Discurso proferido por Vítor Caldeira, Presidente do Tribunal de Contas Europeu

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Transcrição:

TRIBUNAL DE CONTAS EUROPEU DISCURSO Luxemburgo, 22 de novembro de 2012 ECA/12/46 Discurso proferido por Vítor Caldeira, Presidente do Tribunal de Contas Europeu Apresentação do Relatório Anual relativo ao exercício de 2011 na sessão plenária do Parlamento Europeu Estrasburgo, 22 de novembro de 2012 Em caso de eventuais diferenças, faz fé o discurso proferido.

Senhor Presidente Schulz, Senhores Deputados do Parlamento Europeu, Senhor Comissário Šemeta, Tenho a honra de apresentar hoje a este Parlamento o Relatório Anual do Tribunal sobre a execução do orçamento da UE relativo ao exercício de 2011. Começarei pelas suas principais conclusões. As contas de 2011 refletem fielmente a situação financeira da União Europeia, bem como os resultados das suas operações e fluxos de caixa relativos a esse exercício. As receitas e as autorizações para pagamentos estavam isentas de erros materiais. Pelo contrário, os pagamentos estavam afetados por erros materiais, com uma taxa de erro estimada de 3,9% para o orçamento da UE no seu conjunto. O nível de erro estimado permaneceu semelhante ao de 2010, que foi de 3,7%. Dito de uma forma simples, o Tribunal detetou demasiados exemplos em que as despesas da UE não atingem o objetivo ou não são utilizadas da melhor forma. A mensagem do presente Relatório Anual é consonante com a dos anos anteriores. Apesar de uma diminuição global da taxa de erro estimada durante o atual período de programação, continua a haver margem para despender os fundos da

UE de uma forma mais eficiente e mais bem direccionada em muitos programas e regimes de despesas diferentes. Na globalidade, os sistemas de controlo examinados pelo Tribunal foram considerados apenas parcialmente eficazes, não tendo realizado o seu pleno potencial para evitar ou detetar e corrigir os erros. Os dois domínios ou "grupos de políticas" que apresentaram a taxa de erro estimada mais elevada foram o "Desenvolvimento rural, Ambiente, Pescas e Saúde", cuja taxa de erro se estima em 7,7%, e o grupo de políticas "Política Regional, Energia e Transportes", cuja taxa de erro se estima em 6,0%. Nestes domínios, como em todos os domínios em gestão partilhada, as autoridades nacionais constituem a primeira e mais importante linha de defesa na proteção dos interesses financeiros dos cidadãos da UE. Porém, o Tribunal detetou muitos casos de falhas de controlo ao nível dos Estados-Membros. Por exemplo, na maioria das operações da política regional em que o Tribunal encontrou erros, as autoridades dos Estados-Membros dispunham de informações suficientes para terem detetado e corrigido, pelo menos, uma parte desses erros antes de pedirem o reembolso à Comissão. Contudo, o Tribunal deparou-se também com problemas semelhantes em certos domínios geridos diretamente pela Comissão, nomeadamente no grupo de políticas "Investigação e outras políticas internas", cuja taxa de erro o Tribunal estima ser de 3%. No seu relatório, o Tribunal refere que os Diretores-Gerais da Comissão reconheceram igualmente a existência de um risco elevado de erro no

desenvolvimento rural, na coesão e na investigação, tendo aumentado o montante das despesas que consideram em risco de irregularidade de 400 milhões de euros em 2010 para 2 mil milhões de euros em 2011. Senhor Presidente, Senhores Deputados, Registaram-se melhorias no atual período de programação, mas há ainda algum caminho a percorrer até a gestão financeira da UE estar em conformidade com as normas em todos os domínios. Muitos dos problemas que identificámos no passado continuam a existir, embora em menor grau. Na realidade, a diminuição da taxa de erro estimada do Tribunal para o orçamento da UE no seu conjunto no atual período de programação revela que a melhoria das regras e da conceção dos regimes de despesas de um período para o outro tem uma influência decisiva. E agora, estando a decorrer as discussões sobre as propostas de legislação para o próximo quadro financeiro, a oportunidade é excelente para abordar as causas que lhes estão subjacentes. Desde há muitos anos que o Tribunal preconiza regimes de despesas mais simples, com objetivos mais claros, resultados mais fáceis de medir e disposições de controlo economicamente mais eficazes. O Relatório Anual deste ano reitera essa mensagem. Os Estados-Membros e o Parlamento Europeu têm de chegar a acordo sobre regras melhores quanto à forma de despender os fundos da UE, e tanto os Estados-Membros como a Comissão devem fazê-las aplicar adequadamente. Assim, o orçamento da UE poderá ser utilizado de modo mais eficiente e eficaz para oferecer um maior valor acrescentado aos cidadãos.

Ao mesmo tempo que ponderam as propostas legislativas para o próximo quadro financeiro, as instituições europeias e os Estados-Membros estão igualmente empenhados em criar novos sistemas, mecanismos e disposições de governação europeus em outros domínios relacionados com a gestão das finanças públicas, nomeadamente no que respeita à supervisão do sistema financeiro e à coordenação das políticas orçamentais e económicas. O êxito destas iniciativas dependerá de igual modo da garantia de que estão instituídos os necessários mecanismos de legitimidade democrática e de prestação de contas. Na opinião do Tribunal, o escrutínio público adequado e a auditoria de todos os fundos públicos empregados para alcançar os objetivos da UE constituem uma componente fundamental que deve ser claramente salvaguardada desde o início dessas iniciativas. Senhor Presidente, Senhores Deputados, Nunca foi tão importante para a UE garantir boas finanças públicas. O Tribunal está empenhado em contribuir, da melhor forma que puder, para os esforços envidados pela UE no sentido de alcançar este importante objetivo, através do seu trabalho e do relatório anual que tive a honra de vos apresentar hoje. Muito obrigado pela vossa atenção.