200 e caracterizada pelo método de FRX. Os resultados indicam grande concentração de CaO (95%), matéria-prima fundente, e baixos teores de Fe2O3 e SO3 (inferiores a 0,6%). Após produzidos os corpos de prova, também foram realizados testes de absorção de água e de retração linear, e os classificaram como porcelanato. Portanto, com o grande potencial que o mármore tem, outros ensaios laboratoriais poderão ser realizados para analisar sua incorporação como matéria-prima na formulação de massas cerâmicas, sendo economicamente viável e agregando utilização e valor comercial à rocha. Palavras-chave: mármore, Rio Grande do Norte, Brejuí, massa cerâmica 1007

INTRODUÇÃO O Seridó, região interestadual nordestina, abrangendo os estados da Paraíba (PB) e do Rio Grande do Norte (RN), é uma área riquíssima em reservas minerais, dentre elas, se podem citar o caulim, o calcário, o minério de ferro, o feldspato e a scheelita (GERAB, 2014). A mina Brejuí localiza-se no município de Currais Novos (Figura 1), na região Seridó do Rio Grande do Norte, e concentra uma grande jazida de scheelita, que se encontra em atividade até hoje. A exploração teve início no ano de 1943, quando um morador da propriedade Brejuí entregou ao desembargador Tomaz Salustino Gomes de Melo dono da propriedade, cristais de scheelita, que, examinadas em laboratórios, demonstraram ser um minério de elevado teor. Com a descoberta de scheelita em sua propriedade, o desembargador tomou a iniciativa de explorar o bem mineral (ANDRADE, 1987). Figura 1: Localização geográfica do município de Currais Novos. FERNANDES, 2011 O método de extração da scheelita é a lavra subterrânea que vai a uma profundidade de mais de 900m dividido em oito níveis, com 65km de túneis por toda a mina e variação de temperatura de 19 C a 43 C (GERAB, 2014). Na Brejuí, a scheelita é encontrada no contato de mármore com metassedimentos ou rochas intrusivas, no interior dos paragnaisses. Segundo Dana (1974), a rocha presente em toda a mina, o mármore, é uma rocha carbonática, 1008

composta essencialmente por carbonato de cálcio (CaCO3), proveniente do metamorfismo do calcário que, no entanto, não possui nenhum aproveitamento econômico na região, na verdade, é tido como rejeito do processo de extração que ocorre na mina e é estocado no meio ambiente sem fim algum, como é possível observar na Figura 2. Figura 2: Impacto ambiental visual causado no meio ambiente pela estocagem dos estéreis da extração de scheelita, entre eles o mármore, na Mina Brejuí. Autoria própria. Pode-se afirmar que a mineração é uma das atividades básicas da economia mundial, pois é nela que estão sustentados outros setores que dela dependem e, naturalmente, é uma atividade que agride o meio ambiente, principalmente se não for regulamentada por políticas ambientais vigentes. Ela altera intensamente a área minerada e as áreas vizinhas, onde são feitos os depósitos de estéril e de rejeito. Além do mais, quando temos a presença de substâncias químicas nocivas na fase de beneficiamento do minério, isto pode significar um problema sério do ponto de vista ambiental (SILVA, 2007). Ao transformar matérias-primas, de modo a torná-las úteis para a sociedade, o homem produz quantidades apreciáveis de resíduos que no momento, em que são produzidos, são inúteis e que, ao longo do tempo, acabam por comprometer o meio ambiente (FELLENBERG, 1980). 1009

Este trabalho, portanto, tem como objetivo buscar um aproveitamento para o mármore, estocado como resíduo da extração da scheelita, avaliando por meio da caracterização química e de outros testes laboratoriais se é possível utilizá-lo na incorporação de massas cerâmicas. MATERIAIS E MÉTODOS Primeiramente foi feita uma amostragem visando selecionar uma amostra com um bom grau de homogeneidade mineralógica, uma vez que o mármore pode apresentar impurezas com frequência. Em seguida, a amostra coletada foi levada para análises em laboratório. Na preparação para os testes, a amostra foi fragmentada em um britador de mandíbula até obter-se uma granulometria propícia para a moagem. Nessa etapa seguinte, foi utilizado um moinho de bolas de laboratório, o qual operou com a rocha fragmentada durante 24 horas. Em seguida, o material moído foi peneirado à malha de #200, equivalente a 0,075mm, e separado para a etapa seguinte: o quarteamento para adquirir mais homogeneidade na composição do pó da amostra e obter resultados mais precisos. Com o material na granulometria adequada e já homogeneizado pelo quarteamento, pôde-se realizar o teste de FRX (Fluorescência de Raios X) para caracterizar sua composição química. Para isso, uma amostra de 5 gramas foi submetida ao teste na máquina Shimadzu EDX 720, utilizando o método do pó. Desse modo, iniciou-se a preparação para a formulação da massa cerâmica, onde junto às matérias-primas da formulação original (argila, quartzo e feldspato), foram adicionados 7% de mármore no total da massa (12g), como mostra a Tabela 2. Tabela 1. Formulação dos corpos de prova. Matérias-primas (% em massa) Argila Feldspato Quartzo Mármore 37 44 12 7 Do total da massa, foi adicionado 10% de água destilada, resultando num total de 13,2g para cada corpo de prova. 1010

Após ser homogeneizada manualmente, a massa foi separada em sacos plásticos e colocada em descanso por 24 horas para em seguida ser conformada. Na conformação dos corpos de prova, foi utilizada uma matriz retangular com dimensões 60mm x 20mm e a pressão aplicada foi de 2,5 toneladas. Em seguida, as peças passaram 24 horas secando em uma estufa à temperatura de 110 C. A sinterização das peças cerâmicas foi realizada com queima rápida em um forno do tipo mufla com patamar de temperatura de uma hora em 1200 C e com uma taxa de aquecimento de 10 C/min. As peças foram medidas antes e depois da sinterização com um paquímetro digital e os dados obtidos foram inseridos na equação de RLQ para obter o resultado da retração linear de queima. Os corpos de prova também foram submetidos ao procedimento do teste de absorção de água, que consiste na imersão dos mesmos em água destilada por 24 horas. Ambos os procedimentos foram calculados de acordo com as equações da NBR 13.818/1997. A Figura 3, a seguir, representa o fluxograma completo do processo de análise laboratorial. Figura 3: Fluxograma do processo de pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com o conhecimento da composição química da rocha carbonática caracterizada, foi possível obter informações valiosas do objeto de estudo. A Tabela 2, a seguir, mostra o resultado obtido da análise de FXR, que apresentou com detalhes a sua composição. A Tabela 2 mostra a concentração em massa dos principais óxidos constituintes da amostra de mármore colhida. É possível perceber que há uma grande concentração de CaO (95,9%) e outra boa parcela de SiO2 (2,26%), o que mostra que além de atuar como fundente, o mármore também possui sílica, funcionando, em uma parcela, como material refratário. Enquanto, por outro lado, foi identificado quantidades mínimas de substâncias que são 1011

negativas para a fase de queima da cerâmica, como o óxido de ferro III e o óxido sulfúrico, por exemplo. Tabela 2: Caracterização química, feita por FRX, da amostra de mármore coletada na mina Brejuí. IFRN, 2016 Óxidos presentes CaO SiO2 SrO Fe2O3 Al2O3 K2O SO3 Concentração em massa (%) 95.850 2.257 0.598 0.507 0.463 0.181 0.143 A Tabela 3 mostra que o resultado da absorção de água foi muito baixo, um ótimo resultado que prova uma boa formação de fase vítrea da cerâmica. Por outro lado, as peças retraíram bastante durante a sinterização, uma vez que houve uma retração de 7,12%. Tabela 3: Resultado dos testes de absorção de água e de retração linear de queima. IFRN, 2016 Absorção de água (%) Retração Linear de Queima (%) 0,002 7,12 CONCLUSÕES A partir dos testes realizados e com base na composição química do mármore, é possível concluir que a rocha possui um grande potencial como elemento fundente na massa cerâmica, uma vez que quase sua totalidade é composta por CaO, o que proporciona uma boa formação de fase líquida na queima, comprovado pelo teste de absorção de água. Além disso, o mármore, 1012

por possuir uma composição vantajosa, evita a necessidade de realizar outros procedimentos de retirada de compostos nocivos à cerâmica. Os resultados dos testes de absorção de água e de retração linear mostram que a incorporação do mármore na massa cerâmica é satisfatória, e caracterizam o mesmo como porcelanato, segundo o INMETRO, classe dos materiais cerâmicos com absorção entre 0 e 0,5%. Com os ótimos resultados obtidos, aconselha-se que a rocha seja mais explorada para o ramo e que sejam realizados outros ensaios laboratoriais e testes para um maior aprofundamento nas características que o mármore proporciona ao ser incorporado na massa cerâmica. REFERÊNCIAS Avaliação e diagnóstico do setor mineral do estado do Rio Grande do Norte. Fundação de Apoio a Pesquisa do RN FAPERN, 2005. DANA, J. D.; HURLBUT JR, C. S. Manual de mineralogia, vol. 2. Livros Técnicos e Científicos Editora SA, Rio de Janeiro, 1974. FONSECA, M. G. et al. Estudo de Matérias Primas Fundentes. In: Anais do 43º Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis. 1999. GERAB, A. T. F. S. C. Utilização do resíduo grosso do beneficiamento da scheelita em aplicações rodoviárias. 2014. RIELLA, H. G.; FRANJNDLICH, E.U. de C.; DURAZZO, M. Caracterização e utilização de fundentes em massas cerâmicas. Cerâmica Industrial, v. 7, n. 3, p. 33, 2002. RODRIGUES, G. F. et al. Estudo de resíduos de rochas ornamentais para a produção de materiais vítreos. Tecnologia em Metalurgia e Materiais. São Paulo, v. 8, p. 203-207, 2011. SILVA, J. P. S. Impactos ambientais causados por mineração. Revista espaço da Sophia, v. 1, n. 8, p. 13, 2007. 1013

UTILIZATION OF MARBLE FROM BREJUÍ MINE CURRAIS NOVOS/RN IN CERAMIC MASS ABSTRACT Mining in Mine Brejuí, in Currais Novos RN, is related to the extraction of scheelite, however the marble of the region is not fully tapped. Aiming to provide a utility to this carbonate rock very abundant in the Seridó region, this work is to evaluate, from its chemical and other tests, the addition of marble in the ceramic mass. For the analysis, the samples were collected, then comminuted and sieved to #200 and, right after, characterized by fluorescence X-ray method (FRX). The results indicate a high concentration of CaO (95%), a flux element, and very low content of Fe2O3 and SO3 (less than 0.6%). After produced the samples, there were performed the water absorption tests and linear shrinkage, which has indicate satisfactory results and classifying them as porcelain. Therefore, with the significant potential of the marble, other laboratory tests may be performed to analyze its incorporation in the formulation of ceramic bodies, being economically viable and adding proper use and commercial value to the rock. Key-words: marble, Rio Grande do Norte, Brejuí, ceramic mass 1014